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O MACACO E A ESSÊNCIA - ALDOUS HUXLEY

Huxley estava muito irado em 1947 quando lançou este livro. Ele é tão raivoso, virulento que se torna uma leitura árdua. Não há prazer algum aqui. O enredo fala de uma dupla de homens de Hollywood que encontram um roteiro abandonado. Esse roteiro fala da Terra pós apocalipse. O planeta foi devastado por guerra nuclear e epidemias propositais ( uma delas foi desenvolvida por uma doença de cavalos, inoculada em humanos e transformada em pandemia ). Nesse kaos absoluto, os governos descobriram que o MEDO é a melhor arma existente, pois o medo transforma homens em seres irracionais, a Nova Zelandia escapa da destruição e um grupos de cientistas, anos mais tarde, visita os EUA. Então descobrem que lá, os macacos tomaram a civilização para si e se humanizaram. A mensagem de Huxley é esta: Nossos meios de ação são humanos, mas nosso objetivos são simiescos. Todos os nossos desejos e prazeres são os do macaco, a nossa cultura serve apenas para ter meios, humanos ?, para os obter. Após o fim da civilização, assumimos nossa condição de primatas. ---------------- O livro é um ataque frontal a governos, esquerda ou direita, pois todo governo, se puder, será tirânico e crescerá cada vez mais rumo à auto destruição. O povo, subjugado no medo, reagirá como macacos, em tola balbúrdia. -------------- Palavras de Huxley: ideologias transformam a complexidade humana em nada mais que ratos de laboratório. Tudo o que escapa aquilo que a ideologia-científica classifica como útil, será eliminado. A ideologia não aceita e por fim não enxerga nada que não tenha sido codigicado em sua crença racional. Aquele que nega a ordem, aquele que tenta ser si-mesmo será destruído. "Para o bem da humanidade", a ciência política terá de ser seguida à risca. Bem vindos ao mundo do "BEM".

O GRANDE PECADO DE ELON MUSK E O DESEJO DE MORTE BY FREUD

Vamos ver se eu entendi: Elon Musk se tornou um fascista por permitir que qualquer um publique o que quiser no twitter. Ao decretar o fim da censura na plataforma ele incorreu em um ato fascista, LIBERAR GERAL. Meu caro leitor, não ria. Se voce não sabe, hoje ser fascista é ser totalmente liberal. Em outras palavras, SER FASCISTA É DAR VOZ AO CONTRÁRIO, AQUELES QUE TÊM OPINIÃO DISCORDANTE. Por que? Porque no MUNDO DOS CONTENTES DO BEM, duvidar da harmonia risonha é ser fascista. Nada mais distante do fascismo real: que se caracteriza pela hiper censura, o aumento monstruoso do estado e a perseguição a dissidentes políticos. Ops! Me parece que descrevi o POVO DO BEM MADE IN 2022. Quem são os fascistas? ------------------ Elon Musk, antes o cara da energia limpa, é agora implacavelmente perseguido. Há torcida fervorosa pela sua execução pública. Dominados pelo ódio, os partidários do amor querem sua prisão. Nunca o planeta foi tão surreal. Vivemos em um conto de Kafka. ------------- Aqui na TABA, uma revista dá ao censor absolutista o prêmio de guardião da democracia. O homem que não escuta o congresso e que executa por humor próprio, que cala e prende é o rei da liberdade. Isso por não ter permitido aquilo que era um pedido óbvio: que as malditas fucking urnas pudessem ser auditadas. Bastaria a permissão de audição, feita por qualquer eleitor, ato comum em toda democracia, que toda essa papagaiada seria evitada e esvaziada. Mas o tal DEMOCRATA HEROICO deu a si mesmo, e apenas a si mesmo, o poder de auditar. O que ele diz é a verdade e se essa verdade for desafiada a punição virá em poucas horas. Qualquer pessoa com um mínimo de honesta inteligência sabe que isso não é democracia. Mas se eu duvidar serei chamado de fascista. Voltaire seria o maior dos fascistas em 2022. E como qualquer filósofo sério sabe, A VERDADE É AQUILO QUE PODE SER AUDITADO. O tal democrata heroico criou uma consfusão facilmente evitável. Bastava ter dito: Ora senhor, verifique o que quiser, olhe o que desejar, nada tenho a esconder. O riso final seria dele mesmo. --------------------- Tudo pode ser um blefe, e rezo para que seja, mas se confirmado, o ministério de José Inácio terá por objetivo o óbvio ululante: a destruição da odiada , segundo Chauí "berço de todo mal", classe média brasileira. São 40 paspalhos desonestos podendo nomear milhares e milhares de outros iguais. Inácio não é idiota, esse defeito ele não tem, então creio que é proposital. Bastam 10 milhões de militantes comprados via "AJUDA FINANCEIRA" para dominar 100 milhões de falidos. Não esqueça mui inteligente leitor, é a classe média que garante à um país sua liberdade. Desde o século XVIII toda democracia é baseada nas opiniões e desejos da classe média. Quanto mais forte essa classe é, mais forte a democracia. A tirania só existe onde ela nunca existiu ( Coreia do Norte, Cuba, países da Africa, China ) ou onde ela foi estrangulada via kaos da economia ( Venezuela, Nicaragua, todos os países do Leste Europeu pós segunda guerra, Italia e Espanha em 1920 ). Isso porque pessoas de classe média querem ter paz. Paz para trabalhar, comprar e opinar. A classe média tem O QUE PERDER e por isso tendem, mesmo sem saber, a se posicionar contra revoluções. Qualquer tipo de revolução precisa domar a classe média e a melhor maneira é a empobrecendo. Pessoas deprimidas pela perda de status não têm ânimo para reagir. O processo de induzir à depressão nossos jovens não é casual. Jovens são deprimidos por música, filmes e séries. Adultos pela perda de dinheiro. Uma massa de deprimidos é o sonho de quem vive em delírios ufanistas de poder sem fim. Todo democrata autêntico protege a classe média pois a liberdade depende do apoio dela. ---------------------- Supermercados estão sendo invadidos rotineiramente. As pessoas entram, pegam produtos e saem sem pagar. Na tranquilidade, sem alarde. Esse é o tipo de QUEBRA DE UM ACORDO CIVILIZADO que a médio prazo corroi todo o tecido social. O pobre, ou aquele que alardear sua pobreza, poderá invadir-saquear-tomar, e quem for contra isso será um fascista desumano. O desenho da piramide será redesenhado: uma base imensa e devedora de favores ao estado, uma classe média a ser apagada ( no mínimo será taxada de reacionária e então calada ) e o Poder, formado por altos funcionários do estado e milionários que financiam o aparato estatal. Quem está no topo ganha dinheiro e poder em formas inimagináveis, quem está na base vive com o mínimo e agradece a seu pseudo protagonismo, e quem está no meio se sente como gazela na savana. Pasmem que isso é hoje chamado de socialismo ou de sociedade rumo a igualdade. -------------------------- Feliz Natal.

UM TEXTO MAU ( NÃO LEIA SE VOCE NÃO QUER FICAR CHATEADO )

Ela tatuou 8 símbolos satânicos no corpo. Dentre eles, um pentagrama no peito e uma cabeça de bode na coxa. Hoje muita gente faz isso, há um modismo bobo sobre bruxaria, Wicca, Satã etc. Mas ela odeia Wicca. Tem uma coleção de livros satanicos, inclusive alguns que ensinam sacrifícos animais. Não, ela não mata bichos. E não faz voodoo. Mas quando a vi envolvida nisso, temi pela sua sorte. O mal atrai o mal, não é? Pois veja: ela morava em um barraco e mal ganhava o bastante para comer. Então houve um convite para trabalho, depois mais um, e hoje ela ganha 10 mil reais por mês, fazendo aquilo que ama fazer. Tenha calma quem me lê, voce já vai entender onde quero chegar. ------------------ Sou de um país onde um homem que passou passivamente esperando a ajuda de Deus, perdeu, e um outro, partidário óbvio da matéria pura, venceu. Vamos falar da Idade Média agora. -------------------- Na França surge no sul um movimento herético: o catarismo. Sua filosofia é terrível, mas estranhamente faz sentido: Tudo o que Deus faz é Divino e portanto IMORTAL. Tudo que seja falível, mortal, limitado é obra de Satã. Isso explica o porque da existência da morte, do mal, da doença, da dor. Obras de Deus são nossa ALMA imortal, o amor. Deus criou a vida imortal e Satã nos ilude com a matéria falível. O perigo desse pensamento é que ele pode, e levou, ao desprezo pela vida material. O ódio ao corpo, à natureza, à matéria, tudo sendo visto como obra da maldade. O papa logo combateu esse grupo e os destruiu sem piedade. Todos foram mortos, inclusive vários nobres que adotaram essa fé. ------------- O outro lado dessa crença diz que o Homem deve adotar dois comportamentos: a retidão e a bondade nos assuntos de Deus, a malícia e a maldade nos assuntos da matéria. Volto então ao tema exposto: dinheiro é assunto do mal pois é material, temporal e falível. Minha amiga passa a vencer a partir do momento em que usa essa força. Claro, mera coincidência....ou não? Pois se dinheiro é um dos temas mais materiais e portanto satanico, política é a rainha do mal. Confiar no bem e esperar a justiça NUNCA significaram vitória. Mesmo cristãos como Thatcher, Reagan ou Churchill tinham um lado, secreto, de bastidores, terrivelmente duro, cruel, maldoso. Jamais venceriam se fossem bons e pacientes. A bondade havia, para a família, os amigos, o povo, que eles amavam, mas para os adversários, para o jogo de poder, havia a maldade. Reagan, unido a Thatcher e ao papa João Paulo, venceu o império soviético. Se ajoelhando e rezando? Não seja ingênuo. A vida material não é do reino do bem. Mesmo o papa tinha um lado bastante duro. E sabia usar o mal para obter um ganho, no caso dele, o Bem do catolicismo. Grandes personalidades viviam e vivem nessa dualidade: usar o mal para ganhar um bem. Mas a maioria deles usa o mal apenas para vencer egoísticamente. Usam o mal para aumentar o mal. Dinheiro, sexo e vaidade. ----------------- Eu creio nisso? Não sei. Mas confesso que neste momento, em que o mal vence mais uma vez, não há como não ser tentado por esse pensamento. Minha amiga está comendo em restaurantes de 300 reais o prato. O filho do chefe do tráfico chega na escola com motorista. Os outros alunos se sentem humilhados. Goethe sabia disso. Fausto é a história desse pacto. Para vencer neste mundo, o das aparências, é preciso saber lidar com o MAL. ------------------- Olhe para a Europa e veja um bando de fofos líderes iludidos. E observe um único que sabe usar a força da maldade. ( Talvez dois, pois a Ucrania nada tem de bom, é um país tomado por tráfico de sexo, drogas e lavagem de dinheiro ). A diferença é que Putin, maldoso e sempre esperto, realmente ama a Russia. Ele usa sua malícia para o bem de seu amor real, a nação. Já o outro é apenas mal. Usa essa força para proveito próprio. Não exita em sacrificar seu povo numa guerra sem chance de vitótia. Mas ele se dá bem. O dinheiro americano jorra sem parar para seu bolso. -------------- Dentro desta filosofia, Trump perdeu a eleição por não ser mal o bastante. Topou com algo pior que ele: o partido Democrata. Quanto a Bolsonaro, seu comportamento foi tolo como o de um coroinha de igreja. Achou que por intervenção divina a verdade surgiria e a justiça seria feita. Foi patético. Os adversários, firmes com os dois pés no chão, estão rindo. Satanicamente. ----------------------------- Haverá um preço cobrado por Satã? Essa a grande questão. Talvez a solidão, um câncer ao fim da vida, um sentimento de vazio? Ou o Inferno na eternidade. O problema é que as coisas de Deus nos são imperceptíveis por serem invisíveis à nossos sentidos, enquanto as coisa do mal estão diante de nossos olhos, todo o tempo. Percebeu o perigo dessa heresia?

