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JAZZ, MENTIRAS E JAMES WONG HOWE

A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO e´constantemente votado como um dos top filmes de história. Feito em 1957 pela produtora de Burt Lancaster, é um dos melhores filmes em estilo jazz e o melhor sobre o poder da imprensa. ---------------- Ratos. Falco, feito de forma brilhante por Tony Curtis, é um puxa saco. Asqueroso, ele é xingado o tempo todo por seu chefe, JJ Hunsecker ( os nomes dos dois personagens se tornaram míticos nos EUA ). Para subir no ramo, jornalismo, Falco joga muito, muuto pesado. Sua missão agora é destruir o romance da irmã de JJ com um guitarrista de jazz. Para isso ele vai usar todo o veneno que puder. Enquanto isso vemos JJ, um tirano que usa sua famosa coluna de jornal para humilhar inimigos, criar celebridades e ganhar ainda mais poder. Vaidoso, auto centrado, frio, arrogante, Burt Lancaster tem uma atuação de pedra. Observe suas imensas mãos. Observe seus óculos que mais parecem objetos militares. E observe Falco, sempre ansioso, sempre humilhado e jamais deixando de servir, de se rebaixar, e de criar armadilhas para o tal guitarrista. o Filme é revoltante, e é forte, muito forte. --------------- Chico Hamilton e seu quinteto estão no filme e ele é um filme de jazz também. Os cortes enviezados, as cenas nada melosas, os diálogos agudos ( Clifford Odets e Ernest Lehman, duas feras ), e a fotografia do grande James Wong Howe, dão ao filme o sabor de um solo de trompete. A cidade, confusa, cheia de rostos, os bares chiques, esse é o ambiente do filme, nervoso. ------------ Alexander MacKendrick era um diretor inglês de comédias e suspense e foi chamado para dirigir. Acertou em cheio. O filme é um clássico. ------------- Reação após ver o filme? Graças a internet o poder absoluto e inquestionável da imprensa tradicional foi para o esgoto. Eles ainda chiam dentro dos detritos, mas nunca mais terão o poder de JJ. Seus cigarros não são mais acesos pelo primeiro Falco à disposição.

PORQUE SOME LIKE IT HOT NÃO É A MELHOR COMÉDIA DA HISTÓRIA

   QUANTO MAIS QUENTE MELHOR costuma ser sempre chamado de a melhor comédia já feita. É uma escolha automática, como dizer que Sgt Peppers é o melhor disco ou que Bob Dylan é o melhor letrista. Revejo o filme de Billy Wilder e não dou uma só risada. OK. Há comédias maravilhosas, como Levada Da Breca que não nos fazem rir. Melhor que isso, elas nos deixam felizes. E as assistimos com um sorriso na boca. Então confesso, sorri vendo Some Like It Hot. Mas não foi um grande sorriso. Há algo de errado no filme. O que?
  Jack Lemmon é provavelmente o melhor ator que Hollywood viu. Vencedor de 3 Oscars, ele era genial em drama e em comédia. E aqui ele tem mais um de seus hiper grandes momentos. Se voce olhar para ele durante todo o filme voce vai ficar estarrecido. As caras e trejeitos que ele faz travestido, o modo como ele começa a gostar de ser mulher, são de uma sedução de gênio. Jack Lemmon se delicia fazendo seu papel e nos delicia generosamente. Voz e corpo em absoluto domínio, ele chega ao pico dos atores. Até mesmo o dedão do pé está atuando. Não há um microssegundo de folga. Jack é um ator total.
  Tony Curtis não faz feio. Mais que isso, está bem. O simples fato de não ser engolido por Jack é já um mérito. Os dois casam bem. Tony é bonito e Jack é sem graça. Tony é sério e Jack é doido. Tony imita Cary Grant. Jack é Billy Wilder como ator. Falemos de Billy.
  A direção é veloz, os coadjuvantes são brilhantes e o roteiro é rico em reviravoltas. As falas são ótimas. Então onde o erro que me incomoda?
