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NATAL?

Resolveram cá no Brasil que este ano não haverá Natal. A mais nobre das datas está sendo solenemente ignorada. Nunca, desde que existo, houve natal tão pobre, ateu, negligente. Minha amiga, vivendo um caso de amor com Paris, diz que por lá a festa está linda. As ruas enfeitadas, as lojas em festa. Pela TV de Portugal percebo que eles continuam a fazer referências ao Menino Jesus. Aqui não. --------------------- Duas coisas motivam o cancelamento do Natal de 2023 em terras cabralinas: a falta de dinheiro e a destruição do otimismo. Em país onde o papai Noel é mais falado que Jesus Cristo, consumir é o que importa, e se o dinheiro sumiu, não há o porque do Natal. Creia-me, ensinados a ser ateus, há alunos que não fazem ideia do que seja o dia 25 de dezembro. E numa sociedade onde a criança tem pais que não os educam, formatar sua mente na escola se torna algo muito, muito fácil. ----------------------- Óbvio que as redes de midia mostrarão ruas cheias de gente com presentes e rostos felizes. Desde pelo menos 2018 as redes exibem ficção e apenas ficção. Principalmente em seus jornais. Editar o mundo é coisa com custo baixo e lucro alto. ------------------------ Houve um político que disse a seguinte frase: Não pareço conservador, eu sou conservador. Sou conservador porque luto pela preservação daquilo que é eterno. E só o que é eterno importa. ---------------- Não há definição melhor daquilo que eu sou e daquilo que o globalismo mais odeia. O mundo global é baseado na mudança constante e no futuro como único alvo. Todo consumo é pensado na renovação de modas e de produtos e na negação de tudo aquilo que DURE e PERMANEÇA. O poder se faz sobre os corpos sem alma e sem tempo. Nesse panorama, nada é mais ODIADO que o homem que insiste em falar em coisas atemporais e sem preço. Família, religião, individualismo, passam a ser vistos como O MAL. Um homem auto suficiente, que ignora estado e mercado se torna perigoso. -------------------- Não há civilização ocidental sem suas tradições. O fato é que, sem saber porque, toda a juventuda do ocidente passou a odiar essa tradição. Amestrados, eles reagem como cães de Pavlov quando confrontados com palavras como pai, família, fé ou capitalismo. Não raciocinam sobre, apenas latem. A educação eliminou de seu currículo conceitos de lógica, ação e reação e pensamento isento. Não se ensina, se compartilham opiniões. Não é por acaso que mais de 40% dos alunos apresentam quadro de ansiedade ou depressão. Educar passou a ser irritar e deprimir. -------------------- E o Natal nisso tudo? Ora querido.... Uma família à mesa comendo um peru e falando no nascimento do salvador é das imagens mais irritantes para um infeliz ser de cabelo lilás e barriga orgulhosa. Essa imagem será chamada de hipócrita. Mal sabe ele que essa imagem é um alvo a ser atingido. Se ela não é real, paira como algo a ser conseguido. Metas-objetivos-alvos, conceitos que sumiram da vida moderna em meio ao "deixa pra lá" geral. ----------------------- Até meus 12, 13 anos eu mal ouvia falar em Papai Noel. Natal era Jesus Cristo e presépio. Religião cristã. Montavam-se presépios nas ruas, nas lojas. Hoje possivelmente teria de ser um presépio gay ou um em que os animais ocupassem os lugares da Sagrada Família. -------------- Faliz Natal a todos, inclusive aqueles que odeiam o Natal por serem incapazes de o entender. A família não é uma fábrica de neuroses e a religião não é uma prisão. Paz na Terra aos Homens de boa Vontade.

O TEMPO DEVE PARAR - ALDOUS HUXLEY, UMA OBRA PRIMA

Escrito durante a Segunda Guerra, este talvez seja o romance de Huxley que mais me agradou. Contraponto é uma obra prima, mas este também é. O tema lembra muito Henry James, mas sem o estilo de James, é um texto 100% Huxley. ---------------- Por que lembra James? Por falar sobre a sutileza. Huxley demonstra como atos que parecem insignificantes podem destruir vidas. Tema que é o de todas as obras do grande Henry James. ---------------- Sebastian, o personagem central, é um jovem de 17 anos muito belo, inteligente e rico. Aparentando ter 13 anos, ele sofre de uma imensa timidez. Escreve poesia e é oprimido pelo pai, um tirânico socialista que trabalha pela revolução. Sovina ao extremo, o pai o educa sem luxos. Mas esse não é o tema do livro, felizmente. ------------------- Esse pai tem um irmão que foi socialista, mas que hoje é um cínico hedonista. Óbvia que ele o odeia. Esse tio leva Sebastian para conhecer Firenze e lá se hospedam na mansão suntuosa de uma avó cega e muito esnobe. Nessa mansão ele se envolve com uma mulher, Lady Thwale, um personagem que mostra o quanto uma mulher bonita pode ser fria e manipuladora. Ela vai para a cama com Sebastian por esporte, por diversão, ele, felizmente, não se apaixona. ----------------- O tio hedonista vem a morrer e Sebastian se perde em mentiras ( não contarei o porque, mas é uma mentira tola provocada por timidez ). Essa mentira fará com que pessoas morram, uma criança seja injustiçada e um amigo vá para a prisão. Sebastian, covarde, medroso, passivo, terá de enfrentar sua consciência. ------------- Belo enredo não? Mas a magnífica qualidade do livro não está em seu enredo, embora eu sinta pena por Huxley não ter escrito mais livros sobra a dolescência, pois seu retrato de Sebastian é perfeito. -------------- Os temas são aqueles típicos de Huxley, mas aqui dados sem forçar a coerência, sem estragar o fluxo do romance. O que faz desta obra uma força arrasador são os diálogos, primeiro entre Sebastian e seu tio e depois entre Sebastian e Bruno. O tio duvida de tudo, não crê em nada e possui um genuíno amor por arte, literatura, comida e bebida. Ele ensina a Sebastian o caminho do auto amor, do ego como força central, da criação de beleza. Quando ele morre sentimos pena pelo livro, não aceitamos o fim de uma persoangem tão interessante no meio do romance. Mas Huxley tem coragem e descreve então a vida pós morte do tio. ---------------- Sim, ele está morto mas continua no texto. Na vida pós morte, sua alma, sem ego, sem entender nada do que acontece, penetra em universo de cores, sensações, não-linguagem ( Huxley sabe que o mundo não racional é um mundo sem palavras e sem pensamentos verbais ). Porém, ele é tomado pela memória e Huxley nos mostra que há uma sedução quase irresistível pela rememoração. O tio mergulha na vida como lembrança, na sedução das comidas que ele comeu, amores que ele viveu, a arte que ele amou. O azul, sedutor e vazio é sua outra opção, mas ele opta pela memória. ------------------- Huxley não diz, mas ao escolher a memória ele escolhe a vida física e provavelmente irá reencarnar. O azul vazio era a opção pelo fim do ego, pelo esquecimento e assim pela vida no paraíso. Uma escolha, sempre uma escolha. ---------------------- Huxley leu O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS. -------------- É muito interessante ver como Huxley descreve uma sessão espírita convocada pela avó cega e milionária. O tio, convocado pela médium contratada pela avó, não compreende nada do que o tio diz e assim traduz tudo em frases banais, estou bem, estou aqui, sim eu sei. --------------------------- Na segunda parte do livro, Sebastian conhece Bruno, um amigo de seu tio. Pobre, esse católico, a princípio odiado pelo ateu Sebastian, irá mudar totalmente sua vida. A base do pensamento de Bruno é de que toda arte, toda política, toda religião e toda ciência são simples modos de se exaltar o ego. Agindo ou construindo uma obra, nós nos enamoramos cada vez mais de nosso ego e assim edificamos nossa profunda tristeza. Quanto mais ego mais dor, mais medo de perder coisas e de perder a razão e a vida, mais infelicidade. Bruno ensina que na raiz de tudo isso há o tempo. Viver na política por exemplo, é viver sempre no futuro, um futuro que jamais chegará mas que será sempre prometido ( Huxley fala da tolice comunista, mas não só ela ), viver no mundo da tecnologia é também viver no futuro, afirmar todo o tempo que a ciência caminha para o bem e JAMAIS A QUESTIONAR. Viver na arte é viver no passado, no estudo e no amor ao que foi feito e no desejo de não ser esquecido. Todas essas manifestações matam a única coisa que importa, O PRESENTE. ------------------- A felicidade é a abolição do tempo, o fim do futuro e do passado. Animais, felizes por viveram no presente eterno, conseguem isso por existirem em acordo com seu organismo. Eles comem ou caçam porque assim o corpo pedem. Copulam para procriar. Morrem como devem morrer. Já o homem luta contra seu corpo todo o tempo e mesmo quando pensa estar sendo livre ele na verdade está sendo subjugado pelo seu ego. ( Jogos sexuais, boa comida, apreciar a arte libertátia, tudo é anti natural, tudo é jogo tolo do ego em guerra feroz contra o corpo e aferrado ao tempo ). ----------------- Há uma página muito antecipadora de Huxley que fala claramente do 2023: Nada mais absurdo que uma pessoa velha apegada à sua juventude. Lutando para parecer eternamente ter 35 anos, ela nada evoluiu. Presa ao tempo passado e sempre com medo do futuro, escondida de si mesma em cremes, cirurgias e poses, ela não existe no presente e nega qualquer chance ao seu corpo. ----------------------- Uma pessoa escondida por detrás de piercings, tatuagens, botox, perucas, cílios, simplesmente não existe. Ela é um boneco do ego. Uma infelicidade que alimenta seus sintomas sem cessar. ------------------- Ao final, Sebastian se torna poeta. O livro, sublime, deve ser lido por todos que percebem a doença, profunda e feroz de nossa época.

