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SHAMPOO - HAL ASHBY

   Deve ser engraçado um cara com menos de 40 anos ler o livro sobre drogas e a Hollywood dos anos 70, e depois ver este filme. Porque se fala muito dele no dito volume. Feito em 1975, ele foi uma hiper bilheteria. E tinha Robert Towne no roteiro, Ashby na direção e Warren Beatty como ator e produtor. Towne é colocado no Olimpo no livro por causa do roteiro de Chinatown, feito um ano antes. E Ashby era o diretor mais top depois de Altman. Ok? Mas aí o cara pega e vê este filme e deve ter um tremendo choque. Que diabos! É apenas um filme POP.
  Sim e não. É POP por ter uma direção correta, sem grandes lances, e é mais que aparenta ser, bem mais.
  O filme, que é todo Warren, no auge de sua fama de garanhão, é sobre a melancolia de um cabeleireiro que transa com todas as suas clientes ricas. Ele faz sexo 4 ou 5 vezes ao dia e começa a sentir que sua vida é um fracasso. Há um paralelo com o tempo em que o filme se passa, 1968...os jovens têm sexo e drogas, mas a eleição é ganha por Nixon.
  Beatty dá um show. Confuso, ruim de fala, ansioso, seu personagem é comovente. Inocente, um objeto bonito que todas usam. Julie Christie é seu grande amor, a namorada de um velho rico casado. Carrie Fisher é a teen que ele pega. E Goldie Hawn o caso atual. É um filme simples, mas também cheio de camadas. Vale por Warren correndo em sua moto de casa em casa tentando achar um modo de crescer.
  O fim é perfeito.

OS DRÁCULA DA HAMMER - ARTHUR PENN - WARREN BEATTY

   BOX DE FILMES DA HAMMER
Quem tem entre 40-60 anos sabe bem o que é a Hammer. Uma produtora média de filmes ingleses, liderada por Michael Carreras, que entre 1956-1980 produziu filmes de terror às toneladas. Na TV dos anos 70, principalmente na Tupi, eles passavam quase toda noite, sempre com cortes. Não gosto muito desses filmes, nunca gostei. Mesmo assim assisto este box com 9 filmes feitos entre 1958-1974. Percebo logo porque eles não me agradam: a fotografia. A Hammer fazia terror sem sombras, a luz muito forte, cores claras, tudo nítido demais. Sem clima portanto, o oposto do horror da Universal americana. Os diretores neste box são Terence Fisher, bom artesão, Peter Sasdy, completamente doido e Roy Ward Baker, um preguiçoso. Ah! Tem ainda o péssimo Alan Gibson. Christopher Lee é o vampiro em quase todos eles, e sua atuação física é tão correta que Dracula passou a ter, em nossa imaginação, a cara de Lee. Peter Cushing, um grande ator, é Van Helsing em 4 filmes. Essa a dupla clássica. Dracula no Mundo da Minissaia é o mais interessante, não o melhor. Vemos aí a Londres de 1972, o satanismo dos jovens de então, e as bobeiras da moda "rebelde" da época. O filme é doentio. Críticos respeitam muito os filmes feitos por Fisher, que são os mais antigos. Os roteiros são bons, mas usam a droga de luz forte. Não espere medo. Nem clima. Muito menos erotismo.
  MICKEY ONE de Arthur Penn com Warren Beatty.
Feito em 1965, foi um fiasco na carreira de Warren e de Penn. Eles se recuperariam depois com Bonnie e Clyde. Vi este filme em 1978, na TV Cultura, na sessão da 10 da noite. Era muito legal essa sessão! O filme passava nas noites de segunda, quarta e quinta, e na sexta, quatro críticos ficavam uma hora debatendo o filme, e depois ele passava mais uma vez. Eu amava essa mesa redonda! Tinha o Rubem Biáfora, Rubens Ewald Filho...e uns caras do JT que esqueci o nome...pena...O filme, num preto e branco fantástico, e edição de video-clip, conta a paranoia de Mickey, um stand up man que foge da máfia. Stan Getz toca na trilha e é um dos filmes mais jazz que assisti na vida. Tem jeito de filme francês, é datado, mas ainda é jovem. Gostei.
  ARLO'S RESTAURANT de Arthur Penn
Feito após Bonnie e Clyde, em 1969, este é o mais hippie dos filmes. Arlo é o filho de Woody Guthrie, o ídolo dos anos 40 de Bob Dylan. No filme, Arlo é ele mesmo. Visita o pai no hospital, vive amores livres e faz parte de uma comuna jovem. Tudo é muito estranho!!!! Eles são, vistos hoje, antigos como dinossauros, mas ao mesmo tempo uma quantidade imensa de teens de 2018 ainda os imita sem saber disso. Vemos roupas, modos de andar e de pensar que remetem imediatamente aos dias de hoje. Os hippies são crianças de 12 anos. Hoje, com falsidade e nostalgia, tentam resgatar esse momento. O filme foi um fiasco em seu tempo. Odiado. Visto agora parece um filme para crianças. Fofo.
 