  Marilyn, claro. Billy odiava trabalhar com ela. MM era irresponsável e Billy amava o profissionalismo. Mas Wilder a aceitava pois dizia que o resultado compensava. Hummm....pois eu digo que MM estraga o filme. Ela não tem a verve para segurar o papel. Está ausente, aérea, e passa todo o filme me dando pena. Fica obvio que Billy a usa como espantalho. Ela é exposta em vestidos justos e transparentes que ressaltam sua falta de forma física. Sinto-a quase humilhada. Entenda, o filme não é machista. Tem até uma fala feminista de Jack Lemmon ao ser assediado no elevador. Mas MM é como um peso. Tony e Jack estão leves e felizes, então surge MM...e a comédia trava.
  Após a morte de MM tornou-se moda dizer que ela era boa atriz e mulher inteligente. Sinto, não era. SOME LIKE IT HOT é a prova de que MM era apenas uma estrela perdida. O filme precisava de uma comediante a altura de Jack. Os produtores escalaram uma loira em crise eterna. DUCK SOUP é a maior comédia da história.
  Sorry Jack.

AMOR AOS FILMES

   Posso dizer com toda a certeza, que desde meus 20 e poucos anos, nunca tive tão pouco interesse pelo cinema. Mais que em qualquer outra arte, o cinema para mim só existe como paixão enquanto parece ser uma descoberta. Quando eu tinha 14 anos de idade, o cinema era um mundo todo novo. Depois, aos 28, 29 anos, descobri a história mais antiga do cinema. E aos 40, comecei minha coleção de dvds. Com o tempo essa coleção se completou e percebi que 85% dos grandes filmes não eram mais inéditos para mim. Eu planejara ser a hora então de perseguir as novidades, eu passara a ter tempo para o cinema de agora. Mas esse cinema me fez brochar. As manias e os vícios do cinema dos anos 2000 mataram minha paixão e me deram tédio. O cinema morreu. Ele hoje vive como um tipo de passatempo ou uma rememoração daquilo que ele um dia foi. O CINEMA É AGORA AQUILO QUE O TEATRO É DESDE 1900. OU O QUE O JAZZ É DESDE 1960.
  Melhor dizendo, é circo.
  Mas eu vejo filmes ainda. Poucos. Nos últimos meses assisti estes...
  TEMPESTADE, PLANETA EM FÚRIA de Dean Devlin com Gerard Butler, Abbie Cornish.
Mais um fim de mundo. No futuro um satélite nos protege do kaos. Mas ele é sabotado. Butler é o cara que construiu a coisa e vai lá a consertar. Sim, voce já viu esse filme contado de mil formas iguais. Alguém disse que os efeitos especiais já estão em decadência. Eles eram usados para aperfeiçoar um filme. Agora são apenas o mínimo que se espera de qualquer filme. Este é comum. Nem bom nem ruim.
  O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS de Sofia Coppola. com Nicole Kidman, Colin Farrel, Kirsten Dunst, Elle Fanning.
Que filme ruim! Uma refilmagem flácida, tola, capenga, metida a besta, do filme de 1971 de Don Siegel com Clint Eastwood. O original é uma produção esquisita. Um filme de horror, de dor e de medo, em que um soldado confederado é castrado por um bando de mulheres. Clint dá sua primeira interpretação séria, faz um pobre homem ferido que se pavoneia em meio a seu harém, mas que acaba como um objeto quebrado e inútil. Aqui, Sofia, em seu pior filme, pesa a mão no esteticismo árido e o filme não existe. O que era sutil e erótico se torna pesado e falso. Um completo fiasco.
  KINGSMAN, O CÍRCULO DOURADO de Mathew Vaughan com Mark Strong, Colin Firth.
Fraco. O primeiro foi um bom filme, divertido, leve, nada pretensioso. Este é hiper produzido, histérico e se enrola numa história muito forçada. Nada de especial.
  A MALDIÇÃO DA MOSCA de Don Sharp
A mosca da cabeça branca, de 1957, é um pequeno clássico de horror. Foi refilmado por Croenenberg em 1986. Esta é uma continuação do primeiro filme feita em 1965. É ruim. Se perde num romance bobo e não tem uma só pitada de medo. Lixo.