SWEDENBORG

O sueco Swedenborg nasceu em 1677 e morreu em 1772. Uma longa vida que na verdade foram duas. Na primeira vida ele foi um cientista. Bem sucedido. Na segunda parte ele foi um medium. Após uma vida dedicada à ciência, ele recebe a visita de espíritos e de anjos. Conversa com eles por mais de um ano e então escreve sua obra, obra que narra não só aquilo que eles lhe contaram como também aquilo que Swedenborg viu. Pois ele visitou o Outro Mundo. --------------- Primeiro entenda: Swedenborg era tão famoso em ciência que recebera até mesmo um título de nobreza. Segundo: o espiritismo na época dele não havia sido ainda divulgado por Allan Kardec. A "moda" espiritualista viria apenas no meio do século seguinte, cerca de 60 anos após a morte de Swedenborg. Mas... o que ele viu e ouviu? ------------------- Primeiro: não existe pecado original ou condenação ao céu ou inferno. A própria pessoa escolhe seu lugar no além vida. Há pessoas que se deixam seduzir pelo inferno, há pessoas que desejam o céu, e nisso se mostra o Livre Arbítrio. Deus não julga, a pessoa escolhe. ------------- Mas como? Então Swedenborg acha que o Genesis é uma mentira? Que não houve o Pecado de Adão e Eva? ------------- Não. Swedenborg crê na Bíblia mas ele diz que lemos a Bíblia de modo errado. Tudo nela é a narração do crescimento e da evolução da Alma. E sua obra é a "tradução", a exemplificação daquilo que a Bíblia diz por símbolos. Daí vem a imensa influência de Swedenborg sobre Jung. O psicólogo suiço usa, como Swedenborg, o símbolo. Jung vê na Bíblia e em toda religião uma mensagem simbólica sobre a evolução individual. Toda religião seria um código de evolução espiritual. --------------------- O livre arbítrio não termina com a morte. Após morrer, a alma sente mais afinidade com certas almas e segue então esse caminho, rumo ao céu ou ao inferno. Ela escolhe. O inferno, por ser essa alma ruim, guiada pelo mal, lhe parece apropriado. É um mundo sujo, decadente, cheio de intrigas, violência e escuridão. Não há castigo ou Demônio, Deus comanda o inferno assim como o Céu. Na eternidade infernal, a alma vive para sempre dentro do mal. Borges, que adorava Swedenborg, tem conto sobre o céu descrito pelo sueco. O que nos leva ao céu é a inteligência. Só pessoas evoluídas cognitivamente esclarecidas, amam o céu. Não é lugar de beleza ou de paz eternas, é como um local de discussão filosófica, de apreciação racional, um mundo frio, equlibrado, etéreo. --------------------- Na leitura da Bíblia, Swedenborg diz que existem 6 eras: a mais primitiva é a de Adão e Eva. A maioria das almas não consegue evoluir para além dessa era, mundo de escuridão onde a alma não percebe quase nada da Verdade e mal consegue usar a Inteligência. A terra é o recipiente do conhecimento, o lugar onde toda inteligência se concentra. O que ilumina a terra são a Fé e o Amor. Tudo que vem do homem é morto, tudo que vem de Deus é vida. O homem se comunica com o céu graças aos anjos que são mensageiros. Vem daí o conceito de intuição de Jung. Todo pensamento ou toda sensação de Bem, de Fé, de Amor vem do céu, de fora do homem, trazido pelos anjos. ------------------ Cercado por espíritos ruins, o homem celestial ouve apenas aquilo que os anjos lhe dão. Esse homem se torna a imagem do céu. A crença-fé no Divino fazem dele a mais perfeita das imagens. ----------------- Ao morrer, Swedenborg se tornou patrono de uma igreja que existe até hoje, predominantemente nos EUA. Ele previu com exatidão o dia e hora de sua morte e pouco se importou com ela, pois para ele esta passagem pela terra é apenas uma escolha a ser feita. O corpo nada significa e a alma é eterna. A vida é uma tentativa de renascer, de evoluir, de atingir o alto. Anjos não nos protegem de nada, eles apenas podem falar conosco. Tudo de bom e de melhor que há em nós não é nosso, é Deus em nós. Tudo se resume a tentar fazer o espírito falar, pois quando ele fala é Deus que fala em nós. ------------------------ Antes de terminar este texto falo agora de mim mesmo. Sim, houve momentos, raros e brilhantes, em minha vida, em que hiper inspirado, parecia ser Outra Pessoa que me guiava e que falava por mim. Mais que isso, nesses momentos houve uma felicidade calma, clara, nítida, que parecia resolver todo enigma. Esses momentos, se eu os tentar descrever, se caracterizam acima de tudo pela felicidade e pelo esquecimento de si mesmo. A inteligência fala e fala de um modo mais racional que a própria razão. O eu é surpreendido por si mesmo. Eu pareço ser mais sábio e melhor do que eu mesmo acreditava ser. ------------- Essas experiências, que vivi, se encaixam bem naquilo que Swedenborg disse, pois seria Deus falando em mim. Inspiração real. Nessa hora o corpo pouco importa e morrer não significaria nada. Esta vida, trevas que escondem símbolos, seria insignificante. Ou melhor, o que se esconde nela seria tudo. A morte de meu pai me deu essa clareza. Mas não só isso. ----------------- Por fim, devo dizer que o mundo de 2023, histérico, cheio de imagens, ordens, gritos, regras, pressão, dificulta cada vez mais qualquer chance de clareza. Um soldado numa trincheira poderia ter uma visão espiritual, mas um jovem envolto em modismos, falsos valores e confusão não tem como parar e perceber. O que digo com isso? Que nosso cotidiano, dito normal, é mais nocivo que uma guerra física real. Eu disse física porque estamos numa guerra espiritual feroz, terrível, decisiva. O mal predomina. Almas escolhem o inferno aos milhôes. ------------------------ Swedenborg estava certo?

MERLIN E O MUNDO DIVIDIDO

Foi nos primeiros anos do século XIX que os irmãos Schlegel lançaram sua versão da vida de Merlin, o mago. Para isso eles seguiram a versão medieval de Boron, mas tomaram certas liberdades do romantismo alemão. Leio essa obra, mais uma vez, e percebo que toda a narrativa está imersa na filosofia dos gnósticos. ---------------- Merlin nasce de uma virgem devota de Deus, e da intervenção Diabo, que cruza com a virgem enquanto ela dorme. Satã imaginou poder assim desafiar a Deus, mas seu plano dá apenas 50% certo. Merlin terá o poder do Demônio e de Deus em si mesmo. Sua mãe, após ser constatado permanecer virgem mesmo após o parto, irá para um convento e Merlin, que aos 4 anos já fala como adulto e tem o poder de um gênio, irá usar o dom de ver o futuro para assim se tornar poderoso. Ao final de sua vida, Merlin será vencido pelo Mal. ---------------- Está aí, exposta nessa popularíssima saga, o poder duplo que um homem pode alcançar. O espiritual e o racional através de Deus, e o poder temporal e corporal via forças do Mal. Merlin usa os dois sem nenhum pudor. ---------------- Recebo um texto gnóstico onde se fala que a Cobra simboliza, na história de Adão e Eva, o poder da razão. Ao se deixar tocar pela cobra, Eva abre os olhos da razão e se distingue dos animais. Nesse momento ela entende ser outra que não um bicho. Ela adquire a consciência do tempo e portanto da morte. A maldição que se abate sobre ela é a tristeza da finitude. --------------- Como se dá esse contato? Como a Cobra despertou Eva? Várias versões são ditas, desde o fruto proibido ( um figo ou uma maçã ), até o veneno inoculado por uma mordida. A mais simbólica diz que a serpente penetrou Eva, entrou dentro de seu corpo e se fez parte dela. Assim, Eva seduziria Adão e através do sexo lhe deu a razão de se saber humano, mas também a finitude. ------------------- Não nos esqueçamos que nossa consciência da finitude nasce geralmente na puberdade, com o despertar do sexo. É como se ao adquirir o pleno uso do corpo, seja para gerar uma vida, seja para o gozo, encontrássemos também a certeza do fim. Saímos do mundo puramente espiritual-mágico-criativo e adentramos a realidade deste mundo corpóreo. É uma história maravilhosa, a de Eva, onde ela desperta Adão após ser despertada pela cobra, um falo de certo modo. Saiba que todos nós somos Adão e Eva, mesmo aqueles que lutam para jamais sair do estágio infantil da vida, mas muitos poucos são Merlin. ------------------- Pois Merlin já nasce adulto, portanto um não-criança, com a plena consciência do bem e do mal e tendo a seu alcance tudo que os dois mundos podem nos dar. Ele cura e protege, mas ele também destroi e ambiciona. É sempre dúbio, parece optar pelo mal, mas percebemos então que toda sua vida foi uma trama para construção da Ordem e da Justiça. Traído, nunca os medievais se esquecem que este mundo é do mal, Merlin perde ao fim.

