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AQUELE QUE SABE VIVER - DINO RISI. O PRIMEIRO ROAD MOVIE.

------------------- Easy Rider, assumidamente, se baseou neste filme de 1962, portanto, feito sete anos antes do americano. Sucesso imenso, Dino Risi e seus roteiristas, Age e Scarpelli, contam a história de um estudante tímido, um sublime Jean-Louis Trintignant, que viaja pela Italia com Vittorio Gassman, este em momento de exuberância magnética. É o primeiro filme on the road e Trintignant seria o que Jack Nicholson foi no filme de 1969, o ingênuo medroso que se entrega à estrada. Dennis Hopper assumiu a influência em entrevistas, mas há aqui um imensa diferença: Isto é Itália e ao contrário do belo filme americano, muito prazer vive nesta obra. Não há equivalente americano à Gassman. Peter Fonda viaja para encontrar um sentido, Dennis Hopper viaja para ser livre, Vittorio Gassman é italiano, ele viaja por puro prazer. ------------------ Os dois, que não se conheciam, se unem, e correm pelas estradas, sempre em alta velocidade e em pleno boom econômico da Italia. O país mudava, enriquecia, as lambretas se vão, começa a era dos carros e das lanchas. Gassman é um tipo expansivo, malandro, endividado, playboy, sorridente, já o francês é um nerd completo. Eles se conhecem no começo do filme e o que vemos é uma amizade de 4 dias. Pela estrada, correndo e conhecendo gente. É a Italia em seu momento mágico. Últimos anos em que sua música, cinema, livros e moda eram dominantes no ocidente. Em 1964 eles perderiam esse posto para a Inglaterra graças aos Beatles. -------------------- Na estrada eles encontram tipos. Se envolvem em trapaças, brigas, seduções, fugas. Ao fim se hospedam na casa da ex esposa de Gassman, que o odeia, e lá vive sua filha, uma Catherine Spaak lindíssima. Trintignant se solta afinal e o filme é dele. Poucos atores souberam fazer um jovem tímido como ele. E então vem o fim. Que não conto. ---------------------- É o melhor filme de Risi e um dos melhores filmes da Europa. Mais que tudo, ele captura um momento: músicas pop ( a música italiana POP é a grande influência sobre nossa Jovem Guarda e não os Beatles ), roupas, carros, tudo parece novo então, a Itália brilha com seus dólares recém chegados. Gassman, sempre imenso ator, consegue revelar uma cicatriz debaixo de brilho malandro de seu personagem. Ele usa o novo amigo, usa a ex esposa, usa toda pessoa que cruza na estrada, mas ele consegue parecer real, toque preciso em personagem que poderia se tornar bufão. --------------- Todo país tem momentos mágicos e a Italia teve seu último aqui, em 1960-65, quando o dinheiro abundava e a arte foi na onda como contrapeso. Divertido, trágico e inesquecível, o nome do filme se tornou parte do vocabulário da Argentina ( lá Gassman era Deus ) e a bilheteria foi rica em todo o mundo. Ser jovem nesses anos em Roma ou MIlano era um privilégio. O filme, alegre e amargo é inesquecível.

OS MONSTROS - DINO RISI. A SABEDORIA DA ITÁLIA. OU SERIA APENAS VAIDADE?

Não existe no mundo país com coragem maior para a auto-crítica que a Itália. Uma cultura que vem de Roma e renasce com Maquiavel, Dante e Bocaccio tem raízes fundas no estoicismo. O mundo é cruel, eles sabem, nós somos muito crueis, eles admitem, vamos exibir isso, eles fazem. Neste filme, Dino Risi nos apresenta uma série curta de sketches que nos dão flagrantes da maldade italiana. É uma comédia, mas muito mais que o riso, ela nos dá raiva e na história final, choro. ( A última história, com atuações milagrosas de Gassman e Tognazzi, nos exibem um momento na vida de dois boxeadores. Nada em cinema, nem Scorsese ou os filmes noir dos anos 40 sobre o assunto, disse tanto de modo tão cru ). O roteiro, esperto, sempre nos surpreende. Pensamos que adivinhamos o final, e somos enganados. Dou exemplo: uma velhinha foge nas ruas. Um grupo de homens a captura. Pensamos: ela fugiu do hospício, da clínica, da família. Mas não! Ela fugiu de um filme de Fellini. Por que? Aí não conto. Veja. ------------------------------ Os dois atores-gênio aparecem em todos os sketches. Eles vão do sublime ao patético. É fascinante ver os dois em ação. Sem pudor algum, o italiano é exibido como ladrão, egoísta, cruel, falso e extremamente vaidoso. O que me faz pensar: um povo que se exibe assim, exibe mesmo seu podre, seu mal, é sábio ou é tão vaidoso que até ao exibir seus vícios se vangloria deles? Não há nenhum outro cinema que escancare de modo tão fundo todo seu lado sujo. E pergunto, por que a Itália tem esse dom? Eu creio ser sua raiz estoica, estoicismo que vem desde Roma e renasce na época de Julio e dos Borgia. Para eles, o mundo é um inferno, mas é um inferno com risos, vinho e belas mulheres. Então vivamos enquanto podemos viver. -------------------- Este filme, como todo grande filme italiano, fala isso. Afirma o homem, ruim e belo, em meio as chamas do mal. Na última história, a única poética, Risi conclui com imagem digna de Fellini. Os Monstros, enorme sucesso em seu tempo, é um bravissimo filme.

Il gaucho: "Società Pezzentoni e compagni" | Dino Risi, 1964 | Nino Manf...