VOLTAIRE E A ÚNICA LIBERDADE QUE MERECE ESSE NOME

" Posso não concordar com nada do que voce diz, mas morrerei defendendo seu direito de dizer o que voce quiser". Essa frase é de Voltaire e é a definição de liberdade de opinião. Não há como relativizar isso, quem o fizer estará assumindo a posição de censor. É iluminismo, a filosofia que construiu o modo de ser do ocidente por 200 anos. O fato de um ministro se dizer iluminista e ao mesmo tempo censurar 15 deputados faz dele um cínico. Ou algo pior, um fascista. Mal caráter ao extremo, ele usa o rótulo de Voltaire para iludir os asnos. Mas mesmo sendo um crápula, ele tem todo o direito de falar as besteiras podres que quiser. O que não pode é fazer calar, pois assim ele destroi a liberdade, e pior ainda, compromete todo o acordo social. ----------------- Eu me sinto ofendido ao ser diariamente chamado de nazista, mas nunca disse um CALA A BOCA. Para idiotices voce tem duas escolhas: as ignora ou argumenta exibindo a verdade. Cabe ao opositor aceitar a informação ou negar. Isso é a civilidade que empurra a sociedade para a luz. Iluminismo: ouvir cada opinião e tirar daí uma ideia. 99% será lixo, mas voce saberá em que estado as pessoas estão e concluirá qual a ideia menos idiota. Fatos, ações, consequências, esses são os sinais da verdade. A censura interrompe o diálogo, nega a descoberta ( todo censor teme algo a ser iluminado, por isso corta o caminho, interrompe a averiguação ). O censor se torna A VERDADE, o que é sempre um absurdo pois não há como uma pessoa ser depositário de toda a verdade. Quem se submete à isso se torna uma criança, um autômato que recebe na boca sua ração diária de pseudo verdades. Voltaire aceitava toda opinião, mesmo as criminosas como as de Sade, porque sabia que não há como Saber se negando parte da realidade. Freud levou isso adiante ao afirmar que a censura interna nos faz doentes. Uma sociedade censurada é sempre doente. Psicoses sociais irrompem. Sem parar. --------------------- Os mais maldosos dizem que se deve calar as vozes que são contra a liberdade. E então, se dando um poder absoluto, dizem defender a liberdade interrompendo a liberdade. É um paradoxo ridículo e bastante medíocre, intelectualmente de uma pobreza atroz. Uma desculpa para o SADISMO DA CENSURA. Sim, pois em todo cala a boca há um desejo sádico de poder. E acima de tudo o pavor da verdade. Pessoas que são contra a liberdade têm todo o direito de ser contra a liberdade. Não há crime em se pensar diferente, em se falar besteiras, em se expressar. Reprimidas, Freud outra vez, elas não deixam de existir, se tornam terror. ---------------- A internet trouxe a possibilidade, rica, humana, de se exibir toda opinião. Isso apavorou a imprensa, dona da verdade desde sempre. Mas também facilitou a censura, pois bloquear uma pessoa na rede é muito mais fácil que nas ruas. O ostracismo é não ter rede social, antes era ser preso ou exilado. Volto a dizer, temos mais de 15 deputados censurados e exilados das redes. Seu crime foi criticar, com palavras, uma pessoa, o censor. Sem julgamento, sem acesso aos autos, sem chance de defesa, foram CENSURADOS por aquele que acusam de ser um CENSOR. Sim, o Brasil é uma republiqueta latino americana. Se a acusação deles era mentirosa, acaba de ser validada. Seria supremamente educativo um debate sobre a verdade e a mentira, um julgamento, ouvir as partes, mas o que se viu foi um: CALE SUA BOCA. Fim. E ao final, um censor ousa dizer ser ILUMINISTA. Voltaire teria muito o que dizer. Exilado na Inglaterra, claro. ---------------------- É um absurdo se enfiar um crucifixo na vagina. Mas jamais me passou pela cabeça pedir a censura à isso. O que posso, e devo fazer, é mostrar o quanto isso é MAU, incivilizado, injusto e ofensivo. Desrespeitoso e preconceituoso. Há nesse ato obsceno a chance de afirmar e defender minha fé. Um cala a boca nada resolve. Nega o problema. Mas este é um pensamento sofisticado demais para censores bananeiros. Ou pior, para bandidos fantasiados de "gente fina".

O SOFT POWER E O IRRITANTE PUDOR DOS CONSERVADORES

Ao contrário do que acham meus amiguinhos radicais, tenho alguns, todos de extrema esquerda, eu me auto analiso todo o tempo. E assim, não tenho dificuldade alguma em perceber os erros daquilo que gosto. Exponho aqui minhas críticas aos conservadores. --------------- Nos anos 30 havia uma briga feroz entre comunismo e capitalismo, e ao contrário da hipocrisia de hoje, ela era assumidamente uma questão de dinheiro. Quem assumiria o controle do cofre? A tática da esquerda era violenta: guerra, greves, terrorismo, sabotagem. O comunismo ganharia via sindicatos e células de terror. A revolução teria sangue, sonho e pão. Welll.....os EUA logo perceberam que não tinham como penetrar dentro dos sindicatos do mundo inteiro, então genialmente criou a ideia do SOFT POWER. O capitalismo se imporia por modos suaves, sutis, sedutores: cinema, música popular, moda, consumo. Se a URSS dominava o sindicato dos mineiros, os EUA dominariam as donas de casa via filmes escapistas que exibiam a vida maravilhosa que só o capitalismo podia dar. Se a URSS explodia uma bomba em Paris, os EUA venderiam Fords. Nos anos 50 isso se tornaria a ideia de que uma loja de uma franquia americana fazia mais pelo capitalismo que milhões de discursos inflamados. Esse era o soft power, convencer as pessoas, via coração, de que é impossível viver sem produtos e estilo de vida made in USA. Quem venceu? Até os anos 2000 o capitalismo, sem dúvida. Do rock ao liberalismo em sexo, tudo fez parte do soft power americano. Mesmo que um artista do cinema ou do rock se dissesse comuna, ele fazia parte do grande sistema do capital. Ele fazia dinheiro, vendia democracia, queria justiça social, mas jamais abriria mão de seu Mustang e de suas propriedades. ---------------------- Foi então que a esquerda criou o seu soft power. De forma constante e sem pudor, ela passou a investir não mais em associações de trabalhadores ou de estudantes, mas sim em veículos de comunicação do próprio capitalismo. Quando surge a internet, novo veículo criado por nerds alucinados, a esquerda não demorou a seduzir todos os seus chefes com seu canto de sereia: Mundo justo, natureza pura, o bem na Terra. O capitalismo, deitado e relaxado na pseudo vitória da queda do muro de Berlin, demorou a acordar. Quando se deu conta a esquerda já era dona de todo meio digital do planeta. A reação da direita começou só em 2022. ------------------ Essa minha crítica, especifico agora, vai ao ingênuo ainda presidente do Brasil. Sim, eu o apoio porque em 4 anos de investigações absurdas, conduzidas por uma imprensa que jamais deu trégua, mal se encontrou um real roubado. Eu, como todos seus seguidores, nos encantamos com o milagre de surgir neste país, paraíso do roubo, um líder que não deixasse roubar. Desde Janio Quadros isso não ocorria, e como aconteceu na época de JQ, o Brasil reagiu, o sistema é feroz, o hábito do roubo não permite ser desafiado. Mas....algo me irritou muito nesse mesmo líder. Seu pudor que beira a tolice. Nada o impediria de continuar gastando milhões em propaganda estatal nos jornais impressos, aquelas páginas e páginas de propaganda que faziam a riqueza de 3 grandes jornais. Millor Fernandes dizia que todo jornalista é uma prostituta, e comprar meia dúzia de colunistas não faria mal algum, eles pedem por isso, têm preço marcado na testa. Não cortar a Lei Rouanet, que é uma lei absurda, eu sei, mas isso se chama política. E por fim, desmentir as mentiras, chegaram a acusar o cara de canibalismo, com pronunciamentos pagos em rede nacional. Sarney, FHC, todos falavam na TV em rede, o atual presidente jamais. Esse pudor puritano, essa tara por dar o exemplo, por não ceder, fez dele um completo DESCONHECIDO para aqueles que não procuravam o conhecer. A imagem que ficou dele, para os passivos, que apenas recebem a informação e nunca a procuram, se tornou aquela que 4 veículos de imprensa construíram. O soft power, usado agora pela esquerda, deu uma aula de desconstrução. Eu acho a teimosia puritana do presidente imperdoável. Ele conseguiu perder para um desqualificado incompetente cercado por ladrões ávidos pelo saque. A culpa dessa derrota é dele e só dele. Uma pena pois economicamente o Brasil estava pronto para decolar e agora irá voltar aos anos de 2014, 2015... ----------------------------------- Não se obtém o poder sem se vender. E o que vende hoje é, como sempre foi, hipócrita. Crie uma máscara de bondade, de delicadeza, e penetre nos meios de comunicação. Chore na hora certa. Vá ao encontro dos reis da mídia, mesmo que voce sinta nojo deles, seja falso. É triste dizer o que digo, mas não se vence em nada na vida sendo puro ou tendo pudor em sujar as mãos. Eu percebi o desastre quando notei que o presidente teve timidez em comprar um partido. Líderes históricos conservadores fizeram jogo sujo> Churchill, Reagan, Thatcher, nenhum deles foi ladrão ou mentiu para o povo, mas nos bastidores amassavam seus inimigos. E para isso jogavam o jogo do soft power, aliciavam, convenciam, usavam a moda do momento. É isso.--------------------PS:óbvio que sei que não existe mais comunismo como nos anos 30....todos querem comprar e poder viajar...mas existe esquerdismo = estado gigante dominando tudo via impostos, leis e imposições sociais "pelo bem de todos". A direita é aquela que deseja menos intromissão e menos leis.