GNOSTICISMO

Já aviso que não sei se creio naquilo que aqui vou escrever. Não há como saber a verdade. Mas acho esse modo de pensar muito sedutor. Ele se encaixa naquilo que o mundo "parece" ser. Platão já falava no mundo como ilusão, sombra, e Pitágoras criou uma teoria inescrutável para tentar entender o que não se pode entender. --------------------- Vou direto ao ponto: Não se obtém sucesso nesta vida sem o uso do Mal. E isso ocorre pelo fato de que este mundo e esta vida, a realidade física, sólida, visível, SER obra da maldade. Isso explica não só a existência da dor e da injustiça, como também o sucesso aparente e material da maldade. Para obter algum poder, para viver o que se pode viver no aqui e agora, é preciso conhecer o Mal e saber usa-lo. ----------------- Creio não ser preciso dar exemplos. Da política à guerra, da arte ao amor, o que observamos é a malícia, a mentira, o vício e a maldade absoluta tomarem o trono sempre. O Bem, quando surge, é facilmente destronado e tende a desaparecer. Estou sendo radical? Não, não estou. E explico melhor: nem toda pessoa com poder é absolutamente RUIM, mas todas sabem usar a maldade quando preciso for. Não é por acaso que toda pessoa BOA acaba se isolando da vida. Ou simplesmente desaparecendo. Olhe ao seu redor e observe. É duro constatar isso. Egoísmo-vaidade-cobiça e medo mandam neste mundo. ------------------- O BEM existe e dura mais que o MAL, mas ele não vence aqui e agora. A bondade vive na alma e nunca na carne. Ela observa o mal prevalecer e tenta, em dor, diminuir esse mal. A imagem medieval do anjo com uma espada, andando em meio às trevas, é o mais sublime resumo desta vida. O Inferno vive aqui, no tempo e no espaço. O Paraíso mora além. É atemporal. ------------------ Não se vence o mal com o bem, pois o mal ri do bem e é imune ao exemplo. A maldade ridiculariza o bem pois vê nele apenas fraqueza e ingenuidade. O mal compreende apenas a linguagem do corpo e sutilezas da alma lhe são invisíveis. Para vencer o Mal é preciso usar aquilo que todos nós temos: a própria Maldade. Por isso não se vence a injustiça com a paz, não se destroi o crime com a passividade, não se elimina o vício com o amor. A vitória, precária, do bem, precária mas precisa, se dá com o uso da força, da coragem, da astúcia, até mesmo com a mentira. Se for preciso uma bomba para vencer o MAL, que se use duas bombas. -------------- Falei que o bem é precário porque ele não pode ser dominante em mundo onde ele é estrangeiro. A maldade convencerá os fracos, seduzirá os cegos e eliminará os não aliados. Se alguns lutam contra o mal é porque nossa alma, feita pelo bem, não se conforma com esta prisão de tempo e carne. Anjos caídos e rancorosos construíram esta vida e este universo. Nossa alma intui isso e se ergue contra a realidade material. Ela sonha, cria, inventa, tenta se salvar. E perde. Sempre. Olha ao redor e vê a morte, a dor, o predador devorando a presa, o mal dominando a verdade. Como viver? Ir ao mosteiro e negar a vida? Ser um eunuco? Ou mergulhar no mal? -------------------- Volto à imagem do anjo com uma espada e se ela for muito distante de nós, pense em certos herois POP do século XX. O segredo é saber usar seu corpo e não ter pudor em ser um dos predadores. Se o corpo sou EU então ele é uma ferramenta para entrar e viver neste mundo e assim poder tomar parte do jogo da vida. A espada-falo, a armadura-carne. Salve sua alma e lute sua luta dentro da vida. Obtenha o poder que há nesta realidade AGORA e não tenha pudor em vencer o mal sendo mais astuto e maldoso que eles mesmos o são. Isso é imoral? Dúbio? Amoral? Sim, é. O mundo existe, voce existe e nunca negue isso. Se voce é seu corpo, satisfaça-o. Não o negue e não fuja da vida. Mate o mal e ao mesmo tempo devore a carne. Transe com a mulher e assuma todo seu desejo de homem ou de mulher. Beba o vinho e ambicione o poder. Mas preserve sua alma em meio a tudo isso. Esse o segredo do heroi. ---------------- Sim, uma vela para Deus e uma para o Diabo. Alma e carne. Assuma a dualidade. E saiba que as duas são inconciliáveis. Pois somos um campo de batalha. Por isso a inevitabilidade da guerra. ------------------- Basta! Se voce quer saber mais, breve outro post sobre isto. E nunca esqueça, talvez eu seja mau.

RECORDAÇÕES DA CASA DOS MORTOS - DOSTOIEVSKI

Interessante fazer uma comparação entre as estadas na prisão do autor russo e de Oscar Wilde. ---------------- Wilde, enquanto na prisão, começou a tecer elogios à São Francisco de Assis. Mas ao sair, entregou-se à bebida e a miséria. Dostoievski encontrou o renascimento dentro da prisão, e ao sair, vestindo uma nova vida, escreveu seus grandes livros. Por que essa diferença? ------------------ Wilde, pagão até o osso do pé, não conseguiu levar a cabo sua conversão. A apreciação cristã de Wilde foi puramente estética. O renascer após morrer lhe era impossível por ser inaceitável. Já Dostoievski mergulhou completamente no dogma cristão: é PRECISO MORRER para então VIVER. Sua estadia no inferno foi QUERIDA, ÚTIL, NECESSÁRIA. O cristianismo, religião que vê sentido na dor mais absoluta, lhe serviu, não de consolo, mas sim de alimento. ---------------- Leio este livro e o acho, talvez, o melhor romance do autor. Estranhamente, este, que deveria ser o mais chorão livro de Dostoievski, é, de longe, o mais sóbrio. Ele aceita a prisão e não só a aceita como vê nela algo de "bom". Ele descreve os prisioneiros como abnegados, estoicos, homens que não querem lembrar. Há entre eles um código de ética que só posso chamar de nobre. E a Sibéria surge como o mais belo lugar da Terra ( Cole Porter viajou por lá e achava o mesmo ). É um livro que se lé com prazer e é quase um manual de entendimento da dor. Dostoievski percebe isso logo, a prisão e os trabalhos forçados salvam sua vida, matam tudo aquilo que ele foi e lhe dão um novo nascimento. Eis toda a fé cristã em sua mais profunda realidade. A religião da dor, da morte e da ressurreição. ------------- Para Wilde nada disso era possível como para nós nada disso pode ser absorvido. Wilde como eu e como voce, está atrelado às coisas, aos objetos, aos luxos e prazeres efêmeros. Não havia como ele se despir da matéria e mergulhar na completa espiritualidade. Na prisão ele, inteligente, percebeu o poder de CONSOLO da cristandade, mas foi apenas isso, um consolo, exatamente o mesmo que ela pode ser para nós. Ao sair, de volta à vida, ele não pode renascer porque não morreu de fato. Wilde continuou o mesmo, apenas mais sofrido, ou seja, piorado. Dostoievski, homem da realidade russa de 1850, mundo sem luxo, sem exibicionismo, sem esteticismo, conseguiu se despir, se fazer espírito, morrer totalmente e assim viver de novo e novo. Esse renascimento é impossível para aquele que tem saudades das viagens que fez, dos objetos que teve, dos amores que provou, das paixões de sua vida. --------------------- Leia o livro.

QUANTO MAIS COISAS MENOS ALMA

Em mundo cheio de coisas, ruídos, objetos, falta de espaço, a alma e tudo que à ela compete, fica escanteada. Esse pensamento vem após conversa com professor de história, militante, óbvio, que fala da cobiça dos bandeirantes ávidos por terras dos índios. Usando camiseta do MST em sala de aula, não me espanta o fato de ele perceber um homem do século XVI como fosse ele um do século XX. Ou XXI. ---------------- Gente da época do nosso descobrimento vivia em mundo feito de silêncios longos, casas vazias, ruas sem confusão. Andavam muito, ouviam sons imperceptíveis, viam o que não se percebe. A religião e a experiência mística eram para eles o centro absoluto da vida. Sua fé nos seria incompreensível. Tudo ao redor era Deus ou Diabo, tudo era um sinal, milagres cotidianos. O que os movia, o que predominantemente os movia, era o medo da danação e o desejo pelo Eterno. Quando aqui chegam o que mais querem e precisam é levar aos pagões a mensagem da Palavra. O que percebem são canibais nús, primitivos, no escuro, e ao lhes "salvar", eles desejam não as terras, mas sim um lugar ao lado de Deus, no outro mundo. Ignorar isso é de uma idiotice de MST. PS: óbvio que a cobiça havia, como ainda há hoje alguma fé, mas o que os fazia entrar no inferno verde do Brasil era a crença na Missão Divina. Sem GPS, sem mapa, sem guias, em terra fechada, quente, cheia de cobras e mosquitos, totalmente desconhecida, com roupas de couro, só com algum fanatismo e muita fé se consegue entrar. ------------------- O tal professor riu sem graça e me olhou como se todo esse pensamento fosse "simples bolsonarismo". Toda chance de troca de informações morre nesse preconceito. FIM.