  DESTINATION GOBI de Robert Wise com Richard Widmark
O pior filme de Wise, um diretor que sabia tudo de cinema. A história é fraca, não temos interesse em ver um grupo de soldados na Mongolia.
  BOEING BOEING de John Rich com Tony Curtis e Jerry Lewis.
Feito em 1965, é uma comédia inacreditavelmente machista. Hoje seria impossível de ser feita. Tony é um playboy jornalista que namora 3 aeromoças ao mesmo tempo. Ele mente para a as 3. Jerry vem dos EUA e tenta tirar uma casquinha das meninas. O filme é feito de diálogos maliciosos e de Tony lutando para salvar suas mentiras. Lembro de assistir com meu irmão na TV, por volta de 1976. A gente acreditou que essa seria nossa vida de adultos.
  A PAIXÃO DE UMA VIDA de John Ford com Tyrone Power e Maureen O´Hara.
Ò John Ford ! Este é um dos menos queridos de seus filmes, e mesmo assim ele conseguiu me fazer lembrar da paixão que eu tive um dia por filmes...É a história, simples, singela, ingênua, de um rapaz que passa toda sua vida numa academia que forma oficiais. Juventude, casamento, velhice e morte. Ford canta, não conta, canta sua saga cotidiana e encanta quem ainda crê nesses valores antigos e preciosos. Ele filma fácil. Ele ama seus personagens. Ele é sincero. Amei este filme.
  KIM de Victor Saville com Dean Stockwell e Errol Flynn.
Não, não é nem um terço do que poderia ser. Muito Dean e pouco Errol. Envelheceu mal esta fantasia juvenil passada num oriente de cartoon.
  NUNCA ME DIGA ADEUS de James V. Kern com Errol Flynn e Eleanor Parker.
Começa mal. Muitas cenas com a menina que divide seu ano entre seu pai e sua mãe divorciados. O pai, Errol sendo Errol, é um playboy que adora festas e inventa histórias. A mãe ainda gosta dele, mas está descrente. O filme cresce ao deixar Errol exercer sua suavidade esperta. Ele carrega o filme nas costas.
 

RUSSELL CROWE* RYAN GOSLING# SACHA BARON COHEN+ AVA GARDNER* LAUREL E HARDY * BURT LANCASTER

   THE NICE GUYS de Shane Black com Russell Crowe, Ryan Gosling
Acho que ainda não passou por aqui este muito, muito, muito bom policial. Não há um só minuto que seja menos que bom, são 150 minutos de completa diversão. É sexy, é irado, é cheio de ação, tem diálogos nonsense, e é muito engraçado sem ser bobo. Tem 3 momentos que me fizeram gargalhar. A história fala sobre cinema pornô, politica, fracasso e bebidas. Crowe é um ajustador de contas, um cara que voce contrata para bater em alguém. Gosling é um detetive doidão que tem uma filha esperta ( uma excelente atriz jovem, Angourie Rice ). Os dois, por acidente, se conhecem e passam a trabalhar juntos numa história de chantagem e assassinatos. O roteiro tem furos, mas quem liga pra isso se o filme funciona hiper bem... Russell trabalha com vontade ( enfim... ) e Ryan está no seu momento, ele é engraçado, tem o dom. Shane Black dirige poucos filmes. Os que vi são sempre inteligentes, leves e muito sedutores. Diálogos, ele sabe fazer ação com bons diálogos. Ah sim, o filme se passa em 1977 e isso me traz uma ideia: Parece que é preciso situar um filme em 77 para ele ter a licença de ser amoral, safo, esperto, com ação sem efeitos digitais, muito diálogo e com cenas sexy-alegres. Why... Se fosse em 2016 tudo isso teria de ser triste ou neurótico...É estranho... O clima de 1977 está perfeito, sem exagero nenhum. Não é de 1977 que rimos, é do belo roteiro ( de Black ). Nota 9.