X-MEN CS LEWIS ANTHONY HOPKINS MILES DAVIS DEPP JULIE CHRISTIE ROEG

   DON'T LOOK NOW ( INVERNO DE SANGUE EM VENEZA ) de Nicolas Roeg com Donald Sutherland e Julie Christie.
Terceira vez que vejo esse filme e quanto mais o revejo mais eu gosto. A revista Time Out o elegeu em 2012 o melhor filme inglês da história. Nos extras, fartos, temos Danny Boyle nos explicando porque ele é tão bom e confessando quanta coisa ele roubou desse filme. Os primeiros 10 minutos são uma obra-prima: numa montagem primorosa, vemos um pai adivinhar a morte de sua filha. Tudo está interligado nessa sequência que condensa tudo o que virá a seguir. Água, o elemento da alma compõe todo o filme. O casal, já dentro do luto, vai à Veneza. O que vemos lá é a luta entre a razão e a intuição. A esposa se entrega à intuição, o marido resiste e morre por isso. Julie Christie está sublime. Nunca ninguém sorriu na história do cinema como ela sorria. Donald dá uma interpretação que beira a possessão. Seu medo se torna nosso medo. O filme dá sempre a sensação de que algo muito grave está já acontecendo. Isso porque Roeg une tudo, cada imagem e cada objeto é uma pista do que virá a seguir e ao mesmo tempo; a memória do que aconteceu. Poucos filmes, segundo Boyle, são ´tão "cinema", no sentido de que poucos captam tão bem o que seja o tempo. Recebido como apenas mais um filme em sua época, ele tem hoje o status de viga mestra de um futuro. Um muito grande filme. E, acima de tudo, um prazer.
  ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO de James Bobin com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Anne Hathaway.
Menos ruim que o Alice de Tim Burton ( Tim é apenas o produtor aqui ), este filme tem da obra de Lewis Carrol apenas os personagens. O livro maravilhoso de Carrol em nada se parece com isto. O roteiro trata de uma Alice feminista que tenta voltar no tempo para ajudar o Chapeleiro a recuperar sua alegria. Tem ação e belas imagens. É bobo.
  MILES AHEAD, A VIDA DE MILES DAVIS de Don Cheadle com Ewan McGregor.
Se ainda não viu, veja! Talvez seja a melhor bio de jazz já feita. Isso porque Don Cheadle nunca sente pena de Miles e nem tenta mostrar a vida do gênio. O que o filme conta é um período de cerca de duas semanas, no fim dos anos 70, quando Miles, recluso desde 1974, volta aos palcos e aos discos. ( Nos anos 70 ficar mais de dois anos sem gravar ou tocar era muito estranho ). O filme, brilhante, tem energia, ação, beleza e clima de jazz-funk, exatamente o som que Miles fazia na época. O cara era um ego imenso, era frio, era malandro e era violento. O filme nada esconde. Não faz dele um "gênio sofrido" e nem um "cafetão malandro". Ele é Miles, único. Don dá um show. Fisicamente ele nada tem a ver com Davis, mas a gente aceita. O cara merece. Ewan está muito legal também. Adorei o filme. E no fim tem um show com Herbie Hancock que é de matar.
  TERRA DAS SOMBRAS de Richard Attenborough com Anthony Hopkins e Debra Winger.
Se voce for fã de C.S. Lewis talvez goste. Se não for...Lançado em 1993, lembro que críticos brasileiros diziam que o filme seria ignorado aqui. Isso porque em 93 ninguém no país tupi lia Lewis. Ele era bem desconhecido. Hoje, em 2016, felizmente, as livrarias têm livros de Lewis em estoque e seu nome é conhecido até nesta esquina do mapa mundi. O filme mostra ele em Oxford, por volta de 1952, tempo em que ele conhece sua esposa, a americana Joy. Lewis foi o tipo de professor britânico que hoje não mais existe, ou seja, seu mundo era feito de chá, conversas, aulas, cachimbo e nada, nada de sexo. Ele se casa aos 50 e tantos anos, virgem, e logo sua esposa começa a decair, com um câncer muito doloroso. Attenborough filma como sempre: solene e frio. É seu estilo. Lewis não era uma pessoa fria, a coisa destoa. Hopkins está soberbo. Em um olhar ele mostra toda a complexidade do autor. Winger sempre foi uma atriz maravilhosa. Pena o roteiro ser tão...comum. Não é um filme ruim, apenas penso que o tema merecia muito, muito mais. Belas imagens de Oxford compensam todo erro.
  LOVE AFFAIR de Glenn Gordon Caron com Warren Beatty, Annette Bening e Kate Hepburn.
Warren é um atleta aposentado, famoso e mulherengo, Bening uma mulher casada, infeliz. Se conhecem num voo, se apaixonam... Esse filme é refilmagem de um excelente filme de 1957, com Cary Grant e Deborah Kerr. Este é bonito. Até que não é ruim, a gente vê com algum prazer. Annette tá bonita como nunca e Warren é sempre ok. E tem o último papel de Kate, a maior de todas, que eletriza a tela. Vemos de forma explícita, Warren e Annette intimidados pela grande dama. Vale ver. Com alguém ao lado.
  X-MEN APOCALIPSE de Bryan Singer com James MacAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence.
Se Mad Max foi o melhor de 2015, este é o melhor filme deste ano! Vamos deixar de ser idiotas! O cinema de ação é o melhor cinema que se faz agora. Só saudosistas radicais ou esnobes preconceituosos não reconhecerão nesta obra poderosa, a força do melhor cinema que pode ser feito. Ele tem ação que emociona e mensagens importantes  e sérias todo o tempo. A gente pode falar de Ford, Kurosawa, Huston, Hawks e até de Lang vendo este filme. Uma de suas sequências, aquela onde um dos heróis interrompe o tempo e salva vidas, é de uma genialidade, graça e leveza dignas do melhor Keaton. E não só isso. A complexidade das cenas de ação poderia fazer disto um tédio sem fim, mas Singer já provou a tempos ser um maestro, conseguir fazer de explosões, socos e correrias uma coisa harmoniosa, direcionada. É um grande diretor! Assisti este dvd a dois dias e já sinto vontade de rever. Esqueça seus dramas sérios sobre vidinhas medíocres, aqui voce tem o espetáculo, a grandiosidade, a coisa verdadeira, o cinema. E com muito, muito cérebro.