O CARADURA DE DINO RISI E PERDIDOS NA ÁFRICA DE ETTORE SCOLA, DOIS FILMES SOBRE O ESTRANGEIRO

Dois filmes italianos, dois filmes sobre viagens. No primeiro, de Dino Risi, Vittorio Gassman, brilhante como sempre, é um produtor de cinema. Ele leva suas atrizes e seu roteirista para o Festival de cinema de Mar Del Plata, na Argentina, onde seu novo filme irá concorrer. Falido, ele pensa em encontrar um amigo seu que emigrou para Buenos Aires e ficou milionário. O filme parece, no início, um banal veículo para enaltecer a Argentina, é 1964 e o país vive seu último período de fartura. Lá, Gassman encontra um italiano, Amedeo Nazzari, dono de terras e gado. Absurdamente rico, ele trata os italianos que ainda vivem na Italia como deuses. Mima-os, enaltece-os, fica a seus pés. Começamos então a perceber o objetivo do roteiro de Age e Scarpelli ( existe dupla de roteiristas com mais filmes que essa? ), a emigração, os italianos que foram e não voltaram, o modo como eles hiper valorizam seu país de origem e por isso não conseguem retornar. O filme é leve, alegre, cheio de piadas, mas há um fundo trágico, duro, sombrio, o milionário enaltece Gassman mas ao mesmo tempo finge não perceber seus pedidos de ajuda. Na parte final do filme ele se torna belíssimo. É quando Gassman finalmente encontra o amigo "rico", papel curto e forte de Nino Manfredi. Vemos logo que Nino é terrivelmente pobre, sua vida de imigrante foi um fiasco e mesmo assim ele tenta fingir riqueza. Até que, num momento raro em filmes, tipo do momento que nenhum cinema conseguia fazer melhor que os italianos, surge a verdade: Manfredi abre o jogo no meio de uma frase, se revela, Gassman faz o mesmo, e de repente estão os dois, rindo de suas desgraças e amigos como nunca. O produtor falido levará o amigo pobre numa festa de milionários para tentar descolar um emprego para o amigo, os milionários irão oferecer entrevistas de emprego, mas Nino sabe a verdade, imigrantes ricos têm vergonha daqueles que não deram certo. Tanto na Italia como na Argentina não há lugar para ele entre seus conterrâneos. Quando ele recusa o taxi e parte sozinho rumo à sua vida de proletário, sabemos estar diante de um grande momento em filme. Mas o show continua! Gassman vence o prêmio e continua falido. O avião decola rumo à Italia, os pobres amigos de Manfredi acenam e sabemos que nada mudou. Em outro avião, que desce, chega o cantor Celentano, e vemos o milionário Nazzari correr para o homenagear. O filme revela vícios e charmes da alma da Italia como poucos. ---------------- Preciso enaltecer Vittorio Gassman, ator de teatro, shakespeareano, talvez o maior do país, que via o cinema apenas como exercício e que por isso brincava enquanto interpretava. Há nele uma sabedoria, um domínio da arte que nos faz sentir prazer 100% do tempo. É genial. Sempre, em qualquer filme. Famoso, ele fez filmes nos EUA nos anos 50, e ao fim da vida, nos anos 80-90, chegou a filmar com Altman e Woody Allen. -------------------- No segundo filme que vi, de Ettore Scola, feito em 1968, também se fala de outro país, no caso Angola. É a Angola portuguesa, e é cômico para nós vermos os extras falando minha língua. Alberto Sordi é um industrial em crise existencial que vai à Africa procurar um parente que desapareceu por lá. No começo ele se comporta como um turista rico, fotografa animais, pessoas, se coloca superior. Mas com o tempo ele muda, muda muito, e se envolve numa aventura absurda e com ares de pesadelo ( embora o filme jamais deixe de ser uma comédia ele toca em coisas muito sérias ). É uma aventura maravilhosa! Um dos filmes menos conhecidos de Scola, é meu favorito. Sim, é quase uma obra prima. Vemos no filme influências que vão de Huston à Joseph Conrad, dá pra dizer que nesta saga de um homem à procura de um desparecido, o Apocalypse Now de Coppolla fica vários pontos para trás. Este é muito, muito melhor! Selva, desertos, um português maluco e malandro ( portugueses na Italia têm a fama de malandros, eu não sabia disso ), nativos passivos, uma pobreza absoluta, um casal racista, nesse caldo de gente e lugares, Sordi e seu contador, Blier, ambos brilhantes, nos fazem entrar dentro de Angola, dentro deles mesmos. O desaparecido, que foi padre, ladrão, traficante de armas, um mistério eterno, afinal surge no meio de uma aldeia no fim do nada: é um guru místico. Ou não, pois quando eles conversam vemos que ele é nada mais que um maconheiro viajante mentiroso. Nino Manfredi faz esse guru e sua atuação nos faz apaixonar por ele. É um homem que fugiu e nada achou, ou achou tudo, talvez. Eles fogem da aldeia e entram em navio luso, rumo à Europa. Mas Nino olha os nativos na praia que o chamam....as mulheres negras....--------------- Obra prima completa, longo e que vemos o tempo todo com prazer, é uma saga cômica do tipo que Voltaire escrevia. O homem que se dá mal e aprende então um segredo. Filme tão bom que dá vontade de ver de novo. ---------------- Entre 1945-1970 não houve cinema como o italiano. E nunca mais haverá. Foi uma conjunção, uma sorte, que uniu um país em momento de enriquecimento e mudança moral, roteiristas revolucionários, atores brilhantes e diretores ousados. E ainda, de brinde, algumas das atrizes mais belas da história. Termos a chance de usufruir desses filmes é um privilégio. Sem preço. Dê um presente a si mesmo e veja esses dois grandes filmes.

GABIN E GASSMAN

Às vezes sinto pena de cinéfilos novatos. Porque eles serão dirigidos aos filmes errados. Quando ele quiser conhecer o cinema italiano lhe irão indicar Rosselini e Bertolucci, e no francês lhe falarão de Renoir e Godard. Pobre jovem cinéfilo...CRIME EM PARIS é um filme de 1947 que acabo de ver. É de Henri Georges Clouzot, e ele é talvez, o melhor diretor da França, o que não é pouco. O ciúme é o tema. O crime. A sordidez. Um marido que planeja matar sua esposa. Mas tudo acontece errado. Tem Louis Jouvet. Que ator! Vi um noir de Henri Decoin também. Com Jean Gabin, o grande mito do cinema de lá. Gabin é velho, é gordo, é lento no andar e no falar...mas ele é eficiente! Ninguém dá dinheiro como Gabin. Ninguém fuma como Gabin. Não há homem mais ALFA que Gabin. Jean Gabin é a imagem de um homem que foi extinto por volta de 1960. Eficiente. ANTRO DO VÍCIO É UM é um filme exemplar. Adulto. Há até uma cena em clube de maconha. Gabin não perde nunca a calma. Já Vittorio Gassman é o italiano no que tem de mais charmoso. E Dino Risi sabia o dirigir. O TRAPACEIRO. Grande filme. Ele é um ator que vira ladrão. Uma festa. Se Gabin é contenção, Gassman é expansão. Queremos ser amigos de Vittorio! . Veja!

CATHERINE KEENER/ HUGH LAURIE/ JANE FONDA/ MICHAEL CAINE/ BOB FOSSE/ BRANCA!!!!

