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FILME NOIR E WESTERN

   CHISUM de Andrew V. McLaglen com John Wayne
Wayne defende suas terras de um "barão de terras". Surpreendentemente bom, visto que o diretor se tornou famoso por estragar boas produções. O filme é de 1970, da fase final de Wayne, quando ele fazia 3 ou até 4 filmes por ano para pagar suas contas ( ele falira em 1960 ). Pode ver este, ele é bem bom.
   A QUADRILHA MALDITA de Andre de Toth com Robert Ryan e Tina Louise.
Lembra de Os Oito Odiados do Tarantino? Pois é, aqui está ele. Dentro de um barracão-hotel, no fim do mundo, entre sujeira e gelo, um cara do bem tenta livrar o lugar de um bando de estupradores e ladrões imbecis. Eu não gostei do filme, mas talvez esteja errado. Ele é muito crú e não parece ser um filme de 1959, tem cara de 1979. Robert Ryan é talvez o maior ator americano de seu tempo...e o menos lembrado.
   UM PECADO EM CADA ALMA de Rudolph Maté com Glenn Ford e Barbara Stanwyck
Um pacato dono de terras resolve vender sua propriedade para um vizinho rico e ganancioso. Mas muda de ideia e organiza um bando para não ser "convencido" a vender. Maté, dinamarquês, foi diretor de fotografia de Dreyer. Nos EUA, se tornou um dos grandes diretores de imagens do cinema, mas apenas um diretor de filmes ok. A gente adora odiar Stanwyck.
   À BORDA DA MORTE de Richard D. Webb com Robert Ryan e Jeffrey Hunter
Numa cidade corrupta, um xerife tem de lutar mesmo sofrendo de crises de cegueira. Cá está o grande Ryan em mais um western. E, tenho certeza, voce vai se deixar envolver pela sua dureza frágil. Um western médio, daqueles que eram feitos às centenas para lotar os cinemas de bairro e do interior. Hoje a gente tem saudade deles.
   HOMENS INDOMÁVEIS de Allan Dwan com John Payne, Lizabeth Scott e Dan Dureya.
Um dos motivos do fim do filme de faroeste foi a TV. Mas o principal foi o limite claro que existe no gênero. Assim como o filme de HQ, o western tem pouca chance de criação. Ele possui um número restrito de temas, de ambientes e de assuntos. Quando deixa isso tudo de lado não é mais um western, vira outra coisa. Com o filme noir isso não aconteceu e por isso ele sobrevive até hoje. Os temas e os ambientes do noir podem ser modificados à vontade, já o western não. Este é um filme ruim.
   A RENEGADA de Allan Dwan com Audrey Totter e John Lund.
Críticos franceses descobriram Dwan nos anos 50. Ele é apenas ruim. Um diretor de muita ambição e pouca realização. Detestei este filme.
  UM PREÇO PARA CADA CRIME de Bretaigne Windust com Humphrey Bogart
Bogey é um promotor que vê suas testemunhas sendo eliminadas. Zero Mostel é sua última chance e ele não pode deixar que ele morra ou desista de testemunhar. Muito bom. Bogey está frio como aço e a fotografia é linda, sombras numa cidade úmida. Um noir dos bons.
  SOMBRAS DO MAL de Jules Dassin com Richard Widmark
Já tendo fugido para a Inglaterra, Dassin chama Widmark e filme este triste drama noir. Widmark é um pequeno malandro que sonha em dar um grande golpe. Mas ele falha e o filme é de um pessimismo total. Tudo funciona aqui: Londres, as ruas, os atores, a trilha sonora.
  A MALETA FATÍDICA de Jacques Tourneur com Aldo Ray e Brian Keith
Uma maleta cheia de dinheiro cai na mão de um cara. Mas esse dinheiro é da máfia. Ele passa a ser caçado. Tourneur sabia fazer qualquer tipo de filme. Só musical ele não fez. Filme de guerra, piratas, westerns, noirs, comédia, filme de terror...Este é dos bons.
  DO LODO BROTOU UMA FLOR de Robert Montgomery com ele e Wanda Hendrix
Montgomery, ator famoso desde os anos 30, vai ao Mexico fazer este filme estranho. E belo. O tema é a chantagem e o azar. Como ator, Montgomery brilha em sua frieza desiludida, como diretor, ele funciona: o filme é diferente.
  MERCADO HUMANO de Anthony Mann com Ricardo Montalban
Anthony Mann, um grande diretor, dos maiores, começa sua carreira no filme noir. Este fala dos mexicanos que cruzam a fronteira como ilegais. Um agente americano se infiltra nos grupos de chicanos para tentar descobrir os vendedores de passagens. Um tema ainda atual. O filme é quase um documentário.
  PRECIPÍCIOS D'ALMA de David Butler com Joan Crawford, Jack Palance e Gloria Grahame
Mio Dio!!! O filme começa como um inacreditável novelão com um canastríssimo Palance. Ele é um ator que se casa com uma famosa escritora. Mas então...o filme muda e vira um noir em que ele tenta a matar. Gloria, sempre sexy, faz a amante. Um filme muuuuito esquisito e meio doentio.
  NA NOITE DO CRIME de Norman Foster com Ann Sheridan e Dennis O'Keefe
Um cara foge em San Fran. Apenas isso. E que "isso"! Um pequeno filme noir com excelente direção e clima de sobra. O legal dessas caixas de filme é que, como já estamos na caixa 8, os filme óbvios já foram editado e agora surgem as surpresas. Como este, que estava completamente esquecido.
  A CICATRIZ de Steve Sekely com Paul Henreid e Joan Bennett.
Nunca na vida ouvi falar deste diretor! Mas conheço bem os atores e o fotógrafo, John Alton. Um ex prisioneiro, após cumprir pena parte para o crime. E para isso, ele toma o lugar de um psiquiatra parecido com ele. O tema é o duplo, o roteiro é inverossímil, mas é daí...o filme tem suspense e é bom pacas!
  TRÁGICO DESTINO de John Farrow com Robert Mitchum e Claude Rains.
Uma obra prima! O grande ator do noir, Bob Mitchum, é um médico que sem querer, se envolve no mundo do crime. Faith Domergue, uma atriz ruim, aqui faz a mulher fatal, e está ótima! O filme se parece com um pesadelo. É uma diversão cruel.
  A MORTE RONDA O CAIS de Phil Karlson com John Payne
A esposa de um taxista é morta pelo amante. O marido é dado como suspeito e foge da policia. Excelente filme B. Rápido e ágil, ficamos envolvidos pelo destino do pobre "trouxa". Veja!!!
 