TS SPIVET/ WOODY ALLEN/ NICOLE KIDMAN/ WARREN BEATTY/ MARVEL/ PIERCE BROSNAN/ CARY GRANT

   THE YOUNG AND PRODIGIOUS T.S.SPIVET ( UMA VIAGEM EXTRAORDINÁRIA ) de Jeunet com Helena Bonham-Carter, Judy Davis, Kyle Catlett e Callum Keith Rennie.
Todos sabem o enredo: no meio da nada mora uma familia esquisitinha. O filho, aos 7 anos, cria um aparelho de moto-perpétuo. Ganha um prêmio do Smithsonian e viaja só para receber o prêmio. Well...os primeiros dez minutos são excelentes. E isso se deve a fotografia e ao ambiente. Depois o filme cai muito e fica até meio chato. A América que Jeunet mostra é um país francês. Ele não chega perto do que seja o ser americano. Assim como Wenders em Paris/Texas mostrou a América alemã, Jeunet esbugalha olhos franceses sobre o deserto. O filme ameaça emocionar, Descartes não deixa. O que seria um lindo filme bobo se fosse dirigido por um Tim Burton ou um Alexander Payne, se torna com Jeunet um filme travado. Tudo é quase aqui, quase bom, quase bonito, quase triste, quase engraçado. E quase ruim. Apesar de tudo eu gostei do filme. Porque? Porque ele é bonito. Porque eu gosto muito de Helena Bonham-Carter. Porque adoro filmes on the road. E porque em meio a toda aquela baboseirinha tristinha há uma nesga de verdadeiro afeto. Há amor pelos personagens, todos eles. O que trava é essa reticência de Jeunet, essa coisa de nunca deixar a coisa subir, aquecer, deixar o sentimento perder razão e aflorar. Não darei nota.
   NOVEMBER MAN de Roger Donaldson com Pierce Brosnan e Olga Kurylenko
Brosnan é um ex matador da CIA. Ele volta a ação em complicada trama de espionagem, traição e chantagem. O filme nunca ofende a inteligência e tem ação. Pierce tem fleugma, e incrivelmente consegue convencer. É o tipo de ator que gostamos de ver. Olga é belíssima! Mas estou cansado desses filmes cheios de batidas de carro, tiros e cenários cheios de russos frios e ruins e moças magrinhas e fatais. Nota 4.
   DIZEM QUE É PECADO de Joseph L. Mankiewicz com Cary Grant, Hume Cronyn e Jeanne Crain.
A poucas semanas vi 3 filmes de Mankiewicz e falei deles aqui. Todos excelentes. Pouca gente sabe que ele foi dos raros diretores a ganhar dois Oscars no mesmo ano, por roteiro e direção. Seu ponto fraco aparece todo aqui: a verborragia. Mankiewicz escreveu alguns dos melhores diálogos do cinema, mas às vezes passava do ponto. Este filme mostra Cary como um cirurgião de sucesso que desperta a inveja de um colega. O tema é ótimo, Cary se esforça e está ótimo, mas há diálogos muito longos, muito blá blá blá dispensável e uma cinematografia pobre. Parece TV. Nota 5.
   HEAVEN CAN WAIT ( O CÉU PODE ESPERAR ) de Warren Beatty com Warren Beatty, Julie Christie, Jack Warden, Dyan Cannon e Charles Grodin.
Um grande sucesso de 1978 que concorreu a vários Oscars e venceu apenas um. É a primeira direção de Warren Beatty e dá pra perceber isso. O filme tem sérios problemas de ritmo. Ele corre a de repente fica lento. A história é refilmagem de um lindo e muito melhor filme dos anos 40. Um homem morre por engano. É devolvido `a Terra em outro corpo e vemos então seu envolvimento com gente que não sabe que ele é outro. O tema daria uma comédia hilária, mas aqui o humor só funciona com Dyan Cannonm que está ótima. Julie está perdida, o filme não é para ela, e Warren, seu namorado então, desfila charme, mas não dá risos. O filme acaba sendo uma coisa estranha, uma comédia melancólica ou um drama leve. Assisti a ele na época, num cinema cheio na Paulista. O que senti então é o que voltei a sentir hoje, decepção. Nota 5.
   GRACE DE MÔNACO de Olivier Dahan com Nicole Kidman, Tim Roth e Frank Langella.
O filme me surpreendeu, ele é bastante bom. Isso porque nada tem de biográfico. Não se trata de vermos o casamento de Grace ou sua história. É a radiografia do momento crucial de uma nação, Monaco, de um planeta, a Terra e de uma mulher, ela. Grace sente falta do cinema, sente falta dos EUA e se sente negligenciada como mulher por seu marido, Rainier. Indecisa, ela tem de tomar uma decisão. Ou desiste e retorna ao cinema, ou se assume como princesa. O momento é terrível. A Argélia luta contra a França e De Gaulle quer se apossar do principado, a França precisa de dinheiro. Grace consegue, em golpe de estream sutileza, fazer com que De Gaulle não possa agir. Como? Veja o filme! Ele tem suspense, muito drama, realismo e atores excelentes. É uma das melhores atuações de Nicole. Aturdida, presa, com raiva, com medo, tudo misturado num pacote de beleza. Voces que são mais jovens saibam, Grace Kelly foi um mito. Maior que Angelina Jolie, Madonna... Lady Di chegou perto com uma diferença, Grace era muito mais bonita, inteligente e elegante. O filme é digno dela. Nota 7.
   MAGIA AO LUAR de Woody Allen com Colin Firth e Emma Stone.
Colin é um mágico na Europa de 1920. É levado por amigo à Riviera, onde ele deverá desmascarar uma vidente impostora. É mais um filme agradável de Woody Allen. Divertido, fácil de ver, gostoso. Mostra gente rica em lugares lindos, mostra bons atores em bons papéis. Demorou para Woody trabalhar com Colin Firth, meu ator favorito do cinema de agora. E Emma Stone é bonita e boa atriz. Mas Woody tem um grande problema: seu nome. Fosse o filme de um diretor novato, todos o elogiariam. Mas é de Woody...sabe como é, a gente espera um novo Hannah, Annie Hall, Manhattan....mas não! Woody é hoje um cara de bem com a vida, aproveitando para viajar, comer, beber e filmar. Ele filma apenas o que não lhe dá trabalho, apenas prazer. Seus filmes são como pequenos contos de um autor delicioso e de pouca ambição. São para usufruir. Nota 6.
   GUARDIÕES DA GALÁXIA de James Gunn com Chris Pratt e Zoe Saldana.
Muito, muito bom! Fazia tempo que não via uma aventura tão bem construída, tão cheia de humor, ação e prazer. Porque gostei tanto? Estava pronto para odiar! Mas os personagens são legais, as cenas nunca parecem bobas, e principalmente, não há medo de viajar, de se deixar levar pela fantasia. Uma delicia de filme. Espero pela continuação! Os Guardiões são muito legais! Nota 8.