   A FILHA DO MEU MELHOR AMIGO de Julian Farino com Hugh Laurie, Catherine Keener, Oliver Pratt e Leighton Meester
Tinha tudo pra dar muito errado. A história de duas familias amigas. Os pais fazem corrida juntos, as mães se visitam, tudo normal. Então a filha de uma dessas familias volta pra casa. E o pai de meia-idade da familia "amiga" começa a namorar com a garota. Vem a separação, o ostracismo, a pressão social. O filme começa mal, parece ser mais um filme gracinha e jovenzinho tipo Miss Sunshine. Mas não é. A forma como os dois ficam é muito simples e muito real. O casal funciona, parecem de verdade. O namoro dos dois faz com que tudo mude na vida de todos os envolvidos. A rotina das familias muda, eles têm de acordar. E me peguei torcendo para que o filme não brochasse, que fosse nessa linha, a mudança nascendo do inesperado. Mas não. No final, e vou contar, a menina sai perdendo. Ela não suporta a pressão e vai embora. Todos voltam ao normal, todos se dão bem, ela perde. O filme acaba sendo uma grande defesa do maior dos valores da América ( não, jamais foi a familia ), a amizade entre os homens. Os dois pais voltam a ser amigos, a camaradagem masculina vence. O filme tem atenuantes. A menina tem 24 anos, ou seja, longe da pedofilia. E o estilo é todo de "comédia familiar", apesar do tema é um filme doce. A atriz que faz a menina, Leighton Meester é apaixonante. Natural, linda, alegre. O elenco é todo ok, e o filme é bem melhor do que parece ( apesar dos defeitos aqui apontados ). Se o final fosse menos óbvio seria um filme bastante invulgar. Mas vale muito ver. Nota 7.
   PAZ, AMOR E MUITO MAIS de Bruce Beresford com Jane Fonda e Catherine Keener
Beresford não muda. Todos os seus filmes são assim: mais ou menos, legaizinhos, do bem, esquecíveis. Este é bem assim. O fim de um casamento. A mulher leva o casal de filhos para a casa da avó, para dar um tempo. Essa avó mora em Woodstock e é uma lenda lá. Hippie radical, ela vende maconha, pinta homens nús e namorou Leonard Cohen entre muitos outros. A filha odeia essa mãe doidona. Os netos são logo conquistados. Fumam, bebem, festejam. O filme tem de bom Jane Fonda, a beleza do lugar e o fato de nada ser tipo "hippie chic". A casa tem galinhas nos quartos e é de uma bagunça exemplar. Mas o roteiro é hiper-pobre. Nada acontece de errado. Não há atrito, não há erro. A gente sabe todo o tempo tudo o que vai ocorrer. Jane brinca de ser Jane Fonda. Alguém ainda lembra que em 1973 ela era uma Angelina Jolie perseguida pela CIA ? Famosíssima  e muito politizada, ela era odiada pela direita americana. Depois se casou, largou o cinema e passou a viver em função do marido ( que sonhava em ser presidente ). Toda uma geração a desconhece. Este filme serve apenas para quem já a conhece. Woodstock é uma cidade linda!!!  PS: que bela atriz é Catherine Keener! Nota 4.
   O PARCEIRO DE SATANÁS de Stanley Donen com Gwen Verdon, Tab Hunter e Ray Walston
O diabo vem a Terra e tenta um fã de beisebol. Se ele lhe vender a alma será rejuvenescido e se tornará o maior jogador da história do esporte. Ele aceita. O filme não é bom. Porque? Tab Hunter é um péssimo ator e o roteiro, baseado em show da Broadway, se perde. Fica chato até. Mas, quase ao final, um milagre acontece. Bob Fosse entra em cena e faz um número com Gwen Verdon. São três minutos da mais absoluta genialidade. É alegre, é sexy, é criativo, é esperto. Dá vontade de ver pra sempre. Grande Bob Fosse, um gênio! Fora isso, todo o resto é absolutamente falho. Bola fora do grande Stanley Donen. Nota 3.
   UM GOLPE PERFEITO de Michael Hoffman com Colin Firth, Cameron Diaz, Alan Rickman, Tom Courtney, Stanley Tucci.
Nos anos 60 era moda um tipo de filme que era chamado de "filme sofisticado pop". Falava de gente malandra, de gente bem vestida, mentirosa, cheia de tramóias e planos de roubos ou golpes mentirosos. Tinham trilha sonora chiquérrima, cenários vastos e atores bacanas e extra cool. Pois bem, todos esses filmes foram refilmados nos últimos quinze anos. Desde Charada até Get Carter, todos foram destruídos em refilmagens terrivelmente ruins. A única excessão foi Oceans Eleven, cuja versão de Soderbergh é muito superior a original. Michael Caine fez vários desses filmes "espertos" originais. Que eu me recorde, seis foram refilmados nos últimos dez anos. Michael Caine já foi reinterpretado por Jude Law, Matt Damon, Mathew McConaughey e agora por Colin Firth. O original deste filme é uma maravilhosa sacanagem. Cheio de humor, de malicia e muito chique. Tem ritmo, tem savoir faire, tem estilo. E faz rir. Esta versão, escrita pelos irmãos Coen, que devem adorar o original, foi malhada pela Folha. Esqueça a Folha! Apesar de estar a milhas do original, este filme faz rir, dá prazer e é uma gostosura. Firth está ótimo como um bobo que se acha infalível, Alan Rickman rouba o filme como a vítima e Courtney é um grande mito do palco inglês. Cameron está bem ( mas as mulheres realmente piraram....que corpo hiper malhado é esse??? ). O filme tem 3 ótimas cenas. E um final fraco. Vale ver. Nota 6.
   FOGO CONTRA FOGO de David Barrett com Josh Duhamel, Bruce Willis e Rosario Dawson
Sobre testemunha de crime que resolve matar o bandidão. Eis o tipo de aventura que odeio. Porque o estilo é "metido a arte". Tudo é escuro, sombrio, trêmulo, cheio de sons esquisitos. A gente nada vê, e acaba por nada mais querer ver. O filme é muito, muito ruim. Bruce Willis participa como um policial veterano. Nada faz no filme. ZERO!
   O EXPRESSO DE VON RYAN de Mark Robson com Frank Sinatra e Trevor Howard
Na Itália dominada pelos alemães, prisioneiros ingleses escapam de um trem que os levava para a Alemanha. O filme começa devagar, mas então ele acelera e não perde mais o rumo. É uma bela aventura de guerra, cheia de suspense e com boa produção. O final é amargo e pode desagradar. Eu gostei. Inclusive do final. A trilha sonora de Jerry Goldsmith é uma obra-prima. Feito em 1965, segundo a dupla francesa pop Air, este é o grande ano das trilhas de cinema. Ouça esta e entenda porque. Nota 7.
   BRANCALEONE NAS CRUZADAS de Mario Monicelli com Vittorio Gassman e Stefania Sandrelli
O primeiro Brancaleone é talvez a melhor das comédias de cinema. Este, feito cinco anos depois, não chega nem perto. Mas é um prazer rever Gassman nesse papel. Ele nunca teme o exagero, vai fundo na doidice inocente de Branca e exercita seu talento infinito. Amamos Brancaleone, mas agora não amamos o filme. A soberba criatividade do primeiro não se repete aqui. PS: a estrela Stefania Sandrelli... chega a doer de tão bela !!! Nota 5. 