WESTERNS- DUNQUERQUE- CHURCHILL E MAIS

   O DESTINO DE UMA NAÇÃO de Joe Wright com Gary Oldman e Kristin Scott Thomas.
Wright já é dono de uma carreira sólida. Ele faz filmes que prezam acima de tudo seus atores. E melhor, ele conta sua história sem se exibir. Quando deseja mostrar sua marca, faz travellings bonitos como aqui aqueles das ruas de Londres. Para quem ama a história inglesa, é obrigatório. Oldman está bem como sempre, Kristin também. O filme vai contra a maré do PC, ele retrata um homem velho, conservador, machista e branco. Dá um jeito de botar uma menina na história pra ficar mais anos 2000. A cena no Underground, fantasia pura, é linda. E brega. Funciona. Gostei muito. É um filme de cinema.
  DUNKIRK de Christopher Nolan
A história real é um tipo de milagre. Tinha tudo para ser um massacre de civis e de soldados acuados. Não foi. Nolan faz aquilo que fez em todos os seus filmes: retira tudo de sensacional e faz de um ato de heroísmo uma coisa fria. O filme não tem emoção. De certo modo é um milagre de Nolan, transformar um dos momentos mais emocionantes do século XX, numa coisa bonita de se ver e fria de se sentir.
  NAS MARGENS DO RIO GRANDE de Robert Parrish com Robert Mitchum
Mitchum é um americano que vive no Mexico. Cruza a fronteira de volta ao lar, mas logo se mete em confusão. O filme é muito esquisito. Na verdade falta uma história. Olhamos e não nos ligamos.
  BARQUERO de Gordon Douglas com Lee Van Cleef e Warren Oates
Na velha TV Record, este filme passava todo mês. Nunca o vi na época, e não perdi nada. É uma porcaria. Uma tentativa americana de se fazer um faroeste italiano. Cleef é o macho alfa, um cara que cruza um rio numa barca. Oates o ladrão que precisa cruzar o rio. Cleef não deixa. Violento, bobo, sem história, tolo, histérico.
  PAIXÃO DE BRAVO de Nicholas Ray com Susan Hayward, Robert Mitchum e Arthur Kennedy.
Vendido como western, mas não é. Se passa nos anos de 1950, que é quando foi feito. Mitchum, excelente com seu rosto de derrotado,  é uma ex estrela de rodeio. Kennedy e Hayward são um casal de camponeses. Kennedy quer ser um astro, Mitchum o ajuda. O filme é maravilhoso, talvez o menos conhecido e o melhor de Ray. É um filme de estrada, com um preto e branco lindo. Os atores estão perfeitos e até o tema, desagradável, nos seduz. Nos anos 60-70-80, Ray era considerado um gênio. Nunca foi. Estará hoje esquecido? Voce assiste este filme, gosta do que vê, e quando ele acaba sente ter estado diante de um grande, grande filme.
  FORA DAS GRADES de Nicholas Ray com James Cagney.
Outro grande ator e outro filme pouco conhecido de Ray. Cagney, agressivo e agitado, é um ex prisioneiro que vira sheriff numa cidade do oeste. A história é simples e cheia de ação e o filme é uma diversão ótima. E ainda com um belo subtema sobre moral. Veja.
 
 
   O CICLO DO PAVOR de Mario Bava
Bava hoje tem o status de ser cult. Bobagem. Ele é apenas um diretor ruim. O povo cult tem um desejo imenso de descobrir novos nomes e nos anos 80 encontraram este italiano, autor de filmes de horror gore. Se voce tiver muito bom humor dá até pra rir, mas é um filme ruim. Fala de um cara que chega numa cidade maldita.
  LOBO SAMURAI de Hideo Gosha
Feito em 1966, este maneiroso filme de samurai já apresenta influências do western italiano. Música alta e gritante, ângulos de câmera ousados, violência gráfica. Um samurai solitário e pobre chega a cidade e resolve a vida de uma moça cega. Engraçado que foi Kurosawa, com Yojimbo, quem criou o  molde de Leone e Clint, e aqui a influência volta ao Japão. Este é um filme barato, mas divertido.
  DERSU UZALA de Kurosawa
Em 1974, em crise moral, esquecido no Japão, o mestre foi à URSS filmar esta história simples e ecológica sobre um velho mongol que ajuda soldados russos na Sibéria. É um filme belíssimo e franciscano. Percebemos Kurosawa em seu momento de renascimento. Dersu é como uma vela na noite escura.
  CIÚME À ITALIANA  de Ettore Scola com Marcello Mastroianni, Monica Vitti e Giancarlo Giannini.
Era 1976, e eu assisti este filme com meu irmão na TV Sharp nova. Engraçado como tem coisas tão distantes que a gente não esquece. Eu e ele nos apaixonamos pelo filme, por Marcello e por Monica. Lembro de ficar imitando Oreste, o tipo de Mastroianni aqui. Nunca mais o revi. E agora penso ser difícil o rever, pois é um filme feito em 1970, no auge da Itália comunista, de Gramsci. E, sim, o filme é sujo, filmado em meio a pobreza, entre operários, Marcello faz um comunista típico. Mas o filme é tão bom que sobrevive. Marcello ama Monica que conhece Giancarlo e trai Marcello. Os atores brilham de um modo comovente. Oreste é patético, burro, sensível, tonto, correto, humano. É talvez a maior atuação de Marcello, esse ator, esse italiano, talvez o maior dos atores em qualquer língua. Mas Giancarlo é sublime. Seu pizzaiolo, malandro ingênuo, nos conquista. É o melhor filme de Scola.
   PROFISSÃO: LADRÃO de Michael Mann com James Caan e Tuesday Weld.
O primeiro filme de Mann é seu melhor. Caan faz um ladrão de joias que aceita um último trabalho. Todo noturno, feito em 1981, este filme antecipa o cinema policial da década inteira e ao mesmo tempo resume os anos 70. É quase uma obra-prima. Fatalista, simples, seco, bonito, com um Caan brilhante. ( Ele foi uma estrela tão Grande quanto Pacino, De Niro e Jack ).
  CAÇADOR DE MORTE de Walter Hill com Ryan O'Neal e Isabelle Adjani.
Continuo vendo o box policial e encontro este filme de 1978. Ryan faz um calado motorista de aluguel. Bruce Dern é o policial que tenta o pegar no flagra. Ryan aceita um grande assalto e os dois jogam o gato e rato. Hill tem uma imensa influência do cinema japonês. Suas personagens são samurais em roupas ocidentais. É um bom filme. O roteiro tem furos, mas a gente relaxa e se diverte.
   O HOMEM QUE BURLOU A MÁFIA de Don Siegel com Walter Matthau e Felicia Farr.
Numa cidade pequena acontece um roubo a banco. E sem saber, o dinheiro que eles roubam é da máfia. Agora eles devem escapar da policia e dos mafiosos. Matthau é o ladrão. Siegel é o cara que fez Dirty Harry. O filme é um dos bons policiais dos anos 70. A trilha sonora de Dave Grusin é brilhante. Aquele funk sincopado com piano elétrico da época. Tempo das grandes trilhas sonoras. O filme é divertido pacas.
   OS AMIGOS DE EDDIE COYLE de Peter Yates com Robert Mitchum e Peter Boyle.
Peter Yates é o inglês que fez com Steve McQueen o genial Bullit. Este é um policial soturno. Nos extras eles dizem que este filme lembra Grisbi, a obra prima de Jacques Becker sobre um gangster velho e cansado. Não. Este é muito mais trágico. Mitchum é um ladrão assustado. Ele está cercado por delatores e ladrões fracassados. O filme é lento, pesado, duro. Mitchum faz a perfeição esse homem em fim de linha. Um quase morto. veja.

O MENSAGEIRO DO DIABO....SEMENTE DO MAL....SHAKESPEARE NA WARNER...

