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FILMES SEX, DRUGS E ROCKNROLL

Assisto um pacotão de filmes feitos entre 1966-1970 endereçados àquilo que os executivos de Hollywood imaginavam ser "o público jovem". Antes de falar especificamente deles, devo dizer que havia um cinema jovem já em 1962,63, mas eram filmes pequenos, marginais, muitos estrangeiros. O problema é que com o estouro de bilheteria de Bonnie e Clyde e quase ao mesmo tempo de A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM ( THE GRADUATE ), os chefões finalmente viram que o público que consumia discos às toneladas também ia ao cinema. --------------- Pessoas apenas dez anos mais velhas que os hippies e beats de então não conseguiam enteder a onda que rolava. Viam tudo de fora. Melhor exemplo é o caso de Antonioni, artista que tentou radiografar as cenas inglesa e americana e cometeu os nada "na onda" BLOW UP e ZABRISKIE POINT. O erro do diretor italiano foi tão grande ao ponto de ele querer filmar The Who em ação, gravar os Yardbirds, e só perceber o erro após o filme editado. Mesmo assim alguns jovens viram Blow Up e Zabriskie sob efeito de ácido nos cinemas. 2001 foi um hit entre os doidos. Mas Kubrick sabia tão pouco de rock e de estradas como Antonioni. -------------------- Os filmes que aqui comento são tentativas apressadas de faturar em cima do mundo hippie. Um deles é uma obra prima. Outro é um camaleão cult. Outro é das coisas mais chatas e ridículas já feitas. E há os outros, apenas curiosidades que vão do muito entediante ao interessante. -------------------- BARBARELLA tem Jane Fonda pelada. Henry Fonda teve uma paternidade estranha. Jane ficou pelada e Peter, o outro filho, fumava maconha em todo fotograma dos filmes feitos então. Barbarella é uma chatice canastrona e cafona, de efeitos especiais de mal gosto, ação estática e um humor constrangedor. Foi um fracasso então e hoje não serve nem como nostalgia. Roger Vadim era um impostor. O típico cara mais velho tentando se dar bem na onda jovem. Ele não mergulha no ridículo-festivo-psicótico que fez de Valley Of The Dolls algo horrivelmente delicioso, Vadim fica numa confortável babaquice. Este filme representa o que de pior se fez naquela época. ---------------------- Já EASY RIDER é, visto mais uma vez, uma autêntica obra-prima. Gostei muito mais dele visto pela terceira vez. Há um cena assustadoramente bela. Peter Fonda vai à um bordel, e com as meninas e Dennis Hopper, toma um ácido. A viagem, em um cemitério, é a versão mais real de uma bad trip já filmada. Mas o momento duro e lindo se dá quando Peter-O Capitão América, diz amar sua mãe e ao mesmo tempo briga feio com ela. É cena terrível. Pois quem conhece Peter sabe que sua mãe, na vida real a atriz Margaret Sullivan, se matou nos anos 40 cortando a própria jugular. Relatos da época dizem que a criança Peter Fonda, viu a cena e quase morreu de dor e desespero. Sacou? Peter expõe na tela de cinema uma ferida, terrível, de si mesmo, ou mais que isso, rememora para nós uma possível bad trip vivida na realidade. Mas Easy Rider é mais que isso. É o canto fúnebre da América de Walt Whitman. É filme de uma tristeza comovedora. É a primeira peça de arte a perceber que o movimento hippie era melancólico. Voce sabe, espero, o quanto ele mudou o cinema feito nos USA. Mas mesmo a gente esquecendo isso, vendo o filme apenas como um filme e não como peça histórica, ele é lindo. A câmera gira em círculo, em cena dentro de tenda, e nos faz ver o rosto de cada hippie da comunidade do deserto. E cada rosto é como um monumento. Particular, individual, único. São rostos fora do padrão. É o ápice e também o enterro do movimento começado em 1795, o romantismo anglo-americano. Um adendo especial a Jack Nicholson. Não me lembro de atuação melhor que essa. Jack faz o americano perdido, aquele que tenta viver dentro do sistema e não consegue. É apaixonante o que ele faz aqui. Por fim, 2022 nos mostra, em qualquer manifestação ecológica ou feminista, tudo que estava aqui agora tornado produto e "coisa bacana e a ser incentivada". São as mesmas roupas, os mesmos rostos e as mesmas manias. Porém em 2022 vividas como hábito, como costume, como parte da cadeia de consumo. Easy Rider é uma obra imensa a ser revista e reanalisada sempre. ------------------- VANISHING POINT é um filme que muda a cada revisão. O assiti algumas vezes e a cada vez minha opinião se transforma. Ele foi uma obra-prima para mim. Foi uma chatice sem fim. Foi uma aventura muito boa. Me fez dormir. Hoje eu vi nele um tipo de "grande filme sobre o suicídio". Kowalski quer morrer e se mata. O filme, feito após as mortes de Hendrix e Joplin, fala de um outsider que é alçado à mito pela mídia e morre por isso. Hoje senti o DJ como um vilão. Ao exagerar o valor de um simples piloto, ele o leva à morte. A trilha sonora é maravilhosa. Corra Kowalski, voce é o símbolo de todos nós, corra por todos os infelizes...well....não há, de Hendrix à Cobain ninguém que sobreviva à isso. ------------------------ CANDY é um lixo sem graça feito para mostrar Ewa Aulin pelada. Moderno? Jovem? Jamais! Christian Marquand, seu diretor, era um picareta, um sub Roger Vadim. Caso típico de veterano tentando se dar bem na onda hippie. Tem até Marlon Brando como guru indiano. Um vexame. Apesar de que os 10 minutos iniciais com Richard Burton, como um poeta estrela assediador, serem muito bons.