KON ICHIKAWA/ POLLACK/ RISI/ MINELLI/ CLARK GABLE/ WALSH/ BURT LANCASTER

   A HARPA DA BIRMÂNIA de Kon Ichikawa
A segunda guerra acabou de terminar. Estamos na Birmânia e um soldado japonês, que toca harpa, tenta convencer grupo de soldados kamikazes a se entregar. Depois o acompanhamos em suas caminhadas pelo país. Sua jornada é ao mesmo tempo uma reportagem sobre os horrores da guerra e um mergulho em sua alma. Belíssimo filme de um dos grandes do Japão. O fato de filmes como este serem lançados em dvd dignifica e justifica a invenção do formato. Se o inicio desta obra parece banal, conforme ela se desenvolve seu crescimento se agiganta. Imperdível. Nota 9.
   A DEFESA DO CASTELO de Sidney Pollack com Burt Lancaster, Peter Falk e Patrick O'Neal.
Pollack em seu momento mais "artístico". O filme é maneirista. Cheio de zoons, cortes abruptos, som que invade a cena seguinte, pistas e rastros de simbolismos vários. Fala de um pelotão de soldados americanos que toma posse de um castelo belga para deter avanço nazista. Até aí tudo normal, mas o que vemos é um bando de yankees que desejam destruir o castelo. Lancaster faz o capitão do grupo. Uma de suas falas é exemplar "-A Europa não está sendo destruída, ela já morreu." Há em sua voz e em seu olhar um imenso desprezo pela arte que abunda naqueles salões, pelos nobres que lá moram. Seu desejo é vencer os nazis, mas também ver o castelo em ruínas. Falk faz um italo-americano, tudo o que ele quer é fazer pão na padaria da vila belga. O'Neal é um amante das artes patético. O filme está longe da perfeição, mas faz pensar e é original. De ruim a trilha sonora de Michel Legrand. Para onde foi esse Pollack tão ousado? Nota 6.
   A MARCHA SOBRE ROMA de Dino Risi com Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi
Maravilhosa diversão. Estamos na Italia de 1920. Gassman ( excelente como sempre ), é um desempregado metido a malandro. Um colega, que agora se tornou fascista, o convence a se juntar ao partido. No inicio suas ações são patéticas, mas com o tempo eles terminam por matar. Tognazzi ( outro ator fantástico ), é um camponês que se une ao grupo, mas ao contrário de Gassman, ele tem dúvidas. Todos tentam chegar em Roma, onde haverá um grande comicio dos fascistas. O filme é uma estupenda comédia. Faz aquele misto que o cinema italiano tão bem sabia fazer, une coisas muito sérias com o riso, une emoção com educação. O filme não tem um só momento ruim. Nota 9.
   A RODA DA FORTUNA de Vincente Minelli com Fred Astaire, Jack Buchanan e Cyd Charisse.
Um dos meus filmes favoritos. De todos os gêneros de cinema, em termos de prazer puro, nada se compara ao musical. União de design, ação, humor, teatro, dança e melodia, o musical quando acerta é completo. Este é um deles. Astaire dança pouco, mas as músicas são todas coisas de gênio. Clássicas. A meia-hora final, toda em musica e dança é delirantemente deliciosa. É um dos que eu levaria para uma ilha deserta. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
   O CAMINHO DO GUERREIRO de Sngmoo Lee com Geofrey Rush, Kate Bosworth e Danny Huston
O céu é uma coisa amarela. Os cenários são todos como desenhos de graphic novel. Cada faca ou tiro desferido é fake e o sangue abunda em vermelho rubi. A luz que ilumina as cenas parece doentia, é de um azul cobalto viciado e putrido. A história, algo a ver com vingança em vila de western, chega a ser irrisória. Como é possível um adulto escrever algo tão ruim? Uma certeza: OS PIORES FILMES DA HISTÓRIA DO CINEMA ESTÃO SENDO FEITOS AGORA. Impossível negar, é o fundo do poço. Filmes ruins sempre foram feitos. Mas nunca tantos em tão grande ruindade. E o pior, tão caros. Nota(.........)
   TO PLEASE A LADY de Clarence Brown com Clark Gable e Barbara Stanwyck
É sobre um muito macho piloto de fórmula Indy. Interesse principal: corridas de Indy em 1950 muito bem filmadas. Os caras corriam sem capacete, sem barra Sto. Antonio e sem cinto de segurança!!!! E vestidos de camisa pólo!!!! As pistas não têm guard-rail e o piso é de areia dura. Haja cojones!!!!!! Gable faz, com seu jeito de machão protetor e decidido, um piloto arrogante. Barbara é a jornalista snob que cai de amores por ele. A gente vê o filme e torce por mais cenas de corrida. Elas logo vêm, são muitas. Boa diversão. Nota 6.
   TRÊS DIAS DE GLÓRIA de Raoul Walsh com Errol Flynn e Paul Lukas
Errol Flynn em seu primeiro filme após problemas com a lei ( uma acusação de estupro de uma menor ). Faz um condenado a guilhotina que troca sua execução pela vida de cem franceses. Como? Se entregando aos nazis como sabotador francês procurado. O filme é totalmente inverossímel. Mas Errol e Walsh eram profissionais maravilhosos. Gostamos de olhar e ouvir Errol Flynn, e Raoul Walsh tinha o dom do corte na hora exata. Nota 6.

MONICELLI/ KAZAN/ BILLY WILDER/ MARILYN/ GASSMAN/ SWEET SWEETBACK...

