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USP VERSUS CRUZEIRO DO SUL

Um dos maiores crimes cometidos no Brasil nos últimos 20 anos foi aquele que instituiu o perverso lema de que TODO MUNDO TEM DIREITO AO CURSO SUPERIOR. Foi mais um caso em que se vendeu um direito como uma lei. ------------ Recentemente o reitor de uma Universidade Federal do sul do país, em fala de extrema coragem, disse que A UNIVERSIDADE NÃO É PARA TODOS. UNIVERSIDADES SÃO LOCAIS DE PENSADORES, DE ALUNOS BEM DOTADOS E NÃO DE QUEM ALMEJA UM BOM EMPREGO. TRABALHO É COISA DO ENSINO TÉCNICO. Waaallll....óbvio que esse homem que foge da regra foi crucificado. Era o esperado. Ele mentiu? Não. Claro que não. Mas a verdade ofende. ------------- Estive fazendo letras por 8 anos na USP. E agora faço o mesmo curso numa dessas particulares populares. A diferença é a mesma que existe entre Mercúrio e Plutão. -------- Lembro de um professor que disse, na USP, em aula, que a universidade NÃO EXISTE PARA ENSINAR ALGUÉM A DAR AULINHA...QUE O OBJETIVO É ENSINAR A PENSAR O ENSINO. Esse professor disse a mesma coisa que o reitor do sul. Não foi crucificado em sala. Ele é do PSOL. ------------ A perversão nesse estado de coisas é que uma imensa massa de gente pobre se endividou para fazer uma UNIP da vida. E hoje trabalham de UBER. Lhes venderam a ideia de que a faculdade vale um bom emprego. Faculdades, e mais ainda universidades, não ensinam a trabalhar. A USP te ensina a pensar e a UNIP te dá um diploma. Apenas isso. Uma lhe cobra tempo e a outra dinheiro. FIM. ------------ Falando de ensino em si. Voce ficará surpreso, mas na USP, em educação, Paulo Freire já era. A filosofia de educar para a revolução foi um embuste. Ela acabou por criar alunos que contestam o governo e os pais, esse o objetivo, mas que acabam por contestar também o professor, e esse não era o alvo. No mundo de Paulo Freire, e ele diz isso textualmente, a educação só melhora se o país mudar. Para a educação avançar, antes a sociedade tem de se revoltar. O resultado foram alunos revoltados....com a escola. A tal revolta não passou de enrolar um baseado na esquina e fazer uma passeata no Largo da Batata. Mais nada. Já dentro da escola, a revolta se refletiu em não admitir uma nota baixa e jamais aceitar uma ordem do professor. Um aluno tem o direito de subir na mesa da direção. Está em Paulo Freire: educar para vencer a autoridade. -------------- Já na faculdade particular popular, Paulo Freire é citado todo o tempo e levado muito a sério. E isso é muito perverso. Pois nela tudo é pretensamente voltado ao mercado de trabalho, coisa que Freire despreza. Noto que as matérias são práticas, as provas têm questões objetivas, não se estimula o pensamento, o divagar. Um cara como eu se sente em casa na USP, onde posso filosofar à vontade. Na particular há a decoreba, eles pedem dados, respostas corretas, nada de criar ou inventar. Eu acho que Paulo Freire entra nisso por preguiça. É brasileiro, é conhecido, então que se peça a teoria dele em provas. Uma perda de tempo. Aliás, no curso que faço quase tudo é perda de tempo. As matérias de literatura são primárias. ---------------- Ensinam a dar aula, coisa que a USP se recusa a fazer. Formam professores. O que a USP não faz. -------------------- Perversidade: em terra onde todos têm um diploma de direito ou de administração, ele vale menos que um diploma de um curso de mecânica de motores de escola técnica. Mais, se exigirá pós graduação, um modo de diferenciar o aluno em meio ao mar de graduados. Saiba: falo sempre aos alunos que um bom carpinteiro ganha mais que um advogado novato e sem contatos ( família rica ). E que um mecãnico de automóveis que entenda da coisa tem uma vida muito melhor que um publicitário. Médicos e engenheiros são e serão sempre respeitados. Todos os outros cursos formarão arquitetos que viraram vitrinistas e psicólogos que são gerentes de restaurante. Com cursos a pagar, lógico. ------------------- Esse é o mundo da faculdade. O mundo da universidade é bem mais elitista e deve ser assim. Cansei de ver aluno entrar na USP, os mais pobres e geralmente negros, animado, alegre, e depois de seis meses desaparecer do curso. Vindo de um curso médio ilusório, ele se depara com coisas como Latim, grego, linguística, e se perde completamente. É fácil passar no vestibular de humanas da USP. Duro é entender as aulas. Só uns poucos conseguem. Falar em USP para todos é uma mentira. A não ser que se transforme a USP numa UNIP de graça. --------------- Acho que já falei tudo. Beijinhos.

A USP É O FIM

   Saindo da USP converso com um amigo de Minas Gerais. Decepcionado com a USP, ele fala de suas reclamações. Relato sua fala aqui. Ela é como a minha, como a de vários alunos com que falei e como a de alguns professores.
   A arquitetura da USP é um horror. Quadrados de concreto com avenidas onde correm carros. Isolada de tudo, quando voce sai da aula sua única opção é ir embora. Não há bares, lanchonetes, vida nas ruas. Tudo lá clama por pressa. Tudo se parece com uma estação, um escritório ou uma fábrica. O encontro fortuito é impensável e nada convida ao convívio.
   Aulas em lugares dispersos. Como não existe a turma 1A ou 1B, mas sim salas onde são dadas as aulas onde voce se inscreve, a sua turma nunca se forma. A menina que voce conversou hoje na aula de sintaxe, só será vista de novo na semana que vem, na mesma aula. O amigo do grego com quem voce começou uma amizade em abril, em agosto estará em outra turma, e voce não mais o verá. Isso faz com que mesmo no quinto ano tudo pareça estar "no começo", as amizades não se firmam.
   Professores dizem que isso é proposital. Se a USP causa algum barulho mesmo com essa solidão, imagine se existisse um clima mais propício a união e ao convívio.
   Meu amigo fala que SP inteira é assim. Tudo pede pela pressa, tudo é feito para a rapidez. Não há acaso ou encontro. Voce pode andar meses pelas ruas e não cruzar um só amigo.
   Eu tenho o espirito da USP. Vou com pressa e saio com pressa. Hoje conheci uma menina que estava lendo Wodehouse no corredor. Imagine! Wodehouse! O autor de Jeeves, o rei do humor inglês. Ela até já viu a série da BBC, com Hugh Laurie. Pois bem, quando a verei de novo? Provávelmente daqui a meses. E toda a relação terá de começar do quase zero, mais uma vez.
   Inexiste na USP o chato da sala que te acompanha por dois ou quatro anos, inexiste a menina da frente por quem voce fica caidão. Voce vê hoje a tal menina e só Deus sabe quando ela virá de novo.
   A USP exemplifica o iluminismo ao extremo: construção eficiente, tempo usado racionalmente, ambiente silencioso, nada de acaso ou de superficial. A coisa funciona para um dado fim.
   A USP é o fim.