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THE JON SPENCER BLUES EXPLOSION - PLASTIC FANG

2002 foi talvez o último grande ano do rock, e nesse ano PLASTIC FANG do JON SPENCER BLUES EXPLOSION é um dos melhores. Vindo dos anos 90, Jon Spencer era chamado de punk, blues, pós rock n roll, indie, e tudo que fosse vontade do autor do momento. Na verdade ele faz parte da tradição dos The X, dos Crammps, é rock estradeiro explosivo e destilado. ------------- Existem 3 tipos de DNA no rock. Buddy Holly-Everly Brothers, que é o DNA dos que fazem canções elaboradas, com bons arranjos, e belos vocais. Lá no começo é a fonte de Beatles, Kinks, Hollies, Beach Boys. Há o DNA Chuck Berry-Bo Diddley, linhagem dos Stones, Yardbirds, Them. E o DNA explosivo, safado, desafiador e festeiro de Jerry Lee Lewis e Eddie Cochran, fonte que nos deu o rock de garagem e Jon Spencer, dentre muitos. É óbvio que com o tempo tudo se mistura e vemos The Who unindo as 3 vertentes e os Stones entrando no mundo de Buddy Holly. Mas há uma célula inicial em cada banda ou artista, e em Jon Spencer há o espírito de Jerry Lee ateando fogo ao piano. Topete caindo nos olhos, olhar vidrado, uma atitude de engulam essa seus bastardos. Mas sempre com a intenção de diversão. ------------------------ Steve Jordan, batera da banda de Keith Richards produziu este disco. Deveria ser o album que faria de Jon uma estrela. Não fez. Mas é um grande disco. É rock n roll puro, cheio de tequila. Estradeiro, sexy, e, fato surpreendente, há faixas em que a voz de Jon soa como Mick Jagger. Tipo de faixas que Jagger faria se quisesse correr algum risco. ---------------- Foi nessa época que Strokes e White Stripes eram o futuro do rock. Eu prefiro este disco a qualquer coisa que ambos fizeram. Por que? Jon tem uma sexualidade viril que nenhum dos dois tem. Ele não sofre do tédio que aflige os vocais de 99% das bandas que surgiram na época. Casablancas canta como um menino mimado e Jack White tem a voz de um nerd com crise de dor de barriga. Jon Spencer não. Sua voz é 100% rock n roll, ou seja, é uma voz da estrada, do hotel e do bar. Ouça.

DA MATTA, STROKES E VISCONTI: ARISTOCRATAS VERSUS MODERNINHOS.

   Boa coluna ontem no Estadão. Roberto da Matta fala, como eu, que Argo é "bom", apenas isso. Mas ele fala algo que sempre tenho pudor em falar. Que para quem conhece Wyler, Clair, Ford, Hitch, Wilder e Truffaut, filmes como Argo sempre parecerão "bons", apenas isso. Eu evito falar desse modo porque tenho medo de parecer muito snob. Aristocrático. É óbvio que senti vontade de dizer, ao seu tempo, que Cisne Negro só podia impressionar aquelas crianças que conheciam o cinema de 1990 pra cá. Ou que Anti-Cristo era um tipo de rebuliço de butique. Imagens bobas que nada trazem de novo. Por isso que ás vezes prefiro um bom Jason Statham ou Bruce Willis. São assumidamente pop. Não fingem ares de importância. Filmes como os citados são tipicas obras de pseudo-arte para burgueses desconfortados. Modernismo completamente inofensivo. Não cheira e não fede. 
   Como é o "novo" disco dos Strokes. Antes eles imitavam Velvet e Modern Lovers. Agora sentiram vontade de chocar seus fãs e tascaram uma novidade. Novidade??? Críticos mal informados falam em Bowie e Pet Shop Boys. Necas! É euro-disco. Giorgio Moroder. Estranho tempo o nosso! As novidades são citações de citações. Nada há de sincero no disco. Eles querem causar. E vender, claro. 
   De qualquer modo eles tentam respirar. Eu abomino bandas que passam toda a vida fazendo o mesmo. Escritores e cineastas too. Não suporto Philip Roth por isso. Sempre a mesma coisa. Ramones é um nó. E Springsteen se plagia desde 1980. Gosto dos mutantes que se mudam. Acho que é minha alma bowieana. Segundo Paz, isso é o poético. Changes. ( Ouvi o novo Bowie. Primeiro lugar nas paradas. É bom? É Bowie. Nome que é adjetivo. )
   Acabo de sair de uma aula sobre a arte atual. Um nada em meio ao vácuo. A arte que se faz agora é produto fácil até quando tenta ser ofensiva. Chuta santos e dogmas, mas nada consegue trazer de original. A saída seria não ansiar pela novidade. Tentar a excelência, a perfeição, o sublime. Romper com o compromisso da surpresa e buscar o eternamente correto. Alguns fazem isso. Mas não atingem o centro dos holofotes. A vitrine. O mercado pede o sensacional, seja grotesco, eufórico ou deprimente. O mercado nega o sublime e o refinado. Há público domesticado para quadrinhos Marvel ( eufórico ) ou para Haneke ( o deprimente ) mas não para o sublime. Nosso tempo será um buraco na história da arte.
   O que não impede que haja alguém fazendo coisa maravilhosa. Mas essa arte não está em evidência. E pior que isso, quando voce topa com ela não lhe dá o estatuto de real valor. Foi sempre assim? Não seja tolo! Se Van Gogh foi renegado, ao mesmo tempo se amava Monet, Manet e Degas. Se Caravaggio foi perseguido, Rafael e Rubens não. Se Max Ophuls se deu mal em 1955, o mundo amava Hitch, Ford e Visconti. 
   O que ficará de 2013? Com certeza não será Roth, Strokes ou Fincher. Quem viver mais 50 anos verá.