   IRMÃO DE ESPIÃO de Louis Leterrier com Sacha Baron Cohen, Mark Strong e Penelope Cruz.
Um fiasco. Muito ruim, muito apelativo, sem interesse. Sacha é o irmão hooligan de um super agente. Estão separados desde crianças. E se reencontram no meio de uma ação de Strong. Aff... So What! O tipo proletário inglês de Sacha poderia ser engraçado, é apenas grosso. Um completo desastre. Nota ZERO.
   AS MARGARIDAS de Vera Chytilová com Ivana Karbanová e Jitka Cerhová.
Um filme tcheco de 1966 feminista e muito livre. Faz parte da renascença tcheca, aquele momento de liberdade que em 68 foi esmagado pelos tanques russos. E é um filme moderno, ainda, e ao mesmo tempo muito velho. Moderno por não ter regras, a diretora faz o que quer quando quer. Velho por ser bastante otimista, alegre, uma alegria que hoje nos parece antiga. O que depõe contra nós... São duas amigas que moram onde der, comem enganando velhos ricos e fazem o que dá na cabeça. Acima de tudo elas não precisam de homens. E os usam. Inocentemente. O que encanta no filme são as duas atrizes. Elas interpretam como crianças grandes. Riem de vergonha, improvisam, cantam, fazem beicinho. Uma delas é de uma beleza eslava arrebatadora..Musa. O filme é curto, apenas 80 minutos e é ainda interessante. Uma peça de museu. Nota 7.
   O NAVIO CONDENADO de Michael Anderson com Gary Cooper, Charlton Heston e Michael Redgrave.
No Canal da Mancha, uma barcaça topa com um navio abandonado. O capitão Heston entra nesse navio e lá encontra o capitão Cooper. O mistério se faz: Por que esse navio foi abandonado pela tripulação... Os primeiros 30 minutos são muito bons. Sem diálogos. Depois vira um filme bem comum. Os atores, claro, seguram a atenção. Mas ele se perde no final apressado. Nota 5.
   ZONA PROIBIDA de William Dieterle com Burt Lancaster, Claude Rains, Paul Henreid, Corinne Calvet, Peter Lorre.
Na África do Sul assistimos num pb deslumbrante, a história de um homem que escondeu diamantes de uma mina particular. O filme então mostra o embate entre esse aventureiro, Lancaster, o gerente da mina, sádico, Henreid, o dono da mina, o cínico Claude Rains e uma prostituta francesa, Calvet. O elenco não podia ser melhor. Dieterle foi ator do cinema mudo alemão e imigrou durante a guerra. Fez excelentes filmes de tudo quanto é gênero. Um profissional que sabia tudo de cinema. E sempre usando o clima do expressionismo alemão. Peter Lorre aparece pouco. E quase rouba o filme. Nota 8.
   A DEUSA DO AMOR de William A. Seiter com Robert Walker e Ava Gardner.
Um modesto vitrinista de uma loja imensa se envolve com Vênus, a deusa do amor. Ela vem à terra como uma estátua, que ganha vida quando ele a beija. Sim, é uma fantasia total. E, à beira do desastre, funciona. É um filme que grita por uma refilmagem da Disney. Ava está absolutamente linda. É este o filme que a revelou para o mundo. Walker foi um grande ator de carreira curta. A bebida o levou cedo. Para melhorar tudo, temos Speak Low, de Kurt Weill. Pra quem não sabe, Weill foi parceiro de Brecht em seus musicais. Sabia tudo de música. O filme é uma comédia leve e sublime. Veja. Nota 7.
   O FILHO DE ALI-BABÁ de Kurt Neumann com Tony Curtis e Piper Laurie.
Filme da Sessão da Tarde dos velhos tempos. Não, não é bom. Curtis, um ator sempre simpático, faz o playboy filho de Ali Babá, que perde tudo o que tem por causa de uma trama de um vizir rival. O clima é relaxado demais e a gente percebe todo o tempo ser um filme B. Envelheceu mal. Nota 3.
  ERRADO NOVAMENTE e HABEAS CORPUS de Leo McCarey com Laurel e Hardy.