------------------- UM BEATLE NO PARAÍSO. Deus! John Cleese ajudou no roteiro! Como pode ter escrito algo tão sem sal? Peter Sellers, mesmo ele, um gênio do humor, está ruim, é um bilionário inglês que adota um mendigo. O mendigo é Ringo Starr. Daí os dois andam por aí vendo os erros do capitalismo. Pois é.... enquanto eles vêm os erros a gente adormece. ------------------ THE TRIP tem Peter Fonda, pouco antes de Easy Rider, numa trip de LSD. Quem lhe dá a droga e o assiste é Bruce Dern. O diretor é Roger Corman, o cara que deu trabalho aos novatos Coppolla, Bogdanovich etc. A primeira metade é horrenda. Frio, bobo, vazio, chato. Didático até. Mas na segunda parte Peter sai às ruas bem chapado e o filme fica bem legal. Efeitos de cor e movimento que traduzem o estar doido ( nunca tomei ácido, mas quando louco por bebida é daquele jeito que vejo tudo e me sinto ). ------------------------ THE WILD ANGELS fala de Hells Angels, e tem de novo Peter Fonda, Bruce Dern e Roger Corman. Mas é imperdoável. O que vemos? Os caras andando de moto e arrumando brigas. Só isso. Menos ruim é HELLS ANGELS ON WHEELS. O diretor Richard Rush fez carreira e é bom. Jack Nicholson dá profundidade à um frentista que por acaso passa a andar com os Angels. -------------------- Richard Rush fez depois PSYCH OUT, filme que é dos poucos que mostra o mundo hippie de San Francisco por dentro. Jack Nicholson, com rabo de cavalo, é um mega drogado, e o que vemos é sua banda crescer na vida enquanto uma menina surge na "comunidade". É um filme bom. Tem cenas documentais e funciona como nostalgia e como diversão. Sincero, ousa até uma crítica aos próprios hippies mais radicais. E devo dizer: Jack faz qualquer filme crescer.
   O VENDEDOR DE ILUSÕES ( THE MUSIC MAN ) de Morton da Costa com Robert Preston, Shirley Jones e Hermione Gingold.
Um malandro, em 1910, chega à uma pequena cidade de Iowa e consegue vender para todas as pessoas instrumentos musicais. Um detalhe: ele não sabe nada de música e se diz professor e maestro. O filme é maravilhoso. Grande sucesso na Broadway, tiveram a sabedoria de manter Preston como estrela. Ele dá uma interpretação cativante. Amamos esse malandro. As canções são cantadas numa espécie de fala, um rap antes do tempo. Técnica difícil, letras elaboradas, uma coleção de grandes músicas de Meredith Wilson. ( Uma delas foi até regravada pelos Beatles ). O filme, com 3 horas de duração, é uma delicia todo o tempo. Festa para olhos e para o coração.
   FOMOS OS SACRIFICADOS de John Ford com Robert Montgomery e John Wayne.
Comprei um box com filmes da segunda guerra. Este é um John Ford que ainda não havia saído em dvd no Brasil. Fala a história de um bando de marujos nas Filipinas que provam a utilidade das lanchas torpedeiras. Wayne faz o tipo impulsivo e Montgomery o ponderado. Não é um dos grandes filmes de John Ford. A impressão é que ele tenta fazer uma aventura ao estilo de Hawks e não consegue.
   48 HORAS! de Alberto Cavalcanti com Leslie Banks e Elizabeth Allan.
Cavalcanti era brasileiro. Rico, foi para a Europa nos anos 20 fazer cinema. Primeiro na França e depois na Inglaterra, conseguiu se tornar um conceituado diretor. Voltou ao Brasil nos anos 50 para ajudar na Vera Cruz. Quando viu que a companhia paulista era um buraco, voltou à Europa, mas já sem a mesma pegada. Ainda pode ser considerado o diretor brasileiro de mais importância a trabalhar fora daqui. Ele tem clássicos feitos na França, na Inglaterra ( seu país favorito ) e na Alemanha. Este conta a invasão de uma cidadezinha inglesa por uma tropa de nazis disfarçados de soldados ingleses. A própria população irá descobrir a farsa. É um daqueles filmes que exalta a bravura do inglês comum em plena luta contra Hitler. É um bom filme.
  THE STORY OF G.I. JOE de William Wellman com Robert Mitchum e Burgess Meredith
É uma obra-prima. Wellman serviu na primeira guerra na esquadrilha Lafayette, ou seja, ele pilotou contra o Barão Vermelho. Quando voltou aos EUA, sem ter o que fazer, entediado, foi fazer filmes. Se tornou um dos melhores diretores do cinema. Aqui ele tece o elogio ao soldado de infantaria, o cara que faz a parte mas suja, dura e cruel de uma guerra. Enquanto o piloto da aeronáutica morre limpo e como herói, o soldado vive na lama e morre na sujeira. É uma aventura suja, triste, cruel. Cheia de dor, lama, soldados que enlouquecem, chuva, e camaradagem. Wellman não alivia e faz uma obra tão corajosa como os melhores filmes neo realistas da época. Ele odeia a guerra e ama os soldados. O filme tem de ser visto e o considero um dos 5 melhores filmes sobre o assunto já feitos. Mitchum, bem jovem, está brilhante como um soldado desiludido.
   PROIBIDO! de Samuel Fuller
Na Alemanha que se rende, o romance proibido entre um soldado americano e uma alemã. Em 1945 era proibido o contato entre soldados e a população alemã. Todo alemão era considerado um nazista. Eu não gosto de Fuller. Os franceses o chama de gênio desde os anos 50. Eu o acho exibido, exagerado, chato.
   AMARGO TRIUNFO de Nicholas Ray com Richard Burton e Curt Jurgens.
Ray, o diretor de clássicos de James Dean e de Bogart, filma uma aventura no deserto da Libia. Burton é um soldado intelectual e cínico. Jurgens é um oficial que esconde sua covardia. Os dois amam a mesma mulher e partem para uma missão. Eles se odeiam e um tenta destruir o outro. Mais que os alemães, eles são seus inimigos. É um filme tenso, bastante cruel, amargo até o fim. Burton está ótimo em seu papel de pessimista. Jurgens rouba o filme. O comandante é ridículo sem ser caricato. A fotografia é ótima!
  MERCENÁRIOS SEM GLÓRIA de Andre de Toth com Michael Caine e Nigel Davenport.
Que bela surpresa!!! Eis um filme de 1968 que brinca com os filmes dos anos 60 que mostravam equipes legais em missões perigosas. Aqui a equipe é suja, sem charme e feita por um bando de ladrões baratos. Menos Caine, que faz o elegante certinho, que segue a ética. A missão é suicida, claro, mas a conclusão é uma surpresa. O filme nada tem de engraçado, ele é sórdido. Andre de Toth foi um diretor americano que fez de tudo. Filmes de ficção científica que se tornaram clássicos, faroestes excelentes, policiais ótimos e até filmes de piratas. Nunca vi um filme seu que não fosse bom. E ele fez dúzias e dúzias. Este é mais que bom. É ótimo.