QUANTO MAIS VELHOS MAIS NOS TORNAMOS NÓS MESMOS

...quanto mais velhos mais nos tornamos nós mesmos, então morrerei mouro, no deserto, sem dúvidas na alma, à procura do fim. -------------- No post abaixo, sobre AS MIL E UMA NOITES, falo do assunto, o modo como a cultura árabe está tatuada na cultura latina. Roma e Atenas são a base da vida do Ocidente, mas o sentimento árabe tempera esse caldo, o excita, surge em cada palavra proferida. Minha origem, lusitana, traz a marca das mulheres de véu preto, das viúvas eternas, dos homens jogando cartas e as esposas na cozinha, do ciúme infernal, da princesa e da puta, da faca nos dentes. Mas há mais: a canção de amor doído, a atração do deserto, o amor exultante pela água, o terraço sombreado, as cores fortes, a pimenta, a dança que move a bunda, o violão, os silêncios que duram dias, as brigas em família por motivos de honra, o desejo pela não-ação, a fidalguia, o banho, a miragem.... -------------------- Diferença fundamental: na cultura cristã, é o futuro que trará a verdade. Jesus há de voltar, o bem vencerá o mal, os últimos serão os primeiros, no fim dos tempos o Reino se fará presente. Na cultura àrabe o futuro foi. Ele já aconteceu. No ano 500DC, Deus falou com Maomé e esse era o futuro. Portanto, já vivemos no mundo que virá. Na visão de mundo àrabe, progresso, evolução, não fazem sentido. O homem já está em seu apogeu. E entenda: eles não dizem com isso que o auge Passou e estamos na decadência. Não! Esse apogeu cessou o tempo. Decadentes somos nós, os ocidentais que não vemos a Verdade. Que corremos atrás de um futuro que já chegou a 1500 anos. Para eles, somos como um cão que corre atrás do próprio rabo. Passamos toda uma vida almejando algo que está aqui: o futuro. -------------- Por isso que é IMPOSSÍVEL vencer uma cultura assim. Por isso que ingleses eram enfeitiçados pela India, franceses pela Argelia: a fratura da nossa cultura ficava explícita, estamos aqui mas sempre queremos estar lá. Eles não. Eles estão aqui. E lá. Porque o tempo PAROU. -------------- Por isso é impossível a assimilação do imigrante, pois como alguém assimilará uma cultura que está à procura, que não achou, que anda "como tonta" e "não vê a verdade" ? Na melhor das hipóteses, na visão deles, somos crianças, crianças que criam brinquedos, carros-aviões-celulares, mas incapazes de ver o mundo real. Não se iluda, quando nossa civilização afundar, a deles permanecerá a mesma. Pois a raiz de seu pensamento está a salvo por ser estática. Ironico isso, não?

BENTO

Visto hoje em perspectiva, podemos dizer que o momento em que o papa Bento é substituído pelo papa Francisco foi uma das mais explícitas amostras daquilo que chamamos de guerra virtual entre o mundo real e o mundo ideal. Bento sendo parte do real e Francisco, o mais tolo dos papas, do mundo ideal. Francisco é perfeito para aqueles que tentam nos "unir" em um mundo "uno, igualitário e do bem". Mundo onde a igreja católica, através desse papa-boneco, quase aceita o aborto, fala apenas em direitos e jamais em obrigações, nada cobra, apenas lamenta. Um papa que foi vendido aos não-católicos como um fofo, uma quase criança, um papa-Disney. O que me faz rir é que como quase tudo que esses aloprados fazem, não deu certo. Sem carisma, sem autoridade, sem erudição, sem força, Francisco é um vácuo. Passará à história como aquele que não foi. ---------------- Bento era sério demais para o mundo dos tolos balbuciantes. Nunca saberemos como foi feito o GOLPE DE ESTADO, mas é óbvio que a corrente que Bento seguia perdeu. O que é simples, é deduzir, que esse grupo é parte daqueles grupos que neste momento perdem vez. Olhe ao seu redor, veja quem é censurado e entenda o que Bento foi. Cito duas falas dele: " Em breve teremos padres reduzidos a assistentes sociais e a mensagem de fé reduzida a uma visão política. Tudo parecerá perdido, mas no momento certo, a igreja renascerá. Será menor, quase catacumbal, mas também mais santa. Porque não será mais aquela igreja que quer agradar ao mundo, mas sim a que segue a Lei de Deus. O renascimento será obra de um pequeno remanescente, aparentemente insignificante, mas indomável, purificado. Porque é assim que Deus trabalha, um pequeno rebanho." Esta fala demonstra a posição de Bento radicalmente contra Bento, o papa assistente social. ------------------ Bento morreu hoje e com ele se vão segredos. Uma última fala: " O homem tem em si uma sede de infinito, uma saudade da eternidade, uma busca de beleza, um desejo de amor, necessidade de luz e verdade, que o impele rumo ao Absoluto. O homem tem em si o desejo de Deus."

UM TEXTO MAU ( NÃO LEIA SE VOCE NÃO QUER FICAR CHATEADO )

Ela tatuou 8 símbolos satânicos no corpo. Dentre eles, um pentagrama no peito e uma cabeça de bode na coxa. Hoje muita gente faz isso, há um modismo bobo sobre bruxaria, Wicca, Satã etc. Mas ela odeia Wicca. Tem uma coleção de livros satanicos, inclusive alguns que ensinam sacrifícos animais. Não, ela não mata bichos. E não faz voodoo. Mas quando a vi envolvida nisso, temi pela sua sorte. O mal atrai o mal, não é? Pois veja: ela morava em um barraco e mal ganhava o bastante para comer. Então houve um convite para trabalho, depois mais um, e hoje ela ganha 10 mil reais por mês, fazendo aquilo que ama fazer. Tenha calma quem me lê, voce já vai entender onde quero chegar. ------------------ Sou de um país onde um homem que passou passivamente esperando a ajuda de Deus, perdeu, e um outro, partidário óbvio da matéria pura, venceu. Vamos falar da Idade Média agora. -------------------- Na França surge no sul um movimento herético: o catarismo. Sua filosofia é terrível, mas estranhamente faz sentido: Tudo o que Deus faz é Divino e portanto IMORTAL. Tudo que seja falível, mortal, limitado é obra de Satã. Isso explica o porque da existência da morte, do mal, da doença, da dor. Obras de Deus são nossa ALMA imortal, o amor. Deus criou a vida imortal e Satã nos ilude com a matéria falível. O perigo desse pensamento é que ele pode, e levou, ao desprezo pela vida material. O ódio ao corpo, à natureza, à matéria, tudo sendo visto como obra da maldade. O papa logo combateu esse grupo e os destruiu sem piedade. Todos foram mortos, inclusive vários nobres que adotaram essa fé. ------------- O outro lado dessa crença diz que o Homem deve adotar dois comportamentos: a retidão e a bondade nos assuntos de Deus, a malícia e a maldade nos assuntos da matéria. Volto então ao tema exposto: dinheiro é assunto do mal pois é material, temporal e falível. Minha amiga passa a vencer a partir do momento em que usa essa força. Claro, mera coincidência....ou não? Pois se dinheiro é um dos temas mais materiais e portanto satanico, política é a rainha do mal. Confiar no bem e esperar a justiça NUNCA significaram vitória. Mesmo cristãos como Thatcher, Reagan ou Churchill tinham um lado, secreto, de bastidores, terrivelmente duro, cruel, maldoso. Jamais venceriam se fossem bons e pacientes. A bondade havia, para a família, os amigos, o povo, que eles amavam, mas para os adversários, para o jogo de poder, havia a maldade. Reagan, unido a Thatcher e ao papa João Paulo, venceu o império soviético. Se ajoelhando e rezando? Não seja ingênuo. A vida material não é do reino do bem. Mesmo o papa tinha um lado bastante duro. E sabia usar o mal para obter um ganho, no caso dele, o Bem do catolicismo. Grandes personalidades viviam e vivem nessa dualidade: usar o mal para ganhar um bem. Mas a maioria deles usa o mal apenas para vencer egoísticamente. Usam o mal para aumentar o mal. Dinheiro, sexo e vaidade. ----------------- Eu creio nisso? Não sei. Mas confesso que neste momento, em que o mal vence mais uma vez, não há como não ser tentado por esse pensamento. Minha amiga está comendo em restaurantes de 300 reais o prato. O filho do chefe do tráfico chega na escola com motorista. Os outros alunos se sentem humilhados. Goethe sabia disso. Fausto é a história desse pacto. Para vencer neste mundo, o das aparências, é preciso saber lidar com o MAL. ------------------- Olhe para a Europa e veja um bando de fofos líderes iludidos. E observe um único que sabe usar a força da maldade. ( Talvez dois, pois a Ucrania nada tem de bom, é um país tomado por tráfico de sexo, drogas e lavagem de dinheiro ). A diferença é que Putin, maldoso e sempre esperto, realmente ama a Russia. Ele usa sua malícia para o bem de seu amor real, a nação. Já o outro é apenas mal. Usa essa força para proveito próprio. Não exita em sacrificar seu povo numa guerra sem chance de vitótia. Mas ele se dá bem. O dinheiro americano jorra sem parar para seu bolso. -------------- Dentro desta filosofia, Trump perdeu a eleição por não ser mal o bastante. Topou com algo pior que ele: o partido Democrata. Quanto a Bolsonaro, seu comportamento foi tolo como o de um coroinha de igreja. Achou que por intervenção divina a verdade surgiria e a justiça seria feita. Foi patético. Os adversários, firmes com os dois pés no chão, estão rindo. Satanicamente. ----------------------------- Haverá um preço cobrado por Satã? Essa a grande questão. Talvez a solidão, um câncer ao fim da vida, um sentimento de vazio? Ou o Inferno na eternidade. O problema é que as coisas de Deus nos são imperceptíveis por serem invisíveis à nossos sentidos, enquanto as coisa do mal estão diante de nossos olhos, todo o tempo. Percebeu o perigo dessa heresia?

