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BILL MURRAY/ FRANK OZ/ EXODUS/ CHARLIE SHEEN/ STILLER

   OVELHA NEGRA de Christopher Neil com David Duchovny e Vera Farmiga
Um hippie maconheiro que anda com cabras. Um teen down que vai para escola rigorosa. Pais separados. Porque alguém faz um filme como este? Extremamente conservador, aqui a mensagem é clara, voce pode fumar maconha e até ser um roqueirinho, desde que tire dez na escola e pense no futuro. Adolescentes deprimidos e sem sonhos, eis seu filme. Nota 1.
   QUERO FICAR COM POLLY de John Hamburg com Ben Stiller, Jennifer Aniston, Philip Seymour Hoffman, Hank Azaria e Alec Baldwin
Para uma comédia de Stiller até que não é das piores. Ele leva um chifre da esposa na lua de mel. Conhece garota doidinha...Tem algumas boas cenas e Stiller não exagera na ego-trip. Aniston é ótima. Nota 5.
   A ÚLTIMA VEZ QUE VI PARIS de Richard Brooks com Van Johnson e Elizabeth Taylor
Entediante...
   WELCOME TO COLLINWOOD dos irmãos Russo com Sam Rockwell, William H. Macy, Patricia Clarkson e Luiz Guzman
Refilmagem da obra-prima de Monicelli ( Eternos Desconhecidos ). Macy faz o papel de Mastroianni e Rockwell o de Gassman. O roteiro de Monicelli é tão bom que mesmo este filme consegue sobreviver. Produção de George Clooney que faz o papel que foi do grande Totó. Nota 5.
   NOSSO QUERIDO BOB de Frank Oz com Bill Murray e Richard Dreyfuss
Murray é um doente mental com centenas de sintomas. Dreyfuss é uma estrela da psicologia. O que vemos é o choque dos dois. Uma comédia com atuação soberba de Dreyfuss, vemos o enlouquecimento do auto-controlado doutor. Murray faz o Murray habitual, ótimo. Oz foi e é um dos últimos mestres da comédia ( além de ter feito parte da equipe dos Muppets e de Star Wars ). Nota 6.
   AS LOUCURAS DE CHARLIE de Roman Coppolla com Charlie Sheen, Jason Schwatzman, Bill Murray e Patricia Arquette
O que é isto??? Parece um daqueles filmes very doidos de 1969... Sheen é um astro drunk. O que vemos é seu cotidiano louco. Algumas cenas são tão ruins que chegam a constranger...Mas quer saber? Sheen é muito gostável e é um alívio ver uma coisa tão politicamente incorreta. Roman é filho de Coppolla, irmão de Sofia e tem esse nome como homenagem a Polanski. Que karma! Me parece que ele sabe rir de tudo. O filme, uma brincadeira, me divertiu. Capaz de voce odiar. Ou não...
   EXODUS de Otto Preminger com Paul Newman e Eva Marie-Saint
Uma super-produção sobre a construção do estado de Israel. O filme, longo, não cansa, mas jamais chega a altura do tema. A trilha sonora virou hit. Newman parece desconfortável, ele funciona sempre melhor em papéis de anti-heróis. Uma boa aula de história. Nota 6.

ANNA KARENINA/ MARNIE/ EUGENE O'NEILL/ BLIER/ KIM KI DUK

   O RISCO DE UMA DECISÃO de Richard Brooks com Gene Hackman, James Coburn e Candice Bergen
No início do século XX, uma corrida entre cavaleiros. O filme tem uma visão sensível, os cavalos são as vítimas. Hackman, excelente, é um cowboy humanizado. Ele ama os bichos. Coburn faz seu tipo de sempre, e isso é uma benção: um putanheiro, cachaceiro, malandro. O filme, do viril Brooks, é delicioso. A ação tem porque e os diálogos são ferinos. Brooks começou como pupilo de John Huston. Seu estilo é hustoniano: direto e sem firulas. Nota 7.