   O MORRO DOS VENTOS UIVANTES de William Wyler com Laurence Olivier, Merle Oberon, David Niven, Flora Robson.
A fotografia de Gregg Toland é maravilhosa, um treino para Kane. Olivier não tem medo da fúria de Heathcliff e se deixa conduzir por Wyler, talvez o maior dos diretores de atores de Hollywood. Já Merle não está a altura de Cathy. Faz uma versão bem comportada de uma força feminina da natureza. O filme é muito bom, forte e com tinturas de horror. Para quem ainda não sabe, Whutering Heights é o grande monumento do romantismo e foi filmado centenas de vezes, inclusive por Bunuel ( que fracassou ). Só neste século conheço mais 4 refilmagens do livro. Todas equivocadas. Este é o que chega mais perto ( apesar de ignorar todo o miolo do livro, ou seja, 50% ). Heathcliff é um mestiço que cresce com Cathy, a filha legítima. Quando adulto é humilhado e foge. Faz fortuna na América e retorna. O livro fala de novos tempos, de destino, de racismo, de maldição, de sexo. E da morte, todo o tempo fala da morte. Um belo filme!
  SEMENTE DO MAL de Billy Wilder
O raro primeiro filme de Wilder, feito na França em 1932. De Wilder ainda não se percebe o cinismo, mas o filme tem frescor e é todo filmado nas ruas de Paris. É um filme sobre carros. O filho mimado de um ricaço que perde seu carro e se une a ladrões de automóveis. Um filme de ação. Deve ser conhecido. A imagem está restaurada.
  SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO de Max Rheinhardt e William Dieterle com James Cagney, Olivia de Havillande, Mickey Rooney, Joe E. Brown, Dick Powell, Anita Page.
O primeiro filme que vi na vida ( aos 6 anos ), na TV em um dia de Natal. A peça de Shakespeare é tratada em termos de comédia da Warner, mas tem ainda muita magia e uma beleza etérea esfuziante. Os cenários cintilam em prata, as roupas flutuam, o filme voa. Rooney rouba o filme. Seu Puck é um Iggy Pop antes do tempo. Um moleque selvagem que grita e relincha. Max Rheinhardt era o grande diretor de teatro da Alemanha. Fugiu para os EUA e dirigiu esta peça ao ar livre em Los Angeles. Aqui ele faz seu único filme com a ajuda de outro refugiado, o grande Dieterle, que na Alemanha fora ator e nos EUA se tornaria um grande diretor de filmes "encantados". O filme tem momento de grande "tolice", mas a magia das cenas compensa suas 3 horas. Bonito.
  O MENSAGEIRO DO DIABO de Charles Laughton com Robert Mitchum e Shelley Winters
Laughton só fez este filme como diretor. Mas, como ator, foi um gigante na Inglaterra e em Hollywood. Sempre é um prazer ver esse monstro na tela. Sua direção aqui se tornou lenda. O filme foi um fracasso absoluto em 1955, hoje é um clássico. O "problema" do filme era sua inteligência. É um filme dos anos 80 feito nos anos 50. Um pastor mata as mulheres com quem se casa. Um menino esconde o dinheiro do pai ladrão, morto pelos policiais. O pastor se casa com a mãe do menino. E o tortura para ter o esconderijo do dinheiro revelado. O menino foge. O horror campeia o filme. É um retrato do inferno, dos piores medos infantis. E ao mesmo tempo o filme tem um clima de fábula arcaica, de fantasia mítica. É assustador e é bonito. A fuga no rio é uma das coisas mais fortes já filmadas. Obra-prima.
   O VENDEDOR DE ILUSÕES ( THE MUSIC MAN ) de Morton da Costa com Robert Preston, Shirley Jones e Hermione Gingold.
Um malandro, em 1910, chega à uma pequena cidade de Iowa e consegue vender para todas as pessoas instrumentos musicais. Um detalhe: ele não sabe nada de música e se diz professor e maestro. O filme é maravilhoso. Grande sucesso na Broadway, tiveram a sabedoria de manter Preston como estrela. Ele dá uma interpretação cativante. Amamos esse malandro. As canções são cantadas numa espécie de fala, um rap antes do tempo. Técnica difícil, letras elaboradas, uma coleção de grandes músicas de Meredith Wilson. ( Uma delas foi até regravada pelos Beatles ). O filme, com 3 horas de duração, é uma delicia todo o tempo. Festa para olhos e para o coração.
   FOMOS OS SACRIFICADOS de John Ford com Robert Montgomery e John Wayne.
Comprei um box com filmes da segunda guerra. Este é um John Ford que ainda não havia saído em dvd no Brasil. Fala a história de um bando de marujos nas Filipinas que provam a utilidade das lanchas torpedeiras. Wayne faz o tipo impulsivo e Montgomery o ponderado. Não é um dos grandes filmes de John Ford. A impressão é que ele tenta fazer uma aventura ao estilo de Hawks e não consegue.
   48 HORAS! de Alberto Cavalcanti com Leslie Banks e Elizabeth Allan.
Cavalcanti era brasileiro. Rico, foi para a Europa nos anos 20 fazer cinema. Primeiro na França e depois na Inglaterra, conseguiu se tornar um conceituado diretor. Voltou ao Brasil nos anos 50 para ajudar na Vera Cruz. Quando viu que a companhia paulista era um buraco, voltou à Europa, mas já sem a mesma pegada. Ainda pode ser considerado o diretor brasileiro de mais importância a trabalhar fora daqui. Ele tem clássicos feitos na França, na Inglaterra ( seu país favorito ) e na Alemanha. Este conta a invasão de uma cidadezinha inglesa por uma tropa de nazis disfarçados de soldados ingleses. A própria população irá descobrir a farsa. É um daqueles filmes que exalta a bravura do inglês comum em plena luta contra Hitler. É um bom filme.
  THE STORY OF G.I. JOE de William Wellman com Robert Mitchum e Burgess Meredith
É uma obra-prima. Wellman serviu na primeira guerra na esquadrilha Lafayette, ou seja, ele pilotou contra o Barão Vermelho. Quando voltou aos EUA, sem ter o que fazer, entediado, foi fazer filmes. Se tornou um dos melhores diretores do cinema. Aqui ele tece o elogio ao soldado de infantaria, o cara que faz a parte mas suja, dura e cruel de uma guerra. Enquanto o piloto da aeronáutica morre limpo e como herói, o soldado vive na lama e morre na sujeira. É uma aventura suja, triste, cruel. Cheia de dor, lama, soldados que enlouquecem, chuva, e camaradagem. Wellman não alivia e faz uma obra tão corajosa como os melhores filmes neo realistas da época. Ele odeia a guerra e ama os soldados. O filme tem de ser visto e o considero um dos 5 melhores filmes sobre o assunto já feitos. Mitchum, bem jovem, está brilhante como um soldado desiludido.
   PROIBIDO! de Samuel Fuller
Na Alemanha que se rende, o romance proibido entre um soldado americano e uma alemã. Em 1945 era proibido o contato entre soldados e a população alemã. Todo alemão era considerado um nazista. Eu não gosto de Fuller. Os franceses o chama de gênio desde os anos 50. Eu o acho exibido, exagerado, chato.
   AMARGO TRIUNFO de Nicholas Ray com Richard Burton e Curt Jurgens.
Ray, o diretor de clássicos de James Dean e de Bogart, filma uma aventura no deserto da Libia. Burton é um soldado intelectual e cínico. Jurgens é um oficial que esconde sua covardia. Os dois amam a mesma mulher e partem para uma missão. Eles se odeiam e um tenta destruir o outro. Mais que os alemães, eles são seus inimigos. É um filme tenso, bastante cruel, amargo até o fim. Burton está ótimo em seu papel de pessimista. Jurgens rouba o filme. O comandante é ridículo sem ser caricato. A fotografia é ótima!
  MERCENÁRIOS SEM GLÓRIA de Andre de Toth com Michael Caine e Nigel Davenport.
Que bela surpresa!!! Eis um filme de 1968 que brinca com os filmes dos anos 60 que mostravam equipes legais em missões perigosas. Aqui a equipe é suja, sem charme e feita por um bando de ladrões baratos. Menos Caine, que faz o elegante certinho, que segue a ética. A missão é suicida, claro, mas a conclusão é uma surpresa. O filme nada tem de engraçado, ele é sórdido. Andre de Toth foi um diretor americano que fez de tudo. Filmes de ficção científica que se tornaram clássicos, faroestes excelentes, policiais ótimos e até filmes de piratas. Nunca vi um filme seu que não fosse bom. E ele fez dúzias e dúzias. Este é mais que bom. É ótimo.