AB-REAÇÃO, ANÁLISE DOS SONHOS, TRANSFERÊNCIA - CARL GUSTAV JUNG

Em termos de descrição daquilo que é o inconsciente, este é o texto mais claro de Jung que li até agora. Existem como que dois campos dentro de nossa mente, ou melhor, que constituem nossa mente: o consciente e o inconsciente. No ideal de bem estar, ambos estariam em equilíbrio, cada um existindo em seu campo. Mas isso raramente ocorre. O consciente, sobrecarregado, perde energia e nesse momento o inconsciente começa a se fazer perceber. Nosso consciente se assusta com os conteúdos do inconsciente e nasce a neurose. Tentamos escapar das imagens, das sensações, do universo irracional do inconsciente, nem que para escapar tenhamos de criar sintomas, manias, a ilha da neurose. Perdendo toda fé na razão, cheios de medo, dividido em dois, no meio de uma guerra interna, procuramos ajuda. O terapeuta assume a função de nossa consciência, começa então a transferência. ------------- Primeiro fato que percebo: O povo muito deslumbrado que pensa seguir Jung tende a hiper valorizar o inconsciente. Jung deixa claro que cabe ao médico salvar a consciência. Somente doentes têm a prevalência do inconsciente, o que se deve fazer é perder o medo do outro lado da mente, abrir algum tipo de entendimento entre os litigantes, mas sempre tendo a razão como guia. Penetrar no mundo escuro da inconsciência é sempre destruidor e a maioria jamais retorna dessa viagem. --------------- O que seria o inconsciente? É aquilo que resta de nossa história de milhôes de anos passados. O começo do homem como ser não-animal. Dentro desse mundo, não verbal, pois falamos de um homem sem linguagem verbal, o que existe é o medo do fogo, da chuva, o canibalismo, o incesto, a possessão demoníaca, a morte ritual, a inanição por fome, o não-eu, a não-compreensão. Tudo é imagem, é fagulha, é corpo. Não há o "Porque" e nem o "Para que". Não há tempo ou distância, tudo é sempre aqui e agora. Não é animal, pois é humano, mas é o mais primitivo dos humanos, o homem puro impulso, ação sem planejamento, instinto solto, fomes e desejos. Um mundo de fantasmas, de cavernas, de frio, de fuga e caça, de sujeira. ------------ Então, de forma muito lenta, e não se saberá jamais porque, o homem começa a criar a consciência. Primeiro ele se vê como um outro diferente daquele a seu lado. Depois ele planeja uma ação. E então começa a desenvolver um discurso. Acontece a cisão. Para poder sair do estado de natureza, ele precisa calar seu lado puramente instintivo, aprender a esperar, a negar, a se adaptar. A luta interna deve ter sido dolorosa. Não mais comer a carne humana. Não mais deitar com a irmã. Não mais roubar. Se submeter a lei. E passam os séculos....e cada vez mais o inconsciente fica lotado de tudo aquilo que o consciente não mais aceita: não bater em quem te ofende, não caçar, não guerrear, negar desejos. Explodem as neuroses, lógico. Nossa história não pode ser apagada. Nossa herança genética, espiritual, histórica, dê o nome que quiser, vive e respira. Ela mora nos sonhos. Nas neuroses. Na arte. E em ações sem sentido como a guerra e a auto destruição. Em todo homem moderno ocorre a guerra interna entre luz e sombra. E muitas vezes vamos à sombra pensando ser ela a luz. E vice-versa. ------------------ A religião cristã tinha um modo maravilhoso de lidar com isso. O consciente era o Paraíso. O inconsciente era o Inferno. Luz e trevas. De forma sutil, forma que não cabe aqui descrever, a Igreja pacificou o conflito dando aos fiéis sua escolha pacífica. Mas isso terminou no século XVI com a ruptura da Igreja em dois lados: Católicos e protestantes. Desde então a própria fé tomou partido e a cisão interna de cada homem se refletiu na cisão cristã. Para os de Roma são os protestantes os seres da sombra. Para os evangélicos, são os católicos os partidários do engano. Ambos jogam no adversário aquilo que não aceitam em si mesmos: sua sombra. --------------- Ainda não terminei de ler todo o livro e neste momento leio sobre a alquimia. Jung analisa imagens de antigos volumes alquímicos e nos explica toda a mensagem ali expressa. Breve posto mais.

NOITES ANTIGAS - NORMAN MAILER. FAZIA TEMPO QUE UM ROMANCE NÃO ME IMPRESSIONAVA TANTO

Talvez o último livro a me impressionar tenha sido escrito por Nabokov, e eu descobri o russo uns quatro anos atrás. Nesses anos nada que li me fez sentir febre. Não estranhe, um grande livro me toma como vírus e portanto me faz febril. Mas eis que leio este longo e imenso livro de Mailer, lançado em 1983, após anos de pesquisa do autor sobre a vida e a cultura do antigo Egito. É um livro sujo. Repugnante. Amoral. Politicamente incorreto. E mágico. ------------------ Ele descreve a morte. O apodrecimento do corpo. Os fluidos e os fedores. E um espírito, confuso, vivenciando sua própria morte. Norman Mailer não tem medo, se o livro é sobre o Egito, seu centro tem de ser a morte, tema central da vida egípcia. O começo do livro é maravilhoso. A alma confuda nos confunde e nos perdemos na leitura. Mas prosseguimos. E vivenciamos aquilo que a alma vivencia. Mailer nos faz entrar no Egito. No mundo de 2.000 antes de Cristo. Na sociedade mais diferente da nossa. Na cultura da morte, dos faraós, dos sacrifícos humanos, da sujeira extrema, e do sexo, muito sexo. -------------------- Lendo este livro percebi várias coisas. O quanto o cristianismo nos moldou. Que houve modos de viver absolutamente diferentes do nosso. Que esses modos duraram muito, muito tempo. E que este mundo, o de agora, é pouquíssimo variado. Vivemos numa uniformidade absoluta. --------------------- Quatro mil anos atrás tínhamos a cultura do Egito, a deste livro, que durou cerca de 3000 anos. Ao mesmo tempo havia a cultura hitita, muito diferente. Os judeus, opostos em tudo aos egípcios. Celtas na Europa. A cultura da India. Da China. Persa. Todas diferentes em tudo entre si. Óbvio que era assim porque o mundo mal se comunicava, tudo era longe e era lento. ------------------- Mas o que pergunto aqui é: O planeta abrigava várias vozes, várias maneiras de expressar o divino no humano, vários modos de tentar viver e sobreviver, várias hipóteses de acerto. Nenhuma era a CERTA e todas eram NOSSAS. Será que voce me entende? Nossas vozes se expressavam em cada latitude, em cada continente, e todas essas vozes eram minhas e suas. Hoje elas se calaram. Há apenas duas ou três vozes. E uma delas, inclusive, pede que todas se calem. -------------------- A vida no Egito era tão diferente da nossa que muitas vezes pensamos ser uma vida de outro planeta. Oude outra dimensão. Nada neles lembra nada em nós. MAS....somos eles também. Pois são humanos, como eu sou. Estão dentro de nós, ao redor de nós, escondidos em nós. Pois o que eles criaram, sentiram, inventaram, temeram, desejaram, pulsa e vive em mim e em voce. Quinhentos anos de cultura greco-romana e depois dois mil anos de cristianismo podem ter obscurecido, reprimido, nos feito esquecer. Mas eles eram humanos. E eram portanto nossos irmãos.

O NOVO PARAÍSO ( ASSISTINDO GREASE )

Voce deve saber mas vou contar: ao fim da guerra, 1945, houve o tal do baby boomer. Soldados de volta pra casa tiveram filhos, muitos filhos e a população em geral, tomada por otimismo, botaram crianças no mundo. Nunca nasceu tanta gente em tão pouco tempo. Assim, em 1950, 1951, montes de crianças brincavam nas ruas e a sensação era de que o planeta havia se tornado um playground. Em seguida elas se tornaram adolescentes e o mercado logo começou a vender milkshakes, camisetas e bicicletas como nunca. Os pais enriqueceram ( no primeiro mundo....aqui no Brasil esse salto se deu com atraso, mais ou menos em 1969-1976 ), e pais com melhores salários instituiram a mesada para os moleques. A mesada era gasta em cinema, lanchonetes, bolas, tênis e em discos. Nasce aqui o rock, o primeiro gênero musical específico para adolescentes. Cria-se uma imagem: ser adolescente é a melhor coisa que existe. Celebre isso. Tenha orgulho de ter 16 anos. Não é preciso FAZER nada, basta SER um teenager. ------------- Como consequência vieram o ódio à autoridade, a raiva dos pais e o medo de ser adulto, pois se ter 16 anos era o máximo, dali pra frente só poderia vir o inferno. Ser adulto era sofrer em vida. ------------- Freud e Jung não tinham como prever isso, mas a psicologia só pode ser levada a sério se colocar como ponto central o fato de que ter 16 anos é o cume da montanha. A partir daí observamos, cada vez mais, que essa idade, de forma ilusória, se estica, e hoje vemos gente de 50 anos vivendo e pensando como se tivesse 16. Há até presidentes assim ( Macron e Trudeau ). Toda a arte passou a ter espírito teen, seja cinema seja literatura. Mesmo filmes que parecem sérios possuem a seriedade de um adolescente deprimido. Observe que não há mais filmes sobre casais adultos com filhos. ------------------ A Europa e os EUA na atual guerra se comportam como teens birrentos. " Vou me vingar da Russia lhe proibindo de usar o Facebook e de comer no Mac ". ----------------- GREASE, o delicioso filme de 1978 vende esse paraíso adolescente a perfeição. Tudo nele é celestial e voce deseja ser como eles e viver dentro daquele mundo. ( Okay, se voce se acha mais sofisticado talvez queira viver dentro dos filmes de Wes Anderson ou de Tim Burton....muito adultos eles são, não é? ). --------------- A cena que posto exemplifica o que falo de forma linda. Tudo ali, a dança, os rostos, a canção, nos traz a certeza de que aquela é a felicidade suprema e possível. Para ter esse paraíso basta ser uma pessoa de 16 típica. E é aí que vive a armadilha. Isso porque o Paraíso sempre foi um lugar e um estado de alma e desde os anos 50, o paraíso é um TEMPO. E o tempo muda, passa, não se pode obter. Então somos um mundo em que nosso paraíso escorre, escapa, se vai. Pior, sabemos disso. É um paraíso com data de vencimento: os cabelos brancos, a barriga, a careca, as contas pra pagar. Por isso a louca mania de tentar esticar o tempo. Não envelhecer, não amadurecer, jamais sair dos 16 anos. ---------------- Eis o porque do sucesso tão grande dos herois de quadrinhos, Harry Potter, música POP, jeans e tênis, academias, professores moderninhos de filosofia, partidos libertários, drogas. Todos prometem a mesma coisa: me siga e tenha 16 anos para sempre. Caramba! Haja depressão!!!! A disputa estará perdida sempre! Não se vence a biologia. Não se vence o tempo. ( Hey! Mas há uma NOVA ciência que promete acabar com a biologia e com o tempo! Wow! É tudo que queremos não é? Eterna juventude! Obaaaa! ). Aliás a palavra NOVO ou NOVIDADE designa um bem em si. Se tornaram a qualidade máxima. Nada, nem o BEM ou o JUSTO é mais valoroso que o NOVO. -------------------------- E pensar que em 1930 o desejo de todo garoto de 14 anos era ser adulto como seu pai era....Hoje o pai inveja o filho. --------------- Tudo isso não valia para o mundo árabe ou russo e nem para a China ou Africa. Por questões religiosas ou financeiras, a maior parte do planeta não conheceu esse novo pseudo paraíso. Mas tiveram a ilusão de que americanos eram mais felizes. ----------------- Em 1978, ano de Grease, eu tinha 16 anos. E vi TODO MUNDO usar a camiseta preta com taxas de John Travolta. A febre não foi menor que a que voce, jovem, viu com Harry Potter ou Homem Aranha. Todos tentavam viver a vida de Grease. Porque aquela parecia ser a melhor vida possível. Um segredo: eu não era feliz. Meus 16 foram a cobrança, imposta por mim mesmo, de ser feliz. ---------------- Pensando melhor, no mundo de hoje não se quer ter 16 anos para sempre. Os 11 anos são o novo paraíso. Aos 16 meninos são meninos e meninas são meninas. Aos 11 a diferença entre os sexos não se afirmou. Melhor ter 11. Sexo como brincadeira inocente, arte como fantasia de contos de fadas, a vida como um parque da Disney. --------------- Quem for adulto domina essa população com facilidade.