POSEIDON/ SHAMPOO/ DARJEELING/ ELVIS/ DORIS DAY/ OLIVIER

   O DESTINO DO POSEIDON de Ronald Neame com Gene Hackman, George Kennedy e Shelley Winters
Imenso sucesso em 1972, foi refilmado por Wolfgang Petersen sabe-se lá porque. Este é um filme ok. Isso porque os atores são ótimos e Neame não era um diretor medíocre. Se formou no cinema inglês na equipe de David Lean. A história é aquela: um navio é pego por onda gigante e fica de cabeça pra baixo. Um grupo tenta escapar. Leslie Nielsen é o capitão, e a gente fica esperando uma trapalhada. Hackman, no auge de seu sucesso, é um padre progressista. Boa diversão produzida por Irwin Allen, que empolgado com o sucesso deste filme fez logo Inferno na Torre e Terremoto.  Nota 6.
   RICARDO III de Laurence Olivier com Laurence Olivier, Ralph Richardson, John Gielgud e Claire Bloom.
Olivier faz Ricardo quase como um humorista. Ele gosta do personagem e nos incomoda isso. Ricardo é um monstro. Mata sobrinhos, primos, destrói irmão, tudo pelo trono. Ao final, feito rei, é derrotado em batalha magnifica. Não é das peças de Shakespeare que mais me fascinam. Mas Richardson está brilhante e Olivier, maquiado e quase irreconhecível, é sempre um prazer. Este filme, feito em 1955, foi o primeiro grande espetáculo a estrear primeiro na TV ( na NBC ) e depois nas salas. Foi exibido em toda a costa leste numa noite de sexta-feira. Não tem a ousadia de Hamlet ou a beleza de Lear, mas ainda assim vale ser visto. Nota 6.
   DONNIE BRASCO de Mike Newell com Al Pacino e Johnny Depp
Agente do FBI se infiltra na vida de pequeno mafioso. Esse agente começa a se sentir como parte da máfia e cria uma relação afetiva com Pacino, um mafioso mal sucedido. Não sei o que pensar desse filme. Tem seus momentos, mas nada nele tem algo de novo ou de ousado. Pacino está ótimo, mas tudo o que ele faz aqui é trabalho já visto. Tem Michael Madsen fazendo o papel que fez por toda a vida. Quantas cenas de clube de strip e tiros com Madsen no meio voce já viu? Johnny Depp faz Johnny Depp. É um filme muuuuito longo..... Nota 4.
   VIAGEM À DARJEELING de Wes Anderson com Owen Wilson e Adrien Brody
O que tem Owen Wilson? O cara faz montes de filmes e não tem nada de tão especial. Falta de opções para os produtores??? Wes Anderson, que percebemos nos extras do DVD ser um cara beeem estiloso ( no bom sentido ), diz ter feito este filme inspirado pela obra de Satyajit Ray. O legal é que ele nunca tenta se parecer com o gênio indiano. Usa algumas músicas de seus filmes, mas o estilo deste filme é "Wesandersoniano". Ele faz clips lindíssimos, o filme tem cenas muito interessantes, mas todas são mal alinhavadas. Anderson não sabe narrar. O filme é como um trailer de hora e vinte. Um belo trailer. Algumas cenas são desonestas: qualquer coisa filmada com o som de Play With Fire ao fundo, parece ser genial. Wes Anderson também coloca três músicas ótimas dos Kinks e vemos o velho cineasta doidão Barbet Schroeder fazer um papel. Jason Schwartzman, que tem as melhores cenas, disse em entrevista que seu cineasta favorito é Hal Ashby. Faz sentido, muitos filmes atuais têm um jeitão de Ashby. Jason fala que "SHAMPOO" é seu filme mais querido. Para este dou nota 6.
   SHAMPOO de Hal Ashby com Warren Beaty, Julie Christie e Goldie Hawn
Se voce leu o livro sobre os tempos loucos de Hollywood, aquele de Peter Biskin, já conhece a fama deste filme. O roteiro de Robert Towne sendo muito disputado, a importância do produtor Warren Beaty e o imenso sucesso de bilheteria que esta produção conseguiu. Aparentemente é um filme banal. Fala de um cabeleireiro, na Beverly Hills de 1968 ( o filme é de 1975 ), que é desejado por várias mulheres. Ele transa com todas, mas na verdade só poderia ser feliz com aquela que ele não mais pode ter. Warren faz então algo muito próximo daquilo que ele era na época, o mais voraz dos garanhões de Hollywood. Beaty tem a fama de ter tido "todas" as atrizes que valiam a pena. Todas. No elenco deste filme temos duas delas, Goldie que foi um caso rápido e Julie, que foi uma conturbada relação de cinco anos. Só com a idade e Anette Bening é que Warren Beaty relaxou. Sua interpretação aqui é absorvente. Um belo homem perdido, dominado pelas mulheres, cheio de medo. Ótimo. Julie Christie, minha musa da adolescência, faz a paixão de Warren. Uma mulher que usa os homens, que ansia por segurança. A leitura mais profunda do filme mostra a eleição de Nixon como a vitória do cinismo.  Todos os libertários do filme se dão mal. O ricaço poderoso sai por cima. O filme é cheio de ameaças, é como se uma tempestade estivesse se armando. Não é um grande filme. Ashby não chegou a fazer sua obra-prima. Mas é invulgar. Nota 7.
   JÁ FOMOS TÃO FELIZES de Charles Walters com Doris Day e David Niven
Um desastre. Doris Day era ótima, mas este roteiro é indigno de seu talento. Niven também está sub-aproveitado. Não merece um zero por Doris e David. Nota 1.
   UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS de David Winkler com Harvey Keitel e Bridget Fonda
Juro que já não lembro deste filme. Algo sobre um cara em crise e uma carona que ele dá pra um cara que pensa ser Elvis. Keitel tá ok e Bridget era luminosa, mas o filme é raso. Winkler é filho do excelente produtor Irwin Winkler, produtor que fez alguns dos melhores filmes dos anos 70. O talento de David desmerece o pai. Nota 2.