MARCEL CARNÉ/ POWELL/ TRUFFAUT/ MELHORES FILMES DA FRANÇA

   O BOULEVARD DO CRIME de Marcel Carné com Arletty, Jean Louis Barrault, Pierre Brasseur, Maria Casarés
Foi eleito, a coisa de cinco anos, o melhor filme francês de todos os tempos. Será? Esta foi a minha segunda visita a esse épico de 1945. Com mais de 3 horas, trata das paixões, misérias, ilusões de um trio ligado ao teatro. Arletty faz a atriz que todos amam, Barrault é Pierrot, o ator ingênuo que a adora. Brasseur é um ator-astro, cheio de si. Ao redor deles uma multidão de ladrões, nobres, escroques. Tudo lembra Balzac. É uma painel da França do fim do século XIX. Ruas com multidões, lixo e luxo. Tudo no filme é superlativo. A fotografia, o cenário, a música. E todos os atores. As interpretações são ao estilo francês puro, palavrosas e posadas. Hoje lembram cinema moderno, envelheceram tanto que viraram novidade. O roteiro, do poeta Jacques Prévert é brilhante. O filme varia entre poesia, drama pesado e comédia leve. Crime e vingança. É o maior filme da França? Não sei se é, mas o título não fica mal. Para mim existem 3 grandes filmes que merecem o título: este, Orfeu de Jean Cocteau e O Atalante, de Jean Vigo. Com vantagem para a obra-prima de Vigo. Claro que há ainda Clair, Renoir, Clouzot, Godard, Bresson, Melville, Tati, Truffaut...mas estes 3 são gigantes, amplos, completos. Cada um a seu modo, Vigo é intimista e simples, Cocteau é simbólico e hermético e Carné, belo e imenso.  Um filme que todos devem ver. Nota DEZ.
   CAPITÃO PIRATA de Gordon Douglas com Louis Hayward e Patricia Medina.
Aventura padrão de piratas dos anos 50 da Columbia. Pirata inglês se envolve no resgate de seus companheiros capturados por espanhol mal em ilha do Caribe. Nada de especial, produção pobre, mas para quem como eu adora filmes de piratas, não decepciona. Nota 5.
   ALEXANDRE O GRANDE de Robert Rossen com Richard Burton, Fredric March e Claire Bloom.
Há quem diga que Burton deveria ter sido o maior ator de todos os tempos. Mas ele se vendeu à Hollywood e perdeu tempo e vontade em filmes como este. Uma produção grande sobre Alexandre da Macedônia. O filme...bem, como levar a sério Burton de peruca loura? Rossen era um diretor metido a artista, mas este filme afunda em roteiro sem ação e personagens ralos. Só March se salva. Seu Filipe, pai de Alexandre é complexo, sutil e ao mesmo tempo dramático ao extremo. Nota 2.
   O RIO SAGRADO de Jean Renoir com Esmond Knight e Adrienne Corri
Renoir saiu dos EUA e foi a Inglaterra. De lá à India fazer este que é um dos filmes favoritos de Wes Anderson. E é realmente um filme mágico. E, como tudo de Renoir, de uma simplicidade absoluta. Uma familia inglesa vive na India à beira de um grande rio. Vivem de uma fábrica de juta. São cinco meninas e um garoto. Um americano chega e passa a ser cortejado. Uma tragédia ocorre, mas a vida continua. Renoir consegue nos fazer entender um conceito profundo sem falar quase nada. Imagens belas de Claude Renoir, irmão de Jean, e apesar dos atores ruins, o filme se eleva `grandes altitudes. É seu melhor filme. Disso não duvido. Nota DEZ.
   A NOITE AMERICANA de François Truffaut com Jacqueline Bisset, Jean Pierre Leaud, Valentina Cortese e Jean Pierre Aumont
Me apaixonei por cinema em 1978 vendo este filme na Sessão de Gala da Globo. Eu quis ser Truffaut. Durante uns 3 anos ele se tornou meu diretor fetiche. E 3 anos na adolescência são dez como adulto. Então posso dizer que Truffaut atingiu sua meta, mostrar o amor ao cinema de uma forma simples, ingênua  e pura. É claro que fazer um filme não é isto, mas o que Truffaut quis foi mostrar o amor à coisa, nunca um documentário sobre a feitura de um filme. Godard rompeu com François por causa deste filme. O que mostra a cegueira de Jean Luc. O filme é sublime, encantador, o conto de fadas dos que amam cinema. E tem uma das melhores trilhas da vida de Georges Delerue, o que não significa pouco, pois Georges foi sempre magnífico! Nota DEZ.
   OS CONTOS DE HOFFMAN de Michael Powell
Eis...Powell, o irriquieto, o corajoso, faz um dos mais arriscados filmes da história. Filma os contos de E.T.A.Hoffman em sua forma original, ou seja, como ópera, inteiramente cantado. E com cenários que são extremamente artificiais. O resultado é radical, voce adora ou odeia. Eu não me dou bem com ópera, mas adorei o filme. Porque ele é de uma beleza irreal, artificial, embonecada, brega, surpreendente, mágica. Se voce quer saber o que seja o romantismo eis o filme. Ele nos apresenta todo o universo de Hoffman, mas também de Shelley, Hugo, Lamartine...e chega até Poe. Vejo que George Romero é um de seus fãs e isso não me surpreende, este é um filme de horror. A beleza aqui é morta, espectral, como aquela de um cemitério. Se voce gosta desse mundo, veja. Se voce é um prático pés no chão, fuja correndo. Nota.........?

MIKE NICHOLS E WHITNEY HOUSTON

    Mike Nichols nos deu algumas das melhores direções de ator da história. E ele só não foi maior porque seu grande interesse não era nem cinema e nem teatro, era essa coisa chamada mulher. Mike foi um Dom Juan. Surgiu na Broadway como um jovem genial e arrogante. Logo foi para o cinema. Virginia Woolf tem alguns dos maiores desempenhos que já vi. Quem não testemunhou o milagre de ira que Elizabeth Taylor nos dá não sabe o que é uma grande atriz. Richard Burton tem seu melhor desempenho nas telas. Uma magia de ódio e de ressentimento sob falso controle. Depois Mike veio com A Primeira Noite de Um Homem, um filme NOVO em seu tempo, e que hoje ainda sobrevive como delicia de invenção e de homenagem à vida. Dustin Hoffman teve a sorte de estar nele. Depois Mike perdeu o interesse. Ficou rico, caiu na gandaia. Catch 22 foi um filme caro e flopou nas bilheterias. É um filme muito interessante. E bem doido. O brilho de Mike surgiu em algumas ocasiões, mas ele deixou de ser central. Sua morte não deixa um vazio porque ele já desocupara seu trono desde os anos 70. Repito as palavra de Forastieri: que o céu o receba com um dry martini. E uma coelhinha da Playboy. 
   Whitney, ao contrário de Mike que deixou um legado que faz o cinema crescer, Miss Houston destruiu a canção romântica americana. Com ela nasce a praga de se confundir cantar bem com exibir trinados e volteios vocais. A música das cantoras, mas também dos cantores, a partir de Whitney se torna fria, profissionalmente vazia. Os brilhos verdadeiros, fraseado, alcance, modulação e principalmente interpretação, passam a ser jogados no lixo. Importa muito mais um grito longo e afinado que a acariciante voz quente e complexa, pessoal de um Otis ou de Marvin. Repare: TODAS as vozes passam a soar iguais. Todas são Whitney.