O SÍMBOLO DA TRANSFORMAÇÃO NA MISSA - C.G.JUNG

Neste vasto, vasto livro, Jung nos mostra o significado profundo do ritual da igreja católica e do porquê dele ser um modo genial e racional de encontro das várias partes dispersas em nosso ser. Para isso, com sua assombrosa erudição, Jung cita textos gnósticos, alquímicos, judaicos, egípcios e nos faz entender o modo como o catolicismo, habilmente, anulou o perigo da vaidade gnóstica e nos deu a MISSA, a teatralização da vida e da morte de um Deus. Nela, nós, sem o perceber, somos mortos e matamos, comemos e somos comidos, bebemos e damos nosso sangue, somos testemunhas e ao mesmo tempo agimos. Disse que o livro é vasto? São apenas 90 páginas, mas são repercussões sem fim. --------------- Como posso dar a voces o gostinho, um sinal da abrangência de tudo isso? Quem me lê sabe que para mim Jung é guru pelo fato de que ele não me convence com suas palavras ou me seduz com suas ideias. Eu dou valor a Jung porque o que ele fala eu senti ANTES de o ler na carne e na alma. Percebo dentro de mim, desde sempre, a divisão entre meu insonciente e meu consciente, um atemporal, não verbal, eterno porque não começa em mim, cósmico, livre, e o outro, racional, preso ao tempo e às palavras, vigilante, medroso, finito porque nasceu quando nasci e deixará de ser quando eu morrer. Pois saiba que em minha vida, em momentos vários, eu senti o inconsciente em mim e ao redor de mim. Vi a indiferença com que ele existe, sua força imorredoura, sua eternidade ampla, independente, e ao mesmo tempo comum à todo ser humano. Somos os dois, mas a maioria vive no limite auto imposto de ser apenas o consciente, aquilo que fala, que sabe, que explica, que divide em partes. Pois saiba, a Missa é a mais bela forma de tentar integrar os dois. Como? Pelo exemplo do Cristo e pelo ato sem porque. ---------------- O ato sem porque: Não há razão no inconsciente. Ele não é apreensível pela razão e não pode ser descrito por palavras. Falar do inconsciente é matar o caminho. O inconsciente se faz perceber por imagens, atos sem sentido, símbolos, sensações. O incenso, o cálice, o vinho, o sino, tudo é modo de acessar o caminho para dentro. E há a cruz. ----------------- As duas linhas que se cruzam e formam quatro campos. No encontro, no centro da cruz, o ponto que é o centro do universo. Conhecer o limite do universo através do infinitamente pequeno. Mas, mais que tudo, ela nos lembra que para se conseguir ser o UNO, o INTEGRADO, aquele que não tem conflito, é preciso se dar em sacrifício. Dar sem esperar nada em troca. Dar por amor a quem se dá. Dar por dar. Abrindo assim mão do ser temporal, do que é seu, do que voce é. Morrer. Padecer. Eis o único modo de se RENOVAR. REVIVER. RENASCER. Não há ganho sem dor, mas não se deve dar esperando esse ganho. Não se pode procurar o sacrifício, ele precisa ser aceito. ---------------- Falando das palavras, Jung diz: " A ruptura do contato com o inconsciente e a tirania da palavra representam uma perda: A consciencia torna-se cada vez mais discriminadora e com isso a vida torna-se cada vez mais dividida em partes. Perde-se então o sentido de UNIDADE. A psique se rompe em divisão. O sentido se perde". ( Que bela discrição do mundo de 2022 ). --------------- A Missa é a história, sempre renovada, de um Deus que renuncia a si-mesmo, que abre mão de si e nos mostra o caminho da integração, da unidade. Um milagre sempre refeito: séculos passados e a missa se mantém como é: um momento atemporal e sem lugar. O grande milagre da Igreja explícito, a Missa existe. Sua ocorrência é o milagre maior. Pão e vinho, da duas maiores criações da cultura, o grão que vira pão, a uva que se torna vinho, e ambos se tornando sangue e carne. Comemos um Deus. A missa não foi criada, é uma manifestação de uma profunda necessidade. É uma mensagem sem palavras. Gestos e atos sem sentido que refazem o sentido. ------------ Explicar mata o mistério. Falar interrompe a comunhão. Paro aqui.

ATRAVÉS DE UM ESPELHO - BERGMAN E SEU DEMÔNIO

Filme de 1961. Temos Harriet Andersson. Que não é mais a menina de Monika e o Desejo. E nem mais o monstro sensual dos anos 50. Aqui ela consegue parecer pesada, densa, terrivelmente grave. O resto do elenco tem Max Von Sydow, como um frio e ao mesmo tempo perdido professor. Gunnar Bjorstrand é o pai, e o filme é dele. Há ainda Lars Passgard, ator que não se firmou na trupe de Bergman, como o irmão de Harriet. Gunnar esteve em quase todos os filmes dos anos 50 do diretor sueco. Este filme, que começa com cello de Bach e imagens de um mar cinzento em uma ilha vazia, fala de loucura. ----------------- Desde a algum tempo nos acostumamos a ver artistas ateus ignorarem Deus. Infantis, eles negam sua existência como ideia central da nossa civilização. Crianças negam aquilo que não entendem. Acreditam que fechando os olhos para uma coisa, ela deixa de existir. Por isso estranhamos que um ateu como Bergman se ocupe tanto com Deus. Ele não crê, mas não nega sua importância. Ele, adulto que é, O discute. ------------------- Harriet acabou de sair de uma clínica. E volta a enlouquecer. Vemos momento a momento sua agonia. E ao mesmo tempo, a reação da família. O marido que tenta manter a cabeça no lugar. O pai que covardemente se afasta. E o irmão, que afunda no sofrimento do amor pela irmã. Em um quarto abandonado, ela começa a ter contato com alguma coisa. Algo que vive por detrás das paredes. ( Fosse um filme de 2021, essa entidade seria um ser de outra dimensão. Nós substituimos Deus por um ET. Tudo para parecer mais cinetífico ). Ao fim do filme ela vê essa entidade e enlouquece. Um helicóptero vem a levar embora. ---------------- Uma aranha. Deus é como uma aranha. O rosto impassível. Os olhos frios e impessoais. A vida é sua teia. Somos aqueles que cairam nela. Horror absoluto. ---------------- O filme está longe de ser perfeito. Há algumas cenas que soam artificiais, forçadas. Mas é uma obra prima. A cena dentro do barco, a barriga da Baleia de Jonas, é uma das coisas mais belas e fortes já filmadas. O desamparo de quem viu Deus. E encontrou Nele nada do que esperava. --------------- Após a partida da filha, o pai e o filho conversam junto a uma janela. Afinal, Deus existe? O pai, numa fala artificial, porém de beleza sublime, diz que o amor que sentimos é uma manifestação da existência de Deus. Que o amor é Deus afinal. O pai parte e o filho, sozinho, diz: EU FALEI COM MEU PAI. Para quem como eu, viveu uma relação de amor profundo e odio ferino com seu pai, essa é uma das mais comoventes falas de toda a história do cinema. Bergman criou todo o filme para essa fala final. A obra se trata disso: dois filhos a procura do pai que sempre se faz ausente. -------------- Desde Freud o valor da mãe tem sido hiper valorizado e nesse processo, o pai foi posto de lado. Se tornou um tipo de ator coadjuvante, um São José apagado diante de Maria. Mas, pelo menos para os meninos, a relação pai e filho é crucial para qualquer chance de alegria e saúde mental. A tragédia de nosso tempo é a ausência do pai, seja ele Deus, pai biológico ou avô. O guia, o protetor, o heroi, o aglutinador. E também o rival declarado, o excitador de vontades, o ponto a ser superado. Sem o pai há um vacuo, vazio a ser preenchido por qualquer coisa. Inclusive uma aranha. ------------------ Só alguém que chegou perto da loucura escreve algo assim. Minha teoria boba de que Bergman nunca sofreu como sua arte nos faz crer, cai por terra. Sim, ele esteve perto da aranha horror. E saiu para nos dizer que FALOU COM SEU PAI. Abraço meu travesseiro e choro sem pudor algum. Nobreza nada mais é que dizer, sozinho e sem testemunhas, perdão meu pai. Onde voce está? Que falta voce me faz. Salve-me. Salve-me. Salve-me. Este filme é uma missa solene. Por isso Bach. Harriet é o médium e seu irmão, um anjo. O marido é um homem comum. E o pai...ah o pai....é o deus que foge, que nos escapa, que se vai. Se isto não é uma obra prima elas não existem.