NÃO PLANEJE, VÁ FAZENDO

Dois dos 3 melhores cartoon televisivos da história falam de ações super planejadas que dão errado. Dick Vigarista no excelente Wacky Races, Corrida Maluca, perde toda prova porque ele planeja em detalhes a sua vitória. E o Coyote, na obra prima de Chuck Jones, faz maravilhoso planos para capturar o Papa Léguas e jamais o consegue. ( O terceiro grande cartoon é Jonny Quest ). -------------- A revolução soviética provou, de modo definitivo, que a super organização sempre dá errado. Pelo simples fato de que todo organizador racional não leva em conta as três maiores forças que regem nossa vida: A sorte, o improviso e o narcisismo. Somos a estrela de nossas vidas, e por isso iremos sempre tentar ser diferentes, mesmo que essa diferença nada tenha de original. Vence quem improvisa melhor, e improvisar é sair do sistema. E existe a sorte, uma união de acasos que acabam dando certo. Quando se cria uma estrutura 100% racional, como era a URSS, ela se torna incapaz de lidar com o irracional. E por isso, afunda em kaos, miséria e opressão. -------------- Os esquerdistas adoram perguntar: Me diga onde o capitalismo deu certo? Esperam uma resposta que exiba uma nação capitalista sem um só pobre. Não entendem que o capitalismo nada promete, nada garante e nada tem de hiper planejado. Ele é o próprio improviso, o uso da sorte e o elogio ao narcisismo. É humano e por isso invencível ( enquanto formos humanos ). ------------ A única opção ao capitalismo é a volta ao feudalismo. Um senhor dono de tudo e uma população de vassalos. Eis o fato: todo comunista é um feudalista. Há neles uma saudade enorme do mundo ordenado de senhor-vassalo-artista-igreja. Tire o padre e coloque no lugar "o intelectual". Pronto! Eis o mundo perfeito. ------------------ Como avisei faz um ano e meio, a China está quebrando e nem é mais considerada como futura potência hegemônica. Crescimento todo baseado no estado nunca dura. Por um motivo simples: nesse sistema há apenas um capitalista, o estado, e quando ele erra todo o país erra. Não existe um concorrente para tomar seu lugar. Se a empresa CHINA quebra, o país China quebra. Espere por cenas de crueldade extrema por lá. ------------------ A União Europeia deverá terminar de modo melancólico. A Pandemia foi um vexame. A incompetência ficou exposta. Não conseguiram administrar um território do tamanho de Minas Gerais. Como acontece por lá desde 1840, a Inglaterra vai rir por último. O último a sair, a França lógico, que apague a luz. Luz alimentada por carvão. ----------------------- O mundo abomina, o mundo dos modernetes, líderes fortes e personalistas. Amam chefes que estão sempre de braços e pernas abertas para fazer acordos. O líder sorridente e macio, fofo e engraçadinho. Se esqueceram que esse tipo de pessoa age apenas dentro de um roteiro pré estabelecido. Não consegue improvisar. Não acredita no acaso. Não joga. Quando em perigo erra sem parar. Quando atacada entra em entropia. Responde a mesma sentença para toda pergunta. Foi o que ocorreu na Covid e na guerra russa. Fechar e boicotar. Discursos bonitinhos e união pelo "bem". As mesmas ações PC. Suaves, fofos e anônimos. Uma miséria de ações e de ideias. -------------------------- Para encerrar relembro a frase guia dos NOM: Voce não terá nada e será feliz. Em 2020 diziam que essa frase nunca havia sido dita e que era paranoia da direita. Hoje Klaus Schwab a diz numa boa. O que ela significa? Voce terá um smartphone e um quarto para dormir. Terá suas drogas e sua viagem anual. E será feliz. Não terá casa, terra, sítio, carro, coleções, obras de arte, nada. Mas....alguém terá tudo isso não é? Se voce dorme anestesiado em seu quartinho de 3 por 4, alguém é dono de todo prédio. Alguém fabrica e dá conteúdo a seu smart. Quem? Klaus Schwab e seus sócios. É a Idade média em modo looping. Já que o socialismo nunca deu certo, sejamos mais radicais. Medievalismo científico. --------------- Eles irão perder pelo fato simples de que é mais um plano Dick Vigarista-Coyote. Por mais que tentam sempre há um Papa Léguas correndo livre pelas estradas. Um bicho que crê na sua sorte e que foge das armadilhas usando velhas armas: intuição, simplicidade e tranquilidade. O homem é um animal livre. O único que fugiu e nega as prisões do instinto natural. O úncio que deu o pulo do automatismo anônimo de todo bicho e tenta criar alternativas para as condições da vida. Livre. Criativo. Narcisista. Uma obra prima feita por Deus ou pelo acaso. Pouco importa. Somos nós que sempre rimos no final.

FRACOS, RICOS E SUPLICANTES ( UMA VISÃO SOBRE O MUNDO DE 2022 )

Tenha em mente, primeiro, este fato: até mais ou menos 1990, pedia-se à um líder político, que ele protegesse nossas famílias. Isso era feito pela cobrança de força, inteligência e coragem. Um líder defenderia as fronteiras, defenderia nossa indústria, nosso comércio, nos defenderia de inimigos, da fome e do crime. Gente tão diversa como Churchill, Roosevelt, Reagan, Kennedy ou De Gaulle tinham em comum sua imensa presença corajosa. Thatcher, Indira Ghandi e Golda Meir também. --------------- Hoje, observe, o que se pede é ACEITAÇÃO. Ele é meu líder porque ele me ama, me aceita, é "um cara legal". Não conheço sintoma mais perverso da imensa infantilidade dos adultos atuais. ---------------- Houve um momento, e creio que foi por volta de 1988-1992, em que se percebeu que a melhor forma de dominar uma população não era pela força, mas sim a enfraquecendo. Tradicionalmente, todo domínio do tipo autoritário sempre aconteceu pelo uso extremo da força explícita. Censura. Tiros. Prisão. Mas algo mudou, e 1984 de Orwell já previra isso. O PODER percebeu que muito mais fácil seria fazer com que a população pedisse por censura, tiros, prisão. Como? Enfraquecendo. Fazendo com que o povo perdesse a confiança em si mesmo. Infantilizando. ------------ Nada é mais corajoso que um pai e uma mãe defendendo seus filhos. Ou era. Nada era mais teimoso que uma congregação defendendo sua igreja. Ou era. Nada era mais constante que a defesa de um território por aqueles que lá nasceram. Era. A infantilização se dá pela sabotagem de todos esses COSTUMES. Se o povo começasse a ver a família como um MAL, a igreja como uma tolice e o território como ficção, então todos se tornariam, sem perceber, SERES DESAMPARADOS. Sem referências, sem abrigo, sem conforto. Esse povo estaria pronto para ser ACOLHIDO. Por quem? Por aquele que o aceitasse. Uma população que pede comida, mas nunca exige terra para plantar. -------------- Como isso foi feito? Não é complicado explicar. Nas escolas bastou transformar a história numa "cruel narrativa onde tudo foi crime e todos eram monstros". Deu-se aos jovens o ódio à sua própria história. Assim se sabotou o amor ao território, um dos alicerces da segurança adulta. Nas artes foi ainda pior. Criou-se a imagem do artista como "fofo". Filmes feitos aos milhares, todos mostrando pessoinhas frágeis sofrendo em um mundo adulto. Lentamente criou-se a ideia de que SER FRACO É SER BOM. Dividiu-se a humanidade em dois campos: a virilidade, que pode inclusive ser parte da mulher, como coisa destrutiva; e a fragilidade hesitante e sofrida, como o BEM. Meu asco pelo cinema atual se deve muito à isso. O cinema dito de arte, aquele de mostras e festivais, é uma exibição sem fim de gente lambendo feridas. E tendo um perverso orgulho por isso. ----------- Desse modo criou-se uma mentalidade doentia. Um modo de ver e pensar onde defender uma árvore é mais importante que preservar seu comércio. Salvar um pinguim vale mais que salvar um velho doente. O choro pela morte de um cão é maior que o choro pela morte de um tio. Mas é agora que surge a maior perversidade: QUEM ACEITA O FOFO E FINGE SE IMPORTAR COM UM CARENTE-INFANTIL, GANHA SEU CORAÇÃO PARA SEMPRE. E isso é um prato delicioso para qualquer político espertalhão. Desse modo, a política se tornou um jogo onde a única coisa que interessa é descobrir quem gosta mais de mim. É impossível ser mais idiota que isso. ----------------- O mercado logo notou isso, e hoje toda propaganda não vende o MELHOR PRODUTO, mas sim AQUELE QUE TE AMA. Morro de rir quando vejo propagandas baseadas em amor, sempre em amor. Este banco é melhor porque se preocupa com voce. Este desodorante se importa com voce. Esta loja é sua amiga. É o sonho de todo empresário: não precisar ser O MELHOR, ser apenas o mais sensível. --------------- São pseudo adultos que mendigam afeto, atenção, carinho. Passam a medir tudo pela régua da sensibilidade. Isto é DO BEM PORQUE ME AMA, ISTO É DO MAL PORQUE NÃO ME AMA. A razão ou a lógica não existem nesse mundo. ----------------- Observe dez minutos de propaganda na TV. Todos os produtos se vendem como DO BEM. Pouco interessa sua eficiência ou utilidade. O que vale é seu CORAÇÃO. Para quem, como eu, dá supremo valor a razão e a lógica, é um mundo grotesco. ------------------ Não escrevo isto por ouvir dizer. Vivo isso no dia a dia. Na escola em que trabalho, nada é mais simples que controlar os alunos frágeis, indecisos, medrosos, sem rumo. Basta estender a mão e ser LEGAL. Já os que ainda se mostram ativos, corajosos, alegres, são bem mais difíceis de dominar. É preciso ser AMIGO, ser simpático, ser até mesmo SINCERO. E leva tempo, muito mais tempo. Tudo que o jovem deprimido pede, aquele que é criado pelas obras de arte niilistas, pelo ateísmo exibicionista e pelo ódio à família, quer, é que o aceitem. Que o protejam. Que lhe ofereçam atenção. Dar isso é fácil e pode ser um ato falso. São muito enganáveis. Já o jovem mais forte ( não encontro palavra mais apropriada ), exige que voce seja forte também. Que seja profissional. Que lhe explique as coisas. Ele dá trabalho. E percebe a mentira. --------------- Que inversão fantástica!!!!! Em certo momento alguém percebeu que O HIPPIE de 1968 era o mais dócil e dominável dos seres, e que o CARETA era um teimoso muito mais complicado. O Hippie pedia apenas AMOR E ESPAÇO PARA SER HIPPIE, o CARETA pedia competência, respeito, segurança, e espaço para crescer. O tipo hippie quer ser criança a vida toda. O careta quer poder. Qual o mais fácil de dominar? ----------------- Me dou muito bem com os maconheiros. Tudo que eles querem é maconha. Só isso. Não os reprima e voce terá seu AMOR para sempre. Já os caretas, os "chatos" que vão à igreja, têm a sorte de ainda ter pais, que trabalham, exigem tanta coisa de mim, que me obrigam a ser esforçado. Ou fugir deles. Há quem faça toda uma carreira na política satisfazendo a auto estima dos hippies. --------------------- Por fim, digo que nada é mais odioso que um cantor no palco ensinando toda uma multidão a ser "choroso, coitadinho, piegas, lamuriento". Eu os odeio. E não tenho pudor algum em ser "mau". A arte é uma festa, uma farra, uma guerra ou uma suruba, jamais um choro de alminhas que não saem do berço. ----------------------- Por favor, me amem menos. Esse o lema que deveria estampar camisetas hoje.