   MARNIE de Alfred Hitchcock com Tippi Hedren, Sean Connery e Diane Baker
O filme mais doentio de Hitch. Fala de uma cleptomaníaca. Connery é o milionário assaltado por ela que tenta a ajudar. É um filme desagradável. Feio. Hitch vai fundo no aspecto neurótico da personagem. Ela suja as imagens, borra a música, desfaz qualquer chance de beleza. O filme resulta como um tipo de pesadelo febril. Longe de seus melhores filmes, mesmo assim é obra invulgar. Há quem o adore. Não eu. Nota 6.
   PIETÁ de Kim Ki Duk
Um filme diferente dos habituais de Duk. Aqui o visual é pobre, feio. Tudo se passa num tipo de labirinto urbano, onde um homem trabalha como torturador. Ele quebra ossos de pessoas que devem dinheiro. Sem sentimentos, sua primeira cena é uma masturbação. Surge em sua vida uma mulher que confessa ser sua mãe. Ele bate nela, a humilha... O tema é religioso, Duk é budista. Todos cumprem carmas aqui. Mas o filme é aborrecido, sem emoção, frio. Nota 2.
   A FILHA DA MINHA MULHER de Bertrand Blier com Patrick Dewaere
Blier sempre ousa. Às vezes acerta, e quando acerta faz um filme soberbo como Corações Loucos. Quando erra faz um filme irritante, como este. Dewaere é casado. A esposa morre e lhe deixa a filha de outro casamento. Ele rouba-a do pai verdadeiro e ela o seduz. Cenas de cama, nudez, tudo liberado. Sem culpas. Hoje seria pedofilia, em 1981 era apenas "bem louco". O filme é árido. Não há emoção, tudo é feito sem sentimentos e sem sentidos. No final ele fica sem sua enteada, mas já de olho numa menina de 9 anos, filha de sua nova esposa-adulta. Dewaere era ídolo do cinema francês. Aqui já mostra as marcas do vicio que o mataria em seguida. Parece um zumbi doente. Como disse, Blier é sublime ou nojento. Nota 3.
   LONGA JORNADA NOITE ADENTRO de Sidney Lumet com Katharine Hepburn, Ralph Richardson, Jason Robards e Dean Stockwell
Eugene O'Neill foi, entre 1930-1960, o rei da intelectualidade americana. Um tipo de ídolo-gurú de quem era sério. Segundo americano a vencer o Nobel, suas peças são poços de angústia, desespero, vazio. Esta famosa peça foi sua herança. Escrita, ela só pode ser encenada após a morte do autor. Isso porque ela é muito autobiográfica. Uma familia está reunida numa casa de praia. O pai é um vaidoso e muito sovina ex-ator. A mãe é viciada em morfina e mergulha na loucura. O filho mais velho é um alcoólatra raivoso. E o mais novo é tuberculoso e volta à casa após ser marinheiro ( esse é Eugene O'Neill em auto-retrato ). A peça exibe as brigas, culpas e o aniquilamento do grupo familiar. É um tipo de texto que marcou a arte americana. Até hoje americanos sérios acham que arte deve ser assim, uma longa jornada noite adentro. O filme é pesado, estático, teatral e interminável. Lumet nada faz para disfarçar sua origem teatral. O que vemos são os atores e seu texto. Kate não está bem. Ela exagera. Ralph dá um show. O pai é tolo, frio, auto-centrado, um pavão egoísta. Jason Robards nos aterra. Tem ira, tem medo, tem inteligência destrutiva. E bebe. Dean está ok. Frágil, titubeante. Tennessee Willians roubaria de Eugene a centralidade do teatro americano. A ênfase deixaria de ser masculina-problemática e passaria a ser feminina-sonhadora. O filme não é bom. Mas vale a pena. 
   ANNA KARENINA de Joe Wright com Keira Knightley, Jude Law, Mathew MacFayden
Um grande filme! Dias depois ainda está em nossa alma. Bonito, forte, bem dirigido e muito bem interpretado, é o melhor filme de 2012. Algumas de suas cenas são obras-primas em encenação. Joe sabe tudo de montagem, de fotografia, orquestra uma polifonia de rostos e de vozes que fazem sentido todo o tempo. O filme, arriscado, nunca se perde. Navega pela obra de Tolstoi sem nunca ficar a deriva. Não é perfeito, não poderia ser, Tolstoi não se presta a simplificações. Mas em termos de cinema é um triunfo. Joe Wright ainda não errou. Nota 9.