SHAKESPEARE, WHISKY E MULHERES, PETER O`TOOLE PARTIU E FOI PARA UM NOVO PUB

   Meu amigo Nelson Granja tem The Ruling Class como filme mais importante da vida. Que sensacional Nelson, isso só demonstra o quanto voce é diferente. O filme é uma ousada e brilhante celebração da originalidade. Postei cenas do filme abaixo.
   Eu já havia avisado, os tempos daqui em diante serão cruéis. Todos aqueles que fizeram este mundo, em seu melhor, começariam a partir. Mesmo que voce pense que o cinema começou em 1999 com Matrix e Magnólia, ou que o rock foi inventado pelo Oasis, saiba que esse mundo, de PT Anderson e Liam foi feito alguns anos antes. Por gente como Robert Altman, Lou Reed, Raymond Carver, e um vasto etc.
   Peter O`Toole se foi ontem. E não me doi, ele já estava semi-aposentado desde os anos 80. Seu interesse principal era a bebida. E em segundo lugar a bebida. Depois vinham as mulheres, Shakespeare, e mais bebida. Foi um dos atores mais famosos nos anos 60. Teatro e cinema. Mas, como aconteceu com tantos, um excesso de filmes ruins destruiu seu desejo de fazer mais filmes. Uma pena...
  Peter me conquistou quando o vi, na tv, por volta de 1988, em O Assalto de Um Milhão de Dólares. Um filme de William Wyler, com Audrey Hepburn. Ali ele fez um papel tipo Cary Grant de um modo inglês e dandy. O filme, sim, sobre assalto, foi refilmado nos anos 2000, e colocaram Matt Damon para fazer o papel de Peter...Isso diz muita coisa sobre o cinema de hoje...
  Peter, que era irlandês, brilhou em O Leão no Inverno, uma das maiores atuações que já vi, dor e violência em cada gesto e no olhar sempre sombrio; e em Becket, talvez seu grande papel. Nesse filme, ele e Richard Burton, grande amigo de copo, duelam sem parar e apesar da genialidade de Burton, quem vence é Peter. O tormento de um rei mimado é exibido com vigor. O filme marca como ferro em brasa.
  Eu, apesar de minha veneração por Olivier, Steve McQueen, Bogart, Flynn e Cary Grant, tinha Peter como ator favorito. Porque ele unia em si, nos seus grandes momentos, a classe de Cary Grant com a arte de Michael Redgrave.
  Os anos 60 fizeram mal, ao fim das contas para Peter. O sucesso o estragou. Se tornou um playboy colecionador de casos e figura assídua em bares e festas. Ele e Burton destruíram copos. E durante o processo ele bateu, também com Burton, o recorde de indicações ao Oscar sem vitória nenhuma. Se não me falha a memória foram sete. Até dá pra aceitar sua derrota em Lawrence da Arábia, pois Peck estava imbatível naquele ano. Mas Becket foi sacanagem! E O Leão no Inverno era vitória certa!
  Não faz mal, Chaplin também perdeu todas.
  Peter O`Toole, como todo bom whisky, é para poucos. Sempre será.
  Saudades e Descanse em paz.

ALBERTO SORDI/ JEAN DUJARDIM/ JOHN LE CARRÉ/ PI/ RICHARD BURTON/ CLAIRE BLOOM

   AS AVENTURAS DE PI de Ang Lee
Resiste muito bem a uma segunda olhada. É um vencedor de Oscar que vai sobreviver. Tem aventura, humor e imagens de sonho. Mais, instiga interpretações. Na verdade ele fala do valor da narrativa como alma da vida. Nesta minha segunda visita meu prazer foi maior. Esse é o sinal do bom filme, na segunda assistida ele cresce. Nota 9.
   O ARTISTA de Michel Hazanavicius com Jean Dujardim, Berenice Béjo, John Goodman, Malcolm McDowell
Minha mãe tentou ver este filme e eu o revi com ela. Ela adormeceu, eu gostei mais que na primeira visita. Agora vejo algo mais que apenas sua coragem. Aqui se usa toda a linguagem que o amante de filmes conhece e guarda no peito. Citações da história da arte usadas modernamente. Sim, a forma é a de 1928, mas a mensagem, a narrativa é a de 2012. Dujardim tem uma atuação histórica. Ele seduz, varia, cresce, faz rir, hipnotiza. É uma estrela, um grande ator! Que belo filme!!! Nota 9.
   VIAGEM FANTÁSTICA de Richard Fleischer com Stephen Boyd, Donald Pleasence, Raquel Welch
Uma equipe é diminuída e colocada dentro do corpo humano. O objetivo é destruir um coágulo no cérebro. Os efeitos especiais são pueris, mas até que o filme sobrevive. Foi malhado quando de seu lançamento. Houve um tempo em que temas ridiculos eram ridicularizados a priori. Lembro de assisti-lo na TV com 11 anos de idade e passar mal. Agora me diverti. Nota 5.
   MEU PÉ DE LARANJA LIMA de Marcos Bernstein
Até tú José Mauro? Botaram um monte de tiques de arte nesta história simples e transformaram isto num trambolho frio e sem porque. Apagaram a poesia, limaram as lágrimas e deixaram um filme ruim. Nota Zero.
   DEEP IN MY HEART de Stanley Donen com José Ferrer e Merle Oberon
Conta a vida do austríaco Romberg, que apesar de suas pretensões eruditas se tornou uma estrela da Broadway. O filme tem um problema central, a vida dele é desinteressante. Nada acontece. Donen dirige sem capricho e até sua leveza mágica está ausente. Tem números com Gene Kelly e seu irmão, Fred. Além de Howard Keel. Nem eles salvam o filme da banalidade. José Ferrer, queridinho da critica na época, transpira antipatia. Nota 4.
   TO THE WONDER de Terrence Malick com Ben Affleck, Olga Kurilenko, Rachel McAdams
Um erro sério de Malick. O tema é sublime, o amor como dom da alma, como condição de vida, como alma do mundo. Mas o modo como isso nos é passado é desastroso. O filme tenta nos levar ao sonho hipnótico com o uso de cortes ritmados e movimentos de câmera dançados. Os atores rodopiam e o ângulo mais usado é do alto e de costas. Isso cansa, produz tédio. O filme é muuuuito chato! Nota 1.
   42, A HISTÓRIA DE UMA LENDA de Brian Helgeland com Chadwick Boseman e Harrison Ford
Em 1947, o dono dos Brooklyn Dodgers contrata o primeiro jogador negro da história, Jack Robinson. O filme é quadrado, básico, mas é impossível não se deixar levar pelo tema. Robinson, que era briguento, suporta as provocações com frieza e vence. Hoje ficamos revoltados com aquilo que ele viveu. Xingamentos no campo de jogo, ameaças das arquibancadas, preconceito do próprio time. Ford está maravilhoso como o dono do time. Digno e muito real. Um bom filme que acho que não será exibido aqui. Procurem em dvd. Vale a pena. Nota 7.
   O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO de Martin Ritt com Richard Burton, Claire Bloom, Oskar Werner
Meu Deus, que mundo era esse! Todos tinham de se posicionar, esquerda ou direita. Um mundo rigidamente dividido. Este magnífico filme fala disso. Burton é um agente inglês. Ultra desiludido. É usado numa tortuosa trama para salvar um colaborador na Alemanha Oriental. Num preto e branco frio e fascinante, obra do genial Oswald Morris, o diretor americano Ritt, grande nome da esquerda de então, faz um filme inesquecível. Não espere aventura e galmour. O livro de John Le Carré desmistificou a vida de James Bond. A espionagem é trabalho de entediados, de homens sem alma. Burton tem uma atuação de mestre. Um monstro de ressentimento, de dor fria e sob controle. O filme é brilhante. Nota DEZ.
   UM AMERICANO EM ROMA de Steno com Alberto Sordi
Sordi cria uma personagem hilária: um italiano que pensa ser americano. Vive falando frases em inglês macarrônico, canta como Gene Kelly e dança sapateado. Pensa ser cowboy, gangster, playboy. Alguns momentos de sua atuação beiram o sublime. Mas há um problema: o roteiro se perde ao final. Parece que não se sabe o que fazer com personagem tão louco. Uma pena... Nota 5.