A TORRE DE MARFIM

Fato decisivo, que mudou minha vida pra sempre, foi em 2008 ter começado a trabalhar no meio do povão, e mais que isso, ter feito amizades não condescendentes com eles. Há muito médico e muito professor que trabalha com o povo mais pobre, porém, mantendo lustrosa e bem fixa sua TORRE DE MARFIM. São pessoas que se importam com os MENOS FAVORECIDOS, com AS VÍTIMAS DA SOCIEDADE, mas que os olham, na verdade, como um tipo de crianças perdidas, os ajudam, mas não levam em conta aquilo que eles sabem e falam. Eu realmente desci da TORRE. Não por escolha, por circunstancia. E se falo isso aqui agora, não é como exibição de nobreza ou de azar. É um fato. Mais que aquilo que li ou estudei, meu trabalho mudou meu mundo. Foi e é um processo lento, e a palavra que define essa estrada é DESILUSÃO. Se para voce essa palavra parece triste, saiba que ela está ligada a LIBERTAÇÃO. Ouvir e ver tantas outras formas de ser feliz ou de viver faz com que voce duvide de tudo aquilo que voce tinha orgulho em saber. O fato crucial é: QUEM FALOU QUE AQUILO ERA A VERDADE? QUEM DISSE QUE AQUILO ERA BOM? Voce entende de forma profunda então, a primeira lei da política conservadora: AQUILO QUE MUITOS FAZEM E CRÊEM DEVE TER UM VALOR MAIOR QUE AQUILO QUE MEIA DÚZIA PREGA. Talvez, ao final das contas, arroz e feijão seja melhor que caviar e uma picanha na chapa mais saborosa que um faisão grelhado. Nesse processo voce passa a suspeitar de tudo, porque ao contrário do povo ou dos moradores da TORRE, voce conhece os dois lados. Voce sabe que em Henry James, elitista e para poucos, vive um prazer imenso, mas isso não te dá a garantia de que Stephen King ou Rowland sejam ruins. A estratégia da TORRE DE MARFIM se torna nítida: Nós sabemos tudo, e o povo, essa abstração, que reduz diversos modos de pensar em manada indistinta, deverá um dia ter o privilégio de ser como NÓS. Passo então a observar atos e efeitos, e não mais o "AQUELE CARA DISSE". O que interessa é o que aquele político ( penso em Trump ) fez e faz. E não o que dizem que ele QUER FAZER. A TORRE DE MARFIM elege suas personagens e narra tudo em acordo ao livro que eles mesmos criam. Se Trump é nesse livro o vilão, ele poderá fazer dezenas de acordos de paz. Serão ignorados. Estarão fora do perfil do personagem. O mandamento número um da TORRE é a coerência e nunca a verdade. Humanos são incoerentes. Coerência há no meu cão, que vive 15 anos dentro da coerência de ser e fazer sempre o mesmo. Humanos surpreendem. São incoerentes. A TORRE não suporta isso pois teme a MUDANÇA. Trump é vilão e assim será para sempre. Obama é bom e nada de ruim ele poderá ter. A TORRE pensa assim porque são os NOBRES de 2020. Temem muito descer da TORRE. Descobrir que estavam iludidos. São esnobes. Como diz O LIVRO: vaidade, tudo é vaidade.

O GRANDE ACORDO FEITO NOS ANOS 80

   Acompanho vários grupos de direita nas redes sociais. A maioria mal sabe o que seja conservadorismo. Os membros variam entre um anti socialismo difuso e um liberal capitalismo histérico. Não é diferente nos grupos de esquerda. Quase todos querem o melhor do capitalismo com um leve verniz de "bondade social", seja lá isso o que for. Nos grupos de direita, apenas uma vez encontrei alguém que falou a mais profunda das realidades, ele tocou no grande acordo feito nos anos 80. O acordo que selou o fim da história.
  Explico isso agora, ok?
  Até os anos 70, ser comunista era querer o fim do capitalismo. A Sony ou a Ford seriam tomadas pelo Estado. Operários assumiriam as fábricas. Todo cidadão seria um funcionário do estado. Para atingir esse fim, era usada toda tática possível. Terrorismo e sabotagem faziam parte. Mas vieram os anos 80, época de Thatcher, Reagan e João Paulo II. E houve um acordo geral, o tal do final da história de que falava Fujyama. O mundo, em quase sua totalidade, seria um meio termo, nem conservador, nem socialista. Revoluções e mudanças radicais seriam eliminadas do mapa mundial. A direita caberia aceitar o liberalismo de costumes e o ateísmo dos socialistas light, e a esquerda, em troca, nunca mais falaria em estado totalitário. A agenda da direita liberal incorporaria valores como ecologia, feminismo e igualdade racial, e a agenda da esquerda eliminaria de suas aspirações a estatização de bancos e de fábricas. A esquerda iria começar a tolerar a democracia burguesa. Havendo esse acordo, todo conflito entre os dois campos seria apenas sobre hábitos e costumes, e nunca mais sobre economia e poder. Nas eleições, vencendo a direita, a única novidade seria uma menor tolerância a aborto ou drogas, vencendo a esquerda, menor tolerância a armas ou individualismo radical. Pura perfumaria. O Sistema estaria sempre seguro.
  Não é necessário te dizer que nesse mundo, grandes empresas como Microsoft ou Bayer, podem ter uma postura de esquerda. Vende bem entre jovens e é uma posição segura, suas empresas jamais serão do estado. Hoje, todo grande capitalista venderá uma imagem de esquerdista se for esperto, falará em proteger o ambiente e diante da imprensa irá atacar o direitista da hora. Já os esquerdistas, facilmente iludidos, acharão cada vez mais que ser de esquerda é apenas defender negros pobres e apoiar o aborto. Não percebem mais que tudo isso está inserido dentro do grande capital. Droga liberada, festinhas de arte e mulheres poderosas dentro do Sistema de lucro e venda. Sem perigo nenhum. O Itaú adora.
  Comunistas tradicionais não têm vez nesse mundo. Assim como conservadores verdadeiros. Os comunistas esperam uma revolução que jamais virá. E querem crer que as ditaduras militares de Coreia e China são um tipo de comunismo. Já os conservadores, fatalistas por natureza, sabem que seu tempo passou. Insistem em se fazer ouvir, mas percebem que sua mensagem não agrada quase ninguém. Porque ela fala em deveres e obrigações. Não em desejos.
  É um mundo que desistiu de mudar. E que muda sem cessar. Muda em aparência. Muda para mudar cada vez menos. Por isso não espere um novo mundo pós epidemia. Farão propagandas lindas. Falarão da paz universal. E venderão produtos capitalistas como nunca.

