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BOOTSY? BOOTSY COLLINS

Bootsy Collins era quase uma criança quando foi tocar baixo na banda de James Brown. Era 1970. E ficou apenas um ano lá. Brown sentiu ciúmes, as pessoas gritavam Bootsy nos shows. Mesmo assim o baixista deixou sua marca para sempre. A criação daquilo que passou a se chamar FUNK. BOOTSY? é o disco de 1978 que mais vendeu de Bootsy e sua banda. Recém saído do grupo de George Clinton, o outro arquiteto do estilo, as paradas de black musica se viram numa disputa acirrada entre os discos de Clinton e de Collins. Mas....como é esse som? ----------------- Tanto Clinton quanto Bootsy usam imensas massas de som. Três bateras, dois baixos, três guitarras, dois teclados, percussão, metais, vocais, tudo muito, tudo over. O ritmo é estranhamente lento, pesado, quase se arrasta. O refrão é quase que a música inteira, o ritmo persiste, há quase nenhuma variação. As faixas são longas, muito longas. E eu...eu realmente não sei se gosto ou me decepciono com tudo isso. Prince pegaria essas influèncias e faria melhor. Ele limparia o som de seus excessos e aceleraria o ritmo. E principalmente daria mais poder a percussão. -------------- Sim, pois o problema aqui, tanto em um como em outro, é a escolha de mixagem. O som é como uma massa sonora, uma sopa de som, uma mistura onde não há destaque para ninguém. A bateria fica lá no fundo, sufocada por tudo quanto é som. É uma orquestra. Um conjunto sonoro. Eu penso ser excesso de maconha. Pouca música é mais maconheira que o funk de Bootsy. Seu vocal é aquilo que Snoop Dog fez depois, a voz do chapado. --------------------- Por outro lado...é interessante esse som. Ele é cheio de ideias e é por isso que tanta gente bebeu aqui. O maior baixista do mundo, Flea, copiou tudo daqui. Mas não só ele. Difícil achar algum baixista pós 1980 que não ame Bootsy. BOOTSY?, este disco que agora ouço, é sempre frustrante e sempre interessante. Uma mistura. Um cigarro. Uma fumaça. Que pulsa.

Red Hot Chili Peppers - Organic Anti-Beat Box Band (Arsenio Hall Show 1987)

Red Hot Chili Peppers -no chump love sucker, Me & My Friends

A MELHOR BANDA DE 1987: THE RED HOT CHILI PEPPERS- THE UPFLIT MOFO PARTY PLAN.

Eu não conseguia entender! Freaky Styley vendera quase nada e agora este disco, em 1987, chegava apenas ao 146 lugar da Billboard! Eu achava os Red Hot a melhor banda de então, de 1987, e tanto meus amigos como críticos e compradores de discos os ignoravam! Cara, eu ouvia eles todo dia, tava apaixonado! Flea já era o melhor baixo do mundo! Mas o povo preferia U2 ou Smiths! Não eu! Não eu! ----------------- Em 2021 eu ouço agora o terceiro disco dos caras, este Upflit...... E me espanto! Sim, o som dos Red Hot nos anos 90 virou coisa dominante. Toda banda, até aqui no Brasil, fazia esse mix de rap e punk, de rock e funk. Mas ninguém fez como eles. Aqui há uma assustadora adrenalina. Eles fizeram o som de Venice Beach dos anos 80. O som dos vestiários das universidades da Califa de então. O som do skate como esporte ainda amador. Eles trouxeram cor e humor á uma década escura e pretensiosa. Eu ainda amo este disco. --------------- Flea diz no encarte que Malcolm McLaren os procurou durante 1987 para os empresariar. O inglês queria que eles fossem "mais Chuck Berry"....Malcolm via os Red Hot como um grupo de rocknroll tradicional, um sucesso certo. Claro que Flea não gostou. Acabaram sendo produzidos por Michael Beinhorn, um cara da tecnologia, que trabalhava com Bill Laswell, Herbie Hancock e a cena de jazz-funk de New York. Flea odiou o som de bateria do disco, "sem dinâmica". É o maldito som dos anos 80, só caixa e bumbo, estridente. Mas o disco é fantástico! Hillel Slovack ainda era o guitar man, bem mais funky que Frusciante, e Jack Irons o batera, bate forte. A única faixa que não me toca fundo é Behind The Sun, talvez a mais conhecida. Vou postar dois arrada quarteirão dos disco. Aquela mistura analfabeta de rap e heavy e punk e funk na veia. ----------------- Kiedis fará 60 anos em 2022. Minha geração. Fácil imaginar Anthony ouvindo os funks que eu ouvi quando moleque de 11 anos de idade. Depois o punk aos 14 anos. E o rap aos 19. Em 1987 eu senti: esse cara é dos meus. Ele também tá enjoado dos anos 80. Ele quer misturar tudo de bom dos anos 70 com a cor e a grana dos anos 80. Foi o que ele fez. E teve a sorte de ser brother de alma de Flea, o cara com a pegada pra unir tudo. Deu certo demais!