ZÉLIA DUNCAN E A BÍBLIA

Pessoas que se acham inteligentes gostam de bradar aos quatro ventos seu amor por livros. Que livros devem ser tratados com respeito, com cuidado, com amor. Normalmente eles falam que adoram o cheiro das páginas, a maciez do papel, a sólida presença do texto. Okay? Weellll.....depende. Zélia Duncan, como faziam os nazistas, destruiu um livro em praça pública virtual. Ela pegou uma Bíblia e a rabiscou. -------------- Em outro post escrevi sobre a dificuldade que existe em ser de direita no mundo ocidental. Somos atacados todo o tempo. A esquerda se diverte em nos provocar, de modo gratuito, desejando que façamos aquilo que eles esperam: que sejamos violentos. Tudo que eles almejam é poder nos acusar de fascismo tendo um ato fascista para dar a prova final. Daí a gratuidade burra de um ato como a da ex cantora Zélia. Birra de criança querendo provocar o papai. Ato risível. E também um ato de profundo desrespeito. ----------------------- Fui recentemente punido por ter compartilhado um post americano. Nele, uma imagem de um certo ditador alemão. E o texto: Hoje chamar alguém de Nazi equivale a chamar alguém de FDP ( SOB ). Voce sabe que a pessoa não é filho de uma prostituta, mas chama mesmo assim. Voce sabe que o cara não é nazi, mas grita a ofensa mesmo assim. -------------- Sob a alegação de que esse post incitava o ódio, fui punido. Eu pergunto então: Riscar páginas da Bíblia não incita nada? Zélia, a ex cantora, teve qual objetivo? Foi um ato de ponderada análise sobre o texto bíblico? ---------------------- Na vulgarização do nazismo há uma perversa injustiça histórica. Se vulgariza uma palavra. E sabemos que quanto mais uma palavra é usada menos peso ela tem. Hoje se chama de FDP ( SOB ) um amigo. De modo até carinhoso: "Que saudade de voce seu FDP!". FDP quase não ofende mais ninguém. O dia em que a palavra nazista perder todo seu peso, tudo aquilo cometido por nazistas será visto como algo vago e sem peso. ----------------- Não importa se voce crê ou não. Uma religião deve ser respeitada porque ela representa amor para muitos. Riscar páginas da Bíblia é riscar o coração e a memória afetiva de milhões. Mas, para a senhora Zelia, parece que milhões são um nada. Se crêm em Deus são risíveis. Ou pior, DEVEM SER SILENCIADOS. ----------------- Chamo-a de ex cantora porque artistinhas como ela deixaram a muito de produzir e trabalhar. Ofendem e choram. Se têm algum destaque é por atos gratuitos e burros como este. Ela fez com a Bíblia aquilo que um símio faria. O que nazistas fizeram com Shakespeare. O que eu não faço nem mesmo com Lacan ou Chomsky. --------------- Em tempo: como eu já avisara, Tio Zuck mudou o nome social do Facebook. Agora se chama META. E como a pressa e o medo imperam no Face, ele usou logo e nome roubados de outra empresa. Se descuidou. Uma empresa muda radicalmente de nome quando está às portas da falência. Pagar o que ele tem pago, em suborno e advogados, nos últimos anos, tem um preço. 2022 será um ano delicioso. ------------- Ataques são atos de desesperados. Desesperados produzem apenas erros. Ataquem mais.

SORRISOS DE UMA NOITE DE AMOR - BERGMAN E O MUNDO DO NORTE

O mundo do norte da Europa é o mundo luterano. Mesmo que um país como a Suécia tenha maioria atéia a décadas, sua herança cultural e seu ambiente espacial é luterano. Faz parte de seu caráter. ------------ Luteranos, predominantes em parte da Alemanha também, amam o trabalho e com o trabalho, a limpeza. Para eles, a sujeira, a desordem, o acaso são partes do mundo do mal. Provável que essa concepção venha como oposto ao catolicismo. Para luteranos, católicos eram e são sujos, desleixados, preguiçosos, não confiáveis. Suas igrejas, as romanas, são de mal gosto com seu exagero de imagens, cores, corpos nús, padres suspeitos, sexo mal dissimulado. Não me interesso aqui no porque disso, mas sim no efeito que os filmes de Bergman, que adoro, têm sobre mim. Eles são profundamente luteranos. E é esse caráter, tão fantástico, tão distante, tão pouco cotidiano para mim, que me fascinam em seus filmes. ------------- Observe este filme citado no título. Trata de uma família rica da Suécia de fins do século XIX. É o mesmo mundo de filmes como My Fair Lady ou dos filmes de Ophuls. Mas mesmo os ingleses sendo protestantes, eles jamais chegam perto da arrumação fria, da limpeza esmerada que vemos nos filmes de Bergman. A religião inglesa nada mais é que um acordo. Luteranos são radicais. Odeiam acordos. ------------- O filme, alegre, trata de sexo. Mas não há o espírito dos filmes franceses ou italianos. E nem o sexo nada sensual dos americanos ( não há país menos sexy que os USA ). Observe como são as cenas de desejo, as cenas na cama, os beijos. Observe as casas, as ruas, o teatro. Tudo limpo, claro, arrumado, sem nada em excesso, tudo posto em seu lugar, nada dos adereços da Londres de 1890, nada do pó e do mofo italiano, nada da bagunça opulenta de Paris. Tudo parece rico, porém simples, chique, mas envergonhado. Esse ambiente, tão anti-Visconti, tão anti Ophuls, é o que explica meu amor aos filmes de Bergman. ---------------------- Ingmar Bergman deprime muita gente, não a mim. E não é porque sou deprimido e portanto imune. O fato é que vejo em seus filmes a paz que não vejo em outros diretores. Por mais deseperado ou niilista que uma cena seja, há paz no cenário, na luz, na condução dos atores, no roteiro seco e sem firulas. Bergman é assim, o mais sereno dos diretores e portanto um nobre. Se Kurosawa também é nobre, ele é, sua nobreza é a dos samurais. Kurosawa é exagerado, ríspido, histérico e sempre maravilhosamente belo. Bergman nunca atinge a beleza de Kurosawa, mas é mais sereno. ---------------- Isso é estranho porque eu sei que Bergman era um homem muito mais imaturo que Kurosawa. O japonês tinha uma sabedoria muito maior. Então entrego o caráter sereno dos filmes de Bergman não a uma sabedoria particular, mas ao luteranismo rigoroso do ambiente onde ele nasceu e cresceu. Os copos e os pisos brilham nos filmes de Bergman. E as atrizes, elas são sempre lindas. ---------------- Eva Dahlbeck, Ulla Jacobsson e Harriet Andersson. Todas são maravilhosas e atemporais. Harriet se destaca. É a empregada da casa, livre sexualmente, ousada, sem pudor, feliz. Sem tirar a roupa ela exala sexo. Vi vários filmes com Harriet, ela era um fenômeno. Nunca vi atriz com tanto poder volátil. ------------------- Amamos as pessoas que Bergman cria. Talvez porque ele as ame. O homem maduro que não consegue fazer amor com a muito jovem segunda esposa. O filho que teme o sexo e quer ser pastor. A jovem esposa entediada. A empregada sexy. A atriz que começa a ficar velha. O soldado de opereta. Todos são felizes de certo modo, e de outra maneira, estão condenados. Bergman não evita ser Bergman e em certas falas sentimos o drama pesado quase dar suas caras à cena. Mas não. O filme é feliz. ----------------- Não há mais diretores como Bergman porque mesmo em seu tempo, anos em que o cinema viveu seu apogeu como forma de arte, ele era único. Falava-se então em Visconti-Fellini-De Sica-Antonioni, Godard-Truffaut-Chabrol-Malle ou mesmo Kurosawa-Ozu-Mizoguchi-Naruse. Mas Bergman era apenas Bergman. Seu estilo era só dele, sem escola e sem descendentes. Ele amava filmes. Os que fazia e uns poucos que via. Amava as mulheres, muitas. E a música, Mozart sobre todos. E acima de tudo, amava atores. Cada fotograma de cada filme é pintado com esse amor pelo rosto de seus atores. Por isso todos eles parecem tão lindos, tão especiais, tão incríveis e eternos. ------------ Fellini tinha o mesmo amor, mas era um amor católico, ou seja, exagerado, burlesco, maneirista, barroco. O amor de Bergman é exato. Fellini era operático. Bergman filosófico. É isso.