CLINT/ BOB FOSSE/ FORD/ WILLIAM POWELL/ SPIELBERG/ STEVE MARTIN

   O DESAFIO DAS ÁGUIAS de Brian G. Hutton com Richard Burton e Clint Eastwood
Tudo dá errado. Pelo menos este filme serve pra valorizarmos ainda mais a Dirty Dozen. Fala sobre grupo de soldados que deve invadir a Alemanha para resgatar general. Burton está passivo, com expressão de completo tédio. Clint nada tem a fazer. Seu personagem é apenas um enfeite, um americano bonitão zanzando pelo set. Uma aventura que não tem suspense, não tem humor, não tem nada. Nota 1.
   LENNY de Bob Fosse com Dustin Hoffman e Valerie Perrine
A vida do humorista Lenny Bruce é contada como uma febre de jazz. Em luxuoso P/B, Dustin Hoffman dá uma interpretação frenética, se entrega ao personagem. O filme tem uma falha: não revela a alma de Lenny. Mas suas qualidades, a criativa ousadia de Fosse, homem que conhecia o ambiente de cabaret onde Lenny viveu. Valerie Perrine tem uma atuação à altura, sexy e vulnerável. Belo filme. Nota 8.
   SANGUE POR GLÓRIA de John Ford com James Cagney
Talvez seja o pior filme de Ford. Não se decide entre drama e comédia. Passado na guerra, brinca com situações espinhosas, nunca convence. Nota 3.
   O RAPTO DA MEIA-NOITE de Stephen Roberts com William Powell e Ginger Rogers
O diretor é fraco, mas Powell e Ginger são excelentes, e então se torna um prazer ver o filme. Feito em 1935, ele lembra muito Thin Man, sucesso de Powell na época. Ele é um advogado que desvenda um rapto. Ginger é sua namorada. Powell desfila seu humor fino, sua classe, a voz que baila pelos diálogos. Ginger, o rosto cheio de ironia, é sexy em todas as cenas. Os olhos zombeteiros e a voz em desafio constante. O filme é para os dois. Nota 6.
   O ARTISTA de Michel Hazanavicius com Jean Dujardim e Bérenice Bejo
Ele é corajoso, excêntrico e tem uma atuação genial de Dujardim. Ele faz uma mistura de Douglas Fairbanks com Gene Kelly que é comovente. Mas tem suas falhas, a foto em P/B é pobre e a história é simplória. De qualquer modo, é um filme realmente diferente, que ousa não apostar em efeitos, em sexo e violência. O Oscar 2012 toma partido, tenta valorizar filmes de bons sentimentos. Missão inglória, nosso tempo é de bad feelings. Nota 7,
   O GRANDE ANO de David Frankel com Steve Martin, Owen Wilson e Jack Black
O diretor fez o Diabo veste Prada e Marley e Eu. Se esses dois filmes eram ainda agradáveis, este é irritante. Consegue se deslocar do Alasca até o Texas e mesmo assim não ter uma só imagem memorável. Isso porque tudo é feito em close e com uma insistência ridicula em cortar e cortar e mover o foco. Todos os cortes são exagerados, eles são errados todo o tempo. E tome movimento, tome mudança de cena, tome narração de fundo ( pelo Monty Python John Cleese ). Histerismo, nulidade. A história, que fala sobre 3 homens apaixonados por observar pássaros, é desperdiçada. O que dizer de um filme sobre a natureza que exibe muito mais celulares e carros que paisagens e bichos? Steve Martin, que foi um talento imenso, destruiu seu rosto: as plásticas eliminaram seu talento facial. Jack Black faz as mesmas caras e bocas de sempre e Owen é o mais esforçado, o que não significa muito aqui. Eis um filme que demonstra o tipo de cinema televisivo que está matando o cinema cinema. Nota ZERO.
   CAVALO DE GUERRA de Steven Spielberg
Careta, conservador, pouco ousado, e delicioso. Um mestre fazendo um filme de mestre. Há idiotas que reclamaram da guerra ser "mal mostrada"... Como? É coisa daquela gente que só consegue se emocionar às porradas. Precisa de visceras e sangue para sentir. Coitados.... Outra crítica é ao encontro do soldado inglês com o soldado alemão. Para mim é uma cena belíssima. Fantasiosa, hilária, corajosa. Viagem de Steven? Sim! Que bom! É um prazer assistir esta história. Plenamente satisfatória, seu não-sucesso atesta a decadência do público de cinema e não de seu diretor. Ele nos relembra o prazer de se ver e ouvir uma história bem contada. Nota 9.