MUDA TUDO: 1985, O ANO MAIS SEM NOÇÃO DA MINHA VIDA

Então eu entro em 1985 com o coração partido. A mulher mais "roxy" que conheci se revelou uma frustração. Como reação tipicamente imatura, joguei fora tudo que eu amara em 1984. Nunca mais as bandas do ano "roxy" me pareceram amáveis. Tudo nelas me lembrava, e lembra ainda, tristeza. Em janeiro de 1985 houve o Rock in Rio. A crítica desancou o festival. Diziam que só bandas mortas e lixo iriam vir. Para a Folha e Estadão, Queen, AC\DC, Iron, eram a pior coisa do mundo. Mentiram muito. Diziam que em Londres ninguém mais os escutava. A gente acreditava nisso. Mas eu assisti pela TV. O JN tirando uma da cara dos tais metaleiros. Tratados como se fossem sub humanos. Para a Globo só Al Jarreau e George Benson eram legais. Vi o AC\DC querendo rir. Vi para concordar com a Folha. Eles seriam a "banda decadente que só brasileiros ainda ouviam". Foi os asssitindo que recordei do garoto do rocknroll que eu sempre fora. Não comprei disco algum do AC\DC. Mas 1985 nasceu vendo Angus na Rede Globo. Voce deve ter notado que 90% do que era "novo" nos anos 80, até 1984, era britânico. Os EUA continuavam vendendo mais, mas musicalmente era uma cena árida. Havia Talking Heads e Ramones, Blondie e The Cars, Devo e B'52's, mas em quantidade não se podia comparar às ilhas. Mas....a coisa tava mudando. Havia nos EUA um movimento anti afetação. Pela volta da simplicidade. Em 1985 descobri isso. REM e RED HOT CHILI PEPPERS. Meus amigos acharam que eu havia pirado quando falei que o futuro era deles. Não seria do Ultravox. Nem do ROXY. Seria do rock feito com guitarra. FABLES OF RECONSTRUCTION eu comprei assim que saiu. É o disco menos querido pelos fãs da banda. É de longe meu favorito. É gótico americano. É poético. Viril. FREAKY STYLEY dos RED HOT. Vivo. Sexy. Os dois eram o contrário de tudo que eu escutava antes. Eu intuí que eram a saída. A resposta. Acertei.