ASSUNTOS VARIADOS EM TEMPO DE PESTES

   Se voce mantiver a sanidade em tempos como estes, parabéns. Ou talvez não. Sua sanidade será prova de que voce tem algum tipo de autismo. Tudo que posso falar é de mim mesmo, e não tem sido fácil ser eu mesmo. O instinto de manada ressurge forte em crises assim. A questão é: Como manter sua individualidade sem se tornar um egoísta irresponsável?
   Escrevo para dois ou três amigos. Eles me conhecem. Sabem que meu eu inteiro reside neste blog. No facebook sou apenas a fatia que faz propaganda. No instagram exercito relações públicas.
   Diálogo não há. Quem é, será mesmo contra toda evidência. Na verdade as pessoas pouco ligam pra verdade. O povo foi tomado pelo orgulho de estar certo. E esse certo será mantido. Mesmo que errado. Sempre soube que o Face faz o ego inflacionar. Voce se sente numa tribuna todo o tempo. Mas eu jamais pensei que seria tanto assim. Quanto ao instagram, ele é apenas um desfile de gente bacana. A questão lá não é estar certo. É se vender bem.
   Mudando de assunto. Duro escrever sobre Henri Bergson. Ele meio que me estuprou mentalmente. Só hoje percebo que ele nega tudo que acredito. Bergson diz que o tempo é tudo que existe. É a própria realidade. Eu tendo a ver o tempo como uma invenção arbitrária. Na verdade ele é apenas um meio cômodo de medir a vida. Bergson crê na mudança eterna de tudo. Nada é o que foi. E nem será. Eu tendo a crer que nada muda. Que tudo é sempre aquilo que foi de fato. Voce é agora o que foi aos 10 anos. E será aos 90 o que é hoje.  As aparências mudam e o mundo pode te fazer mudar hábitos. Mas voce permanece. No pensamento de Bergson me sinto hiper desconfortável. Minha intuição diz que não é assim. O universo está em expansão, a história anda, mas em sua base tudo é o que sempre foi. Nascemos e morremos. Queremos e perdemos. Comemos e sonhamos. Penso inclusive que meu pensamento é mais moderno. KKKKKKKKKK Que contradição minha né? Eu falando como se ser moderno fosse um mérito! Mas pensar que o tempo é apenas uma convenção está mais de acordo com 2020.
   Reassisti dois filmes com Audrey Hepburn. Charada e Como Roubar Um Milhão de Dólares. O primeiro é um pequeno clássico. Ele é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock não feito por Hitch. Foi um big sucesso de bilheteria. É de 1963. O que tenho a dizer? Que ainda fico impressionado com a elegância das pessoas nos anos imediatamente anteriores á explosão hippie. Que é um prazer ver Cary Grant em mais um dos seus sucessos ( ele é o único ator entre todos que jamais teve um fracasso de bilheteria ). Apesar que leio que Cary estava bastante desconfortável no papel. Ele não queria mais fazer par romântico com ninguém. Se sentia velho ( tinha na época 58 ).  Mais um ano ele se aposentaria.  O diretor do filme é Stanley Donen. Quem? Claro que voce não conhece, ele nunca foi um intelectual. Tinha "apenas" bom gosto. Fez filmes entre 1948- 1984. Viveu até este milênio e em 95 ganhou um Oscar especial. Foi linda a entrega, ele dançou pelo palco com a estátua. Dirigiu Cantando na Chuva. Sete Noivas Para Sete Irmãos. E mais uns 10 filmes que se vê hoje com imenso prazer. Charada é uma diversão que respeita sua idade. É adulto. É bobo e é fútil. E também esperto e chique. 1963 era um tempo em que adultos ainda iam ao cinema. E por isso se faziam filmes para eles.  Creia, havia filmes no topo da bilheteria que não eram endereçados aos teenagers. Como Roubar Um Milhão foi feito 3 anos depois e tem Peter O'Toole como par de Audrey. O diretor é William Wyler. Quem? Wyler, o veterano que venceu 3 Oscars. Dá um google. Ele tem mais de 20 grandes grandes grandes filmes. Este não é um deles. Eu adoro porque adoro a dupla central. Mas faltou roteiro. E o sucesso de bilheteria foi bem mediano. De qualquer modo a gente fica lá, sentados vendo aqueles lugares lindos com aquelas pessoas glamorosas.
  Mais um assunto? RocknRoll, disco de 1975 de John Lennon. É o único dele que ainda ouço. Covers de rocks dos anos 50. Phil Spector produziu mais da metade das faixas. Bom modo de voce conhecer Spector. Em 1975 ele já estava louco. Mas tá lá o estilo dele. Conto...em 1962 não tinha essa coisa de produtor como a gente conheceu mais tarde. Em 1972 por exemplo, a gente percebe quando um LP é produzido por Bob Ezrin. Ou por Jimmy Miller. O som é outro. A escolha dos instrumentos. A mixagem. Em 1962 Spector criou isso sozinho. Ele era a estrela dos discos que produzia. Sacou primeiro que a mesa de mixagem era talvez o instrumento mais importante de um disco. E começou a criar. Aumentar o baixo aqui. Enfiar cinco guitarras ali. Uma orquestra de sopros no refrão. Esconder esse piano. Maga egocêntrico, ele enchia tudo de som. É o homem que odeia o silêncio. No disco RocknRoll preste atenção em 3 faixas: You Can't Catch Me é uma massa de som que te engole. São cinco guitarras. Três bateras. Três teclados. E mais um monte de sopros e percussão. 25 instrumentos. Todos tocando como se fossem um só. É aquilo que ficou famoso como Wall of Sound. Uma parede que esmaga o cantor e marcha direto aos eu ouvido. Ouça também Bonny Moronie. Tem gente solando a música inteira. Mas tá lá no meio da confusão ordenada. Tem gente fazendo backing vocals. Mas sumiu. Ouça Peggy Sue. Vale muito à pena. E preste atenção. PS: Bom aparelho é obrigatório.

EDMUND BURKE, REDESCOBRINDO UM GÊNIO - RUSSELL KIRK

   Uma verdadeira democracia é aquela que une as vontades, sonhos e costumes, daqueles que vivem numa nação, mas também daqueles que viverão e viveram lá. Toda revolução tenta apagar o passado, destruir os costumes, refundar um país; e todo o futuro, nessas revoluções, é planejado não na experiência e sempre em ideias abstratas. A Europa é o resultado do trabalho, dos sonhos e das lutas de pessoas reais, e a história é a adaptação, através de erros e acertos, de pessoas com pessoas. Não há uma evolução histórica rumo ao melhor, o que há é um constante ir e vir, tentar e tentar de novo, avançar e recuar, acertar e desistir. Pensar a politica em termos filosóficos e abstratos é flertar sempre com o desastre, pois cada homem e cada evento não pode ser reduzido a uma tese ou a uma fórmula pré fixada. O reparo de injustiças se dá pelo respeito à lei, pela evolução lenta e segura, pelos hábitos consagrados.
  Esses são alguns dos pensamentos de Edmund Burke, advogado, pensador e politico irlandês do século XVIII. Contemporâneo de Rousseau e de Voltaire, ele os nega em quase tudo. Burke diz que foi o cristianismo que criou a Europa e que é ele que mantém a Europa unida, descrê da teoria de Rousseau,( que diz que o homem natural é bom, a sociedade é que o corrompe ), e prega a negociação, o ajuste, o escutar a experiência passada como única forma de evolução.
  Burke nasceu na Irlanda mas toda sua carreira foi feita em Londres. A vida pessoal dele não foi interessante. Casou, teve um filho, viveu confortavelmente porém com crises financeiras, morreu nem um pouco mais rico do que nasceu. Russell Kirk, o maior conservador americano, ele próprio um tipo de Kirk do século XX, se detém em suas ideias, seus feitos. Burke é considerado hoje um dos maiores oradores da história inglesa, o fundador dos modernos partidos trabalhista e conservador ( ele uniu credos desses dois partidos ), e dono da visão que salvou a Europa da loucura do jacobinismo.
  A primeira luta de Burke, no parlamento, foi na questão da independência americana. Ele via o novo país como um possível aliado da Inglaterra. Queria lhes dar um status de "território livre". Mas o rei, George III partiu para o confronto. Foi a primeira das várias derrotas de Burke.
  Em seguida houve a questão da Irlanda. Burke queria emancipar os católicos, permitir que fossem eleitores e candidatos. Perdeu de novo. E ele, que era protestante, passou a ser visto como um tipo de papista-jesuíta.
  Depois procurou botar na prisão o governador inglês da India. Demonstrou a corrupção que lá havia. Mas perdeu o julgamento.
  Por fim, sua grande luta final foi contra a Revolução Francesa. Burke foi o homem que previu a ascensão do terror e depois da ditadura. Previu até o bonapartismo. Poucos o escutaram e a Inglaterra só percebeu o perigo no último instante. Burke morre no fim de seu século achando que os revolucionários chegariam à Inglaterra. Nunca chegaram. Graças a ele.
  Burke notou que na Inglaterra nunca houve uma revolução. Que a tal "revolução" gloriosa, de 1688, foi na verdade um movimento que evitou uma revolução. Em 1688 se criou o parlamento para se evitar um massacre. No século do iluminismo, o seu, Burke logo percebeu que o filósofo via a politica como coisa abstrata, como elementos de um jogo matemático, onde as pessoas eram apenas um detalhe e não algo a ser considerado.
  Burke notava que a Inglaterra e os nascentes EUA tinham em comum a aversão a revoluções. Isso porque ambos tinham um enorme amor pelo seu passado, pelos costumes e hábitos populares. Ao criar o conservadorismo, Burke criou a teoria de que o que "é bom deve ser preservado, o que é ruim, melhorado". ( Russell Kirk diz que os EUA nunca se desintegraram no individualismo porque a religião os une sempre. )
  Burke perdeu em suas causas, mas ao perder foi criando toda uma herança de seguidores que fariam justiça a seu nome. Foi ele quem deu as bases para os partidos modernos ( Burke conseguiu, e isso foi uma vitória em vida, fazer vencer a ideia, então nova, de que o partido deveria ter mais força que o homem eleito. ) E foi Edmund Burke também quem criou, com Tocqueville, as linhas gerais do que seria o conservadorismo e o liberalismo. ( O liberal pensa em termos de novo e obsoleto. O conservador em termos de valor e de tradição que venceu o tempo ).
  " O homem, enquanto indivíduo, é limitado pelo tempo. Por mais genial que ele seja, sua curta vida o impede de conhecer muito e de conhecer bem. Portanto devemos ter em vista a experiência da história, o depósito de conhecimento de todos os que vieram antes. A crença, o costume, o bem que se mantém por séculos é melhor e mais certo que a teoria de um simples filósofo."
  Para Burke era a religião um dos conhecimentos mais perenes. E instituições como a família jamais poderiam ser destruídas, pois sua destruição seria o fim da civilização. Burke notou ainda que os "novos filósofos" usariam a sedução da "liberdade total" para seduzir os jovens, liberdade ilusória, pois a única liberdade possível é aquela que institui a lei para a preservar. O pensamento de Burke é o do "mal menor", ou seja, usar a lei para garantir a liberdade, e usar a liberdade para vencer a tirania. A liberdade dentro dos limites da bondade, dos costumes, "daquilo que sempre foi e que precisa continuar sendo".
  Um livro, longo, com montes de artigos acessórios de pensadores atuais, excelente.
  Escrevo agora um PS: Nascido no Brasil, um país onde tudo é preto ou branco, cresci com nojo da palavra conservador. Para mim, conservador era um velho com mal humor e prisão de ventre. Pois aqui, após a ditadura militar, TUDO o que não fosse esquerda seria muito velho e muito ruim. Tolo preconceito...Eu, que sempre amei o que já é conhecido, consagrado, o que venceu o tempo, sempre tive um temperamento conservador, desconfiado de novidades, modas, reformas apressadas, revoluções eufóricas.
  Demorou, mas achei minha turma.
 