ORSON WELLES/ DEPARDIEU/ WISE/ BURTON/ DE SICA/ PETER SELLERS/ ZULU

ZULU de Cy Endfield com Stanley Baker, Michael Caine, Jack Hawkins e Ulla Jacobson
Um grande clássico do cinema inglês, foi votado recentemente um dos top 40 de toda a história do cine britânico. É diferente de tudo aquilo que voce espera. O excelente roteiro narra a história verídica de um grupo de soldados que em 1875 se defende na Africa de ataque de 4000 zulus. A primeira cena ( excelente ) já revela do que trata o filme: vemos uma longa dança ritual zulu. O filme não toma partido, os zulus não são vistos como "bons selvagens", mas tampouco são vilões. Assim como os soldados ingleses, eles são guerreiros humanos. O desenvolvimento dos personagens é perfeito, todos são bem delineados, nenhum é um herói, mas também não existe o anti-herói, têm falhas e qualidades e todos estão transidos de medo. A ação é muito bem feita, o som percussivo dos zulus vindo em crescendo, a violência explodindo de súbito. E o final é um explendor. Em suma, maravilhoso prazer. É um dos primeiros filmes de Caine, é aqui que ele se torna star ( em 64, ano do filme, ele só perdeu em bilheteria britânica para James Bond e A Hard Days Night ). Caine compõe um tenente afetado, fraco, exitante, mas que acaba por fazer o que dele se espera. Stanley Baker, grande estrela da época, é um oficial que luta para ser duro, tenta ser profissional, mas percebe todo o tempo o absurdo daquela matança. Excelente, tem ainda uma fantástica trilha sonora de John Barry, talvez meu compositor de cinema favorito. Nota 9.
A MARCA DA MALDADE de Orson Welles com Orson Welles, Charlton Heston, Janet Leigh, Marlene Dietrich
Um filme de Tarantino feito em 1958. A primeira cena é antológica: um longo plano sem cortes em que Heston anda por rua da fronteira Mexico/EUA em meio a carros, gente e casas. A câmera sobe, desce, corre e caminha e nenhum corte é feito até acontecer uma explosão. O tipo de esbanjamento de talento que foi inventado por Welles. Se Kane é seu filme mais perfeito é este que dá mais prazer ao ser visto. Fala de crime, do confronto entre um velho policial sem ética ( Welles, em atuação de explendor ) e um policial mexicano honesto ( Heston, muito bem ). Tudo no filme é fatalismo, pessimismo, escuro ( a fotografia é maravilhosa ). E tem algumas linhas de diálogo de cinismo cintilante. É um desses filmes cult-chic que fica bem gostar, mas ele merece toda sua fama. Se voce não penetrou no segredo do genial talento de Welles, este talvez comece a mudar sua opinião. Nota 9.
MAMMUTH de Gustave Kervern e Benoit Delepine com Gerard Depardieu e Isabelle Adjani
Minhas Tardes Com Margueritte é o melhor filme em cartaz. Se voce não o viu por ter ido atrás do hype, sinto muito. Lá Depardieu dá um show e pasmem, é um filme atual que trata de gente comum, sem grandes loucuras e doenças mortais. Mas aqui tudo se desacerta. Ele está ok como um aposentado entediado que parte pelas estradas atrás de papéis que provem onde e quanto tempo trabalhou ( problemas de aposentadoria ). Belo tema que poderia lembrar o Schmidt de Alexander Payne com Nicholson ( Payne é um dos muito bons novos diretores que têm pouco hype por não serem "geniais" ). Mas este Mammuth envereda pelo desejo de ser esquisito, diferente, inesperado, e nessa busca tola por arte, ele se faz previsível e pior, enfadonho. Uma pena.... Nota 2.
CORRA QUE A POLICIA VEM AÍ 2 E 1/2 de David Zucker com Leslie Nielsen e Priscilla Presley
Adoro Nielsen!!!!! Ele surge e já abro um sorriso. É daqueles humoristas que apenas por estarem em cena já fazem graça ( Eddie Murphy foi assim há séculos atrás ). Mas esta segunda aventura do hilário policial está longe da naturalidade da primeira. Aqui voce percebe o riso sendo procurado. Mesmo assim tem algumas cenas de humor antológico. Nota 6.
HELENA DE TROIA de Robert Wise com Rossana Podestá, Jack Sernas e Brigitte Bardot
O filme já começa com um erro: no papel de escrava, a muito jovem BB rouba o filme da insignificante Helena/ Podestá. E todo o resto vai nesse ritmo: o Paris feito por Sernas é patético, a guerra de Troia é constrangedoramente ruim e tudo no filme acaba por se parecer com carnaval na Sapucaí. Mistério: como um diretor tão bom como Wise se meteu nessa embrulhada? Nota Zero.
ALEXANDRE, O GRANDE de Robert Rossen com Richard Burton, Frederic March e Claire Bloom
Excelente. Burton, apesar de sua ridicula peruca, dá dignidade a figura de Alexandre. March, como seu pai, Filipe, está ainda melhor, e o filme é visto como um embate edipiano entre pai e filho. Filipe é todo desejo, virilidade, exuberância; e Alexandre, apesar de suas vitórias, é estranhamente fraco, solitário, travado. Rossen, grande diretor, sabe contar sua história. O filme flui. Não existe aqui aquele excesso de luxo hollywoodiano nos cenários "gregos", tudo é simples, claro e natural. Pode ser visto sem medo, ele se sustém, nada é inverossímel. Nota 8.
O FINO DA VIGARICE de Vittorio de Sica com Peter Sellers, Britt Ekland, Victor Mature, Martin Balsam, Maria Grazia Buccella
Uma comédia onde Peter Sellers faz um gatuno italiano só pode ser coisa boa. E é. Sellers foi um gênio e aqui ele dá uma pequena mostra disso. Faz um italiano típico e não parece forçado ou caricato. Faz rir, pelas situações de humor, não por ridicularizar sua interpretação. O filme trata de um roubo de barras de ouro e de um ladrão, The Fox, que deverá transportar esse ouro para dentro da Itália. Para isso, ele se passa por um famoso diretor de cinema "de arte", e usa a população de vilarejo, ávida por fazer cinema, como cúmplices no crime. Mature é um decadente ator americano canastrão ( ele se auto-parodia. Está ótimo ) e temos ainda todos aqueles hilários atores italianos em pequenos papéis. De Sica deixa Sellers atuar, o modo como ele move suas mãos, os olhares à Mastroianni, são aulas de como imitar sem parodiar. Uma comédia de primeira que tem ainda a bela trilha de Burt Bacharach e a linda Britt Ekland, uma atriz suéca do mal ( casou-se com Sellers e destruiu a carreira dele, e depois casou com Rod Stewart e o transformou num playboy. Os dois foram corneados por Britt ). Ah, o roteiro é de Neil Simon. Nota 7.
COLUMBO ( Box com 3 discos ) com Peter Falk, Leslie Nielsen, Lee Grant, Roddy McDowall...
Columbo é um policial feio e mal vestido, que com tranquilidade vai descobrindo seu criminoso. Quando Wim Wenders fez seu maravilhoso ASAS DO DESEJO ele escolheu Peter Falk/Columbo para ser um anjo. Vendo a série entendemos o porque. Columbo se move no crime, mas ele é sempre uma figura calma, plácida, familiar ( apesar do fedorento charuto ), um anjo que não tem uma só cena de violência. O filme começa sempre com o crime. Vemos quem o cometeu e a engenhosidade da execução. O interesse está em saber como Columbo chegará a solução. Ele então, se aproxima lentamente do crime. Toda a força da série está na composição de Falk e nos diálogos. Columbo vai irritando o criminoso, deixando-o confuso, acuado, temeroso. Columbo é obssessivo, racional, teimoso e fica todo o tempo surgindo onde menos se espera. Uma criação inspirada. Nesta caixa, o primeiro episódio tem direção de Steven Spielberg ( é seu primeiro trabalho ). Não darei nota por não ser cinema ( apesar de as imagens, com menos closes do que se usa hoje, serem quase cinematográficas. Cada episódio dura 80 minutos. )