PETS....HUSTON....WOODY ALLEN...MARGOT ROBBIE...JUDY GARLAND

   JOHN CARTER de Andrew Stanton
Como diretor de desenhos animados, Stanton é ótimo. Mas aqui lhe deram um roteiro muito ruim. Conheço o personagem John Carter desde criança. Ele foi criado por Edgard Rice Burroughs, o autor do Tarzan. Carter é um terrestre que vai lutar em Marte. Aqui essa premissa, que poderia dar numa boa besteira, é jogada fora. O que vemos é um filme com visual feio, personagens ocos e ação sem sal. Esquece.
   ESQUADRÃO SUICIDA de David Ayers
O elenco é ótimo e se sai bem. Dentre eles, Margot Robbie se mostra uma presença luminosa! Sua personagem, das trevas, é louca, violenta ao extremos e muito sexy. O filme é um pouco violento demais, mas é tão aloucado que acaba funcionando. Os heróis são bandidos terríveis, Will Smith entre eles, que são usados pelo governo para lutar contra o Coringa. Pode ver que vale.
   VIZINHOS 2 de Nicholas Stoller com Seth Rogen, Zac Efron, Rose Byrne e Chloe Moretz.
Uma fraternidade de meninas aluga uma casa. Os vizinhos tentam sabotar suas festas. E é só isso. Uma comédia de pouca graça, mas que a gente vê meio que na boa...Na verdade é tão inofensivo que nem chega a irritar.
   PETS, A VIDA SECRETA DOS BICHOS de Chris Moyer
Roteiro bom. Tem alguns desenhos que têm roteiro muito melhor que 99% dos filmes feitos hoje. Inclusive alguns têm implicações bastante sérias. Este tem roteiro hábil, mas nada tem de sério. A história é boa porque sempre que pensamos adivinhar o que virá em seguida, ele dá uma volta inesperada e muda de direção. Fala sobre pets, a vida social desses pets. E de um cachorro que se perde na rua e encontra uma gangue de bichos revolucionários. É engraçado, é inteligente, é simpático, é bom.
   CIDADE DAS ILUSÕES de John Huston com Stacy Keach, Jeff Bridges e Candy Clark.
Uma quase reportagem sobre o fracasso. Tema favorito de Huston, observe que mesmo em Freud ele escolhe falar dos fracassos do médico alemão. São boxers numa pequena cidade da California. Boxeadores que fracassam, que bebem, que amam mulheres horrendas. O filme é de uma beleza triste. Mas não deprime. O tema musical é lindo. Os atores brilham intensamente.
   BONITA E AUDACIOSA de Lloyd Bacon com Jean Simmons e Robert Mitchum.
Que filme bobo!!!! Simmons é uma rica menina que resolve dar dinheiro ao povo de uma cidade caipira. Mitchum, bem sonolento aqui, é um médico que sabe o porque da menina querer dar dinheiro. So what...
   AS GARÇONETES DE HARVEY de George Sidney com Judy Garland.
Não, não é um grande musical. Se passa no mundo do western. Judy é parte de uma rede de restaurantes que se instala numa cidade de cowboys. Então tá...
  CENAS EM UM SHOPPING de Paul Mazursky com Woody Allen e Bette Midler.
Woody e Bette moram em L.A. São ricos e saudáveis. Imagino que a aposta do filme é que a gente deva rir com Woody dizendo que LA é melhor que NY. E vendo ele passear em shopping de bermudas e rabo de cavalo. Ou seja, sendo um cara do tipo que ele mais odeia. Ok, isso não funciona. O diálogo é raso, os personagens previsíveis e o filme acaba parecendo apenas um passeio à tarde com um casal chato.

PETER O`TOOLE/ ALFONSO CUARÓN/ SINATRA/ ROBERT RODRIGUEZ/ FELICITY JONES/ OS DOUGLAS

   GRAVIDADE de Alfonso Cuarón com Sandra Bullock e George Clooney
Ao contrário do que fez Isabela Boscov, não vou comparar este filme de aventuras com a peça de arte conceitual chamada 2001. O filme de Kubrick está no mesmo saco dos filmes de Malick, são refelxões sobre a vida. No caso, 2001 talvez seja o mais profundo dos filmes. Este belo filme do muito bom Cuarón, está na senda de Star Wars ou de Alien, apuros espaciais. E eu adorei isto aqui. Há alguns anos escrevi que o cinema moderno nada mais era que um retorno ao cinema mudo. Primeiro tivemos a era de imagem e ação, filmes de Keaton, Chaplin, Murnau e Lang. A pureza do visual, as elaborações de cenários, atores que eram acrobatas e mestres em maquiagem. Depois veio a época do falado, a arte dos grandes diálogos, das belas vozes, de Mankiewicz, de Wilder, Bergman e Woody Allen. Gênios continuaram a misturar os dois, o visual e a voz, Fellini, Welles, Kurosawa etc. E hoje o que temos, já desde algum tempo, é a primazia da imagem sobre a voz. Os filmes que não revisitam o passado, que não tentam reviver Altman, Scorsese, Godard ou Peckimpah são visual e movimento a serviço do deslumbramento. Quem quiser entender o cinema de hoje deve procurar, e levar a sério, esse tipo de filme. São eles que contam nosso testemunho sobre este mundo. A verborragia dos anos 50 e 60 está viva apenas nos pseudo-novos cineastas cultores de um passado muito distante. Cuarón sabe disso. Seu filme, de uma simplicidade de A General, mostra uma habilidade com a câmera ( Emmanuel Luzbecki, Oscar certo ), raras vezes igualada. Os rodopios no espaço são um ballet dos mais apurados, belíssimos. A Terra é linda! A luz angelical do Sol banhando todo nosso organismo, tudo o que existe na nossa morada. E há o final, claro. Sandra Bullock na cápsula como um bebê com seu cordão umbilical, o parto, dificil, que é a queda na Terra e a saída da água, um nascer, um estar vivo. Ela anda hesitante, e o que sentimos é a alegria pelo nosso mundo existir. O filme atinge seu alvo, ao final estamos gratos pela vida. Confesso que chorei, um lago e uma árvore nunca me pareceram tão lindas. Esse final, uma simplificação do bebê de 2001, é perfeito. O filme, símbolo nobre daquilo que só o cinema ainda pode ser, é um filme anti-tv, deve e precisa ser visto. Nota DEZ.
   MACHETE MATA! de Robert Rodriguez com Danny Trejo, Michelle Rodriguez, Charlie Sheen, Sofia Vergara, Antonio Banderas e Mel Gibson
Uma decepção. O primeiro é uma divertida festa de violência camp e nudez alegre. Este é mais sério e bem menos inspirado. De bom só o presidente feito por Sheen e o vilão, ótimo, de Gibson. Chega a ser bem chato e parece looooongo....Nota 3.
   UM NOVO FÔLEGO de Drake Doremus com Guy Pearce e Felicity Jones
Um músico, cello, recebe em intercâmbio uma aluna inglesa ( ele dá aulas ). Óbvio que os dois vão se apaixonar. Óbvio que a familia vai vencer e os separar. E um diretor que se chama Drake Doremus!!! se acha um artista e vai filmar como tal. Ou seja, é um filme lento, triste, frio, mal filmado e silencioso. Há um desejo imenso de ser Bergman, mas o roteiro nada tem a dizer, então fica sendo um Bergman burro. Os atores estão muito bem, Felicity tem uma beleza de gente de verdade.Não passou aqui, mas deve passar lá por março ou abril. Nota 3.
   OS 4 HERÓIS DO TEXAS de Robert Aldrich com Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress
Aldrich foi um grande diretor de filmes de ação. Mas aqui, a serviço da turma de Sinatra, ele nada pode fazer. Sinatra filmava só para se divertir, e ás vezes ele se esquecia do público. Acontece isso aqui, ficamos vendo Frank e Dean, como dois cowboys, se divertirem com tiros, piadas, muitas mulheres e cavalgadas. Mas nós não nos ligamos em nada! Parece com assistir uma festa pela janela. Nota 1.
   AVATAR de James Cameron
Reassisti Avatar. Belo visual, história sem emoção. O filme é gelado como um picolé...de xuxú. Não há nada com que se apegar e a história é a mesma de milhares de westerns pró-indio dos anos 50. Belas imagens a serviço do tédio. Nota 4.
   DESBRAVANDO O OESTE de Andrew V. McLaglen com Kirk Douglas, Robert Mitchum, Richard Widmark e Sally Fields
Uma Sally Fields adolescente faz aqui sua estreia em tela grande. Bonita e com rosto de caipira do sul, ela enfrenta um trio de atores muito fortes. Kirk faz um deputado rico, que leva bando de colonos para o Oregon. No caminho, indios, desertos, montanhas e neve. Mitchum faz o guia, um mestiço cool que está ficando cego. Widmark é o explosivo rival de Kirk, um cara do povão. Os cenários são maravilhosos, faz com que a gente pensa nos estragos que tais lugares devem ter causados em europeus de 1800 acostumados aos cenários civilizados de sua terra. Tudo aqui é vasto, sem fim, extremo. O roteiro não dá conta de tanto assunto. Coisas se perdem sem serem desenvolvidas. Dá pro gasto e esses atores são como parentes queridos, é bom os ver na sala de casa. Nota 6.
   A ESTALAGEM VERMELHA de Claude Autant-Lara com Fernandel
Fuja. Nota 1.
   A JÓIA DO NILO de Lewis Teague com Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny de Vito.
Continuação do ótimo Tudo Por Uma Esmeralda, um dos grandes sucessos dos anos 80. Este é bem pior. Turner é raptada por um árabe e Douglas vai atrás. A dupla é ótima, Douglas nasceu para ser um herói safado e Turner foi a maior estrela do inicio dos anos 80. Mas o roteiro tem aquele que é o pior defeito dos anos 80, é metido a ser mais chique e engraçado do que é na verdade. Nota 4.
   WHATS NEW PUSSYCAT?de Clive Donner com Peter O`Toole, Romy Schneider, Peter Sellers
Revi como homenagem ao grande Peter O`Toole. Roteiro de Woody Allen e uma trilha sonora espetacular de Burt Bacharach. Um retrato do que era o tal espirito groovy da época. Peter estava no auge da fama, e o cinema inglês nunca mais teve tantas estrelas ( e bons atores ). Alan Bates, Michael Caine, Sean Connery, Richard Burton, Richard Harris, Oliver Reed, Terence Stamp, Peter Sellers, Tom Courtenay, James Mason, Laurence Olivier, Michael Redgrave, John Hurt, Albert Finney, todos em forma e trabalahndo muito.  O Oscar esnobou todos eles. Boa diversão ingênua. Nota 6.