ELIA KAZAN/ WARREN BEATY/ TOTÓ/ PAUL GIAMATTI/ GAINSBOURG/ MICKEY ROURKE/ RENE CLAIR/ BERGMAN

TOTÓ PROCURA CASA de Mario Monicelli e Steno com O Grande Totó
Que humorista foi esse tal de Totó!!!! Que rosto! Não espere elaboração dele. Não espere "humor sofisticado". Totó é um palhaço, como Mazzaropi, como Renato Aragão, como Buster Keaton e o Jim Carrey dos bons tempos. Seu humor é infantil, direto, simples, e portanto corajoso. Aqui o objetivo é o riso, só o riso, se seu público não ri o humorista falhou, daí sua coragem. Neste filme ( dos primeiros desse fenômeno chamado Monicelli ) ele é um pai de familia sem casa. O filme mostra ele tentando achar lugar para morar ( tenta uma escola, cemitério e até no Coliseu ele se aloja ). Uma chanchadona que é de um doce saudosismo. Totó foi um graaaande comediante! Nota 7.
CLAMOR DO SEXO de Elia Kazan com Warren Beaty e Natalie Wood
Crítica abaixo... É mais um belo retrato da América feita por esse tão importante diretor. Warren está muito bem como o jovem aluno inocente e rico ( é seu primeiro filme ). Natalie não está a sua altura na primeira parte do filme, depois ela cresce e acaba por nos comover. Drama de primeira. Nota 8.
FAY GRIM de Hal Hartley com Parker Posey e Jeff Goldblum
Talvez um Alphaville? Uma brincadeira de Hartley que lamentávelmente não dá certo. Parker está muito sexy ! Mas que roteiro é esse???? Nota 2.
NINHO DE COBRAS de Joseph L. Mankiewicz com Kirk Douglas, Henry Fonda e Warren Oates
Pois bem... este é um filme muuuuito errado! Explico o porque. Temos David Newman e Robert Benton, os dois mais brilhantes roteiristas da época. Eles escrevem uma história sobre um cowboy ladrão e uma prisão de desajustados. O roteiro, típico da época contracultural, atira em xerifes, racistas, mulheres, westerns etc. Mas, chamam para dirigir o filme Joseph L. Mankiewicz, o diretor, excelente, de A Malvada. Um grande nome, mas um estranho no ninho!!! O que acontece então? Nada. O roteiro, cheio de boas ideias, é asfixiado numa direção acadêmica. O resultado é morno. Kirk é perfeito para esse tipo de perverso/espertinho e Fonda brinca com seu tipo de americano/Lincoln. Mas é Hume Cronyn, fazendo uma espécie de debilóide que mais impressiona. Não é uma grande comédia, mas é ok. Nota 6.
PASSION PLAY de Mitch Glazer com Mickey Rourke, Megan Fox e Bill Murray
A capa do dvd promete: Rourke como um trompetista de jazz decadente. O ambiente é Utah. Fox é uma angelical esperança de redenção e Murray um empresário sacana. Atraente né? Pois é um drama risível de tão ruim. Deve ter sido escrito por algum fã de cinema com 8 anos de idade ( o roteiro macaqueia Asas do Desejo e um monte de filmes noir dos anos 40 ), o diretor, é flagrante, pensava estar fazendo um bom filme, deve ser um nerd de 11 anos e quem o produziu crê que o público de cinema é imbecil. Megan Fox é um anjo ( ela tem asas )..... e na última cena Mickey Rourke voa com ela rumo ao céu.... se aqui descrito parece ruim, creia-me, é bem pior na tela. Chega a ser cretino. Sem nota. Faz de conta que jamais o vi.
SLOGAN de Pierre Grimblat com Serge Gainsbourg e Jane Birkin
Um publicitário conhece em Veneza Jane Birkin. Ele é casado. Se amam, mas Jane o abandona. Pois é.... eu gosto muito de Serge e este é o filme em que ele conheceu Jane. Mas que lixo é este? Serge é péssimo ator e Jane chega a rir em cena !!! O filme é constrangedor de tão amador!!! Não é um filme, é muito mais um documentário sobre um flerte. Nota 1.
PORTE DE LILÁS de René Clair com Pierre Brasseur e Henri Vidal
Em favela francesa ( sim, são barracos em ruinas ) um assassino se esconde. Fica no porão de um cantor fracassado e é ajudado por um tolo ingênuo. O filme tem belas imagens, mas se perde em sua excessiva glamurização da pobreza. Clair funciona melhor em fantasias puras, onde ele pode "levantar vôo". Nota 5.
ATRAVÉS DE UM ESPELHO de Ingmar Bergman com Harriet Andersson, Max Von Sydow, Lars Passgard e Gunnar Bjorsson
Uma obra-prima, devastadora. Retrato de uma personalidade em crise ou retrato de nossa condição desde sempre? Bergman nada enfeita, nada exagera, nada dramatiza. Faz o que ele pensa dever ser feito, sem jamais mudar de rumo. É um filme de tristeza polar, mas também de uma beleza profunda, seca, perturbadora. Nota DEZ.
A MINHA VISÃO DO AMOR de Richard J. Lewis com Paul Giamatti, Dustin Hoffman e Rosamund Pike
Uma coleção de clichés. Acompanhamos a vida de um mala por 3 décadas. Cliché: a década de 70 e suas drogas, a esposa doidona, a vida como irresponsável flerte. Segundo cliché: a segunda esposa é uma chata judia à woodyallen... Já a terceira esposa é dos tempos atuais, mais cliché: gente que só pensa em saúde e equilíbrio. No final, supremo cliché: violinos e pianinho enquanto ele sofre de doença incurável.... Os críticos gostaram? Pobre crítica! Paul Giamatti imita Jack Nicholson. Faz exatamente o tipo que ele faz desde 1983. Mas é bom ator. É imitação de bom nível. Dustin nada tem a fazer. Fica lá, como um tipo de velho tarado. A direção é franciscana: pobre. O filme já nasce velho e com cheiro de reprise do SBT. Nota 3.