ZURLINI/ ALAIN DELON/ RICHARD BURTON/ KEVIN KLINE/ MALKOVICH/ MELVILLE/ HITCHCOCK/ MILOS FORMAN

O MANTO SAGRADO de Henry Koster com Richard Burton e Jean Simmons
Burton interpreta este soldado romano como se em ressaca. Não reage. O filme, pop épico cristão, é de uma chatice sem fim. Nota 2.
O REENCONTRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, William Hurt, Glenn Close, Jeff Goldblum, Tom Berenger, Meg Tilly
É o segundo e o melhor filme de Kasdan ( roteirista de filmes de Lucas e Spielberg ). Fala de grupo de amigos que não se vê há mais de dez anos. Se reencontram no enterro de um deles, e esse amigo se matou sem que eles saibam o porque. Após o enterro, que nada tem de trágico, eles resolvem passar um fim de semana juntos. O filme é apenas isso, esse fim de semana, certas feridas reprimidas e relações mal resolvidas. Algumas cenas são bastante emocionantes, mas penso se essa emoção não é mérito apenas da trilha sonora ( é fácil emocionar com you can't always keep what you want ). De qualquer modo é um filme muito acima da média ( concorreu a Oscars em 1983, aliás, um belo ano para o prêmio ). Kline faz o alegre e bem sucedido pai de família, aquele que mais traiu os ideais hippies, Hurt é um ex soldado do Vietnã que ficou impotente, Goldblum é um jornalista cínico, mulherengo, Berenger um ator de tv e Meg Tilly a muito jovem ex-namorada do suicida. Ela é a ponte da geração hippie, que se tornou materialista, e a geração doidinha dos anos 80, que tenta reviver os ideais dos ex-inconformistas. Kevin Costner faz o defunto, todas as suas cenas em flash-back foram cortadas. Todo o elenco brilha, são todos atores adoráveis que teriam tido melhor sorte se tivessem vivido na era de De Niro e Pacino. Bons papéis começam a rarear exatamente a partir daqui, 1983. Para quem tem amigos antigos é um filme obrigatório. Nota 7.
KLIMT de Raul Ruiz com John Malkovich e Saffram Burrows
Picaretagem pura. Um lixo metido a grande arte, um pedante exercício de virtuosismo vazio. Aqui está a afetação máxima em cinema. Odiável! Malkovich está tão ruim quanto. Ah... o filme é sobre o pintor austríaco. Quem espera um retrato da brilhante Viena da épóca, fuja. Nota ZERO.
OS PROFISSIONAIS DO CRIME de Jean Pierre Melville com Lino Ventura
Será Melville o melhor diretor da história do cinema francês?....Quem sabe?...Clouzot, Clair, Bresson, Cocteau...Os filmes de Melville são filmes de quem ama Bogart. Mas são ainda mais viris que Bogart. E mais realistas. Bandidos passam a perna uns nos outros e a policia tenta entender o que se passa. Ventura é um ex-detento. E Melville faz tudo com cenas curtas e cortes muito secos. O filme foge do glamour, mas é cheio de jazz. Poucos entenderam tão bem o que é o jazz quanto este francês. Filme para Homens. Cigarros, carros sujos, botecos e armas pequenas. Eu adoro os filme deste cara!!!! Nota 8.
MURDER! de Alfred Hitchcock com Herbert Marshall
É o primeiro filme falado de Hitch. E é cheio de truques de imagem. Mas percebe-se sua origem teatral, algumas cenas são absolutamente estáticas. Longe das obras-primas do mestre, vale para se conhecer Herbert Marshall, um dos mais elegantes atores ingleses do século. Nota 5.
OS AMORES DE UMA LOURA de Milos Forman
Começa com uma menina tcheca cantando rock em tcheco. É 1965. Época de Kundera e Havel. Três anos antes do massacre. É o primeiro filme de Forman. E é dos seus melhores. Jovens tchecos tentam viver e amar e entre eles há uma moça loura. Quem amar? Os jovens são desajeitados e egoístas, os mais velhos são feios e casados. O estilo de Forman se revela aqui: ele ama rostos banais, gente feia, vulgar e estranhamente magnética. Os ambientes são grotescos, pobres, mesquinhos, mas eis o segredo: são nossos ambientes. É maravilhoso ver um filme com gente de verdade, com fedor, espinhas e roupas sujas. Nada de "mundo cão" falsificado, mas o mundo suburbano como ele de fato foi/é. Há uma cena em baile de soldados, em que as três meninas são paqueradas por três gordos de meia-idade, que é perfeita. A cena é muito cômica, ridícula, comovente e cheia de suspense. Milos Forman já surge sabendo tudo. Um toque: entre 1965/1968 o cinema tcheco era o mais amado por criticos e festivais ( e levaram dois Oscars, em 66/67 ), este filme mostra o porque. Com a invasão dos tanques russos tudo isso seria destruído. Nota 7.
A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE de Valerio Zurlini com Alain Delon, Sonia Petrova, Renato Salvatori e Gian Carlo Gianninni
Um poema melancólico. A história de um homem que vive sem raiz, sem ilusão, sem afeto. Tenta ser indiferente a vida. Mas se perde ao conhecer uma mulher. É dos mais perfeitos exemplos de uma alma delicada sendo dilacerada pelo mundo estúpido. Belo, implacávelmente belo, este é aquele tipo de cinema que dignifica a arte e em meio a tanta estupidez nos recorda o porque de tanto amarmos filmes. Zurlini era um poeta. NOTA DEZ!!!!!!!!! ( critica abaixo )
A MULHER DO SÉCULO de Morton da Costa com Rosalind Russell
Este filme serve como uma prova: a prova de que alguma coisa se perdeu na América. Porque? Veja: este filme, sofisticadérrimo, foi um sucesso em 1959. Hoje ele nem seria feito. Baseado em peça da Broadway, fala de garoto que é criado por tia triliardária e excêntrica. Ela o ensina a ser livre. O filme é documento de um certo tipo de snob americano da época, o americano novaiorquino que amava arte hindú, poetas russos doidos e professores franceses de arte grega. Rosalind Russell dá uma aula de humor, de elegância, de prazer em viver. Aliás, o filme é um maravilhoso anti-depressivo. Temos a defesa de mães solteiras, de judeus, da diversidade, das "portas que se abrem". Para a época é uma mensagem ousada. Mais que isso, o filme é uma festa, com seus cenários luxuosos, o diálogo sempre interessante, atores carismáticos e cores vibrantes. Assiste-se com esfuziante prazer. E não se emburrece, enobrece-se. Voce assiste e se sente feliz, que mais querer? Obrigatório!!!!! NOTA DEZ!