Stan Laurel foi um gênio. Somente Buster Keaton e W.C.Fields chegam perto de sua genialidade. ( Os Marx eram um grupo que funcionava como grupo ). Laurel consegue ser um pateta sem nunca nos irritar. Consegue ser ingênuo sem nunca despertar pena. E Oliver, o gordo irritado, o completa à perfeição. Foi McCarey quem os burilou e lhes deu o passaporte para a eternidade. Aqui temos dois curtas silenciosos. No primeiro eles devolvem um cavalo à um milionário. No segundo eles procuram corpos em cemitério. Os dois filmes são simples, diretos e ainda engraçados. Os dois são parte do tesouro do cinema.

STALLONE/ CARY GRANT/ SCARLETT/ ALAIN DELON/ DEPP/ KIDMAN

DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO de Bruce Robinson com Johnny Depp
Muito, muito ruim. Depp está numa ilha do Caribe. Décadas atrás. Ele bebe, trabalha em jornal tosco, se envolve com bando de corruptos que pretende lotear a praia e ama a garota de figurão. Isso tudo, diz o filme, é baseado em Hunter Thompson. Onde? Uma chatice. Nota ZERO.
HEMINGUAY E MARTHA de Philip Kaufman com Nicole Kidman, Clive Owen e James Gandolfini
Esqueça a fidelidade histórica. Este não é Heminguay! Clive se esforça, mas o filme retrata Papa Heminguay como um alcoólatra meio chato, meio machista e nada verossímil. De qualquer modo o filme é dirigido para a personagem Martha Gelhorn, a terceira mulher do escritor e talvez a que ele menos entendeu. Uma jornalista forte e dura, mas não tão maior que Ernest Heminguay. O filme, feminista, pinta Martha como espiritualmente mais dotada que o escritor...bobagem! De qualquer modo é emocionante a recriação da revolução espanhola. O filme deveria ser só sobre isso, a guerra civil da Espanha. São momentos de grande cinema. Inclusive com a recriação das filmagens do grande Joris Ivens e de um tal de Capa perambulando por lá. Claro que Capa não era tão garoto, mas é sempre legal ver isso. Kaufman um dia fez uma obra-prima, Os Eleitos ( the right stuff ), baseado em Tom Wolfe. Depois fez a insustentável levez do ser, um belo filme, e o interessante henry e june. Como se vê, o interesse desse ex assistente de Clint Eastwood é a cultura, a boa cultura. Isso faz com que em seu pior ele seja muito pedante. Como aqui. De qualquer modo, na média o filme é ok. Nota 6.
A PISCINA de Jacques Deray com Alain Delon, Romy Schneider, Maurice Ronet e Jane Birkin
Quer saber o que seja o chic francês? Veja este filme. Ele repete a dupla masculina de o sol por testemunha e quase consegue atingir o alto nível da obra de René Clement. A história: um casal recebe a visita de um amigo. Ele vem com a filha. Forma-se a tensão. Todo filmado numa casa de campo, o chic de que falei não se mostra na casa ou nas roupas, ele existe nos corpos, nas cores, no modo como o filme é conduzido. Deray dirige matematicamente. Tudo cronometrado, exato. Devagar, mais rápido, devagar, súbito. Uma delicia de filme, um terço final inesperado e um Alain Delon no auge de seu carisma. Nota 8.
RED HEADED WOMAN de Jack Conway com Jean Harlow
Um filme impudico dos anos 30. Jean é uma secretária que seduz o patrão para ficar rica. Consegue e casa com ele. Depois seduz um outro mais rico. Consegue. E por aí vai. Nada moralista, bem dirigido, curto, foi um sucesso mas não é um grande filme. Ele tem humor, mas nunca grande humor. No mais, Jean Harlow, que foi um sex symbol famosíssimo na época, e que morreu jovem de uma apendicite, é das grandes estrelas da época a que envelheceu pior. Ainda conseguimos entender o porque da fama de Garbo e de Marlene, ainda sentimos a força de Kate e de Bette Davis, além do que Myrna Loy e Carole Lombard estão incólumes em 2014, mas Jean Harlow não. Ela parece muito antiquada. Seu apelo se foi. De qualquer modo é um filme razoável. Nota 5.