CLAMOR DO SEXO- ELIA KAZAN ( EXEMPLO DO MAIOR DOS PECADOS )

William Inge, no auge do teatro dramático americano, foi um dos grandes. Se Tennessee Willians e Eugene O'Neill dominaram a cena, ele e Arthur Miller vieram logo após. Edward Albee surgiria na sequencia e Thorton Wilder merece um lugar à parte. Neste filme de 1961, Inge consegue tocar num dos mais dificeis temas de qualquer drama: o mal sem intenção, o maior dos pecados: o sofrimento imposto a inocentes.
Estamos em 1928, nos cafundós do Kansas. Bud é o filho bacana do líder local. Dean é sua namorada. Os pais concordam com o namoro, os dois se amam, ninguém tem qualquer doença ou problema econômico e mesmo assim o sofrimento do dois é insuportável. Porque?
O pai de Bud é um ex-jogador de futebol, agora aleijado. Um macho milionário que deseja o "bem" do filho. Eis o primeiro problema: seu ego amassa o amável ego de seu favorito. Segundo problema: Dean é boa aluna e ama seus pais. Mas sua mãe vê nela um bebê e seu pai deixa tudo a cargo da mãe. Dean luta para ser sempre uma "dama", uma lady, o orgulho dos pais. Vem daí um terceiro e atroz problema: o casal se ama, se adora, mas não pode fazer sexo. Bud quer, Dean não. Depois, ao final, Dean quer, mas Bud não pode, afinal, ela não é uma puta...
A conselho do pai, Bud arruma uma amante, "para se aliviar". Bud detesta fazer isso, pois ela "não é Dean ", mas se conforma. Isso destrói Dean. O longo caminho da inocente garota rumo ao inferno, a forma desajeitada como ela tenta se tornar "fácil" é de cortar o coração. ( Confesso que chorei muito... ). Ao fim do filme, sem final feliz, mas doce a seu modo, fica uma terrível lição: nada temos de controlável na vida. Bud e Dean nasceram um para o outro, mas terminam com outras pessoas, distantes, conformados. Tudo dá errado.
Mas o que me emociona no filme não é isso. É o modo como é demonstrado o maior pecado humano ( sim inteligentinho, pecados irremediáveis existem. E são imperdoáveis. ) O pecado da difamação da inocência. O amor dos dois é real, é inocente, é forte. E todos, sem saber e querer, destroem esse amor. Cada palavra da mãe e do pai, sempre bem intencionados, é uma facada, um pecado irremediável. Dean enlouquece e é internada. Bud empobrece e se casa. Nosso coração é cortado ao meio.
Warren Beaty faz Bud. É seu primeiro filme. Quem leu o livro "Sex, drugs e rocknroll" de Peter Biskind, sobre a revolução em Hollywood, sabe o quanto Warren foi/é importante para o cinema que se faz agora. Seu Bud é correto, mas nas cenas finais, na fazenda, é brilhante. Natalie Wood faz Dean. E a partir das cenas de enlouquecimento ela nos dá uma atuação emocionante. O modo como ela olha e conversa com o psiquiatra e a maneira como ela corre e pula nos jardins do hospital são inesquecíveis. Para quem conhece a triste sina que Natalie viveu na vida real, ver o filme é ainda mais cortante.
Mas todo o elenco é superlativo. Não houve diretor de elenco como Kazan. O homem que lançou Montgomery Clift, Brando, James Dean e Warren Beaty, faz um filme de pungente beleza e emoção que se acumula até explodir. Belíssimo!