   GREMLINS de Joe Dante
No auge de seu poder juvenil Spielberg produziu para seu amigo Dante este estranho filme divertido. Acho que todo mundo já viu um dia. O roteiro é de Chris Columbus e é preciso dizer que Chris tem um estilo. A gente sente que é coisa dele. Os atores são impagáveis: ruins, perdidos, sem expressão. Mas tudo se compensa pela graça dos bichos, são simples, mal feitos até, e geniais. Pena os atores tão inaptos e um começo que demora a engrenar. Nota 5
   A GRANDE GUERRA de Mario Monicelli com Vittorio Gassman, Alberto Sordi e Folco Lulli
Ninguém fazia comédias como os italianos dos anos 50/60. Eram engraçadas, mas também eram tristes, poéticas. O segredo era esse dom para fazer humor sem perder nunca o pé da realidade. E ter à disposição a melhor safra de atores do mundo. Vejam Gassman. O rosto de nobre-pé rapado que ele tem. A vaidade misturada a mais desamparada miséria. A voz ( Gassman foi ator shakespeariano, dos melhores ), clara e alta, dando entonações de tolice e de pretensão a esse personagem patético. A história? Dois soldados na primeira guerra. A incompetência do exército italiano, a crueldade da violência fria e matemática, o espírito humanista tentado respirar nas trincheiras. Eles são covardes, são sonhadores, se envolvem com prostitutas e com contrabando, e ficam felizes ao poder comer. O filme, imenso, é um tipo de afresco sobre a luta, é cheio de graça, de leveza, de beleza suja. Monicelli havia acabado de fazer uma obra-prima ( OS ETERNOS DESCONHECIDOS )  e na sequencia nos dá mais um filme histórico. Maravilhosa diversão e arte de primeira categoria. Nota 9.
   A CANÇÃO DE BERNADETTE de Henry King com Jennifer Jones
Jennifer ganhou o Oscar com este filme. Filme que é praticamente sua estréia. Fala das aparições de Nossa Senhora para a muito simples ( burrinha até ) Bernadette Soubirous, em Lourdes, no século XIX. O filme tenta ser comedido e consegue. Exibe o clima hiper-racional da época e jamais deixa de insinuar que tudo pode ter sido uma alucinação. Mas para quem tem fé será filme de profunda emoção. Para os descrentes, é um belo conto sobre o que poderia ter sido. Atenção: nada é mostrado como lenda cor-de-rosa. Defeito grave: é longo demais! Nota 6.
   BABY DOLL de Elia Kazan com Carroll Baker, Karl Malden e Eli Wallach
Tennessee Willians escreveu esta história sobre uma mulher-criança que apesar de casada não tem relações sexuais com o marido. Isso ocorre porque o marido empobreceu e ela se sente lesada. O casamento, já em seu primeiro ano, ainda não teve sua lua de mel. O cenário é a vastidão do "sul". Negros desocupados comentam e riem do marido ridiculo. O casarão cai aos pedaços. E surge um "latino", rico, que seduz a menina. As cenas de sedução são das coisas mais eróticas já filmadas. Sem trocar um beijo, sem nenhuma nudez, há uma hiper volatização do desejo. Eli Wallach, como o sedutor, está excelente. Um cafageste ambicioso, mentiroso, vaidoso. Malden faz o marido, tolo, bronco, impotente em seu desejo, ansioso. Baker poderia ter sido uma estrela. Não foi. Linda, faz aqui o que a Lolita de Kubrick não fez, excita. Mas é um dos filmes mais fracos de Kazan. O texto de Tennessee é limitado. Perdemos o interesse no terço final. Daria um bom filme de hora e meia. Apesar dos atores, a nota não pode ser mais que 6.
   O PECADO MORA AO LADO de Billy Wilder com Tom Ewell e Marilyn Monroe
É estranho ver MM. Ela foi tão imitada e caricaturada que vê-la é como ver um cartoon, ela não parece real. É o primeiro personagem virtual da história. Billy, dos grandes diretores de Hollywood é o que menos me agrada. Há algo de muito grosseito nele que me incomoda. O filme, sempre interessante, raramente engraçado, fala de marido que sózinho em casa no verão, passa a se imaginar em caso com a vizinha. É aqui que há a famosa cena da saia de MM se erguendo na rua. O cinema tem 3 cenas emblemáticas, essa, Gene Kelly cantando na chuva e Ingrid Bergman pedindo para tocar As Times Goes By. É um filme de cores fortes, envelhecido, mas que ainda pega pela sua agilidade e pelas boas falas. Nota 6
   O ÚLTIMO DUELO de Budd Boetticher com Audie Murphy
Se hoje existe o terror de rotina e o filme de tiros, antes esse lugar era ocupado pelo western classe B. Quando o western decaiu, seu posto de filme POP, foi ocupado pela ficcção científica. Mas com o encarecimento da sci-fi, hoje esse posto POP é do horror em série e do policial tipo Statham. Este filme, sobre ladrão bonzinho que não consegue se regenerar é ok. O problema é que Audie não me convence. Budd é adorado por alguns críticos. Não é meu caso. Nota 4.
   TIROS NA BROADWAY de Woody Allen com John Cusak, Dianne Wiest, Jennifer Tilly, Chazz Palmintieri, Jack Warden
Um autor de teatro dos anos 20 aceita ajuda de mafioso para produzir sua nova peça. A namorada do gangster passa a fazer parte do elenco e o guarda-costas reescreve o texto, para melhor. Woody de 1994, momento dificil em sua carreira. Cusak é o pior Woody Allen de todos que já o fizeram. Ele exita, se apaga, é como um nada em cena. O filme perde por não termos por quem torcer. Kenneth Branagh foi o melhor ( em Celebridades ). Mas o resto do elenco é excelente ( ele sabe dirigir atores como ninguém ), destaque para Jim Broadbent, que faz um ator inglês que engorda muito. O filme flui bem até sua metade, mas de repente começa a enjoar e seu final é muito ruim. Mesmo assim ele vale pelos belos cenários e pela classe que todo filme de Woody tem. Nota 5.
   SWEET SWEETBACK BAAAADAAASSSS SONG de Melvin Van Peebles com Comunidade Negra
Vamos lá.... Ele subverte tudo e faz um filme que vai contra o que se chama "bom gosto" ou "bom cinema". Cores berrantes, cenas de sexo explícito que nada têm de erótico, perseguições policiais sem climax, escatologia... tudo filmado de improviso, com cenários reais e atores amadores. Sexo com adolescentes, gente no banheiro, shows pornô, música black. Essa é uma visão do filme. Filme mítico que encanta ainda hoje os Tarantinos e que tais. Mas.... ele é irritantemente sem sentido, sem história, gratuito, feio, sujo, nojento e odiável. Qual o porque de se ver alguém no vaso sanitário defecando? Pra que tanta nudez grotesca? Efeitos de cor, qual o sentido? Se Shaft ou Superfly são ainda divertidos em sua tolice cafona e sua vivacidade black, este é um filme antes de tudo ruim, muito ruim. Nota ZERO