STEVE MCQUEEN/ MITCHUM/ MARK WATERS/ PAUL MACCARTNEY/ SCHWARZA/ VISCONTI

   LIVE AND LET DIE de Guy Hamilton com Roger Moore e Jane Seymour
Para o primeiro filme de Moore como Bond chamou-se Paul MacCartney para fazer a música de abertura. Obra-prima ( a canção ), uma brincadeira sem inspiração ( o filme ). Mesmo assim não é tão ruim como A Pistola de Ouro. As cenas de perseguição, onde se usam carros e lanchas, antecipam o futuro da série, ação sem fim e sem motivo. Mas são boas cenas. Vejo nos extras que a cena em que ele pisa nos jacarés é real ( os jacarés, Bond é um double ). Jane é a mais boazinha das Bondgirls. Destaque para a trilha sonora. John Barry sai e assume George Martin ( o próprio ). A trilha chega a constranger. Mas temos a canção de Paul para salvar as coisas. Roger Moore faz humor. Nota 4.
   HOW THE WEST WAS WON de John Ford, Henry Hathaway e George Marshall
Um filme com mais de 3 horas que em Cinerama ( tipo de tela gigante ), conta a conquista do oeste. Cada diretor pegou um segmento. O elenco é all star: James Stewart, Gregory Peck, John Wayne e vasto etc. A fotografia é deslumbrante. Há tanto para se olhar, tantos detalhes, tanta gente se movendo ao mesmo tempo, que ficamos zonzos. Nas salas de cinema devia ser uma experiência incrível. Assisti em 51 polegadas. OK. A melhor história é sobre os indios e os búfalos. Há outras sobre o rio Mississipi, a guerra civil e a ferrovia. Não é um filme ruim. Nota 5.
   A RAPOSA DO ESPAÇO de Dick Powell com Robert Mitchum, Robert Wagner e May Britt
Pilotos americanos na base do Japão durante a guerra da Coréia. Foi a primeira guerra a usar aviões a jato. Isso dá interesse ao enredo. Mas o filme se prende a caso de piloto veterano-cool com esposa de piloto problema. O primeiro arquiteto do ator cool moderno: Robert Mitchum, o cara nem aí pra nada. Ele salva o filme do melô. A sueca Britt era muito bonita mas não deu certo. A Fox não conseguiu fazer dela uma estrela. Cenas aéreas muito boas. Nota 6.
   O ÚLTIMO DESAFIO de Kim-Jee Woom com Arnold Schwarzenegger, Forrest Whitaker, Rodrigo Santoro e Luis Guzmán
É alguma coisa sobre um xerife de cidadezinha que está na rota de fuga de um traficante chicano. Arnold está lento, pesado e tenta ser um tipo de Clint Eastwood mais gordo. Não consegue. Se salvam ótimas cenas na estrada. O roteiro é previsível, banal, todo cheio de clichés sobre clichés.  Rodrigo faz um latino sexy. Rouba o filme. Nota 1.
   LUDWIG de Luchino Visconti
Em 1973 Visconti fez este absurdo. O que ele queria ao fazer esta coisa flácida, pretensiosa e morta? Visconti crê que Ludwig, rei da Baviera, era um tipo de ingênuo-romântico. Um chato. Fraco, e até meio burrinho. Nem mesmo a fotografia se salva. O filme não tem rumo e nunca diz o que quer. Vago. Visconto se perdeu entre 1964-1974, este filme o prova. Sem Nota.
   O AMANTE DA GUERRA de Philip Leacock com Steve McQueen e Robert Wagner
Um dos piores papéis da vida de McQueen. Deveria ser um tipo de hedonista-hiper-agressivo que se põe a prova na segunda-guerra mundial. Um ás da aviação, agressivo, destrutivo. Mas nada disso fica claro. Tudo é feito sem porque, de forma gratuita e a gente percebe que McQueen não tem material para dar alguma força ao personagem. O anti-herói se torna um tipo de chato-birrento. Visualmente é um bom filme, pena que tão mal escrito. É o único filme de McQueen em que não me senti fascinado por ele. Nota 3.
   MINHAS ADORÁVEIS EX-NAMORADAS de Mark Waters com Mathew McConaughey, Jennifer Garner e Michael Douglas
Um fotógrafo mulherengo vai ao casamento do irmão nerd. Lá ele recebe a visita do tio que fez dele o que é. Calcado no Conto de Natal de Dickens, o filme é a coisa mais pró-casamento imaginável. Quem não se casa é do mal, tem algum problema e queimará no inferno da solidão. São tempos repressivos, em 1973 o homem casado era o tolo da história. O conquistador solteiro era o anti-herói a ser admirado. Tiro pela culatra do filme: a única boa cena ( e que faz rir ) traz o excelente Michael Douglas dando conselhos a seu sobrinho sobre a forma de ganhar as mulheres. Waters já fez bons filmes. Este não é um deles. Jennifer tá magra demais!!!!!! Nota ZERO.