FALANDO DE POLÍTICA

   Uma menina me escreve dizendo que o mais direitista dos direitistas é o conservador. Óbvio que ela está muito mal informada. Assim como há quem não perceba que a esquerda se divide em socialistas, comunistas, fabianistas e tantas outras istas, a dita direita vai desde os liberais até os conservadores.
  Liberais são capitalistas que se deslumbram por tudo o que brilha. Amam o novo e acham que o progresso justifica a vida. Viver é avançar e avançar é construir. E como constroem!!!! Novas estradas, novas pontes, novas modas, nova ciência, nova religião... Na verdade eles vivem no mesmo mundo dos socialistas, o mundo do amanhã, a diferença é que uns querem esse futuro comandado pelo estado, já os liberais querem que grupos de empreendedores façam esse futuro. A graduação desses dois modos de pensar dá o tom deste mundo falido de hoje. O mundo tem andado por esses dois caminhos. O futuro via estado, o futuro via indivíduo. Uma corrida.
  Conservadores odeiam os liberais acima de tudo e de todos. Porque liberais fazem aquilo que os conservadores mais condenam: destroem. Derrubam bairros, praças, palácios, destroem crenças, modos de vida, costumes, tudo em nome do futuro e do progresso. Um liberal mata um deus para poder abrir uma estrada e afoga uma fé em troca de mais um banco de investimento.
  Um conservador odeia menos um socialista porque no socialismo, pobre em ideias e lento em progresso, as coisas mudam menos e quando  mudam podem ser revertidas. Polônia, Hungria, Vietnã ou Cuba foram preservadas em formol por décadas graças ao socialismo. A velha França, a velha Inglaterra ou a velha Itália foram destruídas pelos liberais. O que sobrou se escondeu no campo, nas montanhas, onde os conservadores ainda mandam em algum bairro.
  O conservador não vê razão em fazer uma revolução. Todas terminam com o país pior do que estava antes. E a conta é sempre impagável. Conservadores tentam vencer o mal e a injustiça usando aquilo que sempre foi usado contra elas: trabalho, bondade, caridade, irmandade, costumes familiares e bons exemplos. Todas essas palavras são ridicularizadas tanto por liberais como por marxistas. São os inimigos.
  Sabemos que perdemos. O mundo tende a ser cada vez mais liberal e socialista. Isso é irreversível.
  Mas todo conservador é teimoso. Empertigado. Teimoso. Nunca venceremos. Mas continuamos a crer. Pois nossa crença é forte. Por ser a raiz de toda crença.

LULA E FHC, O LEGADO

   Deixo de lado minha postura aristocrática e comento, mal eu sei, a situação desta fazenda chamada país. ( Fazenda porque ainda somos um território produtor de carne e grãos ).
   FHC fez o favor de desmoralizar a figura do intelectual enquanto presidente. O antídoto a essa imagem foi o anti-intelectual, Lula. Mas o legado de Lula é muito pior, ele desmoraliza a esquerda. Sim, todos sabemos que Lula nunca foi de esquerda, é apenas um populista no estilo getulista. Mas a esquerda o adotou e assim o mal está feito: de agora em diante ser esquerdista será visto aqui como ser lulista. O rótulo colou.
  É uma pena. Assim como nossa direita civilizada foi desmoralizada pelos militares, nossa esquerda do bem está sendo implodida por Lula.
  Nada mais tenho a dizer.
  Continuo aristocrático.

O FIM DO MUNDO

   Tenho amigos de boa cultura que talvez não saibam disto. O que prova como a história tem sido jogada na lata de lixo. E se você não conhece aquilo que aconteceu, sinto muito, você vai repetir o mesmo erro pra sempre.
  Houve um momento, em 1962, em que o mundo poderia realmente ter acabado. A coisa foi tão séria que naquele dia, alertado pela Casa Branca, Frank Sinatra lotou seu avião de comida, pegou os filhos e se preparou para ficar voando, em círculos, pelo deserto, enquanto NY e Washington eram destruídas. E no resto do mundo, aturdidos, as pessoas, sem conseguir entender direito aquilo, se preparavam para a Terceira Guerra Mundial, que seria a última.
  Kruschov, primeiro ministro soviético, instalara misseis nucleares em Cuba. Apontados para a Europa e para os USA. John Kennedy mandar a marinha bloquear a ilha do Caribe. O impasse. Ou os russos tiravam os misseis, ou a ilha ficaria isolada do mundo. Krushov mandou a marinha russa para a ilha. Eles chegariam em 3 dias. A guerra tinha data para começar. A guerra nuclear.
  Se um comandante russo ou americano apertasse um simples gatilho de metralhadora tudo poderia se precipitar. Não era como hoje. Não era o terrorismo que nos dilacera lentamente. Seria um fim rápido. Uma guerra de poucas semanas. E se ela tivesse ocorrido eu e você não estaríamos aqui. Não só URSS e USA tinham bombas de sobra para acabar om tudo. China, França, Inglaterra e a India já as tinham.
   No fim Krushov tirou os misseis. E os USA relaxaram o bloqueio. Foi após esse alivio, alivio meia boca, que explodiu o hedonismo dos anos 65-68. A galera se pôs a viver a vida loucamente. Antes que tudo explodisse.
   Foram anos absurdos. Trágicos e patéticos. ( Falo de 60-63 ). Se aqui a gente tinha Jânio se embebedando e largando o emprego; nos EUA havia Kennedy, para Gore Vidal e Paulo Francis, o PIOR presidente da América até Bush filho.
   Tudo isto que conto está no livro sobre Sinatra. E Sinatra, amigo de Kennedy, está no centro do mundo. Nunca houve, até hoje, um cantor tão poderoso. Com tanta liberdade e tráfego em meio ao alto poder. Sinatra ajudou Kennedy a vencer. Sinatra sempre foi um democrata sincero. Amava Roosevelt, Truman e confiou na família Kennedy. Odiava os republicanos. Odiava Nixon. Mas Sinatra foi porcamente traído.
   O livro nos ajuda a entender a podridão que o Brasil parece descobrir só agora.
   Joe Kennedy, pai de John, fez fortuna vendendo bebida quando bebida era ilegal. Ganhou também com contrabando e cinema. Era um homem duro, rude e muito temido. Ficou tão rico que conseguiu ser considerado um tipo de aristocrata. Vejam só! Seu sonho era fazer de John presidente. John Kennedy era culto, educado, bonito, carismático e louco por sexo. Escreveu dois livros, foi herói de guerra e casou com Jacqueline Bouvier, essa sim, uma verdadeira aristocrata americana. A chifrava com atrizes, putas, cantoras, primas, empregadas, o que pudesse tocar. Ela sabia e sentia vergonha.
  Sinatra se apaixonou por John Kennedy. O americano-irlandês tinha aquilo que Frank não tinha: educação, berço, estilo seguro. Sinatra arrumava mulheres para John. O levava a festas. Hospedava. E nas eleições presidenciais convenceu seus contatos suspeitos a darem uma força.
  Os contatos de Sinatra roubaram a eleição. É duro dizer, mas Nixon foi roubado. Kennedy venceu por menos de 1% dos votos. E a Máfia, pressionando, batendo, fazendo boca de urna violenta, ajudou nessa vitória. Mas...e aí vem um dos mais belos dramas de Sinatra, após vencer Kennedy vira as costas à Frank. Não fica bem para um presidente ser amigo de um amigo de mafiosos. Frank fica doido de rejeição.
  Bela história não...tem muito mais! O livro é obrigatório.

O MESMO HOMEM. NO AMOR E NA GUERRA. EVELYN WAUGH E GEORGE ORWELL, BIO ESCRITA POR DAVID LEBEDOFF.