KAZAN/ ZHANG YIMOU/ MICHAEL BAY/ PIETRO GERMI/ JACKIE CHAN

MEUS CAROS AMIGOS de Pietro Germi e Mario Monicelli com Ugo Tognazzi, Philippe Noiret, Gastone Moschin e Adolfo Celi
Germi faleceu em meio as filmagens e Mario o completou. Dá para perceber onde cada um deles trabalhou. A abordagem de Pietro é muito mais amarga, Monicelli é mais eufórico. Os dois são mestres. O filme fala de bando de amigos, cinquentões, que insistem em ser adolescentes. Vemos então suas "artes". Tumultuam hospital, entram de penetras em festa, envolvem otário em mentira mirabolante. Mas acima de tudo, vivem. Há uma frase que traduz a mensagem do filme. É quando o personagem de Moschin diz : " Estar entre homens é tão bom que é uma pena eu não ser um bruto de uma bicha! " Desculpem moças, mas esse é um honesto pensamento masculino. Somente gays adoram a companhia feminina "todo o tempo". O filme é ode à amizade viril. É machista, grosseiro, porco, idiota e ao mesmo tempo é poético e tem um final lindo. É no enterro, em que eles seguram o riso. O riso diante da tragédia. Meninos tenderão a odiar este filme. Ele nega TUDO o que esses flácidos querubins adoram. Além do que é uma comédia, uma comédia melancólica. O elenco é absurdamente bom. A cena na estação de trens é de uma estupidez hilária !!!! E é um filme que serve como aula sobre a alma do homem. Uma quase obra-prima. Nota 9.
BOOMERANG de Elia Kazan com Dana Andrews
Excelente policial. Um promotor deixa de acusar um réu, pois começa a ter dúvidas de sua culpa. Nós também queremos que ele não seja condenado. Mas dái vem a dúvida : ele é realmente inocente ? É um belo filme ! Kazan dirige com economia, urgência, fogo. Somos absorvidos. Daí para a frente, com Um Bonde e depois Sindicato de Ladrões, Elia Kazan dominaria a tela dos EUA nos anos 50. Nota 7.
CARGA EXPLOSIVA I de Cory Yuen com Jason Statham
O terceiro é o melhor. Mas é um bom filme de lutas ( Jason não é um novo Willis ou Stallone. Sua praia é a mesma de Jet Li, artes marciais. Willis tem o humor que ele não tem e Stallone a força estúpida e sem sutileza que Jason jamais usa. ) Nota 5.
THE BUCCANEER de Anthony Quinn com Yul Brynner, Charles Boyer, Claire Bloom
Fracasso. Única direção de Quinn, este filme de piratas dá todo errado. Apesar do ótimo elenco, o filme deixa de lado o que é básico em filmes de aventura : leveza. Ele jamais voa. Nota 2.
THE GOOD, THE BAD, THE WEIRD de Kim Jee-Woon
A cena no vagão do trem é uma obra-prima de técnica. O resto do filme é estonteante. Em termos de habilidade física e modernismo é supremo. A câmera flutua e tudo é velocidade. Há humor, a história surpreende e Kim homenageia Sergio Leone. Uma deliciosa aventura improvável que faz com que a esperança no cinema renasça. Se perdemos os gênios, que vivam os palhaços ! Nota 8.
UMA FILHA PARA O DIABO de Peter Sykes com Christopher Lee e Nastassja Kinski
Em tempos menos patrulhados, Nastassja, com 13 anos, aparece nua. Ela já demonstra a beleza hipnótica que desenvolveria. Mas o filme, sobre satanismo, é de uma obviedade atroz. Nota 2.
HERÓI de Zhang Yimou com Jet Li, Tony Leung, Maggie Cheung Zhang Zyi e Donnie Yen
Apenas os filmes de Kurosawa e de Bergman ( alguns ) têm visual mais belo. Fotograficamente é uma obra-prima. Mas ele é mais que imagem. A ação é espetacular, balé de movimentos impossíveis. A cena do duelo "de pensamentos" é sublime. O filme, o primeiro de ação feito por Yimou, é além de tudo, uma aula sobre a China. Disciplina e dualidade, força física e pensamento correto, ritual como filosofia. Jet Li nunca esteve tão bem e mesmo atores "não atletas" como Leung e Cheung se saem muito bem. Uma saga imensamente bela que realmente impressiona. É um dos grandes filmes dos anos 2000, sem dúvida. Nota DEZ.
TRANSFORMERS de Michael Bay com Shia LaBoeuf, Megan Fox, Tyrese e Jon Voigt
Vamos lá..... Existem dois tipos de filme de ação: aquele que mostra um homem contra um sistema e aquele que é um sistema contra um invasor. No primeiro caso temos a série Duro de Matar, Yojimbo, os Dirty Harry e afins. E é daí que costumam sair os bons filmes de ação. Por quê ? Porque eles trazem em seus genes a saga do cowboy solitário, o cara marcado pelo destino contra um meio que dele quer distãncia. Os filmes de Jason Statham, de Tarantino, de Jet Li seguem essa linha. E existem aventuras como este tal Transformers, as aventuras que glorificam o status quo, que são odes ao comodismo, ao exército, ao grupo organizado. Michael Bay faz sempre o mesmo filme: jatos decolando, armas modernas e telas de computadores. Soldados sarados e comandantes do bem. É de um fascismo intencional. Me dá nojo ! Tudo aqui é calculado para alucinar os adolescentes nerds ressentidos. Eles podem se ver no papel de Shia e sonhar em ter acesso àquele mundo de foguetes e computadores do Pentágono. Este filme podia ter sido dirigido por qualquer burocrata de lá. Nota ZERO farenheit.
CARGA EXPLOSIVA II de Louis Leterrier com Jason Statham
E aqui ele é um chauffeur que salva família vítima de terroristas/traficantes. Exemplo do que falei acima: é o herói contra o meio hostil. Por isso é simpático e podemos torcer sem culpa. Dos filmes da série é o pior, mas ainda diverte. Nota 5.
RESIDENT EVIL de Paul W S Anderson com Milla Jovic e Michelle Rodriguez
Video-game nas telas. É ruim demais ! Nada acontece, os caras ficam presos numa tal de colméia e tentam escapar dos zumbis. Mas nada tem suspense, clima ou humor. Nota ZERO.
O INCRÍVEL EXÉRCITO DE BRANCALEONE de Mario Monicelli com Vittorio Gassman, Gian Maria Volonté e Catherine Spaak
Fazem três dias que tudo que penso é : branca branca leone leone !!!! Uma comédia que nos deixa felizes. Dá muita pena quando o filme termina, queremos continuar na companhia daquela armada. Um grupo de maltrapilhos adoráveis. Por quê só os italianos conseguiam fazer comédias assim ? Uma obra-prima como cinema e talvez a melhor comédia já feita. Nota UM ZILHÂO!!!!!
OS ETERNOS DESCONHECIDOS de Mario Monicelli com Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni, Renato Salvatori e Claudia Cardinale
Mas há este filme. Sobre pobretões que armam golpe perfeito. Totó participa, gênio ! Todos os personagens são magníficos, quando os recordamos, sorrimos de seus rostos. Os italianos tinham a voz e o rosto para a comédia, e quando esses rostos são de grandes atores... aí a coisa fica inigualável ! Este filme, admirado por Scorsese, Woody Allen e Soderbergh, é obra-prima de roteiro, de vitalidade, de realismo. Maravilhoso!!!! Nota UM BILHÃO !!!!!!!!
MR NICE GUY de Samo Hung com Jackie Chan
Nosso Buster Keaton em boa aventura australiana. Jackie tem carisma, é engraçado e tem agilidade inacreditável. Este filme marca a volta de sua parceria com Hung, um mito na China. Bela diversão pop. Nota 6.