CLINT/ RICHARD BURTON/ DAVID LEAN/ SIDNEY LUMET/ WILLIAM HOLDEN

ALÉM DA VIDA de Clint Eastwood com Matt Damon Crítica abaixo. É um bom filme. Inclusive tem a coragem de deixar tudo no ar. Todas as cenas com Matt Damon são excelentes. A trilha sonora é de Clint. Há algum diretor americano atual mais irriquieto? Nos últimos dez anos ele falou de boxe, de pedofilia, de imigração, de falsos heróis e do Japão e a guerra. Tudo com seu estilo low profile, discreto, sério, sem afetação nenhuma. É o cara. Nota 7. ....................................UM DOCE OLHAR de Semin Kaplanoglu Muito elogiado, este filme mostra a bela relação entre pai e filho na Turquia. O pai colhe mel de abelhas que vivem no alto das árvores. O menino é isolado na escola e se solta com o pai. É bom ver um filme turco. Outra paisagem, outros rostos. A fotografia é bonita, o filme tem poucos cortes e boas intenções. Mas não há nada nele que não tenha sido feito antes ( e melhor ). De qualquer modo, para aqueles que começam a ver filmes agora, é recomendado. Nota 5. ...................................................................GREAT BALLS OF FIRE de Jim McBride com Dennis Quaid, Winona Ryder e Alec Baldwin Foi um aguardado lançamento no fim da década de 80 esta bio de Jerry Lee Lewis, o bombástico "novo Elvis" que arruinou sua carreira ao se casar com a própria prima de 13 anos. Dennis Quaid é tão elétrico quanto Jerry Lee, sua atuação, à cartoon, é esfuziante. Quaid, ainda jovem, é um ator que nos dá prazer em ver. Winona, beem jovem, tem aqui o melhor papel de sua desperdiçada carreira. Vê-la aqui e em seguida na bomba ridicula de Aronofski chega a ser um choque! McBride estudou no Rio. Um apaixonado pelo cinema brazuca, seus filmes são sempre muito coloridos, exagerados, vivos, quase excessivos. Este é um tipo de brincadeira festiva sobre um dos mais dionisíacos astros do rock. Alec Baldwin está muito correto como Jimmy Swaggart, o muito bem sucedido primo de Jerry Lee, um pastor evangélico. O conflito entre os dois é o melhor do filme. Se a bio de Ray Charles foi uma patuscada caretésima, e se a bio de Cash foi muito pouco rock, esta é totalmente cartoon, irreal, frenética e vazia. É obrigatório para fãs de rocknroll. Nota 7. ..........................................................................................ODEIO ESSA MULHER de Tony Richardson com Richard Burton, Mary Ure e Claire Bloom Burton faz raios caírem na Terra com este texto irado de John Osborne. É sobre raiva e desespero, sobre desencanto e machismo. Nada há de agradável ou de bonito no filme inteiro. A Inglaterra reconhece sua irrelevância neste momento ( e ao reconhecer seu fim dá seu último berro de criação ). Por que atores ingleses são tão bons? Shakespeare no breakfast? Nota 7. .............................................................................................GRANDES ESPERANÇAS de David Lean com John Mills, Valerie Hobson, Jean Simmons Os primeiros vinte minutos deste filme são das melhores coisas já feitas na história do cinema. Um clima de medo, confusão e solidão levado com maestria pelo seguro David Lean. Depois o filme deixa de ser tão genial e se torna apenas ótimo. Há quem considere este o maior filme baseado em Dickens já feito ( e sabemos o quanto a refilmagem de Cuarón com Gwyneth e Hawke é ruim...), Oliver Twist do mesmo Lean é melhor, mas este é totalmente absorvente. As cenas na casa abandonada, a relação da familia do menino, o modo como a menina o trata, tudo é inesquecível, feito com a competência de quem sabe do que fala. A fotografia é de Guy Green, fotografia da soberba escola inglesa de 1940/1960. David Lean é o mais bem sucedido diretor inglês da história, ele é o modelo e sonho de Spielberg e que tais. Eu prefiro Powell, mas dizer o que de quem fez estes filmes dickensinianos, e ainda Lawrence da Arábia e A Ponte do Rio Kwai? O homem era nobre, detalhista, perfeccionista, culto e sempre valorizava a finesse de seu público. Cinema que nos trata bem, que nos valoriza. Nota 8. ..................................................................................................................................................LADRÕES DE CASACOS de Robert Asher com Terry Thomas e Billie Whitelaw Grupo de aposentados passa a roubar estolas e casacos de peles. O objetivo é doar o dinheiro a caridade e dar nova vida a suas medíocres existências. Comédia inglesa tradicional: um pouco excêntrica, muito convencional. Os Atores a salvam e o texto é agradável. Nota 5. ....................................................EM UM MUNDO MELHOR de Susanne Bier O tema é "relevante", mas o filme é terrivelmente nórdico: anódino, bonzinho, sem tempero. Típico produto que agrada àqueles que vão ao cinema ver uma tese, um telejornal, algo de "bom", não Cinema. Não dá para se falar de direção, de atores, de falas, de alguma arte; o que se pode é falar do tema, apenas do tema. Como cinema é paupérrimo. Nota (............).................................................................... SUCKER PUNCH-MUNDO SURREAL de Zack Snyder O diretor disse em entrevista ser fã de Kurosawa. Nada aprendeu com seus filmes ( terá mesmo visto algum? ). O filme, bem moderninho, é uma mixórdia de efeitos espertos, mocinhas fashion e teorias pseudo-bem sacadas. Que saco!!!!!!! Nota Zeeeeeero! ...........................................................................................REDE DE INTRIGAS de Sidney Lumet com Faye Dunaway, Peter Finch e William Holden Quem quiser saber o que é um bom filme do moderno cinema americano veja este. Dizer mais o que? O roteiro de Paddy Chayefski é uma porrada na cara de todos nós. Não há um herói, o que há é um louco, uma ambiciosa escrota e um bom-coração bundão. A TV manda e a TV é ninguém. Lumet dirige como um gênio ( que não foi, mas chegou perto disso ), várias cenas são antológicas. Em 1976, em minha primeira noite de Oscar ( eu era uma criança... ) torci muito por este filme ( mesmo sem o assistir ), deu Rocky de Stallone... esse foi meu primeiro contato frustrante com o tal prêmio. Trinta e cinco anos depois e Lumet morre nos deixando este filme ainda vivo e relevante. E que atuação é essa de Peter Finch????? Chega a dar medo de tão poderosa!!! ( ele venceu postumamente como best actor, morreu logo após este filme ). Nota 9.

LOOK BACK IN ANGER ( ODEIO ESSA MULHER )- TONY RICHARDSON

A Inglaterra vai abaixo nos anos 50 quando se cria o teatro dos Angry Young Men. E ninguém foi mais angry que John Osborne. Look Back in Anger é a peça que mudou tudo, e este é o filme. História: Teatro inglês era aquela coisa de sempre ( como o cinema também era ), podia às vezes ser genial ( como em Wilde ) mas era sempre aquele bando de lords dizendo coisas inteligentes e wit. Mais que isso, todos pareciam feitos de papelão. Nada de paixão ou de sangue verdadeiro. Os tempos de Marlowe e de Shakespeare eram então recriados como tempo afetado. Mas veio esta peça e a coisa caiu. Gírias, sujeira, violência, jazz, sexo e gente pobre. Vida real? Nem tanto, vida vazia. Jimmy Porter, o personagem, torna-se o ícone da geração que daria ao mundo os Beatles e os Stones ( o teatro de Osborne é bem mais i can't get enough ). Jimmy trabalha na feira e toca piston. É casado e arruma amante, mas o principal: Jimmy odeia a vida. Ele passa todo o tempo agredindo tudo a seu redor. Ele odeia os velhos, odeia as mulheres, odeia o sol e a lua, odeia o passado colonial e a guerra, odeia a paz. No filme, esse papel é feito por Richard Burton e não poderia haver atuação melhor. A cena em que ele murmura a palavra: " Horror" após um enterro é terrificante. O filme aliás, é das coisas mais desagradáveis que já vi. Se voce abomina a Inglaterra de reis gagos e de irmãs fofinhas, este é seu filme. O tal do "filme inglês" ( que aliás eu adoro ) é cruelmente assassinado aqui. Nada é vitoriano, elegante, bonito. O que se mantém de inglês são as falas soberbas e os atores, magistrais. O artificialismo está exatamente nessas falas. Jimmy fala como um menestrel, ele sabe falar bem. E contra o que ele se revolta? Contra tudo. E porque? Eis a força do texto: por nada. Jimmy diz ter ódio de viver, e esse ódio não tem motivo. Quando pensamos descobrir uma razão ela se esvai na cena seguinte. Isso dá o caráter desagradável do filme: esse mal estar, essa raiva é inerente a vida. Viver seria sentir raiva de viver. A fotografia de Oswald Morris, toda em vielas com céus nublados é coisa do mestre que ele é. Junto de Jack Cardiff, são meus dois fotógrafos de cinema favoritos. Claire Bloom faz a amante com rasgos de esperteza. Há algo de muito diabólico nela. Mary Ure é a esposa. Ela sofre sem motivo, é agredida sem reagir e ama quem a destrói. Tony Richardson faria após esta bomba incendiária, Tom Jones, que lhe daria um muito justo Oscar. 1960.... Brilhante momento da arte inglesa. A consciencia de que o império se foi e o ódio a herança deixada pelas gerações passadas. Jimmy Porter abomina o tempo em que nasceu. Mal sabia ele o que viria a seguir. O filme é o epitáfio de um império feito na época em que alguém ainda se importava com isso. Incômodo, desagradável e árduo. Obrigatório. PS: Em tempo de homenagens a Elizabeth Taylor ( merecidas ) cabe reavaliar Richard Burton. Ele surgiu nos anos 50 em palcos ingleses como a esperança de um novo Olivier. Mas Hollywood logo o pescou e lá seu talento foi paralisado. Às vezes, em meio ao alcoolismo, o verdadeiro Burton renascia. Há quem veja nele o melhor ator inglês do século. Jimmy Porter é ele.