ALTMAN/ LEONE/ FORD/ STEVE MCQUEEN/ MAX VON SYDOW

ERA UMA VEZ NO OESTE de Sergio Leone com Henry Fonda, Jason Robards, Claudia Cardinale e Charles Bronson
Impressiona e muito. Raros filmes são tão bonitos de se olhar. Cada gesto e cada ângulo de tomada é um primor. Apesar de por vezes cansar ( é longo e lento ) não conseguimos desistir de o acompanhar. Seus primeiros trinta minutos são das melhores coisas ( em termos de diversão ) da história da arte. O final deixa saudades. Após ver este filme, o Bastardos de Tarantino lhe parecerá bem menos atraente. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!
ONDE OS HOMENS SÃO HOMENS de Robert Altman com Warren Beatty e Julie Christie
Foi Pauline Kael quem disse que este filme é como viagem de ópio. Revendo-o agora percebo isso. As vozes vêm não se sabe de onde, todos os diálogos parecem distantes, murmurosos. As imagens são embaçadas, desfocadas, estrábicas. Tudo no filme se parece com sonho, é um tipo de longo devaneio sobre o fracasso e sobre a melancolia de se viver sem ninguém. Beatty ( excelente ) é um pseudo-malandro, que chega a vila do Alasca ( o filme tem muita neve ) e monta um bordel. Interesses capitalistas irão lhe destruir. Warren está comovente, seu tipo é de uma doçura/malandrice cativante. Julie faz uma puta pretensiosa e esperta. Sem coração. A trilha sonora é feita por canções de Leonard Cohen. São amargas baladas sobre a solidão e a estrada. Cortam nosso coração, são de uma beleza absurda. Todo o filme é como a música de Cohen: bela preparação para o fracasso. E o filme, feito no auge do sucesso pop de Altman, foi um proposital fiasco. Altman desejou destruir sua chance de ser mainstream. Conseguiu. O filme é das coisas mais originais já feitas. Nota 8.
O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA de John Ford com James Stewart, John Wayne, Vera Miles, Lee Marvin e Edmond O'Brien
Este, que é o último grande filme de Ford, trata de dois tipos de herói. O individualista e o comunitário. Stewart é o senador que vai a enterro de velho amigo. Conta-se sua história. De como ele foi um jovem advogado e de como foi ajudado por Wayne, que faz o solitário e duro herói cowboy. O filme chora o fim desse tipo de homem, o homem que fez os EUA. Stewart é o homem politico, o homem da lei, do futuro. Há muito de elegia neste filme e tem a famosa frase: Se a lenda é melhor, que se publique a lenda! Mas não é um tipo de western que empolgue. Ele é muito mais uma revisão de todo o Ford que uma obra vital e criativa. De qualquer modo, é adorado por todos os fãs de western. John Wayne está soberbo e o filme peca por usá-lo menos do que queríamos. A cena do incendio é o ponto alto. Nota 7.
FUGINDO DO INFERNO de John Sturges com Steve McQueen, James Garner, Charles Bronson, Richard Attenborough, James Coburn
O rei do cool se tornou rei neste filme. Steve McQueen faz um prisioneiro de campo nazista que é conhecido por ser o rei do cooler ( solitária ). O filme é isso, prisioneiros que tentam fugir e alemães que tentam impedir. Dirigido com profissionalismo, o filme vai crescendo conforme avança e sua hora final é extremamente empolgante. É mais um dos top 20 de Tarantino. É este tipo de filme que faz falta hoje: muito popular, simples, sem nenhum tipo de enfeite, mas de produção cara, divertido, sem grandes tolices, que vale cada centavo gasto. É dos filmes mais queridos dos anos 60 e foi grande sucesso. Nota 8.
O MENINO E O SEU CACHORRO de LQ Jones com Don Johnson e Jason Robards
Como lançam este dvd? É um muito obscuro filme doido dos anos 70 que exemplifica o ponto de piração que a época chegou. Em mundo do futuro, destruído pela radiação, um garoto anda pelo deserto com seu cão. O cão fala, e fala como um muito prático e ranzinza conselheiro. O garoto o usa para conseguir mulheres, que são estupradas e descartadas. O cão quer comida, e no fim o garoto lhe dá uma moça para comer. Um pesadelo mal feito e muito doentio. Nota 1.
ANUSKA de Francisco Ramalho Jr. com Francisco Cuoco e Jairo Arco e Flexa
Um jornalista se divide entre o mundo politizado do jornal e o mundo da moda de sua paixão, Anuska. O tema é bom, o filme é inacreditávelmente amador. Simplesmente o diretor não sabe como contar uma história. E ainda tem patética homenagem a Jules et Jim!!!!! ZERO!!!!!
O LOBO DA ESTEPE de Fred Haines com Max Von Sydow e Dominique Sanda
Baseado em Hesse e tendo o bergmaniano Sydow no elenco. O ator é o certo, o filme é errado. Não li o livro, mas dá pra notar que tudo se torna confusão neste filme que não tem uma só cena criativa. Um blá blá blá sem fim. Andam por bares e cabarets, mulher oferece sexo e por aí vai. Incompreensível. Nota ZERO
THE HIT de Stephen Frears com Terence Stamp, Tim Roth e John Hurt
Grande Frears!!!! O talentoso diretor de Ligações Perigosas, fez em 1984 este muito bom policial. É sobre dedo-duro que é caçado na Espanha por enviados do dedurado. O filme é a viagem pela Espanha dos dois assassinos e do capturado. Conseguirão executá-lo em Paris? Os três atores estão excelentes. Stamp, ex-sex symbol inglês que optou pela boemia, faz um blasé dedo-duro. Nas mãos dos executores, ele jamais demonstra medo. Hurt faz o calado matador. Frio. E Roth, bem jovem, é o bandidinho novato, bobo e afobado. O filme é diversão de primeira linha ( apesar de barato ). Frears sabe tudo. Nota 7.
DUPLO SUICIDIO EM AMIJIMA de Masahiro Shinoda
A nouvelle vague de Godard fez com que brotassem nouvelles vagues mundo afora ( foi o último movimento em cinema a fazer isso ). Tivemos uma nouvelle alemã, uma brasileira, australiana e até a japonesa. Na Alemanha ela se caracterizava pelo seu esquerdismo radical, e no Japão por sua fascinação por morte e sexo. A nouvelle vague made in Japan é toda calcada nisso: sexo e morte. Este filme fascinante e original trata disso. Uma paixão sexual que leva a morte. As imagens são belíssimas e desde seu incio vemos que o filme é especial. Nota 7.
FILHOS DE HIROSHIMA de Kaneto Shindo
Moça volta a Hiroshima. Estamos em 1951. A cidade é ainda uma cicatriz. Ruínas e gente abandonada. O filme é quase um documentário. Fortemente influenciado pelo neo-realismo italiano. Nota 5.
O VINGADOR de F.Gary Gray com Vin Diesel
Continuo tentando. Este trata de policial que tem a esposa morta por traficante e parte pra vingança. As cenas de ação são tão rápidas que mal se vê o que acontece. Mas o filme não é ruim. A gente assiste sem sentir tédio ou sono. O único problema é que depois que ele termina nada resta para ser recordado. Será que ninguém sabe mais escrever diálogos bons em filmes de ação??? Nota 5.
RAW DEAL de Anthony Mann com Claire Trevor e Dennis O'Keefe
Um dos primeiros filmes de Mann, é um noir barato que funciona bem. Um cara foge da prisão com duas mulheres: sua garota e a outra. Uma é do mal, a outra é do bem. Com trama tão frágil, é construído um sólido filme sem uma cena fraca. Rápido e viril. Cinema noir com suas sombras, suas noites quietas e seus tipos perdidos. Muito cigarro e carrões. Uma tremenda diversão! John Alton fez a foto contrastada. Nota 7.