   George Orwell era um solitário. Um socialista que odiava o comunismo. Para os comunistas era então um direitista e para os conservadores era um comuna. Ateu, era excluído do hall dos crentes, mas defendia a igreja e assim era ridicularizado pelos ateus. De origem classe média, culto, sotaque e modos de cavalheiro, era um estranho entre os pobres e um plebeu entre os ricos. Viveu uma infância muito feliz, segundo ele conheceu o paraíso, e a partir da adolescência conheceu a crueldade do sistema de classes inglês. Foi estudar em Eton, a mais exclusiva e elitista das escolas inglesas. E lá foi tratado como subalterno. Entenda, o pai era bem de vida, mas não tinha origem aristocrata. Orwell, que na verdade se chama Eric Blair, passou a lutar toda a vida contra esse sistema. 
  Não quis Oxford e foi servir na Birmânia. Em solidão, no meio da selva, cinco anos. Pegou tuberculose. Voltou e vagabundeou pela Europa. Lavava copos e restaurantes de luxo. Escolheu ser pobre. Foi voluntário na revolução espanhola. Ao contrário de Heminguay, lutou de verdade. Se feriu. E percebeu que os comunistas eram tão ruins quanto Franco. Foi perseguido pelos comunas espanhóis por ser socialista. Conseguiu fugir com a esposa. Milagrosamente. 
  Ainda conseguia tempo para ler uma média de quatro livros por semana. Entre seus favoritos estava Waugh. Começou a escrever. Não conseguia vender. Artigos que estão entre os melhores de sempre. Se isolou em casa de campo. Lança A Revolução dos Bichos. Enorme sucesso. Perde a esposa para a doença. Logo depois de terem adotado um filho. Com esse filho, que ele adora, vai para uma ilha da Escócia. Uma ilha fria, agreste, deserta. Sua tuberculose, claro, piora. Lá escreve 1984. 
  O filho brinca livremente. É feliz. Volta após 4 anos para Londres. O novo livro vende aos milhões. Morre de tuberculose aos 46 anos. Seu filho se torna fazendeiro. Se forma em agricultura. É feliz. E tem orgulho de seu pai. Orwell escolheu a vida que teve e por isso foi realizado. Jamais se arrependeu de nada. Quis viver na "realidade social", foi 24 horas por dia um "homem politico", e escreveu, segundo Lebedoff, um livro muito melhor que Admirável Mundo Novo, de Huxley ( que foi seu professor em Eton ). Orwell antecipou o que seria o mundo dominado pela esquerda. Huxley antecipou o mundo da direita. Nosso mundo atual é uma mistura dos dois. 
  Orwell, como Waugh, amava o passado, detestava o presente e temia o futuro. Mesmo sendo ateu, Orwell pensava que toda a civilização ocidental fora edificada pelo cristianismo. Se a igreja cristã fosse retirada do mundo, se os homens parassem de se guiar pela esperança em outra vida e pela transcendência, se eles passassem a ver a vida como apenas um eterno tempo presente, sem futuro além e sem passado relevante, a moral se tornaria relativa e tudo seria reduzido a satisfação de desejos corporais imediatos. Viver se tornaria satisfazer o corpo. A vida seria estar vivo e nada mais que isso. Cada ato se faria um ato gratuito. Um instante sem história e sem repercussão. A queda de Deus e do espírito faria da sociedade um bazar. Onde tudo vale em nome do prazer. 
  Orwell nunca deixa de apontar os crimes da igreja, mas diz que sem ela esses crimes, como mostrou o nazismo, seriam ainda piores. Sem a ideia de vida maior, de pós e antes da vida, o homem se vê vazio, entediado e sem porque. Orwell, que não tinha fé, se via assim? Não, porque ele abraçava a moral racional da igreja. A justiça, o bem e a bondade, sem relativismo algum. 
  Vale dizer que mesmo muito doente Orwell fez de tudo para lutar na segunda-guerra. E como Waugh, ele percebeu que apesar de derrotados, o mundo do pós-guerra seria o mundo do totalitarismo. Falarei mais dessa verdade após falar de Waugh, alguém tão diferente de Orwell e que Lebedoff vê como um igual.
  Evelyn Waugh ( Evelyn na Inglaterra é nome masculino ), nasceu também em familia classe média. Mas não foi para Eton. Foi para um colégio pouca coisa pior. Seus modos não eram tão bons quanto os de Orwell e sempre foi um aluno ruim. Sarcástico, ele era o baixinho enfezado. Lider de gangue. Entrou em Oxford e lá ele se deslumbrou. Decidiu ser o "homem mais alta classe da Inglaterra". Fez amizades com as familias mais exclusivas, se vestia como um dandy, sabia tudo sobre vinhos, cavalos e tradição. Festas e bebidas. A imagem que se tem de Oxford se deve a Waugh. E Oxford só foi Oxford nos tempos de Waugh. Jovens de sangue azul, cheios de dinheiro, dando festas e fazendo de tudo para não se entediar.
  Festa de Mozart, festa dos travestis, um dia na Idade média, festa de mendigos... Arruaças de rua, brigas, festas que duravam quatro dias inteiros. Waugh achou que era um deles. Mas um dia um professor, irritado, disse a verdade. Que ele não passava de um "homem de negócios", um vulgar inferior. No mundo de Oxford de 1920, nada era pior que gente que lidava com dinheiro. Waugh ficou tão bravo que passou a perseguir esse professor. Acabou com a sanidade dele. Sério! Esse professor acabou no hospicio.
  Devo dizer que antes de tudo isso Waugh tentou lutar na primeira guerra. Mas tinha apenas 14 anos!
  Ao contrário de Orwell, Evelyn Waugh se tornou famoso muito jovem e logo em seu primeiro livro. Para Lebedoff ( para mim também ), ele é o melhor escritor inglês do século XX. Em seus livros ele satiriza o mundo. Usando o humor ( menos em Brideshead, seu livro sério ), ele desmascara o novo mundo, mundo onde o dinheiro e a vaidade imperam. Ou seja, são os mesmos alvos de Orwell mas usando outra arma. Todos os livros de Waugh vendem muito bem e sua fama atinge o mundo inteiro. Mas eu disse que ele queria ser o mais alta-classe dos ingleses. Conseguiu?
  Sim. Ele desejou e conseguiu se casar com a herdeira do brasão mais exclusivo do país, uma autêntica Herbert. Com ela teve seis filhos e foi um pai ausente porém amado. Muito rico, se tornou a imagem do inglês dono de terras, gordo, de tweed, cachimbo e sorriso. E em Brideshead adivinhou, como Orwell, que o mundo que conhecera fora vencido pelo totalitarismo. 
  O mundo que eles conheceram era injusto, eles lutaram contra a divisão de classes. Mas esse mundo tinha uma vantagem, ele tinha alvos claros e se podia lutar contra eles por serem claramente injustos. No novo mundo os alvos seriam camuflados e o conformismo iria imperar. Pão e circo. Seria um mundo em que o objetivo único seria satisfazer o corpo e distrair  a mente. Acalmados, indolentes, as pessoas passariam a confundir felicidade com prazer. 
  E quais seriam os lideres? Aí vem o pior, Seriam os rancorosos. Os invejosos, os revanchistas. A classe, terrível para Orwell e para Waugh, dos especialistas. Gente "competente"que saberia tudo de administração, de economia, de sociologia, e nada sobre a vida. Se um aristocrata usufruia a injusta segurança de nascer em berço de ouro, ele ao menos tinha a vantagem da honra, de não poder sujar o nome da familia e de sentir um certo dever a sua tradição. No novo mundo a tradição e o dever são abolidos. Mata-se o passado e o dever é apenas aquele de produzir mais prazer. Sem passado não se tem lealdade a nada e a ninguém. O especialista deve contas apenas a sua ciência, nunca a gente real. É o mundo totalitário, onde tudo é feito pelo 'BEM"de todos, onde o AMOR impera. Como lutar contra burocratas sem rosto? Como ir contra quem só fala em bem e amor? Como inflamar uma população que não pode abrir mão de seus brinquedos? Eis o mundo que Orwell, Waugh e Huxley intuiram. 
  Devo ainda dizer que ao contrário de Orwell, Waugh se converteu ao catolicismo, o que na Inglaterra é um ato bastante incomum. Ele acreditava em Deus, e como Orwell, pensava que o começo do fim se dera com a morte da igreja. Sem os deveres para com Deus e sem a certeza de uma outra vida, a humanidade se tornaria nada mais que máquina de repetição. Atos do dia a dia sem consequência e sem história nenhuma. Nada de sofrimento real, nenhuma possibilidade de crescimento e de felicidade. 
  David Lebedoff, professor americano, lutador contra o politicamente correto, escreve simples, escreve bem e comenta sem medo. O livro me deu um prazer do qual já sinto falta. Filho que sou de minha época, não tenho a coragem de ser como Orwell e nem a fé para ser como Waugh. Indolente, entediado e covarde, passo pelos dias, todos o mesmo, sem um só instante de dor ou de felicidade. Mais ou menos forever.
  Mas ainda penso. 

DEZ FRASES IRRITANTES ( E NÃO VERDADEIRAS? )

   Eu tive um amigo que uma vez "mandou"eu parar de falar em politica. Segundo ele, eu não tinha esse direito por não ser de esquerda. Segundo ele, só quem é de esquerda pode falar de politica. Porque só quem é de esquerda sabe a verdade.
   Respondi que ele falava como os fanáticos religiosos que ele tanto esculhamba. Tipo, "só os escolhidos irão pro céu". Ele riu com desprezo ( esquerdistas são mestres em desprezar tudo aquilo que não conhecem ). Creio que hoje, anos depois, ele deve continuar relendo as mesmas cartilhas e repetindo tudo aquilo em que ele foi catequizado. Ele evita pensar. Dá trabalho. E trabalho duro nunca foi coisa de gente da esquerda. Eles pensam. Pensam que pensam. 
   Listo agora dez coisas que irritavam esse meu amigo. Nunca direi que são dez verdades, porque ao contrário dele, eu admito que não sou dono de verdade nenhuma. 
  
   1-  Sem os EUA estaríamos sob uma ditadura nazi, comuna ou islâmica. 
   2-  No mundo nazi, comuna ou islamita, voce nunca poderia defender o casamento gay, a droga ou a informação livre.
   3-  Todo ser humano quer se destacar da massa, seja tentando ser o mais bonito, mais inteligente ou liderando os fracos.
   4-  Todo revolucionário é totalmente surdo.
   5-  Socialismo é uma forma de capitalismo envergonhado. O que existe é capitalismo e comunismo. O resto é perfume.
   6-  Violência é violência, não importa o objetivo. E toda violência gera mais violência.
   7-  Cuba pode até ser pobre por causa do bloqueio americano, mas os EUA nunca pediram para Fidel fuzilar gays, dissidentes e pessoas que tentam sair da ilha.
   8-  Comunismo é a divisão da mediocridade entre os ressentidos.
   9-  Me mostre um artista de esquerda que eu te mostrarei um invejoso.
   10- Instinto versus domesticação. O capitalismo educa o instinto e faz dele uma força de trabalho, o comunismo tenta matar o instinto e fazer dele castração dócil. Educar não é domesticar, educar é despertar o pensamento.
   11-  ( Sou ruim de contas ), Todo reacionário é mais feliz.
 

FRANCESES, LUTHER KING E MENKEN

   No meu post abaixo esqueci de dizer que esta pobre taba é também sala de testes de teorias de franceses intelectualóides. Estar na USP serviu dentre outras coisas, a me dar a certeza de que teóricos franceses são normalmente chatos e perigosos. Vaidosos sem nenhum contato com a ação prática. O clima francês da USP me faz amar cada vez mais a cultura inglesa. Claro que continuo adorando Voltaire, Proust e Stendhal, Pascal e Balzac, mas é só. Voltaire estava certo.
   Desconfie sempre dos radicais. A revolução francesa, como a bolchevique, foram farsas. A revolução inglesa, discreta e pragmática, foi a verdadeira direção da modernidade. Digo isso porque Malcolm X era uma besta. Um idiota que não passava de um black bloc mais articulado. Luther King salvou a América. Sem ele teríamos visto o endurecimento do apartheid ou a guerra racial. O preconceito da elite intelectual impede que se diga a verdade, Luther King era acima de tudo um pastor cristão. Se ele seguia Gandhi e Thoreau era porque Gandhi e Thoreau coincidiam com Cristo. Tolstoi, que Gandhi seguia, dizia que seguir a simplicidade do evangelho era o caminho para a paz justa. Luther King mudou o planeta usando a mais antiga de nossas mensagens.
   Saiu agora uma biografia de Tolstoi. O livro inicia descrevendo a vitalidade do autor russo aos 75 anos. Tolstoi foi um superstar e uma das pessoas mais vaidosas do mundo. Em 1910 era um mito em vida. Foi da juventude hedonista para a maturidade religiosa. Sua filosofia era o pacifismo radical, o mesmo de Gandhi. Sua fortuna foi dada aos pobres. Morreu como um homem do campo. E feliz.
   Ando lendo o dia'rio de Menken. Imenso. Muito prazer. Nos anos 20 ele foi o ditador da cultura americana. Nos anos 30 era um famoso autor incoveniente. Um mundo de politicos, cientistas e escritores. O modelo do intelectual americano. Paulo Francis e Gore Vidal.
   Vivemos tempos de perigo. Qualquer idiota pode hoje ser escutado por milhares de milhares. Se eu fosse louco o bastante para escrever idiotias agressivas seria lido por montes de bestas deslumbradas. Se eu divulgasse crendices singelas seria amado por bandos de tontos tossideiros. Perigo.
  