ROCK IN RIO: RED HOT CHILI PEPPERS

   O grande problema do Red Hot sempre foi Anthony Kiedis. O que é estranho, porque todo mundo gosta dele e ele é a cara da banda. Mas todas as canções da banda me passam a impressão de serem sub cantadas. Elas pedem uma grande voz e Anthony tem apenas uma voz correta. E monótona. As canções da banda parecem menos boas do que são. E isso é por causa da voz. Ela, a voz, diminui a força da banda. Com um grande cantor elas seriam geniais.
  O show no Rio foi ótimo. Flea é o melhor baixo do mundo desde 1989. Uma mistura de Bernard Edwards com Bootsy Collins que dá uma pulsação irresistível a tudo o que ele toca. Chad é um grande batera e o novo guitarrista, Josh, é criativo, faz ruídos ótimos. E Anthony, apesar dos meus senões, é a alma californiana da coisa.
  Descobri os Red Hot em 1984 e tenho orgulho disso. Ninguém os conhecia por aqui e quem ouviu comigo, eu tentava catequizar as pessoas, não gostou. Era tempo de George Michael e de Smiths e os Red Hot propunham sol, esportes, mulheres e cores fortes. Contra o rock sombrio e posudo, chique de 1984, eles ofereciam sujeira, sexo e a lembrança do funk de Sly e de Clinton. Num mundo de Bowies e Ferrys, Anthony era Spicolli, a personagem de Sean Penn no filme que o fez famoso. O gazeteiro maconheiro.
  Mais que tudo, entre 84 e 88, foram eles que anteciparam 50% do que seria o rock dos anos futuros ( os outros 50% foram antecipados pelo REM e o Husker Du ). O futuro do rock era americano e não era de NY. Mas aqui em SP se pensava que ele era londrino.
  Na casa dos 50 anos, como eu, eles continuam os mesmos. Atrevidos. Mas amadureceram. E souberam amadurecer. Não ficam mais pelados. Preferem sons mais melodiosos. Mas ainda conseguem pular. Correr. Saltar. E nunca errar. E o swing, esse continua fantástico. No show houve pitadas de Pink Floyd, Zappa, Hendrix e Iggy, mas sempre com muito funk, muito groove, jogo de cintura eterno. E a malandrice do rap.
  Após soníferos como o 20 Seconds to Mars, os caras da Califa deram seu recado. E ele é o mesmo de seu segundo disco: um Freaky Styley.

LET`S GET LOST, UM DOC DE BRUCE WEBER SOBRE CHET BAKER

Flea anda pela praia e ri. É a música que o faz rir e Flea sabe tudo de tudo que vale a pena escutar. Questão de cintura. Bruce Weber, que sabe tudo de imagem ( melhor fotógrafo de moda ), mostra mais uma vez o que a gente sabia que ele sabia. Mas Bruce ama música também e então eu entendo que suas fotos são músicas em revelação. Bruce Weber fez os mais belos clips da mais bela fase da MTV ( Pet Shop Boys e Chris Isaak ). O coração de Bruce Weber é de Chet. E Chet Baker é o trompetista branco que queria ser preto. O cantor de jazz que desejava morrer de tanto amar. Este documentário, que posto inteiro para voces, é de 1991. E voce sabe, 1991 foi um dos mais lindos dos anos. A beleza vence a morte. Sempre.
Ah meu amor! 1988 foi o mais amoroso dos anos. Eu te dava rosas menina. E escutava Bizet e Chet toda manhã. Manhãs que eram vividas em êxtase frio, o inverno foi cruel, e chuva que grudava em mim. Suas mãos eram brancas e os seios pareciam de seda. Meu amor, eu me emocionava apenas pensando no céu. Descobri Zorba, descobri Waugh e encontrei Lorca. E mais que tudo eu mergulhei no mel de voce. E Chet Baker cantou para nós dois.
Vejam o documentário.
A vida sempre pode ser melhor. Apesar de toda dor que se faz.

FREAKY STYLEY- THE RED HOT CHILI PEPPERS ( A DÉCADA DE 80 COMEÇAVA A DEFINHAR EM 1985 )