OZON/ FREUD/ BILLY CRYSTAL/ LANCASTER/ BORZAGE

   UMA FAMILIA EM APUROS de Andy Fickman com Billy Crystal, Bette Midler e Marisa Tomei
Avôs alegres e soltos e netos de vida programada e utilitária. Óbvio que os avôs irão salvar a vida chata dos netos. O roteiro nada tem de novo. Mas o filme se mantém ok. Porque? Billy Crystal é um tremendo comediante! E Bette Midler sempre foi uma diva. Tomei, ainda bonita, é a filha dos dois e mãe dos tais netos problemáticos. Nota 4.
   ANGÉLICA E O SULTÃO de Bernard Borderie com Michele Mercier e Robert Hossein
Um pavor! Este filme foi um hit na França dos anos 60. Tanto que foram feitas cinco sequências. Nos anos 70, na Tv Tupi, ele foi um dos primeiros a despertar minha "paixão" por um símbolo sexual. Lembro de assistir escondido, de madrugada. Visto agora é uma imensa decepção! Tem a pior trilha sonora da história, ação mediocre e nenhuma emoção. E Michele nem era tão bonita! Nota ZERO.
   FREUD ALÉM DA ALMA de John Huston com Montgomery Clift, Susannah York e Larry Parks
Existem momentos em nossa vida que são decisivos. Houve uma madrugada quando eu tinha 15 anos que foi assim. Na Globo passou, era segunda-feira, este filme no Corujão. Porque o assisiti? Uma bela crítica no JT. Fiquei abestalhado quando o vi. Tudo nele me enfeitiçou: o p/b genial e austero de Oswald Morris, a trilha sonora de Jerry Goldsmith, trilha que usa até mesmo música eletrônica-concreta. O romantismo rebelde do homem inovador contra tudo e contra todos, a incompreensão de seus colegas. O tom sofrido de Clift, numa atuação que joga em nossa cara um misto de inteligência e perdição. É um Freud sempre crível. A beleza dos pesadelos vienenses.... Lembro que não consegui dormir. Esperei minha mãe acordar para lhe dizer, às seis da manhã, que meu futuro se decidira: eu iria ser um psicólogo. Freud se tornou um de  meus ídolos por vinte anos. Depois percebi que meu ídolo era na verdade John Huston que fizera o filme. O filme passou esta semana em versão dublada na Cultura. Pensei em não o rever. Freud a muito se tornou um passado morto para mim. Mas não resisto. O filme volta a me enfeitiçar. E noto então que o que me seduzira fora a narrativa, a saga do intelectual contra o mundo, a saga da curiosidade em sua jornada e principalmente o soberbo e sublime clima vitoriano que o filme exala. Não me fiz psicólogo e não lamento isso. Me fiz um tipo de vitoriano. O filme antecipou sentimentos que eu encontraria em Henry James. Esteticamente é um primor. Huston, diretor de homens solitários contra seu meio, diretor dos derrotados, venceu. Nota DEZ!
   STREET ANGEL de Frank Borzage com Janet Gaynor e Charles Farrell
Gaynor ganhou o Oscar de atriz em 1929 por este filme. Que é um belo exemplo de filme silencioso. A câmera desliza, rola por ruas e fachadas, voa. Janet é uma moça sem lar que se une a trupe de circo. Há um bocado de alegria no filme. Uma alegria tristonha. Borzage foi um dos primeiros grandes do cinema americano. Os rostos são fascinantes. Nota 7.
   O ESPADACHIM NEGRO de Tay Garnett com Alan Ladd e Patricia Medina
Boa aventura medieval. Há ritmo na história chavão do ferreiro pobre que se disfarça de cavaleiro negro para se vingar de injustiças. Eu adoro filmes que usam espadas, muralhas e cavalos. Aqui temos tudo isso. Ladd não convence muito como herói medieval, ele é muito baixo e meio americano demais, mas a coisa funciona por causa de sua rapidez e falta de seriedade. Nota 5.
   DENTRO DE CASA de François Ozon com Fabrice Luchinni, Emmanuelle Beart e Kristin Scott Thomas
Tenho me "obrigado" a acompanhar o cinema atual. Tento ficar razoavelmente por dentro daquilo que rola nas telas deste século. E está na hora de confessar...não é fácil ! Tenho sido condescendente com filmes feitos de 2000 para cá. Quero gostar deles. Não os comparo aos clássicos. Os comparo com filmes de seu tempo. Mas, para ser sincero, isso começa a me enjoar. Quando entrei na era do dvd, passei três maravilhosos anos em que descobri 80% dos clássicos do cinema. Minha paixão foi lá em cima ! Que noites fantásticas ao lado dos filmes dos anos 30, 40, 50... Mas agora...É tudo tão pobre! Veja este filme: Um suspensezinho muito do comum que alguns críticos, e eu os entendo, colocam em alto posto. Não é um filme ruim. Apenas banal. Um aluno enrola um professor com redações que contam seu envolvimento com familia de amigo. É só isso. Devo dizer que o filminho cansa aos 40 minutos. Nota 3.
   BASTA, EU SOU A LEI de Burt Kennedy com Robert Mitchum, George Kennedy e Martin Balsam
Mitchum já era um veterano neste western que brinca com a velhice. Ele é um xerife que é aposentado por idade. Mas acaba por se unir a ex-rival e juntos eles salvam a cidade. Como se pode notar, o tom é leve, mas o tema é sério: a idade dos heróis, o momento em que o velho mundo dos cowboys morre e eles são afastados. Pode-se dizer que o filme fala também do fim do filme de western também. É um bom filme. Mitchum atua de seu modo distanciado. Kennedy está ótimo. Nota 6.
   APACHE de Robert Aldrich com Burt Lancaster
Dificil aceitar Burt como um apache. É um filme duro em seu começo. Vemos os apaches como judeus em campo nazista. Burt Lancaster é Masai, que foge a pé do exilio e volta a sua terra. Os brancos o perseguem. Aldrich foi um excelente e forte diretor. Sua filmografia é repleta de presentes dados ao público. De "Baby Jane" à "The Dirty Dozen". Ele se perde aqui ao esticar demais as cenas de romance. O filme cai e não se ergue mais. Pena. Nota 4.

BRUCE WILLIS/ MICHAEL DOUGLAS/ CAPRA/ DEMME/ ASTAIRE/ FLYNN

RED de Robert Schwentke com Bruce Willis, Mary-Louise Parker, John Malkovich, Helen Mirren, Richard Dreyfuss, Ernest Bognine e Karl Urban
Este filme, absurdamente estrelado, tem um grave defeito: um inicio confuso e muito sem sal. Depois melhora e sua hora final é bastante divertida. Bruce envelheceu bem e segura o filme com seu carisma tranquilo. Mas Mary-Louise está excelente e Malkovich tem uma cena hilária ( correndo atrás dos bandidos ). Helen Mirren tem momento relax em carreira exemplar: desde a ninfeta de A Idade da Reflexão ( obrigatório!!!! ) passando por teatro shakespeareano e filmes de arte, até o Oscar e a atual popice. Este filme, tolo, diverte por ter atores certos e gostáveis em papéis adequados. E é isso. Nota 5.
O SOLTEIRÃO de Brian Koppelman e David Levien com Michael Douglas, Mary-Louise Parker, Jesse Eisenberg e Susan Sarandon
Douglas em atuação perfeita e emocionante. Adianta eu falar que é o filme do ano? Com essa avalanche de lançamentos pré consagrados, quem liga para um filme fora do hype? Muito bem escrito, ele mostra o homem-masculino como urso polar ou lobo europeu: em processo de fuga. Douglas se reafirma como grande personalidade do cinema e o filme é drama sem choro e arte sem afetação. Brilhante! Nota DEZ.
O RIO DAS ALMAS PERDIDAS de Otto Preminger com Robert Mitchum e Marilyn Monroe
Nem Mitchum consegue salvar este western frouxo. Falta melhor trama e falta um bom personagem. Das divas do cinema, MM é de longe a pior. Só foi boa atriz com Billy Wilder. Preminger quando acertava era rei, mas quando erra é quase insuportável. Nota 3.
O HOMEM FORTE de Frank Capra com Harry Langdon
Langdon foi humorista famoso hoje esquecido. Seu tipo era muito estranho: um tipo de crianção inocente fofo e bobo. O rosto como o de um anjo irritante. Mas o filme é bom, graças ao talento de Capra para o movimento. Vemos Langdon zanzando pela cidade atrás de seu amor. Nota 6.
MELVIN E HOWARD de Johnathan Demme com Paul Le Mat, Mary Steenburgen e Jason Robards
É um dos filmes favoritos de PT Anderson. E foi a zebra de 1980. Um filme modesto que foi aclamado pelos criticos. Demme depois se tornou o cara de Silencio dos Inocentes e Filadelfia. O filme trata de Howard Hughes ( um comovente Robards ) que vaga pelo deserto. Um operário lhe dá uma carona. Acompanhamos o cotidiano desse operário americano, um simplório. Hughes lhe deixa a herança e ele a perde nos tribunais. Me diga: faz quanto tempo que o cinema americano não faz um filme sobre simples trabalhadores? Fosse hoje ele seria um drogado terminal ou um engraçado trapalhão. Mas aqui não, é vida real. Demme já demonstra seu talento para conduzir atores. Um belo filme pobre. Nota 7.
A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS de Wolf Rilla com George Sanders
Uma cidade fica isolada do mundo. Quando volta ao normal, todas as mulheres engravidam. Os filhos que nascem são muuuito estranhos. Uma parábola sobre filhos e pais. O medo que os pais têm de uma nova geração. É um pequeno clássico inglês. Nota 7.
UM AMOR DE DANÇARINA de Robert Z Leonard com Joan Crawford e Clark Gable
Anos 30. Gable super macho, Joan como a sexy com fibra. Escapismo para a era da depressão pós 1929. Tudo é previsivel, mas a MGM faz as coisas correrem tão depressa que acabamos caindo "no samba" e nos envolvendo com toda aquela besteira. Isto é cinema profissional. Nota 6.
MELODIAS DA BROADWAY de Norman Taurog com Fred Astaire e Eleanor Powell
Tudo brilha quando Astaire dança. Ele não era deste planeta! Flutua e nos passa uma imensa gama de sentimentos e significados com o bailar de seus pés. Um milagreiro! O filme, de rotina, fala de shows e estrelato. Powell era super-estrela, mas era ruim. Fria e distante, não funciona. Mas Fred salva tudo quando em cena, nós o amamos e penetramos em sua terra de sonho. Amar cinema e não amar Astaire é como amar rock e não gostar de Beatles, impensável Nota 6.
GENTLEMAN JIM de Raoul Walsh com Errol Flynn e Alexis Smith
Walsh foi um dos gigantes da Warner. Um mestre da ação, seus filmes fluem e envelheceram muito pouco. É mestre em narração, as cenas se ligam, a história é contada com leveza e mal percebemos seus cortes e o tempo que passa. Errol Flynn era o ator fetiche de bom humor, beleza, rapidez, economia, glamour. Os dois juntos fazem aqui o ponto mais alto da longa carreira de Walsh ( 80 filmes!!!! ). È a história de Jim Corbett, o campeão peso-pesado que inventou o bailado no ringue, o jogo de pés. Jim é exibido como um muito alegre e muito esperto irlandês ambicioso. O filme, festivo, se concentra na vida familiar de Jim ( muito alegre ) e em suas lutas ( muito emocionantes ). Errol Flynn está perfeito: adoramos aquele tolo rapaz simplório, deslumbrado com a fama, bailando no ringue e nas ruas. É um filme perfeito. Nenhuma cena é fraca. Tudo é vida e ação. Aula de como se fazer um filme. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