OS ETERNOS DESCONHECIDOS - MARIO MONICELLI

Lí o texto de André Barcinski sobre este filme e me deu vontade de o rever. Que belo presente de natal !
Filme amado por Woody Allen, Scorsese e por Soderbergh, narra a história de bando de miseráveis que armam um plano de assalto perfeito. O filme é então uma sátira aos milaborantes filmes de crime. Mas é muito mais. Porque não é nos erros que se faz o humor desta obra-prima, é no cotidiano desses tipos tão verdadeiros, nada excêntricos, e tão adoráveis.
Vittorio Gassman é o galã. Galo inflado, se vê como homem inteligente e belo. Marcello Mastroianni é um pai sensível, sempre às voltas com o bebe que chora. Renato Salvatori é um jovem malandro das ruas, apaixonado pela irmã de outro ladrão, a jovem Claudia Cardinale. O irmão, siciliano com rosto de eterna briga, um " tá olhando o que?" nos olhos, é hilário. Temos ainda as cenas na prisão, todas bufonas, italianadas, faiscantes.
Mais personagens surgem : o velhinho que passa o tempo a comer, e Totó, o grande gênio Totó, como o mestre de arrombamento de cofres, um pretensioso. Totó foi provávelmente o maior ator cômico do mundo ( e incluo Tati e Keaton nisso ). Seu rosto é obra de intuição de mestre.
Esse bando de perdedores faz o roubo e o que acontece então deixo para voces descobrirem. Basta que eu diga que o final é perfeito. Termina como devia terminar e termina em chave de surpresa.
Monicelli morreu aos 93 anos se jogando da janela do hospital. Riu por último. O mundo não terá outro igual. Para ele a vida era hilária por ser tosca, mal feita, sem razão.
Eu o chamo de mestre.

O INCRÍVEL EXÉRCITO DE BRANCALEONE - MARIO MONICELLI

BRANCA BRANCA...LEONE LEONE !
Carlos Rustichelli fez a maravilhosa trilha sonora. A música já instaura o riso. Voce nunca mais deixará de sorrir quando dela se recordar. A fotografia é de Carlo di Palma e o visual de Piero Gherardi. A Itália, em passado distante, teve os melhores técnicos do mundo.
Estamos na idade média, e em sua primeira cena o filme mostra o que era a violência ( covarde ) dos tais cavaleiros. Dois maltrapilhos ficam com documento de posse de feudo e encontram Brancaleone para ir com eles administrar essas terras. A aventura se faz. O filme, imensamente criativo, narra dúzias de peripécias, todas hilárias, todas encantadoras. É uma comédia, talvez a melhor já feita, mas é também uma das maiores aventuras filmadas. A grandeza da comédia de gênio é essa : fazer rir, mas acima de tudo, narrar uma história.
Vittorio Gassman, um gênio, cria esse bufão nobre. Seu Brancaleone é uma das maiores criações da história do cinema. Após dois minutos em cena já estamos apaixonados por ele. Brancaleone é idealista, sonhador, galante e muuuuito tolo. A voz que Gassman usa, a expressão do rosto, tudo traduz um ator de gênio em ação. Mas há mais...
Nada no filme força o humor. Monicelli não faz seus atores irem ao puro circo, ao absurdo. Ele não vende sua história por um riso. Sua meta é fazer um filme cômico, o riso virá com o filme e nunca às custas dele. Monicelli não humilha os atores, ele os ama, e ele ama seus brilhantes personagens.
Houve um tempo em que os melhores atores do mundo eram italianos. Personagens como o do velhinho judeu com sua arca são obras de ourivesaria. Não são só hilários, são reais.
Age, Scarpelli e Monicelli criaram esse roteiro que não pára nunca de surpreender. As aparições do monge fanático são das coisas mais brilhantes já escritas. Crítica à igreja com humor e com verdade. Peste, sarracenos, duelos, virgens, bizantinos, cruzadas, todo o universo medieval é aqui representado. E, susrpresa, com honestidade. O mundo que aqui vemos é de verdade, é a idade média real. Como disse, Monicelli não trai a arte pelo riso.
Em sua cena final, mágica, sentimos tristeza por termos de sair da companhia da Armada Brancaleone. E percebemos alí a função do humor : os personagens, absolutos párias, insistem em crer na vida, riem da desgraça, avançam rumo a aventura. E nós, pobres testemunhas, percebemos o que significa dançar e rir diante da morte. Monicelli era um gênio. Brancaleone é a maior comédia da história do cinema.

SINDICATO DE LADRÕES/ PASOLINI/ ALDRICH/ VERHOEVEN/ SCOLA

O ÚLTIMO PÔR-DO-SOL de Robert Aldrich com Kirk Douglas, Rock Hudson, Dorothy Malone

Western perfeito. Kirk é o bandido, Rock o herói. Os dois conduzem gado do México à América. Com eles vai família. O filme com roteiro de Dalton Trumbo não pára. Surpreende a todo instante. Você pensa que tal coisa irá suceder, mas não, vem a virada. Uma diversão de nível superior em que todo o elenco brilha. Divirta-se ! Tem um duelo final que é coisa de gênio. Nota 9.

RIO BRAVO de Howard Hawks com John Wayne, Dean Martin, Angie Dickinson, Rick Nelson e Walter Brennan

Voce ama ou detesta. Apaixona-se pelo elenco ou o ignora. Se o ignorar, bem, azar o seu ! O filme é profunda lição de vida. Para quem souber ver. Como toda obra superior, não esfrega em nossa cara seu brilho. Convida-nos a observar, nada impõe. Nota DEZ.

