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CARMEN MIRANDA SPENCER TRACY HILLARY SWANK CLIVE OWEN LIZ TAYLOR

   ENTRE A LOURA E A MORENA de Busby Berkeley com Alice Faye e Carmen Miranda
Um roteiro bobo num musical hiper colorido da Fox. Busby Berkeley era completamente louco. Seus números musicais são imagens de LSD antes da invenção do psicodelismo. Carmen Miranda era genial. O filme abre com Aquarela do Brasil. Emociona. Tem ainda a orquestra de Benny Goodman. E eu adoro Benny! E Edward Everett Horton. Mas o roteiro podia ser um pouquinho melhor... Nota 4
   DÍVIDA DE HONRA de Tommy Lee Jones com Hillary Swank, Tommy Lee Jones e Meryl Streep
Aff...no tempo do oeste, em Nebraska, uma mulher parte sozinha para resgatar mulheres que enlouqueceram em outro estado. O filme é um pé no saco. Hillary faz seu papel de machona, Tommy é um velho esquisito e todo o filme nada tem de atraente ou de novo. Tédio, puro tédio.
   DEPOIS DA VIDA de Hirokazu Kore-Eda
Os países que perderam a guerra tiveram de se reinventar. Mantiveram a tradição, mas ao mesmo tempo zeraram sua história. Li isso no livro sobre o Kraftwerk. Este filme, extremamente chato, extremamente gratificante, é aquilo que o Japão é: uma cultura em construção eterna, ou: o mesmo de sempre se vestindo de novo. Passei todo o filme em quase transe, minha memória trazia de volta coisas que eu achava ter esquecido. É um filme que tem esse poder, ele nos faz mergulhar dentro de nós mesmos. Japonês. Os atores são sublimes.
   POR AQUI E POR ALI de Ken Kwapis com Robert Redford e Nick Nolte
Um filme bem simples. Um velho escritor de viagens resolve fazer uma viagem pelos EUA a pé. Sua esposa, Emma Thompson, só o deixa ir se for com companhia. Ele convida um monte de amigos e nenhum aceita. Mas do passado surge um amigo esquisitão, um bêbado meio sujo. Os dois partem então. Well...a geração baby boomer ficou velha e os filmes geriátricos abundam. Quando minha geração chegar aos 70 esse tipo de filme será maioria. Este é ok. Não é comédia, é apenas um filme leve, tranquilo e alto astral. Redford está um caco. Mas envelhece dignamente. Nota 5.
   A CONFIRMAÇÃO de Bob Nelson com Clive Owen e Maria Bello.
Na verdade é Ladrão de Bicicletas em versão 2016. O que vemos é um pai fracassado perder suas ferramentas de carpinteiro. Com o filho ele parte numa busca por quem as roubou. Emoção zero. O filme é bem bobo. Se a América é hoje desse jeito, estamos ferrados.
   ESPOSA SÓ NO NOME de John Cromwell com Cary Grant, Carole Lombard e Kay Francis.
Melodrama pavoroso! Cary é um homem casado que conhece Carole. Se apaixonam. A esposa de Cary, uma megera, faz de tudo para os separar. Uma pena ver dois atores tão geniais num roteiro tão ruim. O filme é velho, mofado, quase inacreditável.
   A GAROTA DOS OLHOS DE OURO de Jean Gabriel Albicocco com Marie Laforet, Françoise Dorleac e Paul Guers
Em 1961 este filme causou sensação. A fotografia era ousada, esquisita, bela. Hoje ela ainda impressiona...por dez minutos. O filme é insuportável. Uma mixórdia sobre um playboy que se apaixona por uma mulher misteriosa. Tudo contado de um modo truncado, torto, abrupto, bem à moda de então: nouvelle vague. Duvido que alguém consiga o ver até o fim.
   NO CAMINHO DOS ELEFANTES de William Dieterle com Elizabeth Taylor e Peter Finch
Uma inglesa jovem vai morar com seu marido rico no Ceilão. Lá ele se revela um doido. machista e beberrão. E há ainda os elefantes que ameaçam destruir a casa... Este filme dá pra passar o tempo. O cenário é bonito, Liz está linda e a direção faz a coisa fluir.
   A SELVA NUA de Byron Haskin com Eleanor Parker e Charlton Heston
Agora é na Amazônia. Uma moça se casa por procuração e vai à selva encontrar o marido que nunca viu. Ele a trata muito mal e aos poucos os dois se aproximam. Enquanto isso formigas ameaçam a fazenda...Quase a mesma história. Este é pior. Algumas falas são de doer! Eleanor Parker exala desejo por todos os poros...isso é fascinante.
   AMOR ELETRÔNICO de Walter Lang com Kate Hepburn e Spencer Tracy
Numa emissora de TV se instala um computador. As funcionárias não aceitam isso, têm medo de perder o lugar...É 1956, o computador ocupa toda a sala e faz ruídos " de computador". Kate e Spencer são tão bons que a coisa funciona! É um gostoso passatempo. E uma doce curiosidade. O computador é da IBM.