TARZAN/ ROBERT MITCHUM/ JANE FONDA/ KUROSAWA/ JOLIE

TARZAN de WS Van Dyke com Johnny Weissmuller e Maureen O'Sullivan
Este é o grande exemplo de filme B dos anos 30. Muito crítico diz que agora o que era B se tornou A, e o que seria filme classe A é tratado como filme B. Isso ocorreu porque o público de cinema se tornou B. Explico. Filme B eram os filmes de produção barata, geralmente dirigidos por novatos e feitos às pressas. O que definia o filme B era o roteiro mal cuidado, inverossímil, dirigido aos adolescentes e ao povão do centro dos EUA. Filmes baseados em HQ, em ficção científica ou terror, mas também os westerns e filmes de pirata. Em meio a essa enorme produção, é claro, filmes excelentes podiam surgir ( este Tarzan, King Kong, Drácula ) mas em sua maioria eles eram constrangedores. O western mesmo em grande produção ( John Ford por exemplo ) sempre seria visto como um primo brega. O filme A era o filme sério, geralmente baseado em best-seller, mas também a produção vistosa, o filme de grandes estrelas, o drama adulto, o filme sobre a vida "real". Nesses filmes trabalhavam os melhores escritores e os maiores atores. Eram esses filmes que tinham o lançamento de luxo, a atenção do estúdio. Pois bem, Tarzan hoje seria o lançamento classe A. É um agradável e tolo filme de aventuras, onde Jane, feita pela lindíssima mãe de Mia Farrow, Maureen, aparece mais que o Tarzan magnífico de Johnny Weissmuller. Nota 6.
JOHNAH HEX de Jimmy Hayward com Josh Brolin, John Malkovich e Megan Fox
Talvez seja o pior filme que já ví. Não é cinema. Tudo é tão artificial, os diálogos são tão idiotas, as atuações tão estereotipadas, que me recuso a imaginar que isto seja cinema. Toda cena é digitalizada e colorida até a saturação, os rostos se parecem com modelos de cera e a ação entedia e é sempre óbvia. Detestável filme que simboliza a nulidade absoluta, uma tentativa nojenta de se modernizar o oeste, de se glamurizar a violência, de emocionar reprisando tudo o que já foi feito um trilhão de vezes. Lixo, absoluto lixo, um vácuo. Nota Zero absoluto ( -280 F )
SALT de Philip Noyce com Angelina Jolie
Alguns criticos chamaram este filme de aventura de primeira. O nível de exigência deve ter caído muito. Ou eles resolveram fazer RP. É um chatíssimo filminho de espionagem, vingança e toda aquela ação "nervosa" que voce já viu. Jolie está magra como um caniço e sua decantada sensualidade é a mesma dessas meninas bambú que infestam os bairros bacanas de SP. Eu quase adormeci vendo esta chatice. Nota 1.
POLICE STORY de Jackie Chan com Jackie Chan
Quem sabe Jackie me dê alguma aventura classe A ? Este é um de seus filmes mais famosos. E tem uma perseguição de carros em uma favela muito legal. Eles dirigem por dentro dos barracos, descendo morro abaixo. O filme, no resto, não é ruim, tem boas lutas e Jackie Chan tem simpatia e carisma de verdadeira estrela. Dá pra se assistir. Nota 5.
A LEI DA MONTANHA de Arthur Ripley com Robert Mitchum
Mitchum, já ator famoso, em 1958 escreveu este roteiro, fez a canção tema e colocu seu filho, James Mitchum para atuar neste muuuuuuito estranho filme. Adiante de seu tempo em dez anos, fala de grupo de famílias sulistas que vivem da fabricação de whisky ilegal. Mitchum é um motorista fascinado por velocidade que foge da policia e de chefão que deseja tomar conta de todo o contrabando. A trilha sonora já é country e os atores se parecem com gente de verdade, há algo de contra-cultura neste filme, movimento que seria filmado só a partir de 67. Mas o filme tem uma falha central: não nos emociona. Admiramos as intenções, mas elas não se realizam. Falta melhor direção, falta um estilo. É como um diretor de 1940 dirigindo um filme de 1970, o estilo de direção briga com o tema e o roteiro. Uma pena.... Mitchum deve ter amado muito este projeto. Sabemos que sua origem é a deste sul atrasado. Ele, como sempre, nos ensina o que é ser cool. Foi o cara que inventou o estilo, McQueen e os outros vieram depois. Nota 5.
ADIVINHE QUEM VEM PARA ROUBAR de Ted Kotcheff com Jane Fonda e George Segal
Esta comédia subversiva foi refilmada recentemente. Não recordo se foi com Jim Carrey e se o diretor era Johnathan Demme... talvez. Sei que não deu certo, principalmente porque domesticaram a história. Trata de casal bem-sucedido que perde tudo quando o marido é demitido. Para manter as aparências começam a roubar. Os primeiros dez minutos não são grande coisa, mas o filme começa a crescer e voce acaba por se divertir muito com esse casal amoral e muito perdido. O filme exibe a América do jeitinho, do seguro social, dos golpes, do cada um por si. Segal rouba o filme, está soberbamente engraçado ( sem apelar ) e Jane voltou ao estrelato com este filme. Ela havia destruído sua reputação ao se tornar ativista politica e passar a ser persona non grata para a CIA. Aqui ela está bonita, numa atuação leve e charmosa. Uma bela diversão. Nota 7.
10000 AC de Roland Emmerich
Bando de curtidores de reggae saem do frio atrás de amigos que foram escravizados por árabes do mal. Dá pra contar assim esta história muito ridicula e ferinamente preconceituosa. É um filme intolerante. A heroína o é por possuir olhos azuis. Toda tribo do bem tem valores do ocidente e todo o mal vem dos árabes narigudos que escravizam gente e dos religiosos orientais que querem fazer pirãmides. Alguém notou o quanto este lixo é racista? Mas eu até o perdoaria se não fosse tão chato. Os homens primitivos nada mais são que hippies sujos de Arembepe, os africanos são figurantes de Tarzan e os bandidos são seguidores de Bin Laden. Os atores têm carisma zero, a ação não comove ou excita e as falas são de um vazio que dá sono. Esse é o filme B que virou filme A. Exemplo da tal inversão de valores de produção. Milhões para produzir lixo. Se voce quer ver a aurora do homem vá de A Guerra do Fogo, ou reassista os primeiros minutos de 2001. Nota Zero.
UM DOMINGO MARAVILHOSO de Akira Kurosawa
E após tanto lixo eu apelo. Chamo mestre Akira para me devolver a fé no cinema. E o milagre acontece! Ele pega um casal e os filma vinte e quatro horas na Tokyo de 1947, uma ruína pós-guerra. Ainda não é o gênio que fez Rahomon e Ran, mas já dá para perceber a genialidade em botão. Kurosawa ama as pessoas que filma, se enamora delas, as homenageia. Pode ter existido diretor melhor que ele, mas nem mesmo Ford é tão nobre. Neste filme barato e simples, o namorado é pessimista, a moça tenta ver o lado bom de tudo. Eles têm apenas uns poucos ienes para passar o domingo, e o filme é a crônica de sua miséria. A cidade é toda ruína e gente com fome. Faz frio e chove e tudo aquilo que os dois tentam fazer dá errado. Mas a moça ainda acredita nele, tenta convencê-lo a sonhar com ela e ele termina por ceder à sua namorada. O final é de beleza sublime. O filme é muito criticado por ter cena em que a atriz se dirige a platéia pedindo aplausos aos dois. Acho a cena piegas, porém necessária ( e corajosa ! ). Toda a longa cena do concerto imaginário é coisa de mestre e o cenário noturno lembra o melhor do cinema expressionista. Vemos no filme o futuro do Japão, a força de se reerguer do absoluto vazio. Como comparar isto aos lixos vistos acima? O filme tem ainda uma cena de corrida pelas ruas com câmera os seguindo que lembra a nouvelle-vague. Mas é no neo-realismo italiano que Kurosawa busca sua inspiração. E ele consegue. O filme é para sempre. Nota 9.