   UM PARTO DE VIAGEM de Todd Philips com Robert Downey Jr., Zach Galifianakis
Não tem graça. E pior, para quem conhece um pouco de cinema, dá para notar cada um dos plágios. Todd usa dúzias de ideias de outros filmes. Rouba, não cita. Mas, pasmem, o filme não é ruim! Graças a dois atores com carisma, voce consegue assistir toda aquela bobagem e melhor, é um filme curto. É sobre dois caras que são obrigados a cruzar 3 estados americanos juntos. Sim, Steve Martin e John Candy fizeram isso melhor em 1988... Nota 5.

BRAD PITT/ MICHAEL POWELL/ JERRY LEWIS/ SOFIA COPPOLA/ MURNAU

   O HOMEM QUE MUDOU O JOGO ( MONEYBALL ) de Bennett Miller com Brad Pitt
Não se trata de cinema. E nem mesmo de TV. Isto é rádio. Se a arte cinematográfica consiste em contar uma história com imagens, aqui o que temos são imagens que falam o absoluto vazio. O filme tem uma pobreza visual absoluta. São closes sobre closes e mais closes. Desafio alguém a se recordar de uma só imagem do filme... Hitchcock dizia que um grande filme é aquele que pode contar a mesma história com o som desligado. Se tirarmos o som deste filme ele morre. É rádio, voce pode acompanhar a história de olhos fechados. A cena mais "emocionante" é aquela da negociação de jogadores, dois babacas fazendo transações em telefones...wow! Nossa, que demais!!!! Serão esses os heróis do século XXI ? A moral do filme é infantil: em tempos de crise dá pra ser um campeão com pouco dinheiro e muita organização...caramba! Que novidade!!! É a velha moral made in the USA: não seja um loser. O filme seria rebelde se o cara largasse tudo e fosse tentar outra vida. Ah sim, tem uma cena emocionante, aquela em que o cara rebate a bola do recorde... triste filme, essa cena emocionante é da Fox Sports... É um dos filmes mais deprimentes já feitos ( para quem como eu adora cinema ). Nota ZERO. PS: Brad Pitt, que é um bom ator, faz o que pode. O filme fica o tempo todo focado em seu rosto. Entediante...
   THE RED SHOES de Michael Powell com Moira Shearer e Anton Wallbrook
Um dos maiores e melhores filmes da história. Ele dá uma estranha sensação de alucinação, de febre. "Tem atuações que beiram o sublime", ( palavras de Scorsese ), "algo de muito mágico acontece aqui". O filme possui um visual louco, exagerado, barroco, LSD, hiper-colorido e exultante de tanta vida. O filme após encerrado te acompanha, passa a fazer parte de voce, as cenas se fixam na sua memória. É cinema, cinema de verdade, imagens em movimento contando uma história. E essas imagens são complexas, ricas, detalhistas. É uma obra-prima inesgotável. E é o último suspiro do romantismo. Brilhante! Preciso dizer a nota? ( Mais comentários em outra postagem abaixo )
   A ÚLTIMA CAÇADA de Richard Brooks com Stewart Granger e Robert Taylor
Western com mensagem ecológica. Talvez seja o primeiro a defender os animais. Taylor é um caçador. Ele adora matar. E mata, mata e mata mais...Os búfalos são mortos às dezenas e o filme exibe mortes reais, cada animal que cai morto está morrendo de verdade. Granger é um ex-caçador, que por necessidade volta a matar. Mas ele odeia aquilo tudo, embora nada tente para parar a matança. Dá para ver o prazer sexual nos olhos de Taylor ao matar. Ele exibe um gozo absoluto. Uma índia entra na história, e após Taylor matar seus companheiros, ela se torna uma escrava sexual dele. O filme é de 1954 e foi um imenso fracasso de bilheteria. O público não suportava ver seu passado exposto. Brooks, amigo de Huston, sempre seguiu o mesmo caminho, filmes de macho. A diferença é que Brooks sempre exibiu consciência social. A cópia em DVD tem imagem muito ruim. Mas é um filme fantástico por sua coragem e originalidade. PS: os bichos são mortos com autorização do governo dos EUA. Todo ano uma porcentagem é sacrificada para controle de população... Nota 7.