DOM HEMINGUAY/ MUSASHI/ TOSHIRO MIFUNE/ AVA GARDNER/ X MEN/ CHEF/ MARION COTILLARD

MOGAMBO de John Ford com Clark Gable, Ava Gardner e Grace Kelly
Gable é um caçador, Ava uma mulher de passado duvidoso, Grace uma esnobe. Entre bichos e nativos os 3 se envolvem em disputa amorosa. O filme é bastante tolo. Irremediávelmente ultrapassado, vale pela beleza luminosa de Ava Gardner. Nota 3.
CHEF de Jon Favreau com Jon Favreau, Sofia Vergara, Scarlett Johansson, Dustin Hoffman e Robert Downey Jr.
Um bom filme. Simpático apesar de nada especial. Um cozinheiro briga com o dono do restaurante e acaba por abrir um trailer de fast food chique. Nesse momento ele reata relação com ex-esposa e filho. De ruim temos todo o começo do filme. De muito bom a parte estradeira, rodovias e paradas. A relação pai e garoto muito bem desenvolvida. Que beleza essa Sofia Vergara!!!!! Nota 6.
O GRANDE GATSBY de Jack Clayton com Robert Redford, Mia Farrow e Bruce Dern
Um amigo me avisara que o filme era ruim. Revi. Aff. É ainda pior que o musical idiota. O musical manteve ao menos duas falas de Scott Fitzgerald, aqui nem isso. Erros se sucedem: Mia é deplorável. Gatsby é no livro um homem frágil que tenta agradar, uma alma romântica perdida num mundo materialista. Aqui é apenas um bom ator sem um papel para representar. Pior que tudo, a trilha sonora de Nelson Riddle. Está no filme errado. Nota ZERO.
ERA UMA VEZ EM NOVA IORQUE de James Gray com Marion Cotillard, Joaquim Phoenix e Jeremy Renner
Apenas um drama escuro que ficaria bem como minissérie da Globo. Ok, Gray sabe narrar, os atores estão muito bem, a coisa é séria, mas...quer saber? E daí?? O filme é desprovido de invenção e de beleza, e portanto não me emocionou. Pobre polaca. Nota 3.
UM PLANO BRILHANTE de Joel Hopkins com Emma Thompson e Pierce Brosnan
O filme é tão bobo que ele consegue juntar dois atores excelentes e adoráveis e fazer dos dois uns malas sem alça. Filme sobre ricos que ficam pobres e então resolvem roubar o cara que os faliu. Emma tem de pular, cair, rir, fazer-se de tola, saltar, escorregar. Tudo para tentar arrancar um riso de nós, e não consegue. Soberba atriz, ela está no filme errado. Assim como Pierce que tem sua classe muito mal utilizada. Uma bobice sem fim. Nota 2.
A RECOMPENSA de Richard Shepard com Jude Law, Richard E. Grant e Demian Bichir
Dom Heminguay. O homem do pau gigante, o cara da mente fulgurante, o ser que fulgura no florão da Europa, gigante pela própria natureza. O Bob Le Flambeur dos desesperados, o Samurai dos anos 2000, o fodido. Dom aguenta a prisão e ao sair é traído pelo chefão que protegeu. E a coisa, sua vida, cai ladeira abaixo. Que roteiro do caralho! Falas baby, falas maravilhosas! Personagens adoráveis! O filme é engraçado e terrível, como a vida? Shakespeare podre de nosso tempo. Nota 9.
A MALDIÇÃO DO ESPELHO de Guy Hamilton com Rock Hudson, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Tony Curtis, Angela Lansbury, Geraldine Chaplin e Edward Fox.
Era moda no fim dos anos 70 adaptar Agatha Christie para o cinema. Aqui temos uma história de Miss Marple. Mas o filme é lixo. Chato, sem suspense, feio, inutil. Mesmo o elenco não pode salvar tamanha bobagem. Nota ZERO.
MORRENDO DE MEDO de George Marshall com Jerry Lewis, Dean Martin e Carmen Miranda
Ruy Castro fala que para a geração dele a separação de Martin e Lewis foi tão traumática quanto o fim dos Beatles. Aqui eles alopram uma viagem de navio e uma mansão maldita. O estilo de Jerry é para quem aceita seus exageros. É o humor que advoga que mais é melhor. Forma bela dupla com Carmen. O filme é apenas um exercício de nostalgia. Nota 4.
X MEN, DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO de Bryan Singer com Hugh Jackman, James MacAvoy e Michael Fassbender
Num futuro terrível os X Men estão sendo dizimados. Wolverine é enviado aos anos 70 para mudar a história. Que bela aventura!!!! O filme tem a união de seriedade com diversão, algo dificil de se conseguir. Os atores podem brilhar, a história fala de preconceito, a ação não cansa, há suspense e velocidade, mas também temos boas falas e bons personagens. Que mais pedir de um filme de aventuras? Os filmes HQ são em sua maioria insuportáveis, mas de vez em quando surge uma beleza como esta. Nota 9.
MUSASHI, A TRILOGIA SAMURAI de Hiroshi Inagaki com Toshiro Mifune
Em 1954 a primeira parte desta trilogia foi sucesso mundial e ganhou o Oscar de filme estrangeiro. Mais que os filmes de Kurosawa, foi este o filme que fez do Japão a moda do cinema de então. O primeiro filme é mesmo o melhor. Musashi é um samurai raivoso e impulsivo, nos 3 filmes acompanhamos sua iluminação. Os filmes seriam perfeitos se não houvesse a história chatíssima de seus amores. Mas com cenas de luta perfeitas, cenários deslumbrantes e Mifune, um ator que faz nossos olhos grudarem na tela, a trilogia se torna obrigatória para aqueles que se interessam por Japão e por cinema. Nota 8.



















HER/ MICHAEL CAINE/ BILL NIGHY/ ROBERT REDFORD/ TIO BOONMEE

ELA/HER de Spike Jonze com Joaquim Phoenix, Scarlet Johanssen
Sei lá. Nem lembro mais. É alguma coisa sobre um cara que se apaixona por uma voz. E essa voz, que vem de um PC, quer ser real. Mas não se anime, nada de profundo, nada de belo, nada de funny. A coisa depois de meia hora fica beeem entediante. Nota 3.
QUESTÃO DE TEMPO de Richard Curtis com Domhnall Gleeson, Rachel McAdams e Bill Nighy
Curtis fez a fama com o roteiro de 4 Casamentos e um Funeral. Depois disso começou a dirigir. Vi tudo o que ele fez desde então. Ele não tem um só filme ruim, mas também todos são frustrantes. Curtis ocupa uma região estranha, ele faz cinema clássico, mas com ideias teen. Aqui um adolescente timido descobre que pode voltar no tempo. É um dom dos homens da familia. Isso faz com que escolhas sejam feitas, escolhas duras. O filme não escolhe nada: não é comédia e nem fantasia. Temas fascinantes são tratados com rapidez. Well...Rachel é excelente, uma atriz com cara de gente. E eu adoro Bill Nighy! Os bons momentos são todos com ele. Nota 3.
TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR VIDAS PASSADAS de Apichatpong Weerasethakul
Este estranho filme tailandês ganhou a Palma em Cannes em 2008. Dificil entrar nele, a barreira cultural é enorme. Fala de um homem que ao morrer, na agonia, recebe visitas de espíritos. Eles podem ser recordações de suas outras vidas. O filme é assustador. Morte e alma são tratados com absoluta naturalidade. Esquisito.
O ÚLTIMO AMOR DE MR.MORGAN de Sandra Nettelbeck com Michael Caine, Clemence Poésy, Justin Kirk e Jane Alexander
Quando estrear por aqui, fuja! Um homem velho, rico, viúvo inconsolável, se aproxima de uma jovem professora de dança. Nada de romântico entre os dois, mas ela o cativa. O filme é de um vazio irritante! Pra que fazer isso? Caine está assustadoramente velho...pena....Nota 1.
ATÉ O FIM de J.C.Chandor com Robert Redford
Redford, o querido Redford, ganhará mais um Oscar? ( Tem um de diretor ). O filme é surpreendente! Acompanhamos, detalhe por detalhe, a luta de um homem a deriva no oceano. Seu barco está danificado. Nada de trilha sonora, nada de vozes, só o som do mar e a ação do homem em meio a ondas, sol, cordas, reparos, comida em lata e solidão. Não deixa de ser o mesmo tema do filme com Sandra Bullock. Mas é um filme cansativo. Longo. muito longo. E estranhamente sem suspense. Nota 5.

