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ROGER EBERT

   Li alguns livros de Roger durante esta década. Ao contrário do que dizem os jornais, ele não foi o melhor crítico de cinema do mundo. Pauline Kael escrevia melhor que ele. Ebert foi o único a ganhar o Pulitzer. De qualquer modo, eu adorava ler suas opiniões. Em 90% dos casos elas batiam com as minhas. 
   Uma das melhores coisas que um critico pode ter é o dom de despertar no leitor a vontade de ver o filme. Ou fazer com que um filme já visto pareça ainda mais interessante. Roger fazia isso. Sua crítica de 2001 é uma obra-prima. O melhor em Roger Ebert era sua falta de preconceito. Ele amava Bergman e Peckimpah, achava Steve Martin tão bom ator quanto Sean Penn. Para ele o Coelho Pernalonga não era menos nobre que Kurosawa ou Bunuel ( não é mesmo! ). Não porque ele fosse um mero criador de caso. Não porque ele fosse um cara anti-intelectual. Afinal, ele adorava Dreyer e Godard. Roger era simplesmente um amante de cinema. E via a arte em Duro de Matar assim como em ET e Asas do Desejo. Ele não elogiava uma comédia de Mel Brooks com menos rigor que Fanny e Alexander. Ele a assistia com encanto, o encanto do amor. Para ele o cinema era dividido em filmes bons e ruins, mal feitos e bem feitos, sinceros e mentirosos. Simples assim.
   Quando ele achava um filme ruim esse filme era chamado de lixo, porcaria ou vergonha. Ebert não temia ser direto. E tudo isso seria mero palpite se ele não nos convencesse. Se um filme era ruim, ele nos explicava o porque de sua ruindade. E se era bom, normalmente ele nos fazia entender sua grandeza. 
    O que o guiava era o prazer de ver e de ouvir. Um filme deveria ser instigante. Despertar alegria ou saudade, questionar ou incomodar, mas jamais fazer o tempo se arrastar ou a bunda doer. Cinema é amor ao ato de se filmar. Cinema é dar ao público uma emoção que pareça nova, fresca, renovada. Grandes filmes sempre parecem novos. Filmes ruins já nascem velhos.
    Roger Ebert morreu ontem após uma longa luta com o câncer. E viu Hitchcock, Wilder e Kubrick até o fim. Disse que teve uma vida sem tédio. 
    The End.