   OS SONHADORES de Bernardo Bertolucci
Saudades de 68...apenas isso. O filme é muito bem dirigido ( compare-o com Moneyball, comentado acima ), Bernardo cria imagens, movimentos, mesmo sobre um roteiro pobre. Os extras do DVD são melhores que o filme. Comento este filme com mais detalhes numa postagem abaixo. Nota 5.
   DEMORA-SE A CEGONHA de Henry Koster com Betty Grable e Dan Dailey
Casal que trabalha em TV tenta adotar criança. É apenas isso, um casal estéril tentando conhecer as alegrias da paternidade. Tudo em tom de comédia musical. O filme é alegre, colorido e tem a curiosidade de vermos as Tvs de então, enormes móveis de madeira que eram vistos como decoração da sala e não como tecnologia. O filme é desfrutável, mas bastante banal... Nota 4.
   O MENSAGEIRO TRAPALHÃO de Jerry Lewis com Jerry Lewis
Em OS SONHADORES, há um momento em que o americano diz que Lewis é ruim e o francês o chama de gênio. Os americanos erraram, Jerry nunca é ruim, mas os franceses erraram também, Jerry era irriquieto e criativo, mas nunca genial. Pobre Jerry Lewis, enquanto comediantes como Keaton e Tati são reavaliados e hoje têm enorme popularidade, Jerry Lewis, que já foi o mais famoso humorista do planeta, é hoje um desconhecido para quem tem menos de 40 anos. Nas Sessões da Tarde dos anos 70, seus filmes eram reprisados toda semana. E revendo-o hoje descubro o porque de sua queda. Ele perdeu a graça. Hoje admiramos o arrojo e a habilidade de Keaton. Se não rimos não importa, são grandes diversões. Com Tati amamos sua poesia e seu visual. Mas os fimes de Jerry Lewis precisam fazer rir, se não dermos gargalhadas nada há para se admirar. Pior, ele passa todo o tempo fazendo caretas, fazendo caras e bocas, exigindo nosso riso. Cenas que poderiam ser de belo cinema, são estragadas pelas caretas de Jerry Lewis. Ele deveria ter aprendido com Keaton, com Tati, com Stan Laurel, a simplesmente fazer a cena e NUNCA tentar ser engraçado. Nisso os americanos acertaram na mosca: Jerry era histérico. Nota 4.
   MARUJOS DO AMOR de George Sidney com Gene Kelly e Frank Sinatra
Tenho um amigo que adora os filmes de Gene Kelly e não os de Fred Astaire. Entendo o porque. Astaire dança sapateado e ballet pop. Gene Kelly dança sapateado e é um grande atleta. Astaire é "apenas" elegante e cool. Gene Kelly é muito mais quente, simpatico e humano. Astaire é um ideal. Kelly é quase real. Neste filme, a famosa história de dois marujos que conhecem garota e se envolvem com ela, há a cena de Gene Kelly dançando com o rato Jerry. É muito bem feita e fez a fama de Hanna e Barbera. Sinatra, muito jovem, faz um marujo virgem, tímido, que quer aprender com Kelly a ser malandro. O musical é chato. Pedimos por mais Gene Kelly e menos enrolação. Nota 4.
   MARIA ANTONIETA de Sofia Coppola com Kirsten Dunst e Marianne Faithfull
Será que um dia Sofia chega lá? Pelo menos ela tenta fazer cinema. Foge das imagens de TV. Mas lhe falta a habilidade básica: contar uma história. Todos os seus filmes dão a sensação de serem uma coleção de cenas, de clips, e jamais uma história interligada. Aqui acontece mais um problema: ela critica a tolice da adolescencia via Maria Antonieta, rainha futil por excelência; mas faz um filme que é fútil também. Tem a profundidade da rainha que critica. É um bobinho, engraçadinho e fofissimo filminho. Nota 3.
