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DE NIRO/ WC FIELDS/ BLAKE EDWARDS/ PT ANDERSON/ LAUREL AND HARDY/ TRUEBA

   A DANÇARINA E O LADRÃO de Fernando Trueba com Ricardo Darín e Abel Ayala
No Chile dois homens cruzam suas histórias. Um é um ladrão famoso recém saído da prisão, o outro é um jovem gatuno que se envolve com bailarina traumatizada pela morte dos pais por Pinochet. Trueba, vencedor do Oscar de filme estrangeiro pelo ótimo Belle Epoque, erra muito aqui. O filme tenta ser tão poético que se perde. A gente procura gostar do filme e não consegue. Há uma coisa ótima: Abel Ayala brilha. Faz um garoto das ruas que é belo e tolo na medida exata. Mas o resto é tão vago...Nota 3.
   ENCONTRO ÀS ESCURAS de Blake Edwards com Bruce Willis e Kim Basinger
Este é o filme que transformou Bruce em ator de cinema. Famoso na TV, é aqui que ele passa a viver como astro da telona. Blake foi um grande diretor de comédias ( e de dramas também ) nos anos 60. Mas de repente ele se perdeu. Após 1970 sómente "VITOR OU VITÓRIA" foi digno de sua fama. Mestre do humor visual, há aqui apenas uma cena que demonstra esse dom, a do restaurante em que Kim fica bêbada. Aliás ela está excelente como a garota que fica doida quando bebe. Mas o filme é até mesmo desagradável, tem apenas um pretexto de tema que não se sustenta. Uma decepção. Nota 3.
   OS FILHOS DO DESERTO de William A. Seiter com Laurel and Hardy
Cresci vendo O Gordo e o Magro na Tv Tupi. Este é um dos seus bons longas. São dois maridos que desejam ir a convenção de seu clube masculino, mas suas ferozes esposas não querem permitir. Então armam um plano para enganar as esposas... A dupla demonstra um dos segredos do humor, o afeto. Não há tipo de ator que precise ser mais "gostável" que o humorista. Para o humor funcionar deve ser criada uma cumplicidade entre público e artista. E os dois são muito amáveis. Nós sentimos afeto pelo abobado Hardy, que sempre se vê como esperto, e o infantil Laurel, que nunca percebe o que acontece. A reunião dos dois é um desses acidentes milagrosos que aconteciam nos primórdios do cinema. Vemos com carinho, com prazer calmo e familiar, a tentativa tola que os dois fazem. Seus filmes são como canções de roda, comida da mãe, cobertores velhos. Uma ilha de inocência e de vida simples. Eu realmente amo essa dupla. Nota 8.
   AS IDADES DO AMOR de Giovanni Veronesi com Robert de Niro, Monica Bellucci e Michele Placido
São 3 histórias sobre as 3 idades do amor. O amor jovem, o maduro e o da terceira idade. A primeira história é a pior. Um advogado descobre os prazeres da vida na Toscana. A terceira é a melhor, De Niro é um senhor desencantado que redescobre o amor com uma prostituta de luxo quarentona. Triste cinema da Itália... Aquele que já foi o mais forte dos cinemas é hoje irrelevante. Uma simples e simplória cópia de milhares de historinhas de amor made in USA feitas para senhoras românticas. Banal. Nota 1.
   SANGUE NEGRO de Paul Thomas Anderson com Daniel Day-Lewis
Upton Sinclair foi um dos escritores socialistas americanos dos anos 20/30/40.  Steinbeck, Sinclair Lewis, Sandberg, Lillian Hellman e mais tarde Arthur Miller são outros desses nomes. Escreviam grandes painéis sobre o capitalismo, os trabalhadores e as convulções sociais. Neste filme Anderson abre mão do caráter mais social do livro e se concentra no individuo ( reflexo de nosso tempo não-politico ). Anderson tem um estilo de que não abre mão. Seus filmes, sempre sentidamente cristãos, mostram a perda da inocência, a treva e ao final a catarse redentora. A chuva de sapos em Magnólia é seu momento mais bíblico e este filme é aquele que menos admite redenção. O personagem de Lewis vem do fundo da terra, um diabo que destrói os conceitos de familia, de natureza, de paternidade e na cena final aniquila a simplória figura da igreja. Vence. Não pode haver redenção porque não há aqui um só personagem que mereça a salvação. É um mundo sujo, pecaminoso, e estranhamente sem mulheres. Críticos incultos chegaram a falar de influências de John Ford !!!! Ao final dos letreiros Anderson dedica o filme a seu mentor, Robert Altman. Este filme tem o espirito e o visual de "ONDE OS HOMENS SÃO HOMENS", assim como Magnólia era uma citação de Short Cuts ( Cuts é profundamente ateu, Magnólia é uma leitura cristã da obra-prima de Altman ). Para mim, este filme falha naquilo em que mais foi elogiado, seus atores. Dano, que faz o pastor, está inconvincente, e, sorry, Day-Lewis beira o caricato. Jamais sinto o horror que o personagem exige. Ele parece um inglês fazendo um caipirão americano. Mas fora isso é um filme forte. Nota 7.