ABEL GANCE/ MELVILLE/ LOSEY/ WARREN BEATTY/ KUROSAWA

NAPOLEÃO de Abel Gance
O mítico filme de Gance, quatro horas de duração, restaurado por Coppolla e com linda trilha musical de Carmine Coppolla, pai de Francis. Não conheço filme silencioso melhor que este. Se o roteiro chega a ser piegas ( Napoleão é visto como um deus ) a forma como Abel conta a história é coisa de gênio consumado. Montagem caleidoscópica, câmera que voa sobre multidões, fusões violentas, tempestades no mar, a famosa batalha na neve, cavalos em carga, cenários imensos. Gance usa tudo o que era possível usar e inventa o que não existia. O filme é de um louco apaixonado por cinema e por Napoleão. Obra-prima. Nota DEZ.
JONES FAIXA PRETA de Robert Clouse com Jim Kelly
Blaxpoitation. Um filme ruim, mas que é uma delicia. Sobre escola de karatê que se defende de máfia. Roupas maravilhosas dos anos 70, trilha sonora black, cabelões afro, carrões. Um tipo de filme "pulgueiro", que alimentava as salas de bairro. Os velhos cines da Santo Amaro, São João, Ipiranga e de Pinheiros, Brás, Moóca e Lapa. É pra rir. Ah sim!!!! Dá pra se imaginar Tarantino vendo e revendo este filme vezes sem fim. Nota 5.
CORRIDA MORTAL de Paul W.S. Anderson com Jason Statham e Ian McShane
Aquela coisa. Se antes o filme pop era solar e cômico, hoje eles são sombrios e pessimistas. Um cara vai para a prisão e passa a correr em provas mortais. Um vale tudo das pistas. O filme é só edição. Quase nada se vê. Rostos, cenários e reações ficam em segundo plano, a velocidade é tudo. È mais um video-game que um filme ( assim como o cinema dos anos 30 era mais teatro, o dos 50 literatura ). É divertido, mas dificilmente voce vai conseguir lembrar de alguma cena no dia seguinte. Barulho e ação que nada significam. Nota 5.
O SAMURAI de Jean-Pierre Melville com Alain Delon
Melville tem estilo. Ele é ultra-cool. E Delon faz um assassino cool perseguido por delegado que o detesta. O filme é quieto, zen, lento. Mas é cheio de toques excêntricos. Não se compara a super obra-prima do cool, BOB LE FLAMBEUR, mas tem sua originalidade clean. Nota 7.
O MENSAGEIRO de Joseph Losey com Julie Christie, Alan Bates, Michael Redgrave, Margaret Leighton e Edward Fox
Com trilha sonora de Michel Legrand ( talvez sua melhor ), fotografia de Gerry Fisher e roteiro de Harold Pinter. Uma crítica ao sistema de classes inglês. Mas também ao modo como os adultos tratam adolescentes, como o amor é usado, uma exposição do egoísmo. O filme é moderno, nada tem desses filmes bonitos sobre a época vitoriana. Losey, sempre um rebelde, filma o passado de um modo arrojado. Sem pompa e sem cerimônia. O filme então nada tem de saudoso, ao contrário, ele abomina o que mostra. Marcante. Nota DEZ.
YOJIMBO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Uma das melhores aventuras já filmadas. É um samurai-western. Mifune tem momento de gênio, cria um mito. O filme, relaxado, foi o grande sucesso de Kurosawa. Sendo influenciado pelo cinema americano, acabou por mudar o próprio cinema de Hollywood. As cenas de ação são maravilhosas. Nota DEZ.
SANJURO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Um tipo de continuação de Yojimbo. Mas aqui a ação é menos elaborada e o filme é na verdade uma bela comédia. Algumas cenas são muito engraçadas. Mifune faz o personagem com carinho e exagerando seu lado "tosco". O capricho visual não é tão grande e este filme acaba tendo um jeitão de brincadeira feita às pressas. Nota 7. ( A cena final é pura genialidade ).
SUBLIME OBSESSÃO de John M.Stahl com Irenne Dunne e Robert Taylor
Inacreditávelmente antiquado. Uma patasquada melô. Não falarei do enredo, é risivel. Nunca é chato, nunca irrita, mas é de uma tolice atroz!!!! Douglas Sirk o refilmou, ainda não assisti o que o alemão talentoso fez com isto. Se conseguiu fazer um bom filme, é gênio. Mas este original é argh!!!!! Nota ZERO
REDS de Warren Beatty com Warren Beatty, Diane Keaton e Jack Nicholson
Houve um tempo, 1981, em que a Paramount ousava fazer um filme de quatro horas, caríssimo, sobre um herói do comunismo. Sim!!! John Reed foi um americano dos anos 10/30 que foi enterrado no Kremlim ( o único ). O filme defende os sindicatos, os vermelhos, a revolução russa, a liberdade de imprensa. Warren, e quem leu o livro de Peter Biskin sabe o quanto Warren é grande, ganhou um Oscar de direção com este filme. Simbolicamente, o prêmio homenageou a Hollywood liberal dando a láurea a seu maior batalhador. 1981 simboliza a renascença do cinema família, REDS é o epitáfio da rebeldia. Sabendo de tudo isso, queremos adorar o filme, mas, que chato, isso não acontece. O filme é aborrecido, longo demais, e Diane Keaton está perdida. Sua Louise Bryant é apenas uma histérica. Em compensação Beatty está comovente como o idealista e meio ingênuo Reed. Jack Nicholson faz um Eugene O'Neill bastante convincente. O melhor é a fotografia de Vittorio Storaro e os depoimentos dos personagens reais, gente que conheceu John Reed. Então vemos durante o filme as intervenções bem-vindas de Henry Miller, Will Durant, Rebecca West e vários outros. É o tipo de filme bem pensado, bem intensionado, corajoso, mas que não funciona. É o tipo de filme que abriu as portas para Spielberg. Nota 6.