007/ KEN LOACH/ PAUL NEWMAN/ REDFORD/ CADILLAC RECORDS/ WISE

   500 MILHAS de James Goldstone com Paul Newman, Joanne Woodward e Richard Thomas
Adoro filmes de automobilismo e adoro Paul Newman, mas este filme, cheio de modernices na edição esperta e na trilha sonora pop, é uma chatura! Muito romance entre o casal central e pouca corrida. Jamais desperta o interesse. Nota 3.
   THE GREAT WALDO PEPPER de George Roy Hill com Robert Redford, Susan Sarandon e Margot Kidder
Logo após os Oscars e os dólares de Golpe de Mestre, Roy Hill e Redford voltam com este delicioso filme sobre um piloto da primeira guerra mundial que vive entre feiras do interior dos EUA se exibindo em troca de dinheiro. Redford, um Brad Pitt mais humano, exibe seu sorriso mais simpático e faz um sonhador que luta para viver como quer. O filme, comédia que acaba por se fazer amargura, é belíssimo. A fotografia é de Robert Surtees, um mestre em campos e céus sem fim. Há uma cena tristíssima com a jovem Sarandon e o fim do filme é corajoso, aberto, sem conclusão. Veja que é uma bela surpresa. Entre 1967/ 1977 Roy Hill e Redford não erraram. Nota 9.
   A BATALHA DO RIO DA PRATA de Michael Powell
Entre os 16 filmes de Powell que tive o prazer de ver, é este o único que não gostei. Fala do bloqueio feito pelos nazistas aos navios mercantes britânicos. O tom é patriótico demais! Nota 4.
   THUNDERBALL de Terence Young com Sean Connery, Claudine Longet e Luciana Paluzzi
Este, que é o quarto filme de Bond, é de todos os estrelados por Connery o menos bom. Por um motivo simples, o vilão é o mais fraco. As Bond Girls são das melhores, Luciana Paluzzi era hiper sexy e Longet fez algum sucesso na época, mas há um excesso de cenas sub-marinas e muito pouco humor. Mesmo assim, comparado aos filmes que viriam depois, é um bom filme. Nota 6.
   RATOS DO DESERTO de Robert Wise com Richard Burton, Robert Newton e James Mason
A história da resistência dos ingleses e australianos aos Afrikan Korps de Rommell. O filme é duro, forte, cruel e muito objetivo. E é muito, muito bom. Wise foi um diretor maravilhoso! Fez de tudo, desde A Noviça Rebelde até Star Trek. Sempre com fibra, sabendo como fazer e onde chegar. Feito em P/B, com o contraste entre areia cinza e céu carregado, explosões e rostos sujos, este é um dos mais bem realizados filmes de guerra que já vi. Nota 8.
   O HOMEM COM A PISTOLA DE OURO de Guy Hamilton com Roger Moore, Christopher Lee e Britt Ekland
Roger Moore tinha um sério problema, ele era frio demais, elegante demais, distante demais. Por isso, ele jamais convenceu 100% como Bond. Um cara como ele não mataria, mandaria matar. Sean Connery parecia um grosseirão assassino que aprendeu a ser fino e culto, por isso ele nos convencia sempre. Moore não, parecia culto e playboy, nunca um matador. Devo dizer que este filme, aquele do anão e da ilha na China, é ridículo. Bond cai na armadilha dos anos 70, se torna carnavalesco e auto-gozador. Britt Ekland, futura senhora Rod Stewart, foi uma suéca muito perigosa que destruiu todos seus ex-maridos ( Peter Sellers foi o primeiro ). Linda. No fim da coisa tem uma luta num quarto entre Bond e o anão ( Mr.Tattoo ), que é o ponto mais baixo de toda a saga James Bond. Nota 2.
   O CÃO DOS BASKERVILLE de Terence Fisher com Peter Cushing, Andre Morell e Christopher Lee
Sherlock Holmes é feito de ótimos diálogos e clima londrino. Isso faz de sua leiura um prazer, mas é uma armadilha para o cinema. Tudo fica falado demais, lento, meio xoxo. De qualquer modo ele melhora no fim. O elenco é ótimo, Cushing e Lee eram a alma da Hammer, da renascença do horror clássico. Nota 4.
   CADILLAC RECORDS de Darnell Martin com Adrien Brody, Jeffrey Wright, Beyoncé, Mos Def
Para aqueles que não gostam de rock ou de blues é uma perda de tempo. O filme fala da história real da gravadora Chess, desde 1941 até seu fim, com a morte de seu fundador Leonard Chess em 1966. O elenco está divino. Brody emociona e Jeffrey está impressionante, ele se torna Muddy Waters. Assim como Mos Def faz um Chuck Berry irresistível. Beyoncé produziu o filme e se deu o papel de Etta James. Ela é ótima, mas há um pouco de Etta James demais. Colorido, com as músicas icônicas que mudaram o mundo, é divertido, mas muito abaixo de seu tema. Nota 5.
   A PARTE DOS ANJOS de Ken Loach
Eu odeio aquilo que Irlanda e Escócia são hoje. Odeio aquilo que a Inglaterra é agora. Por isso me é repugnante ver esse bom filme. Esse sotaque grotesco me dá saudades da Louisiana e do Kentucky. Que jeito de falar é esse? Parece suéco ou islandês, inglês nunca! Que bem a influência latina e negra fez a lingua! Viva o inglês da BBC, com suas inflexões latinas e o inglês americano, com seu caldeirão étnico. Mas esse inglês celta, saxão, sem nada de normando, dos rincões da ilha, esse não! Dito isso...Bravo Loach! Ele é um tipo de intelectual europeu que está a desaparecer. Esquerda que crê no homem, que tem amor ao povão. Arte que mostra o mal e que aponta saídas. Ken Loach ama gente, ama o povo pobre e sem voz. Ao contrário dos artistas mais jovens, que mostram esse povo como coisa acabada e sem chance de mudança, Loach acredita em evolução, em mudança, em vitória. O filme é bem bacana ( apesar de minha aversão ). E real, bem real. Nota 6.