   THE BANK DICK de Edward Cline com WC Fields
É o mais odiado dos humoristas. Da grande geração de Buster Keaton, Chaplin, Laurel e Hardy, Harold Lloyd, é Fields o menos lembrado. Fácil saber o porque, ele é completamente anti-politicamente correto. Odeia crianças, mulheres, cães e trabalho. Fuma e bebe galões de qualquer coisa alcoólica. Seus filmes são um kaos. Aqui ele é um pai odiado pela esposa, sogra e filha. Por acaso dirige um filme de cinema, captura um ladrão e se torna um guarda de banco. Desvia dinheiro do banco e tudo acaba da forma mais implausível possível. Nada tem sentido, não há um fio condutor, qualquer coisa vale. E é delicioso! Fields era um´péssimo ator, mas era engraçado, de um modo desligado. Ele interpreta com preguiça, sem vontade, com sono. Poucos filmes são tão mal feitos e ao mesmo tempo tão interessantes e atraentes. Um humorista para poucos, Fields é um ícone do cool. Nota 7.
   FESTIVAL W.C. FIELDS
Um dvd que traz uma série de curtas de Fields. Todos são engraçados, mas alguns beiram o sublime ( e sempre naquele estilo amador e "qualquer coisa" de Fields ). O Dentista é uma loucura onde as situações vão ficando cada vez mais absurdas. Já O Barbeiro é genial. Desde o modo como ele toca contra-baixo, até o final com o bandido, tudo é um prazer. Fields nos libera do bom-gosto, do verossímel, da coisa certa. Há um relaxamento que funciona, um acaso que leva à graça. Este dvd funciona como um tesouro secreto para os amantes de cinema. Nota 7.
   O NOIVO DA GIRAFA de Victor Lima com Mazzaropi e Glauce Rocha
Tenho meu gosto "pecaminoso", gosto de Mazzaropi. E não é nostalgia, pois até recentemente eu o detestava. Ele é péssimo ator, mas seu tipo tem algo que me atrai. Há ali uma paz, um modo à toa de levar a vida que me encanta. Este é seu melhor filme. Tem bom roteiro e boa produção. Fala de tratador do zoo que é dado como doente terminal. Claro que é um engano. Uma bela diversão inocente. Nota 5.

MEL BROOKS/ BRESSON/ TRUEBA/ DAVID NIVEN/ MONTY PYTHON

BANZÉ NO OESTE de Mel Brooks com Cleavon Little, Gene Wilder, Madeline Kahn
O grosso humor de Mel Brooks. Ele não perde a chance de esculachar, de fazer uma cena cômica, mesmo que essa cena revele mal gosto ou infantilismo. Seu objetivo é um só: fazer rir. Aqui ele não perde chance. Destrói o western. É a história de um xerife negro. Mas também é a história de uma filmagem na Warner. Kahn faz uma hilária imitação de Dietrich e Gene Wilder copia o Dean Martin de Rio Bravo. Uma zona. Nota 6.
MONTY PYTHON E O CÁLICE SAGRADO de Terry Gilliam e Terry Jones
Cleese, Idle, Jones, Palin e Chapman...adoro esses caras! A cena dos cocos...existe alguém que não a conheça? Mas aqui há um problema: quando assisti este filme a primeira vez não conhecia a série de TV. Agora, tendo visto toda a série, percebo que aqui há somente uma repetição para aqueles que não viam a BBC. A série é marco histórico de humor, este filme é apenas um souvenir. Nota 6.