O OUTRO HOMEM de Carol Reed com James Mason, Claire Bloom e Hildegarde Neff

A Inglaterra produziu 3 grandes diretores clássicos : David Lean, Carol Reed e Michael Powell. Hitchcock não conta, é do universo. Powell é meu favorito. Lean é o melhor sucedido e Reed fica no meio termo. Este filme de espiões foi feito nas ruínas de Berlin antes do muro. As imagens são belíssimas ( existe terrível beleza nas ruínas ). É um filme de fotografia linda e de atuações perfeitas. Mas algo no roteiro falha : há um romance dispensável. Nota 6.

A BATALHA DO RIO DA PRATA de Michael Powell

E aqui está um de meus diretores favoritos em filme fraco. Odeio toda forma de patriotismo. Mesmo se justificado, como aqui. E mesmo quando Powell, em plena segunda-guerra, dá um retrato humano dos alemães. O capitão alemão tem honra, caráter e até joga limpo. O filme conta a primeira batalha naval da guerra, no Uruguai, em 1939. Mas tem jeito de propaganda, o que o faz hiper-datado. Nota 4.

LEVADA DA BRECA de Howard Hawks com Cary Grant e Kate Hepburn

A melhor comédia da história do cinema. Tem roteiro perfeito, atores de gênio, ritmo constante e alegria sem culpa. Um milagre de época de grandes comédias ( os anos 30 foram tempo dos Irmãos Marx, Chaplin, W C Fields, Myrna Loy, William Powell, Clair, Joe E. Brown, Harold Lloyd, Rosalind Russell e etc vasto e risonho ). Nota MIL.

UM BOM ANO de Ridley Scott com Russell Crowe, Albert Finney e Marion Cotillard
Belas paisagens. Engraçado... eu lí o livro de Peter Mayle e ele não tinha esse clima tão vulgar ! Faltou comida e vinho neste filme ! Sobraram bobagens. O personagem de Crowe é muito antipático. Nota 3.

SIDEWAYS de Alexander Payne com Paul Giamati, Thomas Haden Church e Virginia Madsen
Payne é muito bom diretor. O filme é gostosa diversão. Mas é estranho... esperávamos mais de Payne, de Giamati, de Church e de Madsen... cadê eles ? Problema central do cinema atual : faltam carreiras consistentes. Talvez faltem oportunidades. Filma-se pouco e quando o cara erra é o fim. Aqui todos acertaram, mas, cadê eles ???? Nota 6.

SINDICATO DE LADRÕES de Elia Kazan com Marlon Brando, Karl Malden, Eva Marie Saint, Lee J Cobb e Rod Steiger
No Oscar deste ano se citou Karl Malden e Budd Schulberg como mortos de 2009. Malden brilha ( como sempre ) neste filme que tem um dos melhores elencos da história. Budd fez o roteiro, que é básicamente uma defesa da deduragem. A trilha sonora de Leonard Bernstein enfatiza com genialidade a aridez deste filme áspero. Raros são tão pouco simpáticos. Ele é todo cinza ( foto do soberbo Boris Kauffman ), frio, macho, sem um mínimo sinal de alegria. Kazan defende a sí-mesmo, ele que havia dedurado os "comunas" no MacCarthismo. Marlon Brando tem atuação de gênio. Faz um bronco que se humaniza pelo amor. É convincente todo o tempo. Nas mãos de Sean Penn ou de De Niro este personagem seria apenas um bandidinho. Com Brando ele nos comove. A cena no táxi é considerada por todo ator americano ( principalmente os mais rebeldes ) o momento máximo da arte de interpretar. É usada como prova de admissão no Actors Studio. Dá pra ver a sombra de Pacino, Cage e etc nela. Eles construíram toda sua carreira estudando estes 4 minutos. O filme é dos maiores. Mas não dá o menor prazer. Você o admira, jamais ama-o. Nota 8.

LOUCA PAIXÃO de Paul Verhoeven com Rutger Hauer e Monique VandeVen
Os Holandeses consideram este o melhor filme já feito por lá. Não é. CHUVA, de Ivens, com apenas 20 minutos bate-o de longe. Mas é um filme invulgar. Mostra, na Holanda dos anos 70, ou seja, num lugar onde a liberdade vai ao limite, a paixão de um casal. Paixão que começa como sexo casual, evolui para a paixão dela por ele, e depois, dele por ela. Há o rompimento e um tipo de retorno dolorido. O filme é cheio de nudez, sexo, escatologia e paixão. Tudo vai sempre fundo e Hauer tem uma atuação corajosa. Monique comove. Ela é linda e ousadíssima. Como sempre falo, o mundo pirou nos anos 70 e este filme mostra isso. Verhoeven emigraria para a América, onde faria Robocop e Tropas Estelares. Nota 7.

NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO de Ettore Scola com Vittório Gassman, Nino Manfredi e Stefania Sandrelli
Os barbudinhos da Vila Madalena que me desculpem, mas este filme ( que tem uma das piores trilhas sonoras da história ) é um pé no saco. O cinema italiano dos anos 70 perde todo o apelo que conquistara nos anos 40/50/60 ao se empobrecer. O que era um belo humanismo se transforma em esquerdismo primário. Dá pena ver aquela geração brilhante mergulhar na lábia malandra dos comunas italianos. O filme é tão simplório que chega ao ridículo de mostrar todo direitista como gordo, velho e beiçudo. Por favor !!!!! Eles querem mudar o mundo, na marra, e nunca percebem que o problema não é o mundo, é o homem. O homem é instintivamente capitalista. Ele quer segurança e segurança se obtém no acúmulo. O homem quer ser superior ao vizinho, superior em alguma coisa, força, dinheiro ou inteligência ( e todos os personagens não percebem que passam todo o filme desejando liderar ). É um filme tão velho quanto uma opereta de Nelson Eddy. Nota 1.

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS de Pier Paolo Pasolini
Existem diretores que reconheço serem excelentes, mas dos quais não consigo gostar. Buñuel é um deles. Sei que ele é genial. Mas não consigo me animar com seus filmes. Pasolini é outro. Vejo nele tudo que admiro : coragem, sinceridade, força. Mas ele nunca me enfeitiça. Aqui ele despe Cristo de emoção e o que temos são momentos secos de atos de fé. O evangelho sem poesia, objetivo. Nada há de ofensivo, Pasolini respeita Jesus como revolucionário, mas o filme torna-se frio, distante, sem porquê. De soberbo ele tem sua trilha sonora. Gospel e blues de raiz, isso sim, um emocionante milagre. Nota 5.