Golpe de Mestre



leia e escreva já!

KUBRICK/ ROBERT REDFORD/ EASTWOOD/ KING VIDOR/ HUSTON/ GEORGE C. SCOTT

   O GRANDE GOLPE de Stanley Kubrick com Sterling Hayden
Segundo filme de Kubrick. Dá pra perceber que é um filme de um novato, ele se exibe demais. Várias cenas lembram a técnica de "KANE" de Welles. Sterling Hayden era um ator admirável. Aqui ele repete seu tipo de bandido "marcado" exibido em "THE ASPHALT JUNGLE" obra-prima de Huston feita cinco anos antes. Este é um bom filme de assalto, um pouco exagerado, mas forte. Nota 7.
   GOLPE DE MESTRE de George Roy Hill com Robert Redford e Paul Newman
Grande vencedor dos Oscars de 73, grande sucesso de bilheteria. Passado nos anos 30, temos aqui Redford em seu auge, como um malandro do baixo mundo. Logo na primeira cena vemos um belo golpe aplicado por ele e comparsa. Tudo na malandragem pura. Mas ele dá o azar de mexer com chefe poderoso ( um impagável Robert Shaw ). Descoberto, foge e começa a "trabalhar" com famoso golpista veterano ( Paul Newman, explêndido em seu carisma de picareta desencanado ). Num trem há um dos mais emocionantes jogos de poker do cinema e depois eles armam um golpe milaborante em cima do tal chefe poderoso. Redford, com o mesmo diretor de BUTCH CASSIDY, tem todo o filme para sí. Está ótimo, mas Newman e Shaw estão ainda melhores. Shaw faz um chefão ofendido que é pura jóia. A trilha sonora, velhos números de Scott Joplin foi hit em 73. Sublime. Uma diversão citada por Soderbergh entre seus filmes favoritos de sempre. É matéria obrigatória nos cursos de cinema da UCLA. Nota 9.
   O PLANETA DOS MACACOS de Franklyn J. Schaffner com Charlton Heston, Kim Hunter e Roddy MacDowell
Adoro Heston. Um ator que consegue misturar dois mundos: sério e bonitão, ágil para aventuras e sisudo para dramas. Este filme é drama e aventura juntos. E funciona. Enervante, nos confunde em seu final inesquecível. A estátua caída no chão, o silêncio, as ondas do mar... a perfeição em termos de finais de filmes. Mas ele é muito mais que isso. Ecológico, crítico, contundente. Nota 9.
   MENINA DE OURO de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Hilary Swank e Morgan Freeman
Clint faz filmes tristes. BRONCO BILLY é das coisas mais melancólicas já feitas e BIRD não fica atrás. Ele fez comédias também, mas tem óbvias preferências pelo drama. E este tem um terço final muito dramático! Que no meu ver desequilibra todo o filme. Se em seus dois terços iniciais é um maravilhoso conto sobre um velho amargo e uma adorável perdedora, no fim faz-se um mero "filme pra chorar", tipo "ESCAFANDRO E BORBOLETAS" e que tais. Mesmo assim o elenco está de arrasar. Morgan faz um velho derrotado pela vida de um modo suave, todo em tons menores, e Clint mostra-se grande ator. O dono do ginásio é criação de quem aprendeu tudo sobre interpretação. Hilary, dizem, tem uma bio parecida com a da lutadora. Foi pra LA com 75 dólares e tinha de dividir um hamburger por três refeições. O modo como ela se empolga, como sorri é das melhores coisas que uma atriz fez na década. Apesar de suas falhas, é dos poucos vencedores do Oscar dos últimos vinte anos a não ser contestado. Lindo. Nota 9.
   GRAND PRIX de John Frankenheimer com James Garner, Yves Montand e Toshiro Mifune
Acompanhamos a temporada de 1966 da fórmula Um. Monaco, Monza, Spa, Nurburgring, Watkins Glen... Circuitos dos tempos heróicos, não eram feitos para a TV, eram feitos para assustar. O filme é visualmente deslumbrante. As corridas são muito bem filmadas ( são corridas reais com os pilotos da época, Jack Brabham, Jackie Stewart, Jochen Rindt, Jacky Ickx, Bruce Surtees, Ken Tyrrell... ), vemos os F1 mais belos, sem propaganda, longos e elegantes, Lotus, Ferrari, BRM, Honda, March. A trilha sonora de Maurice Jarre se tornou tema da F1 por vinte anos. Pra quem gosta de carros é obrigatório. Frankenheimer foi um dos grandes diretores dos anos 60. Seus filmes eram sempre inquietos. Este é brilhante em sua técnica. A falha: os dramas da vida pessoal dos pilotos são óbvios e tolos. Nota 7.
   MEU VIZINHO MAFIOSO 2 de Howard Deutch com Bruce Willis, Mathew Perry e Amanda Peet
Atores de Tv raramente dão certo no cinema. Será??? Clint Eastwood foi ator de Tv por dez anos. Steve McQueen fez Tv por dois anos. E George Clooney, que não começou na Tv, só brilhou após passar por ela. Mas a turma de Friends não vingou na tela grande. Mesmo Jennifer Aniston se tornou apenas uma boa atriz classe B. Perry neste filme é patético. Passa duas horas fazendo as mesmas caras e tropeções de Friends. Mas o filme é todo pavoroso. Uma mixórdia sem pé nem cabeça que não consegue provocar um sorriso. Comédias são filmes muito perigosos. Um drama ruim é apenas chato. Uma comédia ruim é irritante. Bruce Willis faz seu tipo cool-brega e se perde junto com o filme. Não há nada pra se fazer aqui. Zero.
   GUERRA E PAZ de King Vidor com Henry Fonda, Audrey Hepburn, Mel Ferrer e Vittorio Gassman
Vidor, um dos pioneiros do cinema, já era um veterano quando aceitou fazer este filme. É uma super-produção de Laurentiis. As cenas de batalha são grandiosas e belas. Conseguiram vinte mil homens para espalhar no campo, todos com uniformes napoleônicos e cavalos. Hoje os custos seriam impossíveis. Mas é bacana ver a diferença de multidões digitais e estas, de carne e osso. Nos envolvemos mais, nos assustamos menos. Mas fora isso, este filme é chatésimo! Não há como filmar Tolstoi. É impossível, mesmo nestas quatro longas horas. Audrey faz uma Natasha que se parece com uma americana mimada. Fonda luta para dar vida à Pierre, não consegue. Tolstoi faz livros sobre almas, são anti-cinema. O que temos aqui acaba por ser apenas mais um épico sobre Napoleão ( e o Napoleão de Herbert Lom está idêntico o Dreyfuss da PANTERA COR DE ROSA ). Nota 4.
   A LISTA DE ADRIAN MESSENGER de John Huston com George C. Scott e Kirk Douglas
Até hoje só dois atores recusaram os Oscars que ganharam: Brando em 72 pelo Chefão, e George C.Scott, por Patton em 1970. Foi um grande ator totalmente avesso a estrelismos. Quando vemos alguém como Sean Penn, que se faz de rebelde, mas que agradece seu prêmio como caipira emocionado, entendemos a seriedade que se deve ter para ser um verdadeiro outsider. Aqui Scott é o detetive que desvenda, na Inglaterra rural, um caso de assassinatos em série. Douglas é o vilão, que se esconde em máscaras e tipos soturnos. Com belas mansões, caçadas à raposa e atores excelentes, Huston nos oferece uma gostosa diversão. Um passatempo de classe. Nota 7.

