Mostrando postagens com marcador peter gay. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador peter gay. Mostrar todas as postagens

Peter Gay, Os Vitorianos.

O século dezenove começa com a derrota de Napoleão, 1815, e termina em 1914, com a guerra mundial. Peter Gay fala direto, é preciso fazer justiça, o século da burguesia, o século vitoriano foi um século feliz. Peter desmistifica a imagem comum do que seria esse tal de vitoriano. Primeiro deixemos claro, um meio que nos deu Darwin, Pasteur, Burckhardt e Baudelaire não e de todo mal. No centro da burguesia nasceu o voto feminino, o fim da escravidão e o conceito de vida privada. O autor é brilhante no modo como demonstra que até. O século XVIII dormia-se em publico, fazia-se amor detrás de cortinas. A ideia de privacidade era inimaginável. Nem desejável. Toda a vida era vivida em grupo, à vista de todos. O vitoriano, inimigo em tudo do aristocrata, abomina e teme a falta de privacidade. Ele precisa de segredo, de um lugar só seu. E mais que tudo, ele precisa da família. O vitoriano é o homem com uma pasta e um guarda-chuva, ele precisa de uma casa com recantos só seus, mas ele é também o homem que abre estradas na África, compra quadros de Cézanne e escreve artigos contra a guerra. Peter Gay mostra cartas que revelam vida sexual por detrás dos roseirais, sensualidade após o jantar e curiosidade em mulheres que não eram assim tão frígidas. Peter Gay, biógrafo famoso de Freud, diz que assim como Freud pensou que o particular fosse o geral, e cometeu o mal entendido de crer que o extraordinário fosse uma regra, os anti-burgueses, Flaubert, Zola, popularizaram a ideia de que todo burguês era um chato. Transformaram seus conhecidos em fato do mundo. Gay fala ainda dos diários, uma mania tipica da época, do surgimento do conceito de adolescência, dos colecionadores e das feministas. A leitura é deliciosa. Ao final, ele compara os séculos, e favorece o dezenove, tempo de otimismo. O seculo vinte passa como o mais cruel dos tempos e o menos vitoriano dos mundos. Deles, desse mundo ponderado, controlado e amigo do diálogo, mantivermos apenas a privacidade, que agora é solidão. Familia, cavalheirismo de camaradagem entre iguais é conceito morto. Eis o porque desse fascínio que a época exerce, ela é o ultimo tempo seguro, ela promete coisas como calma, lar e familia. Apesar de ser esse o tempo da ansiedade, foi nos anos pós Napoleão que se começa a falar de tédio e de nervosismo, ao contrario do século vinte, os vitorianos acreditavam no futuro. Eram humanistas. Amavam a inteligência. Hoje amamos o quê?