MAX OPHULS/ RIVETTE/ HOMENS QUE ENCARAVAM CABRAS/ MARGARET SULLAVAN

AMEMOS OUTRA VEZ de Edward H. Griffith com Margaret Sullavan, James Stewart e Ray Milland
Acabou de sair em dvd e já se esgotou. Vários milagres ocorrem neste filme. É um melodrama que nunca se torna piegas. Tem uma atuação de Margaret Sullavan que é pura feitiçaria : ela atua sem jamais parecer atuar. Ficamos comovidos com a naturalidade de suas falas e de seu gestual. Toda a vulnerabilidade exposta. Antológica. Stewart e Milland estão muito bem, mas são ofuscados pela atuação histórica de Sullavan. O filme trata de um casal. Ele é jornalista, ela é atriz. O amor os une, mas o que os une é apenas o amor. O filme mostra que isso é pouco para fazer deles um casal feliz. Eles se casam, mas a vida os separa. Raramente o cinema foi tão adulto e muito mais raro é mostrar os desencontros da rotina destruindo o amor. Apesar do final precipitado ( o filme tinha de ser mais longo ) é uma obra-prima. Ao final voce carrega o filme dentro de seu peito. Atenção : ele jamais ameaça fazer chorar. Mas nos toca de forma mais profunda. A cena do reencontro ( mais um ) é de antologia. Sullavan foi uma gigante. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!
HOMENS QUE ENCARAVAM CABRAS de Grant Hesley com George Clooney, Jeff Bridges, Ewan McGregor, Kevin Spacey
Filme de doidão. É uma tentativa de se fazer um filme dos anos 70 em 2010. Claro que foi um fracasso. Os atores estão excelentes, mas essa sátira à guerra, sobre batalhão de soldados psíquicos naufraga na falta de estilo e de ritmo. Algumas boas idéias não salvam o filme da chatice geral. Nota 2.
A BELA INTRIGANTE de Jacques Rivette com Michel Piccoli, Emmanuelle Beart e Jane Birkin
De todos os diretores da nouvelle vague Rivette é o mais chato. Este premiado filme leva tres horas e meia para mostrar um pintor pintando uma menina nua. Claro que o filme fala sobre o processo de criação, sobre as relações de homem/mulher, sobre a inspiração. Mas pra mim, é um pretesto para se exibir Beart nua. Emmanuelle Beart é a atriz mais bela dos anos 90 e o filme exibe isso sem nenhum pudor. É o que ele tem de melhor. No mais, pincéis, taças de vinho, belas casas de campo, e conversas desinteressantes. Emmanuelle é linda. Nota 3.
ÓDIO NO CORAÇÃO de John Cronmwell com Tyrone Power, Gene Tierney e George Sanders
Se Beart é a mais linda atriz dos anos 90, talvez Gene Tierney seja a mais linda de sempre. Cada close dado em seu rosto exótico ( ela tinha sangue chinês e americano ) provoca a certeza de que a beleza é mesmo para sempre. O filme, em seu estilo perfeito, fala sobre garoto injustiçado, sua fuga da Inglaterra e a fortuna conseguida nos mares do sul. Termina com julgamento e vingança. É o filme popular com história, o filme povão que nunca apela, o filme que satisfaz o cara que procura só um passatempo e diverte o cinéfilo. Tipo de cinema industrial do qual sinto falta. O filme que tem ação e romance, bom roteiro, produção cara e atores de carisma imorredouro. Foi isto que fez de Hollywood mito. Relaxe e goze. Nota 8.
CORAÇÃO PRISIONEIRO de Max Ophuls com Barbara Bel Geddes, Robert Ryan e James Mason
De vez em quando um diretor do passado se torna moda. Junta-se ao panteão dos intocáveis ( Bergman, Kurosawa, Welles, Wilder... ) algum diretor mais ou menos esquecido e se começa a divulgar sua genialidade. Nos anos 70 foi Ozu, nos 80 Michael Powell, nos 90 Melville e agora é Ophuls. Interessante notar que é sempre um ou mais diretores que chamam a atenção para o diretor quase esquecido. Ozu por Wenders, Powell por Scorsese e Coppolla, Melville por Tarantino. Max Ophuls, alemão que fugiu do nazismo e fez uma série de filmes na América, depois retornando a Europa, é amado por Todd Haynes e Baz Lhurmann. O estilo Ophuls está presente explicitamente nos dois. Os filmes de Max são femininos. Há um cuidado com vestuário e cenário, um modo de movimentar a cãmera em ritmo de melodia, uma atenção a sentimentos não ditos, uma delicadeza encantadora. É um cineasta que expressa frustração, raiva engolida, tudo aquilo que deveria ter sido e nunca foi. Estranho observar que a vida de Ophuls foi exatamente como seus filmes, frustrante. A história fez com que seu talento se perdesse. Pois ao contrário de Billy Wilder ou de Fritz Lang, Max jamais se adaptou aos EUA. Este filme fala de um milionário louco que se casa com moça vulgar e carreirista, apenas para contrariar seu analista freudiano. Sabemos que Ophuls tentou trabalhar com Howard Hughes. Sabemos que Hughes o humilhou. E vemos Robert Ryan em 80 minutos fazer um Howard Hughes com a complexidade que as 3 horas de Scorsese e Di Caprio não atingiram. Ryan mostra um homem cruel e sádico, torturado e muito isolado. O filme também fala do amor ao dinheiro ( ela quer crer que o ama, mas ama apenas seu poder ) e não a toa, a primeira imagem deste brilhante drama é a de Barbara, em apartamento pobre, vendo os anúncios da Harpers Bazaar. A câmera de Ophuls se mexe todo o tempo, atravessando paredes, subindo ao teto, dando closes e planos gerais. E nunca nos sentimos incomodados por isso, mal o percebemos. Este filme foi fracasso na época, hoje está justiçado. É um belo drama. Nota 9.
SANGUE NA LUA de Robert Wise com Robert Mitchum e Barbara Bel Geddes
Western de sombras escuras que fala de disputa por gado e terra. Mitchum é o pistoleiro que muda de lado. Wise dirigiu de tudo : musicais, comédias, sci-fi, terror, guerra, filme de espiões, romances. É dele A Noviça Rebelde, Jornada nas Estrelas e West Side Story. Fez tudo muito bem, mas nunca com genialidade. Este é um western impessoal. Dá pra ver, nunca aborrece, mas se esquece em seguida. Nota 6.