LEAN/ FREARS/ MALKOVICH/ LANG/ WOODY ALLEN/ POLLACK/ MERYL STREEP

   UM GATO EM PARIS de Felidoli e Bagnol
Melancólico. As crianças que assistirem esse desenho terão péssimas lembranças. Tem uma menina meia-muda que está deprê por causa da mãe, tem um ladrão de jóias meio down, tem um gato cool...Os traços do desenho são simples, esquisitos, feios. Este desenho parece servir apenas para preparar as crianças para os filmes que assistirão em sua vida adulta. Argh! Nota Zero.
   ADEUS, PRIMEIRO AMOR de Mia Hansen-Love
A jovem diretora francesa diz em entrevistas que Truffaut e Rhomer são seus mestres. De Rhomer não há nada em seu filme, de Truffaut há muito: delicadesa nas imagens, suavidade na edição, interesse genuíno pelos sentimentos. Na história simples e dolorida de um amor adolescente ( inocente ), há a constatação de que bom cinema é ainda possível. Bonito. Nota 7.
   LAWRENCE DA ARÁBIA de David Lean com Peter O'Toole, Omar Shariff, Alec Guiness, Anthony Quinn, Jack Hawkins
Qual o segredo de Lean? Este filme tinha tudo pra dar errado: um herói antipático, um enredo que fala de um momento histórico que poucos conhecem, excesso de metragem, pouca ação para um filme pop e caro. E milagrosamente tudo deu certo: o herói se faz um enigma, o roteiro diz o que quer com clareza, a duração do filme parece a exata, e a ação é percebida como ação-interior. Sucesso de público, sucesso de crítica, sucesso de premiação. A união de arte e entretenimento. A beleza plástica e boas atuações. Peter O'Toole era um desconhecido, aqui se tornou uma estrela ( e esse é outro procedimento que graças a Lawrence se tornou uma regra, fazer uma super produção com vasto elenco de astros, mas colocando um novato promissor no centro ), sua atuação é multi-facetada, complexa, por mais que o vejamos, menos o entendemos. Peter seria sempre um ator especialista em homens divididos, um grande ator. Nota MIL.
   AS LIGAÇÕES PERIGOSAS de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Uma Thurman, Keanu Reeves
A trilha sonora de George Fenton é feita de belas fugas. A fotografia é do melhor fotógrafo de cinema dos últimos vinte anos, Philippe Rousselot, e o roteiro de Christopher Hampton ganhou todos os prêmios em todos os festivais. Este filme concorreu a vários Oscars, mas era o ano de Rain Man... De qualquer modo, revendo-o agora, após tanto tempo, seu impacto fica bastante diminuído. Em 1989 o considerei fascinante, hoje, após tantas obras-primas vistas em dvd, me parece apenas um bom filme. Glenn Close está maravilhosa em sua maldade, e na hora em que sente ciúmes, a transformação em seu rosto é fantástica. Malkovich não está tão bom. Seus olhos passam maldade, obsessão, mas não possuem a sedução que Valmont deve transparecer. Falta-lhe sexo envolvente, absorvente, o sexo que ele promete é frio e desinteressante. Michelle nunca foi tão bela ( poucas mulheres foram tão bonitas de um modo tão inocente ). O roteiro se baseia no famoso livro de Choderlos de Laclos, a história de um sedutor que é seduzido ( no livro, que é uma obra-prima, Valmont é muito mais cruel ), é o século XVIII, era de hiper racionalismo cínico, Valmont e sua amiga se divertem em seduzir e destruir. Stephen Frears continua a ser um dos mais interessantes dos diretores. Após este seu sucesso, ele voltaria ás produções pequenas ( por escolha pessoal ) e nos daria Os Imorais e Alta Fidelidade. Mas seu melhor filme é ainda The Hit, com Terence Stamp e John Hurt. Nota 7.
   O SEGREDO ATRÁS DA PORTA de Fritz Lang com Joan Bennett e Michael Redgrave
Uma milionária se casa com homem misterioso e passa a temer esse mesmo homem. Ele será um assassino? Este filme de suspense, que lembra dois ou três filmes de Hitchcock, não dá certo por vários motivos, os principais sendo o fraco roteiro e o desinteresse de Michael Redgrave. Ele é um excelente ator, às vezes mais que excelente, mas aqui dá pra perceber seu ar de tédio e sua expressão de sono. Joan se empenha, mas a mulher que ela faz é um cliché. Lang, é até ridiculo dizer, foi um dos grandes do cinema. Mas teve uma longa e irregular carreira. Ele era capaz de fazer uma obra-prima em janeiro e um lixo indesculpável em dezembro. Este não é um lixo, dá para se assistir até com algum prazer, mas não faz justiça a quem nele trabalhou. Nota 5.
   DESCONSTRUINDO HARRY de Woody Allen com Woody e mais Judy Davis, Billy Cristal, Tobey Maguire, Elizabeth Shue, Demi Moore, Paul Giamatti e Kirstie Alley
Quando o vi pela primeira vez, adorei. Mas ele não resiste a uma revisão. É enfadonho ( sou fã de Woody Allen, é triste dizer que ele é chato ), irritante até. Isso porque Allen nunca fez um "Woody Allen" tão sem graça. Ele passa do ponto e a história desse pequeno Dom Juan se torna um tipo de auto-elogio a uma alma atormentada. Quando ao final ele descobre que o culpado por seus fracassos afetivos não era ele, mas elas, a sensação que temos é de engodo. Ele era o culpado sim. Passamos hora e meia na companhia de um ser extremamente egoísta que nos entope com suas confissões nada interessantes. O pior lado de Woody Allen se mostra aqui: um hiper-narcisista que usa o cinema como sala de analista. Não me interessa sua dor, seu pessimismo. A familia que ele critica é um tiro pela culatra, eles parecem mais interessantes que ele mesmo. A relação com Shue chega a ser constrangedora. Judy Davis, grande atriz australiana, tenta e consegue dar vida ao fiapo de papel que lhe deram. Ela deveria ser Harry. Fujam!!!!! Nota 2.
   OUT OF AFRICA ( ENTRE DOIS AMORES ) de Sydney Pollack com Meryl Streep e Robert Redford
Os primeiros dez minutos anunciam uma obra-prima que ele não é. Nessas primeiras cenas há poesia e sentimento. Assim como no excelente final, digno de um grande filme. Mas as duas horas e meia que recheiam esses dois ótimos extremos, são "quase" grande cinema. Apesar de ter ganho um caminhão de prêmios, e de ter levado milhões de adultos ao cinema, Pollack erra em sua tentativa de fazer um filme à "David Lean". Pollack usa todos os ingredientes de Lean: uma longa história passada em lugar misterioso e exótico, ótimos atores, belíssima fotografia e trilha sonora grandiosa. Pontua tudo com cenas típicas de Lean, sol se pondo, um rio, um trem que passa. Mas porque, mesmo seguindo a receita, este filme nunca parece ser de David Lean? Qual o segredo de Sir David? Coragem. Pollack teme ser pouco pop e corta onde Lean deixaria alongar e alonga cenas que Lean cortaria. Quando Lean exibe uma paisagem ele se deixa relaxar, usufrui a beleza, nos faz entrar no filme. Pollack mostra a paisagem como quem exclama: -Olhem que bonito! E corta. Já Pollack estica diálogos sem interesse, cenas que Lean sempre interrompe para mostrar a vida lá fora. Bem...Pollack levou seu Oscar com este filme. Filme que se deixa ver, baseado em livro da grande Isak Dinesen, livro que conta sua experiência de plantadora de café na África. Meryl faz bem a escritora, mas há uma qualidade em Meryl que nunca mudou, a frieza. Admiramos Meryl Streep, não amamos. Redford é um caçador amigo e amante, homem radicalmente livre que adora ouvir as histórias que Dinesen lhe conta. Ele é a melhor coisa do filme. Redford é sempre bom de se ter numa produção. Nota 6.