LEMBRANÇAS DA DITADURA


   Fui uma criança nascida e criada na ditadura. Carrego comigo o conflito entre aquilo que me foi ensinado e aquilo que de fato é. Eu tinha uma professora que nos contava que o céu do Brasil era mais azul que de qualquer outro país. Que nossa água era mais pura e nossa gente a mais feliz. Esse era um pensamento dominante, éramos educados para crer que o brasileiro era o rei da felicidade. Devíamos ser felizes por termos tido a sorte de nascer brasileiros.
   Tínhamos a maior estrada do mundo, a maior ponte, a maior hidrelétrica e o maior estádio de futebol. Não havia terremoto, furacão e nem guerras. Além de felizes, a gente era bonzinho, acolhedor e belamente religiosos. Doce Brasil. Até nossos ladrões eram boa gente, malandros sorridentes.
   Íamos mal nas Olimpíadas porque não ligávamos pra elas. E no futebol, na fórmula 1 e no boxe só perdíamos se fosse roubado. Ninguém sabia jogar bola, só a gente. Todo europeu era um perna de pau. Em 74 só não ganhamos pela falta de organização e em 78 por ter sido um roubo ( foi, mas não jogamos nada ). Éder Jofre perdeu o título roubado, claro. Era o mundo contra o Brasil. Aliás, é a característica principal de toda ditadura, crer que o mundo é contra a gente. Hoje sei que o mundo não tava nem aí pra gente, mas os milicos queriam pensar ser protagonistas.
   Já na democracia, lembro da nóias de Galvão Bueno para justificar nossas derrotas. Um esquema anti-Senna e outro anti-seleção. Galvão tem a mente ainda em 1972.
   Para nós, crianças em 1973, a Europa era aquilo que diziam pra gente, um lugar de gente pornográfica, terrorista e muito pobre. Todos os meus amigos achavam que era perigoso andar em Roma ou em Londres. Que bombas explodiam na rua, nos carros, nas casas. Que terroristas comunistas raptavam donas de casa a toda hora. E o pior, era a Europa o reino de gente triste e pobre. Continente sem grandes pontes, grandes hidrelétricas e grandes rios.
   Mas havia a América!!! A América era a excessão. Nosso irmão mais velho e mais rico, eram os EUA aquilo que seríamos lá por 1980. País de Elvis, Sinatra e de Jerry Lewis. Tínhamos a certeza de que a vida lá era uma mistura de Jeannie é um Gênio com A Feiticeira. Os americanos eram bonitos e as americanas sabiam cantar de dançar. Gene Kelly e Doris Day.
   Toda essa fantasia fazia com que os pobres, mais de 90% do Brasil, vivesse num tipo de torpor pseudo-satisfeito. Um saco de feijão e uma dúzia de bananas já fazia festa. Quem era pobre morria pobre. Quem era rico morria rico. E a pequena classe média vivia cercada pelos pobres mirando os muito distantes ricos. O crime era menor porque a ambição era ínfima. Voce era o que era, e fim.
   A ditadura aqui sempre foi estranha. Se censurava tudo. Nas revistas masculinas não se podia mostrar o bico de um seio. Nos filmes não se podia falar a palavra sindicato ou revolução. Mas as crianças viam os Secos e Molhados na Tv. Era esquisito pacas.
   Comecei a cair na real na puberdade. Eu queria ver revista de mulher pelada e ficava puto porque elas nada mostravam. Eu ficava maluco com filmes cortados. Quando o casal ia pra cama, corte! Foi então que notei que a revolução sexual dos anos 60 não chegara por aqui. Discutia com meus amigos. Eles tinham a certeza de que na Europa não havia sexo. Que estavam muito atrasados. Que o Brasil era muito mais livre. Não percebiam os cortes nos filmes.
   Acho que a coisa começou a mudar no carnaval. Transmitiam bailes e desfiles e foi neles que vi uma mulher de seios nús pela primeira vez. Era muita safadeza nos desfiles da Beija-Flor e o carnaval era uma ilha de liberdade sexual em meio a uma Tv hiper-pudica.
   Quando a ditadura fez água, com Figueiredo, a coisa pegou. Em poucos meses tivemos a alegria da liberdade misturada com o bodeante cair na real. O mundo entrou no país.
   Os outros eram mais ricos que nós. Eles também sabiam rir. A América não era uma irmã. As grandes obras nacionais eram mal feitas. Pior de tudo: O Brasil não era o protagonista.
   Lembro disso tudo em meio aos protestos. Penso que a internet dificulta a ditadura dos costumes, o jogo ilusionista do ditador. Mas ela nada pode contra a ditadura econômica.
   Penso o quanto os governos do PT usam o jogo da ditadura para vender a ideia de uma nação grande, rica e protagonista. E o quanto eles usam a nóia do Mundo contra Nós.
   Sim, eu fui feliz em 1973. Por ser uma criança vivendo num mundo de fantasia. Era feliz num país que nada produzia e nada tinha a oferecer. Então a gente nada pedia.
   Simples assim. Aliás, nada mais simples que uma ditadura.
   Espero que nunca retorne.
   Amém.

PRA GALERINHA IRADA E LINDA DAS RUAS...

   Alô Alô galerinha irada e extra-cool que tem ido a rua protestar. Antes tarde do que nunca, então ok, tudo certo, mas deixa eu dizer unas cositas:
   Onde voces estavam quando o governo resolveu dar de mão beijada às empreiteiras bilhões de dólares para fazer essa copa de novo rico? Londres fez a olimpíada mais barata possível, porque nós aceitamos caladões a copa mais cara imaginável? Voces não deram um pio e eu TINHA CERTEZA de que voces iam bradar e reclamar. O que houve?
   Meus mais próximos compadres de todo dia são todos da perifa. Perdem horas em condução. E a grande reclamação deles não são so vinte centavos. O que eles querem é que FUNCIONE. Voces podem me dizer como fazer funcionar? Estatizar? Mas a saúde e a educação estatal funcionam? Aliás, a policia é do estado né não? Quem como eu tem de ir quase semanalmente a delegacia sabe: a policia está no olho do kaos. E aí?
   Colegas da USP que são cabeças do movimento me dizem que os ônibus podiam rodar a dois e cinquenta. Mas me ignoram quando pergunto: a esse preço a coisa ia melhorar?
   Antes tarde do que nunca é bom ver o sono passar. Voces acordaram e saíram da frente dos video-games. Mas não se esqueçam deste que vos fala. Não deixem de lembrar das centenas que morrem nas mãos dos assaltantes e dos velhos nas filas do hospital. Isso me angustia.
   E dando voz a meus brothers e sisters do Capão e do Campo Limpo, falo: a grana da copa dava pro metrô, dava não? E o que eles querem é busão que os leve rápido ao trabalho.
   A questão moçadinha linda, não é o preço, a questão é: FUNCIONA?

SOBRE OS PROTESTOS

   Conheço quem vá às manifestações de chauffeur. Eu juro que é verdade! Só não cito o nome. Assim como vários outros que nunca pegaram um busão na vida. OK, voce pode dizer, isso é uma bela solidariedade. Não é preciso ser gay para ser solidário com os gays e não é preciso ser pobre para pensar na pobreza. Sei não. Esses caras que conheço jamais moveram uma palha para ajudar um velho sem remédio ou protestaram contra a violência ou a roubalheira. Então o que rola? Bom, o mundo internético tá cheio de imagens de maio de 68 e dos protestos mundo afora. De repente a galerinha percebeu que faz parte de seu mundo ir à rua e botar a boca no trombone. É parte de ser jovem-antenado. Nada tenho contra. Não sou tão conservador e medroso assim. Mas falta uma coisa fundamental para esse povo: Imaginação.
   Vivemos um momento em que a imaginação mingua, consequência natural do excesso de informação. É óbvio, mente cheia de "coisas" e de "fatos" cria pouco. Criação depende de ócio e de vazio. Olhe a seu redor e repare que tudo é um mix de citações. Nesse caldo de "coisas pegadas aqui e ali", a politica se torna um nada absoluto, onde tudo se faz e nada se modifica. O protesto é isso: Se protesta contra o nada que se faz. Se propõe um nada que nunca se fará.
   Pequenos grupos organizados tomando um busão de assalto, na conversa e na boa, e levando os passageiros de graça para seu destino. Pintar os ônibus com frases de guerra. Cercar a prefeitura e acampar lá, ninguém sai, ninguém entra. Deitar no chão à aproximação da polícia, sem reagir. Ir aos locais da copa das confederações e não deixá-la acontecer. Fazer happenings hilários nas avenidas satirizando e esculachando os poderes. São ideias ruins? Provávelmente sim, mas são ideias para se discutir. Ir a rua e parar o trânsito apenas irrita o povão e se a policia fosse menos burra deixaria os manifestantes à vontade para fazer o que desejam. Pixar, gritar e chamar a atenção. Apenas isso. Deixe-os desfilar e eles perdem o motivo de lá estar. Precisam da policia para dar uma razão a coisa.
   Maio de 68 criou slogans. O melhor: A Imaginação no Poder. Diziam claramente o que desejavam. Mudar TUDO. E inventavam de invadir Tvs, rádios...agiram. Sem exitação. E sempre com humor e alegria, condimentos básicos da criatividade.
   Ah sim...e orgulhosamente mostravam a cara. Sem máscaras, please!
   Fogo na rua, pixar paredes e parar a Paulista. Caraca! Voces podem fazer melhor, podem não?