VIDAS SEPARADAS de Delbert Mann com Burt Lancaster, David Niven, Rita Hayworth, Deborah Kerr, Wendy Hiller
Baseado numa peça de Terence Rattigan. Fala de um hotelzinho a beira-mar. Seus hóspedes: um coronel mentiroso que é descoberto, um alcóolatra, uma solteirona dominada pela mãe... Os atores estão fantásticos. Mesmo Rita convence como a bela mulher que começa a envelhecer. Talvez o menos bom seja Lancaster, um pouco "forte" demais para seu personagem em crise abissal. David Niven venceu o Oscar com este papel. O coronel é uma atuação muito comovente. Vemos, quando descobertas suas fantasias, uma personalidade se desnudar totalmente, um homem regredir aos medos da infância e um grande ator tocar fundo nosso coração, nossa piedade. É maravilhoso. Benditos atores ingleses! Será o chá? Nota 7.
GAROTA DOURADA de Antonio Calmon com André de Biase, Bianca Byington, Sergio Mallandro, Andrea Beltrão, Alexandre Frota
É isso mesmo. Sergio Mallandro e Alexandre Frota no mesmo filme. E que filme! Tem diálogos risíveis, uma "história" sem sentido, toques de misticismo pré-Paulo Coelho e faz rir em cenas de romance juvenil. Praia, ultra-leve, surf, biquinis. Bianca impressionantemente linda! O filme é bom pra se ver em grupo, rindo. Hiper trash. Nota...........
E SUA MÃE TAMBÉM de Alfonso Cuarón com Gael Bernal, Diego Luna e Maribel Verdú
Dois amigos adolescentes. As namoradas vão para Roma e eles viajam com esposa do primo de um deles. Cruzando o México eles perderão a pureza ( de espírito ) e adentrarão, amargamente, a idade adulta. O filme é lindo. Os atores fazem milagres, são felizes, espontâneos, leves. As estradas passam e vemos os contrastes do país, contrastes que eles não percebem. Há uma cena ao som de Brian Eno que é cortantemente crucial. Muitas cenas de nú e de sexo. Um filme invulgar. Um filme para se apaixonar. Nota 9.
SEDUÇÃO de Fernando Trueba com Fernán Gomez, Ariadna Gil, Miriam Aroca, Penelope Cruz, Jorge Sanz
Uma coisa estranha. A primeira cena, em plena revolução espanhola, é genial. Mostra um genro matando seu sogro. Em poucos instantes se exibe o absurdo da revolução. Mas, que estranho, é uma cena "feliz". Coisas de Espanha. O filme tem visual de vida, de sensualidade, de cor e de calor. Fala de desertor que pede abrigo em casa de velho solitário. Solitário nada, ele recebe a visita das 4 filhas. O desertor passa a dar a cada uma delas tudo o que elas querem. De certa forma ele ama todas as quatro. É um namorado para uma, traveste-se para a menina-homem, recorda o falecido marido para outra e termina por se casar com a mais jovem. Tudo no filme é vida. Padre que joga cartas em bordel ( e se mata com livro de Unamuno na mão ), a volta da mãe das meninas com amante francês, o noivo ultra-católico, o vinho e a comida. È um belo filme feito em maravilhosos lugares. Uma recordação: este filme ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 93. Ao agradecer o prêmio, Trueba disse: - Se acreditasse em Deus agradeceria à Ele; mas como não acredito, agradeço a Billy Wilder". No dia seguinte Trueba recebeu um telefonema: "-Fernando? Aqui é Deus!" Era Billy ao fone. Dá pra se ver muito de Wilder neste delicioso, malicioso, apimentado filme. Nota 7.
PICKPOCKET de Robert Bresson
O mais cristão dos diretores adapta o enredo de Crime e Castigo ao mundo dos batedores de carteiras. Ele quer sua redenção. Há algo de santo neste ladrão pobre, franciscano. O filme é original, o cinema de Bresson evita a emoção. Ele faz os atores não atuarem. Quer que não nos distraiamos com a interpretação. O que Bresson quer é que absorvamos, com absoluta atenção, sua mensagem. A salvação, tema de todo seu cinema puro. É um filme anti-enfeite, anti-artifício. Anti-Hitchcock então. Mas bem filmado, bem editado, soberbamente profissional. Nota 7.