OPHULS/ MORGAN FREEMAN/ CHABROL/ FORD/ LUBISTCH

LOLA MONTÉS de Max Ophuls com Martine Carol e Peter Ustinov
De longe é este o pior filme de Ophuls. Um longo e enfadonho exercício de pretensão. Sabe-se que ele teve problemas com a produção e que sua ambição era a de fazer um filme muito maior. Mas este painel sobre a decadencia de uma cortesã não tem ritmo, não tem gosto, tem falta de tudo aquilo que sempre fez a fama de Ophuls. Uma pena. Muita gente considera este filme um dos maiores da história. Onde? Nota 3.
A DAMA DO LAGO de Robert Montgomery com Audrey Totter
A idéia é arrojada: fazer um policial noir em câmera subjetiva. O herói jamais é visto ( só quando se olha no espelho ) a câmera é o olho desse detetive. Mas essa idéia não funciona. Queremos ver as reações do herói, queremos ver o ambiente onde tudo ocorre, nos cansamos de olhar para rostos que falam olhando para nós. Fato muito interessante: sem a distração de nossos pensamentos, o que olhamos numa conversa é absolutamente banal. O filme se torna árido, mas jamais indiferente. Audrey Totter tem uma sensualidade perversa eletrizante e o enredo tem tanta podridão que nosso interesse se mantém. Mas seria muuuuuito melhor se feito sem a tal câmera subjetiva. Nota 6.
SER OU NÃO SER de Ernst Lubistch com Carole Lombard e Jack Benny
Vamos ver se consigo explicar a história: na Polonia de 1939 ( o filme é de 44 ) uma trupe de atores judeus vê os nazistas invadirem Varsóvia. Sem teatro e na miséria eles acabam ( através de mirabolante e muito bem escrita história ) tomando o lugar dos verdadeiros nazistas e se passando até por Hitler, salvando assim um espião da RAF. O burlesco impera. Lubistch não tem o menor pudor de zombar de nazis em plena guerra. Mas ele também zomba de atores e suas pretensões. O filme é uma delícia! Lombard brilha como a atriz cortejada pelos nazis e Benny é seu marido, um ator-pavão que se torna herói. É impagável. Nota 8.
DOMÍNIO DE BÁRBAROS de John Ford com Henry Fonda, Dolores del Rio e Pedro Armendariz
Um filme muito estranho. Fala de padre que é perseguido em revolução mexicana. O padre é um tipo de martir culpado e as atrocidades se amontoam. É um filme hiper-católico e hiper-carola. Mas algo o redime. A maravilhosa fotografia de Gabriel Figueroa. O México jamais foi tão misterioso, gótico, irreal e infernal. Trabalho de gênio. Mas é um drama muuuito estranho.... Nota 5.
A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Lasse Hallstrom com Robert Redford, Morgan Freeman, Jennifer Lopez e Josh Lucas
Hallstrom dirigiu Minha Vida de Cachorro. Ele é muito bom para esse tipo de filme bucólico, sensível, humano. Aqui temos Redford ( muito bem ) como um rancheiro que vive em semi-isolamento com seu amigo ( Freeman ) aleijado por ataque de urso. Jennifer é sua nora, que vai viver lá fugindo de namorado violento. O filme é sobre a reconciliação. É bonito. Fácil de ver, muito bem narrado e todos os atores estão ótimos ( inclusive J-Lo ). Mas, como quase sempre acontece com Hallstrom, falta a criatividade, a fagulha que faz de um filme ok um filme marcante. Nada aqui é ruim, mas nenhuma cena é forte. É bacaninha. Nota 6.
MORTE SOBRE O NILO de John Guillermin com Peter Ustinov, David Niven, Maggie Smith, Bette Davis, Jane Birkin, Angela Lansbury
Hercule Poirot investiga mortes em viagem pelo Nilo. Ustinov está delicioso como Poirot e Niven dá classe ao todo. Mas o jovem casal central, feitos por Lois Chiles e Simon MacKindale, é de canastrice irritante!!!! E ainda tem Mia Farrow como a principal suspeita, hiper-atuando. Um filme que não flui, em que pese a delicia de se ver tantos medalhões. Nota 4.
A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Michael Hoffman com Helen Mirren, Christopher Plummer, James MacAvoy, Paul Giammati
Tolstoi em seus últimos dias, tendo seu legado disputado por sua esposa e por seus discipulos. Tolstoi, nos últimos anos de sua longa vida, abriu mão de sua fortuna e de sua arte em pró de sua crença. Ele lançou o toltoianismo, um tipo de pacifismo marxista vegetarianista. O filme mostra os embates entre a condessa sua esposa, que ama o Tolstoi nobre e escritor genial, e o líder do tolstoianismo, que parece estar de olho em sua herança. Helen Mirren brilha. Sandra Bullock ter lhe tirado um segundo Oscar é piada de péssimo gosto. Mas Plummer, MacAvoy e Giamatti, todos brilham, todos se entregam aos papéis invulgares. A cena da morte de Tolstoi é belíssima. E terrivelmente dura. Faltou um diretor de maior ambição, um diretor que criasse cenas de impacto e não apenas que se deixasse levar pelo texto e pelos atores. Hoffman nunca atrapalha, mas também nada cria. Mas, em tempos de gnomos e que tais, é um filme especial. Nota 7.
UMA GAROTA DIVIDIDA EM DOIS de Claude Chabrol com Ludivine Sagnier