   Eu ouvi muito este disco ( e o seguinte dos caras, o que tem Fight Like a Brave ). Devo ter escutado umas mil vezes em três anos. Mas vamos a uma historieta....
   A década de 80 começou a mil. Em 1980 o que rolava era new wave e ska e deixa eu dizer o que era isso. Ska voce sabe, é aquela delicia, musica pra pular a vida inteira; e new wave nada mais era que um pop adrenalinizado, isso porque após uma bela safra entre 70/74, desde 1975 que a música pop tava uma mixórdia sem tesão e bem deprê. Tinha o funk e o disco, mas tou falando de música de branquelos. Então a new wave recuperava o pop do fim dos anos 60 e dava um mix com a urgência do punk e mais uma dose de cinismo wit. Tudo embalado com luxo e bom humor. Ok? Mas tudo isso durou muito pouco tempo e já em 1983 a coisa tava muito estranha. Um monte de bandas se achava a última bolacha do pacote, ou pior, posavam de salvadores do planeta. Até que...
  Na época eu ainda não tinha preguiça. Lia a Rolling Stone gringa, a Trouser, a Spin e a MM. Andava com um bando de modernetes que amavam se vestir de preto e escutar Bauhaus, Dead Can Dance e Cocteau Twins. Eu e eles viviamos numa hiper deprê de luxo e pensávamos estar em Berlin 1930 ou Tokyo 2030. Até que um dia eu mostrei pra eles o que eu disse ser o "som do futuro". Era o segundo disco dos Red Hot, o tal de Freaky Styley. Eles acharam que eu estava brincando e riram, todo mundo sabia que o som do futuro era Laurie Anderson !!!! E que no ano 2000 todo mundo ia vestir um tipo de terno de plástico com gravata que muda de cor. E vinha eu dizer que o futuro era uma banda de americanos, logo americanos!, que vestiam bermudas e camisetas!!!! E tênis!!! Que coisa mais antiga!!! Ninguém em 2000 irá ser assim!!! Não tenho o menor pudor em dizer: eu acertei povo! Disse que a moda do futuro seria toda baseada naquilo que os skatistas usavam em 1985 e que a coisa mais moderna de então era essa mistura geral, essa geléia de funk com punk com psicodelia e surf; skate com HQ mais rap e solos de guitarra. Riram, pensaram que o que viria seria um tipo de frieza Kraftwerk.
   Freaky Styley me absolveu de meu amor, que continuava em 1985, mas escondido, pelas coisas hippies, pelos doidos de Venice Beach, pelas tatoos e pelos cabelos compridos. O disco explodiu na minha cabeça e me liberou para ser maloqueiro de novo, para ser preto e branco e amarelo, para me jogar. Eles não tinham vergonha, não faziam pose e não tentavam ser artistas. O melhor, não sofriam, celebravam. Eles anteciparam o começo da década seguinte e racharam a geladeira de cristal da década de 80. Com eles, e mais a chegada do rap, a década Armani  começava a terminar. De repente o Duran Duran pareceu muito velho e eu, que aos 19 me sentia com 35, agora aos 21 me sentia com 15.
   George Clinton produziu o disco e de tudo que eles gravaram é de longe o mais negro. Tem até cover de Sly Stone. Flea nunca tocou com tanto groove, suas linhas de baixo são de fazer qualquer um se balançar inteiro. Anthony Kiedis nem tenta cantar, é grito e rap todo o tempo. Eles não fazem balada, nada de violão, e os metais são aqueles de James Brown: Fred Wesley e Maceo Parker. Impossível dizer qual a melhor faixa, mas eu adoro Catholic School, Yertle The Turtle, American Ghost Dance.... Foi ao som delas que grafitei meu quarto, mudei de amigos, voltei a brincar com meu velho skate ( um fracasso ), fui pra rua e crei um grupo de teatro beeeeeem relax na faculdade. Eles tinham atitude e foi com eles que percebi que na história do rock o hype do momento é sempre inglês, mas depois de uma década é na América que as influências sobrevivem. ( De Velvet a Iggy Pop, passando por Neil Young, Talking Heads, MC5, Television, Strokes, Beastie Boys, Nirvana, Pumpkins, Sonic Youth e um vasto etc ), que o rock inglês sempre "parece" moderno, mas o novo sempre vem de uma banda da América que pouca gente conhece.
   Quando chegou 1990 o skate ditava a moda e sexy passou a ser tudo ligado a esportes radicais, então esses mesmos amigos usavam seus tênis Adidas e vestiam camisetas da Quiksilver. Estavam ouvindo Husker Du e Pixies. O mundo dá voltas e eu fazia questão de lhes recordar aquilo que eles falaram de Freaky Styley: que era tosco, brega e "coisa de americanos". Sempre desconfie de bandas modernas eu lhes dizia, de agora em diante o futuro será das ruas e das praias e não mais das cabeças de alguns novos Bowies. O futuro não nascerá no triste quarto de algum artista inocente, mas das coloridas doideiras mestiças das ruas sujas e de portos perdidos. Freakey Styley me anunciou tudo isso e até hoje, em que não mais me interesso por "novas bandas únicas", quando sem querer noto alguma coisa que parece realmente jovem, livre, descompromissada, é ao espírito de Freaky Styley que peço conselho.
   Ouça e pule muito, hoje ele não mais parece original claro, foi copiado por vinte anos, mas sinta o groove, o humor, a mistura de gêneros.... é um clássico, um fertilizador. Enjoy it.