ANÁGUAS A BORDO de Blake Edwards com Cary Grant e Tony Curtis
Foi um grande sucesso em 1960. O primeiro grande sucesso de Blake, que faria na sequência breakfast at Tiffanys e a série da pantera cor de rosa. Foi mais um grande sucesso de Cary Grant, que aqui provava ainda ser uma estrela, e foi a confirmação de Tony Curtis, o novo Cary Grant que nunca deu completamente certo. Fala de um submarino na segunda-guerra. Uma sucata que é reformada pela tripulação e que depois dá carona a um grupo de mulheres marujas. Uma comédia agradável, mas não mais hilariante. De qualquer modo vemos excelentes atores ( Cary é hors concours ), um clima de alto astral e boa direção. Nota 7.
SOB A PELE de Jonathan Glazer com Scarlett Johansson
Scarlet é linda de doer. E a nudez anunciada é pudica. O filme não tem como ser pior. Me lembrou o filme de Nicolas Roeg, o homem que caiu na terra, aquele com David Bowie. Mas este é bem mais chato e vazio. Tudo nele transpira e anuncia: arte. Uma gororoba pretensiosa de quem sonha em ser Kubrick e mal pode lamber as botas de John Carpenter. Fuja! ZEEEEEEEROOOOOOO!
AJUSTE DE CONTAS de Peter Segal com Stallone, Robert de Niro,  Alan Arkin e Kim Basinger
De Niro é um ex-boxeador convencido e fanfarrão, Sly é seu ex-rival, um cara modesto que quer esquecer o passado. Kim Basinger, ainda bonita, é a mulher que dividiu os dois. Uma revanche é marcada. O filme é absolutamente tolo. Nada faz o menor sentido. Mas há algo de bom, os atores levam tudo no bom-humor, Eles não levam o filme a sério também. Dá pra ver em video, como alguma coisa pra se ver antes do jantar. Não ofende e não dá pra lembrar de nada depois de dois dias. Nota 5.
OS MERCENÁRIOS 3 de Patrick Hughes com Stallone, Mel Gibson, Harrison Ford, Antonio Banderas, Jason Statham, Wesley Snipes, Schwarzenegger...
Imagina esse elenco em 1994!!! Há um erro aqui, a graça razoável dos dois primeiros estava no trabalho em equipe. Mas aqui Sly faz quase tudo sozinho! É uma exibição narcisista que relembra o Sly descontrolado dos anos 80. O filme não é ruim em seu gênero, mas ele nada tem que nos faça torcer. Mel Gibson quase rouba o filme como um odioso bandido. Nota 3.

SODERBERGH/ JACKIE CHAN/ TONY CURTIS/ ROBERT RODRIGUEZ/ BRAD PITT/ OLIVIER

   VIVO PARA CANTAR de Frank Ryan com Deanna Durbin
Em 1999 Haley Joel Osment, eu juro, foi chamado de gênio. O menino do Sexto Sentido era tido como "o maior talento infantil da história do cinema". Anna Paquin recebera a mesma dádiva alguns anos antes e na época Matrix era considerado na Set "o maior filme da história dos filmes". Nada como o tempo para colocar tudo nos eixos. Matrix é encalhe de sebos, Paquin luta por papéis na TV, e Joel.... sei lá. Atores infantis costumam quebrar a cara quando crescem. Judy Garland, Natalie Wood e Jodie Foster são os únicos que tiveram como adultos o mesmo sucesso de crianças. Roddy MacDowall também teve uma boa carreira adulta, mas como criança ele era bem mais. Deanna Durbin foi uma big star aos 14 anos. Cantava e tinha uma imagem simpática, calorosa, do bem. Mas aqui, já adulta, dá pra se notar a proximidade do fim. Ela se tornou "comum". Sem grande diferencial. Sabiamente ela largou o cinema e foi viver na França. Poupou seus fãs de assistir seu ocaso. Ela era ótima, mas este filme é um lixo. Nota 1.