O grande Chabrol erra aqui. Veja bem, não é um filme ruim, é apenas um filme sem porque. Uma garota ama um escritor velho e é cortejada por playboy bilionário. E daí? E daí nada. Não há nenhum aprofundamento, nenhuma surpresa, nada de belo ou de diferente. Chabrol não erra, mas e daí? Claude Chabrol é o mais querido dos diretores da nouvelle-vague nos EUA. Ele tem uma sucessão de bons filmes de suspense ( quando critico ele amava Hitchcock ). Mas aqui, aos 82 anos, ele faz um filme inútil. Nota 3.

O MILAGRE DE ANNIE SULLIVAN/ OPERAÇÃO FRANÇA/ EDUCAÇÃO/ O CORCEL NEGRO

O MILAGRE DE ANNIE SULLIVAN de Arthur Penn com Anne Bancroft e Patty Duke
Eu resistí muito a assistir este filme. Sabia sobre a peça na qual foi baseado. A história real de Helen Keller, menina surda-muda e cega, que com a ajuda de Annie Sullivan se torna não só "um ser-humano" como uma intelectual. Eu imaginava uma chatice melosa e edificante. Nunca é.
Já nos letreiros de abertura vemos que o clima é outro : seco. Mas não é só isso. O filme, com brilhante fotografia de Ernest Caparras e trilha perfeita de Laurence Rosenthal, é dirigido com soberba garra pelo então jovem Arthur Penn, que faria cinco anos depois BONNIE E CLYDE.
Helen nasce em rica família do sul, século XIX. É mimada por pai e mãe e é esse o maior empecilho que Annie deverá vencer, disciplinar a criança. A própria Annie é uma ex-cega, interna de orfanato, extremamente sofrida. O encontro de Annie e Helen, uma desafiando a outra, brigando e vencendo, é das coisas mais poderosas já vistas em palco ou tela.
Veja a cena em que Annie ensina Helen a usar o garfo. São oito minutos, em edição de gênio, em que Bancroft e Duke se engalfinham em feroz luta física. As atrizes chegam ao limite. Nós chegamos ao limite de nossa empolgação. O filme, ele próprio um milagre, jamais chantageia, jamais lacrimeja, chega até a fazer rir, é obra de inspiração.
Perfeição : Cenas da memória de Sullivan, pesadelos granulados, desfocados, de arte suprema. O confronto com o pai de Helen, embate entre duas atuações perfeitas, e acima de tudo o trabalho de Bancroft e de Duke. Se alguém disser se tratar de as duas maiores atuações da história do cinema não estará longe da verdade.
Anne Bancroft levou o Oscar por este filme. Bateu Kate Hepburn, Bette Davis e Geraldine Page nesse ano muito forte. No futuro seria a miss Robinson de A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM. Atriz de teatro ( considerada na Broadway a top ) casada com Mel Brooks ( que belo casal !!!! ) nunca quiz ser a star que poderia ter sido. Seu desempenho é coisa de pura genialidade. Uma mulher fortíssima e cheia de dor, de uma teimosia de rocha e na maravilhosa cena final ( um "I LOVE " jamais foi dito com tal emoção ! ) digna de uma feiticeira. Voce jamais deixará de amar Anne Bancroft após esta atuação.
Patty Duke também ganhou seu Oscar nesse filme. O que pode ser dito é que ela enfrenta Bancroft e não é vencida. Papel difícil ( sem voz e sem olhar ) nos comovemos mas não sentimos pena. E isso é nobre : nunca sentimos pena de Keller. Torcemos, mas não sentimos pena. Patty tornou-se a queridinha da América com esse papel. Mas na sequencia veio a era Hippie e Patty se perdeu na loucura da época. O que está aqui gravado para a eternidade prova sua gigantesca magnitude. O encontro das duas, a briga sem trégua, faz com que a tela exploda.
O tema do filme é vital. Professores e psicólogos ( e pais ) se identificarão de forma visceral. Trata de educação. Mas vai fundo. Toca no que significa ser um humano. E mostra que ser humano é nomear as coisas. A batalha : como fazer alguém que nunca enxergou ou escutou entender uma palavra ? Despertar o cérebro, como ? Sullivan primeiro a domestica, treina suas respostas à sinais. Keller aprende, como um cão, que tal sinal significa um bolo e tal sinal significa mãe. Mas isso é treino, reação automática. Na mente de Keller ainda não há o conceito abstrato, a descoberta de que TUDO tem seu nome. Essa iluminação se dá no final do filme, numa das cenas mais lindas e críveis do cinema. Helen Keller entende que nomear não é reagir a um sinal, que tudo é um nome PARA ELA, que as coisas existem e que ela existe !
Não descreverei essa cena. É de uma simplicidade e de uma beleza exemplar. Marca sua vida e sua consciência do que seja viver. Engrandece a arte do cinema.
Este filme, titanico, incrivelmente baseado em fato real, é milagre de precisão, de honestidade e de humanismo.
Porque não se fazem mais filmes como este ? A resposta é simples : porque não existe mais gente como Penn, Bancroft e Duke.
Ah sim, o filme perdeu os prêmios de filme e direção para LAWRENCE DA ARÁBIA. Preciso rever o filme de David Lean. Nota.... como dar um número a tal jóia de humanidade pura ? I LOVE HELEN.