O PARAÍSO PERDIDO - JOHN MILTON

Para a cultura de língua inglesa, Milton é tão central como Dante ou Cervantes. Para nós, latinos, não. Talvez isso se deva ao fato dele ser um puritano, inimigo dos católicos. Talvez seja a velha rivalidade cultural entre França e Inglaterra. De todo modo, após alguns anos de busca, eu encontrei um volume digno da obra. Uma edição dos anos 60, gigantesca e ilustrada. -------------- Milton imaginou a obra como modo de glorificar Deus e a revolução inglesa. E sem querer nos deu a primeira obra a dar ao MAL uma cara humana. Satã é o heroi da obra prima de Milton. -------------- Satã é um anjo, um dos favoritos de Deus. Ele cai por ousar ambicionar o poder divino. Satã diz nesta obra a frase mestra do mundo moderno: "PREFIRO SER UM DEUS NO INFERNO QUE UM SERVO NO PARAÍSO". Há nesta frase o germe de Baudelaire, Maiakovski, Rimbaud, Wilde, Wagner e de toda a arte moderna. Até o drogadozinho da esquina advoga essa filosofia. John Milton a criou. E seu intento era exatamente o contrário. --------------- Harol Bloom diz que Milton se apaixonou por Satã durante a escrita do poema. É bem crível. 80% da obra tem Satã como centro. É esta também uma das primeiras vezes em que o mal parece muito mais INTERESSANTE que o bem. Shakespeare fez isso antes. Dante fez do Inferno algo bem mais forte que o Paraíso. Mas foi Milton quem deu ao mal o tipo de caráter que vemos até hoje na arte mais popular. O Coringa, o Duende Verde e Loki são herdeiros desse Satã. ------------------- Mas o que faz desse anjo algo mais interessante que o próprio Criador? Sua humanidade. Deus é Tudo e nós somos incapazes de imaginar o que seja isso. Satã pode voar, é imortal, e tem poderes assombrosos, mas ele tem VÍCIOS humanos. Ele tem ódio. Ele tem crueldade. Ele é obssessivo. Ele tenta se consolar no centro do Inferno. Em graus diversos, todos nós sabemos o que significa tudo isso. -------------- A crítica marxista gosta de dizer que John Milton deu ao mundo o poema do capitalismo. Que Satã é o grande capitalista transformando o mundo me inferno. Um heroi do mal. Marxistas erram muito e este foi um de seus mais lamentáveis erros. Satã diz textualemte que: " Prefiro ser Rei entre os condenados que um anjo entre os anjos". É uma frase perfeita para Lenine ou Staline. Na verdade Satã advoga a tática de toda revolução ( ele é o molde de todo revolucionário ), pois ele diz: " Entrarei sorrateiramente na mente dos homens e farei deles meus comparsas ". -------------- Se Milton viesse à Terra agora ele pensaria estar no mundo de Satã. Tudo o que o anjo caído desejava é costume neste nosso velho mundo. Quem ler esta obra em 2021 terá o gosto amargo de perceber que ele venceu. ------------- Não, não estou sendo carola ou puritano. Nosso mundo é o da dualidade. Somos o anjo caído e o anjo que luta por não cair. Mas veja bem: anjo caído. Quem caiu está perdido lá embaixo. Milton sabia onde vivíamos. O mundo da matéria é um mundo que se decompõe. Que fede. A inveja, o medo e o ódio nos dominam muito mais que a generosidade, a coragem e o amor desinteressado. ------------------ Ninguém mais lê este livro.

ÁRABES

Pessoas atéias nunca entendem o mundo completamente. Elas deixam de fora a religião, a força social da relgião, e por isso suas análises são sempre vazias. Erram previsões e narram o passado de um modo raso. Quando dão o braço a torcer e tocam no assunto "Deus", encaram a fé como nada mais que uma das muitas superstições do homem. Não estou aqui dizendo se Ele existe ou não, o que afirmo, com toda certeza, é que relgiões moldam o mundo. Mais que o dinheiro. ------------------- Para essas pessoas é impossível sequer passar perto de compreender o mundo árabe. Tentam explicar tudo em termos de "colonialismo ocidental", mas nunca entendem porque esse colonialismo irrita tanto o universo árabe. Para eles, os mouros, nõs somos infieis. E para eles, isso é imperdoável, ou no mínimo, risível. ------------- Na USP tive um ótimo professor que disse uma vez que o planeta é dividido, até hoje, entre a cultura de Aristóteles e a de Platão. Na Europa, e por consequência nas Américas, somos todos aristotélicos. Acreditamos na experiência e nos sentidos. No mundo árabe, todos são platônicos, o mundo real é o mundo ideal, onde Deus mora. O mundo dos homens é uma ilusão passageira. ----------------------- Um árabe rico pode ter carros de ouro, edifícios no centro de Londres, iates em Ibiza. Ele pode até se divertir com tudo isso. Mas para ele, de um modo como jamais iremos entender, tudo isso é ilusão. Esse príncipe árabe sabe que sua única verdade é Allah e que ele só é real, um homem real, quando em oração. Para ele, a verdade JÁ FOI ATINGIDA, é o Alcorão. Para ele não há a ideia de progresso moral ou espiritual, pois Maomé é o máximo que um homem pode ser e ninguém jamais será mais perfeito que ele. O futuro mora no ano de 500 DC, o tempo de Maomé. Para esse príncipe, somente o mundo da matéria-ilusório muda. E a própria mudança é um mal. O bem é estático, imutável, Allah. -------------- Quando ele nos olha vê o que? Um povo que não para de se mover a esmo. Que muda sempre para pior. E que se deixa capturar por todas as ilusões do mundo. Somos quase animais. Quase sem alma. --------------- Porque em meu mundo, em nosso mundo, tudo se move e tudo está além. Caminhamos para frente, não importa para onde. E somos enfeitiçados pelas coisas que vemos e tocamos. Cremos nos olhos. O progresso moral e espiritual nos guia, a certeza de que TEMOS DE criar e descobrir coisas novas. Ideias essas considerados de atroz tolice pelos árabes. Para eles o máximo de progresso real já aconteceu. E esse cume é sua civilização, aquela de Bagdá, Meca, Medina e de Riad. ----------------------- Deu pra entender? -------------- Por isso sua lei é sempre a lei de Deus, e sua moral é a mesma de 500 DC. Mudar isso seria abrir mão de seu mundo inteiro. Pois nesse mundo não pode haver uma mudança interna, ou seja, mudar aquilo que é real de fato: a alma. Ele pode brincar com videos games, usar roupas ocidentais, até mesmo deixar sua mulher trabalhar, mas ele tem a certeza que tudo isso é NADA, TOLICES. Pois ele-mesmo é exatamente igual a seus antepassados. Para sempre. Mesma fé. Mesmo ritual. Mesmas certezas. Mesmo modo de se comportar. Mesma LEI. Sem dúvida alguma. Sem questionar. Sem chance para se modificar. ---------------- Essa filosofia nos nega radicalmente. É como se nós, cristãos ou ateus, fossemos seres de um mundo que gira e rodopia sem parar, e eles, árabes, vivessem no mundo sólido, forte, cheio de raiz. Mal nos percebem. Podem nos aceitar, e a maioria o faz, mas seremos sempre uma espécie de crianças vadias. Tontos que dão cabeçadas e não percebem a verdade. ------------- Analisar o mundo do oriente sem levar em conta isso, é ser mais criança tonta que toda criança tonta pode ser.

AMÉM

Acabo de ser censurado, segundo eles, os checadores, gente que voce não sabe quem são e que critério usam, por usar a palavra "amén". Sim, não ria bb. Ontem palavras como amén, graças, louvado, foram boloqueadas no facebook. Segundo eles, o uso dessas palavras é "um desrespeito às pessoas que optaram por não crer em Deus". Okay checador. Fui ateu militante 80% da minha vida e essas palavras me irritavam. Mas eu jamais pensei censurar uma expressão. Nunca. Para não desrespeitar um ateu voces optam por desrespeitar e anular um crente? Nesse angu tem caroço. ------------ Quando voce escolhe deliberadamente um grupo social como alvo, há sempre dois mecanismos que são acionados: a raiva e a reação. O grupo alvo suporta os ataques e a censura durante algum tempo e então explode. Mas há uma excessão: o judeu. Quando o grupo atacado possui uma filosofia que valoriza o estoicismo e a passividade, ele se deixa capturar. Cristãos herdaram dos judeus parte dessa atitude. Por isso em lugares como Nigéria, China ou Indonésia são massacrados sem sequer cogitar na criação de um grupo de guerrilha. Guerrilheiros cristãos são duas palavras que não combinam. Judeus se tornaram guerrilheiros apenas em Israel. Claro que uma hora a coisa explode. ------------ O que penso, e acho isso bastante óbvio, é que existe um desejo aqui de que nós percamos a cabeça. Uma simples agressão à um censor, falo agressão física, faria com que surgisse a prova real de nossa "maldade". Eles são como aqueles moleques que passam o ano inteiro fazendo bullying, e que quando levam finalmente um tapa correm pra diretoria dedurar o "injusto agressor". Eles querem muito esse tapa. Por isso não param com o bullying. Censurar toda referência à Deus é mais uma das artimanhas. -------------- Tenho amigos que não fazem a mínima ideia do que estou falando. Como disse em outro post, vivem na bolha de paz e aceitação rosada. São os donos do soft power e vivem na liberdade absoluta. Nós? Não podemos usar a expressão "Graças a Deus".