   AURORA de FW Murnau com George O'Brien, Janet Gaynor e Margaret Livingston
Há um movimento atual que pede para que este filme, e não CIDADÃO KANE, seja considerado o maior filme da história do cinema. Eu não sei qual o maior filme da história. Dificil decidir entre ATALANTE, VIVER, MORANGOS SILVESTRES, 2001, RASTROS DE ÓDIO, VERTIGO  e tantos outros... Mas este pode ser ele. Porque ele é imenso. E essa é a sensação que uma obra de gênio dá. Ela é como um mar, vasto, de horizontes que não têm fim. E todas essas obras dão vontade de ver e rever e rever e rever... Há tanta riquesa visual neste filme, as imagens são tão cheias de detalhes, de sombras e luz que nós ficamos impressionados com a imaginação e o dominio técnico de Murnau. É o ponto mais alto da arte da imagem em movimento. É uma obra que dá orgulho a quem ama o cinema. Nota acima de sublime....

MARLON BRANDO/ KUROSAWA/ LANG/ WISE/ CLINT EASTWOOD/ LEE MARVIN

O TIRANO DA FRONTEIRA de Anthony Mann com Victor Mature
É o primeiro filme de Mann que não me satisfaz. Por um motivo muito óbvio: não gosto de westerns sobre a cavalaria. Adoro faroestes que falam sobre cidades em crise, sobre solitários cowboys, sobre corrida do ouro. Mas todos aqueles que mostram a cavalaria me entediam. Para piorar, este se apoia no talento inexistente de Mature. Nota 3.
BRILHO DE UMA PAIXÃO de Jane Campion com Abbie Cornish e Ben Whishaw
John Keats para moçoilas. Campion transforma Keats em EMO. Belas imagens e algumas belas páginas recitadas. Melhor ler o gênio romântico inglês. Nota 1.
DUELO SILENCIOSO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune e Takashi Shimura
Eis um Kurosawa que eu nunca vira. É de seus primeiros filmes e é a primeira reunião com Mifune. Fala, em cenário cheio de sombras e que exemplifica o Japão detonado pós-guerra, de um médico, que ao ser contaminado pela sífilis, abre mão de seu noivado e até de seu desejo sexual. É o trágico levado a seu limite. Mifune, com máscara impassível de médico que atende de graça os necessitados, mostra já o dom que lhe daria a imortalidade, ele faz muito com pouco. Sua explosão de dor, em cena quase ao final, nos corta o coração. É mundo sórdido, mas nunca nos deprime. A medicina é um dos temas recorrentes de Kurosawa. Sempre vista como mundo de abnegados. É um filme invulgar, Kurosawa foi o maior. Nota 8.
UM RETRATO DE MULHER de Fritz Lang com Edward G. Robinson, Joan Bennet e Dan Dureya
Quem nunca viu um noir de Lang está perdendo um dos maiores prazeres do cinema. Fico imaginando como seria, numa São Paulo de garoa e paletós, assistir este clássico em algum cine perdido da Lapa. O vapor subindo do pipoqueiro de rua, os táxis na saída, os cigarros no saguão... Este filme é perfeito. Um professor casado se envolve em assassinato e com mulher fatal. Todo o filme é pleno de suspense, de destino inexorável e...milagre! Lang usa um dos finais mais banais com maestria. O final tinha de ser aquele, só poderia ser esse. Bennet, máscara bela de sensualidade, e Robinson, um ator que consegue ser simplório sem ser cômico, são tão certeiros quanto o filme, mas é Dureya, um vilãozinho pé de chinelo, que rouba o filme. Exemplo perfeito do que era um filme pop da década auge de Hollywood. Nota DEZ!!!