   O ESCUDO NEGRO DE FALWORTH de Rudolph Maté com Tony Curtis, Janet Leigh, Herbert Marshall e Barbara Rush
Finalmente lançam este DVD no Brasil!!! Um dos mais reprisados filmes da Sessão da Tarde dos anos 70, é surpreendentemente bom. Maté foi um grande diretor de fotografia. Começou com Dreyer e foi para Hollywood onde dirigiu alguns filmes médios. Este é seu melhor. Tony Curtis era lançado a época como a nova estrela da Universal. Ele funciona em aventuras muito bem. Faz aqui um tipo estourado, meio bronco. O filme fala de jovem, estamos na idade média, que é o filho de um nobre arruinado sem o saber. Vai para a corte, onde é hostilizado por jovem nobre e ajudado por velho mestre de espadas. Eu não sei porque o filme me lembrou muito Star Wars. De qualquer forma, ele é alegre, movimentado, muito colorido. Boa amostra do antigo filme juvenil, do antigo filme "B", que hoje seria tratado como filme "A". Nota 7.
   EL MARIACHI de Robert Rodriguez
Eis o primeiro filme de Rodriguez, famoso na época por ter sido feito com a grana de um carro. Ele é pobre, claro, tem uma fotografia miserável, mas é cheio de ação, clima e promete aquilo que seu diretor faria em seguida. Filmes pop levados com leveza e rapidez. Vale conhecer. Nota 5.
   FÚRIA DE TITÃS de Desmond Davis com Judi Bowker, Laurence Olivier, Claire Bloom e Maggie Smith
Não se empolgue com os nomes veneráveis de Olivier, Bloom e Maggie Smith. Muito menos com os efeitos de Ray Harryhausen. É uma insuportável aventura mitológica sobre Perseu etc... Incrivelmente ruim, até os efeitos de Ray estão ridiculos. A magia que ele criava antes, aqui está perdida. O ator central é um dos piores já vistos. A câmera insiste em dar close de seu rosto e tudo o que ele faz é ajeitar os cachos dos cabelos e aumentar seu biquinho. Olivier é Zeus. Porque, ao fim da carreira, ele aceitava filmes tão ruins? Vaidade? Grana? Pior: este lixo foi refilmado no ano passado com o mesmo nome. Pra que? ZERO!!!!
   HORA DO RUSH 2 de Brett Ratner com Jackie Chan e Chris Tucker
O cinema americano não soube usar os talentos de Chan e de Chris. Assim como ocorreu com Jim Carrey, os executivos os rotularam de "astros para filmes ligeiros" e fim. Jackie Chan merecia aventuras mais caras, mais ambiciosas ( mas talvez nessas aventuras ele fosse sufocado em efeitos digitais ) e Chris merecia filmar mais, muito mais. Este filme, delicioso, é aquele que voce já sabe: os dois vão para Hong Kong, se envolvem com máfia e depois tudo se resolve nos EUA. Eu queria mais, mais lutas, mais piadas, mais duração. Mas é um filme legal para dias de tédio. Nota 6.
   SET UP de Mike Gunter com 50 Cent, Ryan Philippe e Bruce Willis
Muito rap, massacres, vida de cão na prisão, guitarras, tiros e mal caratismo. Que lixo é isto? Como é possível que uma coisa que já foi tão nobre como o cinema, possa agora, como uma rameira sifilica ou um traficante de veneno produzir algo tão do mal, com intensões tão ruins. Ele glorifica a bandidagem, a violência, a vida sem moral alguma. Depois não venham reclamar do rumo que o mundo toma. Bruce se especializou em pequenos papéis "especiais" de chefões do crime. Morro de saudades do "bom e velho" Duro de Matar. Ali tínhamos ação com boas intenções, humor e tiros, explosões e suspense. Nada disso aqui. ZERO!!!!!!