A MARSELHESA de Jean Renoir
De todos os grandes nomes amados por cinéfilos ( Dreyer, Ozu, Bresson, Murnau ) nenhum é mais decepcionante que Renoir. Ele tem bons filmes, mas está longe da profundidade de Dreyer ou da beleza de Murnau. Nota 2.

O CORCEL NEGRO de Carroll Ballard com Mickey Rooney, Kelly Reno e Teri Garr
Plásticamente é uma obra-prima. Beleza e ritmo, poesia simples e nada pretensiosa. Um imenso prazer assistir este filme muito infantil e muito vital. O comentei abaixo. Leia. Nota Dez.

EDUCAÇÃO de Lone Scherig com Carey Mulligan, Peter Sarsgard e Alfred Molina
A elegancia abunda. 1960 é época de suprema beleza. Roupas e modos nos trazem testemunho do que perdemos com o vale tudo de maio de 68. Colocar um cara de bermudas e tênis ou uma menina de havaianas e short naquelas cenas seria o equivalente a tocar pagode na capela Sistina.
O filme mostra menina boa aluna se apaixonar por espertalhão mais velho. Há um problema de roteiro. Tudo o que acontece é óbvio demais. E, sinal dos nossos tempos, não podemos ver sequer um beijo entre os dois ! Sexo hoje só em filmes "chocantes".
A atuação de Carey é ok e de Peter é menos que isso. Molina dá um show como o pai. A cena em que ele tenta consolar a filha é gigantesca. Único momento em que o filme toca o sublime. No mais é um bonito passatempo que até termina bem com sua defesa ( conservadora mas verdadeira ) da educação.
Tem gente que pergunta o porque de naquela época a França ter uma força cultural tão grande e hoje ser tão pequena. Simples resposta : a educação era melhor. Não era técnica, era humanista. Não se formava um bom profissional, se formava um homem culto. Um país que sempre amou a arte, a narrativa e a discussão era centro de atração.
O filme é nota 6.

ESTA MULHER É PROIBIDA de Sidney Pollack com Natalie Wood, Robert Redford e Mary Badham
Texto menor de Tennessee Willians. Natalie é bonita, mas está péssima no filme. Ela faz uma vulgar sedutora de homens ( transa com toda a cidade ) aliciada pela mãe cafetina. Redford, correto como sempre, faz o "despedidor de funcionários " que se encanta por ela. Como o texto é de Willians esperamos o trágico. Pollack o suaviza. O filme é todo errado. Tenta escapar da tragédia, fica num edulcorado novelão. De bom a fotografia do gênio James Wong Howe e a atuação da estranha Mary Badham como a irmã mais nova que se aliena. Nota 6.

OPERAÇÃO FRANÇA de William Friedkin com Gene Hackman, Roy Scheider e Fernando Rey
Eis o grande ganhador do Oscar de 1971. Friedkin, antes de Coppolla e Scorsese foi o cara da turma jovem que venceu. E também foi o primeiro a pirar. Este filme policial é soberbo. Em cada fotograma percebemos a vaidade e arrogância jovem de seu diretor. Tudo é cheio de toques ousados, de invenções, de violência e de confiança.
A história trata de dois policiais em busca de drogas. Gene Hackman que ganhou seu primeiro Oscar aqui, faz Popeye Doyle de forma suja, feia, maníaca. É um herói muito desagradável. Funciona. Se tornou um personagem mítico. O filme, com trilha sonora dura e estridente, tem sangue, perseguições pela cidade imunda, cãmera na mão e inquieta, cenas que parecem de documentário. Inaugura o moderno cinema policial americano. Bebe em Jean-Pierre Melville.
Há uma longa perseguição pelo metrô que é ápice de técnica. Ironia do filme : ele inaugura também o domínio da técnica pura sobre a inspiração. O filme é frio. Mecanismo que funciona excelentemente, mas é um mecanismo. Não pensa.
Mas é forte, viril, e tem o frescor de ser o primeiro, o descobridor. Vemos nele o futuro do cinema. Futuro que é o nosso agora. New York nunca foi tão feia. Nota DEZ.