O MITO de Stanley Tong com Jackie Chan e Tony Leung
Acho Chan um dos atores mais mal-utilizados dos anos 90. Ele merecia melhores filmes e ter estourado no Ocidente mais cedo. Este muito ambicioso projeto se perde em idas e vindas no tempo e nos continentes. Não era mais fácil ter feito uma boa chanchada com lutas? Mas não! O roteiro nos enche a paciência com seu espiritismo de araque, sua love story infantil e efeitos especiais pueris. Uma chatice!!!!!! Nota 1.
O DIA EM QUE A TERRA PAROU de Robert Wise
O clássico, infinitamente melhor que sua refilmagem ( como infinitamente melhores são os originais de A Guerra dos Mundos, A Máquina do Tempo e O Planeta dos Macacos. ) Um filme muito barato, mas com efeitos eficientes, e uma mensagem pacifista sem pieguice. Wise não perde tempo com nada supérfluo, toda tomada é em função da história, nada é enfeite ou exibicionismo. Robert Wise foi um dos grandes, seja em western, sci-fi, horror, musical ou drama. Faltou a comédia nessa carreira vitoriosa ( com dois Oscars por West Side Story e por A Noviça Rebelde ). Nota DEZ.
O CAVALEIRO SOLITÁRIO de Clint Eastwood
Eastwood tem filmes tipo Hawks e tipo Kurosawa. Quando faz um Hawks ele é relaxado, usa roteiros semi-improvisados e parece sorrir enquanto dirige. Quando é Kurosawa ele fala de heroísmo, de honra e filma de modo mais crispado. Cavaleiro Solitário é em seu tema e roteiro totalmente Kurosawa. A cidade de mineradores se parece com as vilas japonesas e sentimos todo o tempo que aqueles cowboys se tornarão samurais. A camera olha a rua através de janelas, como faz o mestre japonês e há aquele solene toque de vingança e de coragem. O tema é de vila oprimida que vê surgir um vingador que os redimirá. O duelo final é excelente. Clint tem um de seus mais tipicos personagens e é uma diversão soberba. Lançado em 1985, este filme seguiu a sina de todo filme de Eastwood até Os Imperdoáveis : a critica chamou-o de lixo, o público universitário o esnobou e o povão lhe fez justiça. Era um tempo em que filme bom tinha de ser europeu ou um americano com "grande tema", tipo Amadeus, Gandhi ou O Último Imperador. Clint Eastwood viveu o bastante para ser justiçado. Ele é o máximo e é o último dos ícones. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
OS PROFISSIONAIS de Richard Brooks com Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Ryan, Claudia Cardinale e Woody Strode.
Brooks foi um dos diretores machos de Hollywood. Aqui ele faz um quase-western sobre bando de bandidos que é contratado ( o bando ) para salvar a esposa de rico ferroviário de seus raptores mexicanos. É um Dirty Dozen mexicano. É mais um filho de Os 7 Samurais. Mas, com um elenco como esse ( ver Burt pular e sorrir, ver Ryan ser durão e sofrido, e ver Lee Marvin ser Lee Marvin... quanto prazer! ) e a direção segura e firme de Brooks, tudo flui em emoção, ação e reviravoltas bem urdidas. Claudia foi milagre da natureza: em cinco anos ela trabalhou com Fellini, Visconti, Monicelli, Brooks, Leone, Blake Edwards e Richard Quine. E que bela ela foi!!!!!!! Nota 7.
A FACE OCULTA de Marlon Brando com Marlon, Karl Malden e Ben Johnson
Única direção de Brando, foi caríssimo e imenso fiasco. Graças a essa péssima experiencia, ele nunca mais pensou em dirigir. O filme, que começou com Kubrick, é longo, muito longo, cheio de cenas belíssimas, mas que poderiam ter sido evitadas. Foram meses e meses de filmagens, meses de edição e uma recepção gélida de público e hostil de crítica. Com o tempo foi se tornando um semi-cult ( é um dos top 20 de Tarantino ). Não deixa de ser um western doido: há toda uma sub-trama gay e sado-masoquista na história de ex-comparsas de crime que se traem. Marlon faz um "herói" bastante esquisito, rebolativo, glamuroso. Mas é sem dúvida um filme invulgar e que deve ser conhecido. É vasto, corajoso, ousado e muito belo. Como Brando foi. Nota 7.