   PÁGINA OITO de David Hare com Bill Nighy, Rachel Weisz, Judy Davis e Michael Gambom
Bom filme inglês. Bill, sempre sério e elegante, é um velho funcionário da segurança britãnica. Ele descobre que o primeiro-ministro tornou-se conivente com a politica americana de tortura e combate ao terror. Mais que isso, que há uma outra agência de segurança dentro do governo, mais imoral, mais corrupta, para agenciar as coisas desse ministro. O filme mostra sua intenção: a Inglaterra é agora apenas um apêndice dos EUA. Bill Nighy é um agente à velha moda, ético, trabalha para o país, para o defender de inimigos e não para acomodar interesses globais. Amargo e com final dúbio, é um digno veículo para um bom ator. Rachel faz uma vizinha ativista da causa árabe. Seu papel, melhor do que parece, é que faz com que Bill se mova. Não sei se esse filme foi exibido aqui. Nota 7.
   ONZE HOMENS E UM SEGREDO de Steven Soderbergh com George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts, Elliot Gould e Andy Garcia
Revejo-o após dez anos. O filme tem poucas semelhanças com o original de Sinatra. O que fica de mais próximo é o aspecto cool da produção. Temos um fascinante desfile de roupas elegantes, cenários bonitos e figurantes bem dirigidos. A trilha sonora de David Holmes é exuberante, ninguém hoje faz trilhas sonoras melhores. Vejo o filme, excelente, e penso que ele é uma bela amostra daqueles filmes espertos feitos por volta de 1960, com seus ladrões amorais e seu clima chique. Nos extras do DVD, Soderbergh fala de Golpe de Mestre ( um espetacular filme com Paul Newman e Redford que ganhou melhor filme em 1973 ), e mais, atrás de Soderbergh há um poster de um filme: Bande a Part de Godard. Um filme com Anna Karina que trata de roubo. O que tem Bande a Part? É o nome da produtora de Tarantino e agora surge no escritório de Soderbergh...filme influente é assim que se revela... Voltando, dá pra notar um monte de furos no roteiro, o plano não é assim tão genial; mas a coisa é muito bem dirigida e tudo o que sentimos durante o filme é prazer. George Clooney está em casa, nasceu para esse tipo de papel. Mas Brad Pitt está ainda melhor. Seu rosto é pura diversão. É este filme que exibe melhor o tipo de filme pop que eu adoraria ver mais na Hollywood de hoje. Absolutamente sem erros. Nota 9.

TONY CURTIS

Tony Curtis foi, entre 58/65 um dos dois atores mais famosos do mundo ( o outro era Rock Hudson ). Sim, creia-me, em mundo que tinha Brando, Paul Newman, John Wayne e Richard Burton, eram os dois os mais famosos.
Rock fazia um tipo Cary Grant mais pobre, Tony era ele mesmo. Apesar que recordo de sua hilária e genial imitação de Cary em QUANTO MAIS QUENTE MELHOR.
Tony Curtis fica para a história em algumas obras-primas que fez. SPARTACUS, OS VIKINGS, A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO ( com a outra grande estrela da época, Burt Lancaster ), além de várias excelentes diversões, sendo A CORRIDA DO SÉCULO a melhor. Quando a nova geração chegou ( Steve McQueen, Clint Eastwood, Jack Nicholson e Warren Beatty ) seu tipo se tornou "careta". Ele não conseguiu se renovar como Newman e afundou. Foi para a tv, e fez com Roger Moore uma série deliciosa ( e que pouco envelheceu ) THE PERSUADERS, onde ele faz um playboy detetive com muito estilo e prazer.
E era isso que Tony tinha de melhor. Ele passava um enorme prazer em atuar. Era bom vê-lo na tela, a gente gostava dele, era divertido.
Minha mãe e minha tia o adoravam. Achavam seu rosto o mais bonito do mundo. ( Não era. Alain Delon foi imbatível ). Recordo de que na minha infância seus filmes não paravam de passar na tv. Comédias e aventuras. Alguns muito ruins, mas sempre com Tony lhes dando a dignidade do prazer.
Fica uma homenagem.