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JUNIOR BONNER - CINCINATTI KID, DOIS FILMES COM O REI DO COOL.

Steve McQueen teria, se vivo, a mesma idade de Clint Eastwood. Mas ele morreu em 1980, aos 50 anos. Câncer. É triste imaginar quantos filmes ele teria feito em todos esses anos. Talvez até mesmo houvesse algo com Clint. Rambo foi feito para ele. E com Steve teria sido bem diferente. No cinema de ação dos anos 80-90 ele teria de dado muito bem. E daria aos filmes seu estilo extra ultra cool. Não se preocupe leitor, vou explicar como é esse cool em McQueen. ----------- Vejmos JUNIOR BONNER. Feito por Sam Peckinpah em 1972, não é um filme violento. É Peckinpah em modo leve. McQueen é um cowboy dos anos de 1970. Ele vive na estrada. É famoso em rodeios. Volta à sua cidade. Lá reencontra sua mãe, o pai, o irmão. O pai, Robert Preston, é um paquerador, beberrão, campeão de rodeios aposentado. O irmão, Joe Don Baker, se tornou um comerciante ambicioso. E a mãe, Ida Lupino, é carinhosa e ainda ama o pai de McQueen. Há uma briga de bar, bebida, rodeios, e um touro que McQueen deve domar. Nada no filme é sensacional. Ele é lento. Plácido. Sem nada de incrível ou fora do comum. São pessoas normais em vidas normais em um cenário diferente. O filme não emociona, mas após vê-lo sentimos vontade de continuar dentro dele. E isso se deve a Steve McQueen. Gostamos de o ver na tela. Ele é, de certo modo, um fracasso. Mas o tempo todo ele não sente dor alguma. Há melancolia em Junior Bonner ( o nome do personagem é esse ), há saudade e até solidão; mas Steve lida com esses sentimentos com calma, discressão, sem grandes discursos ou cenas de drama. Ele testemunha os erros da família, ele vence o touro, mas não explode, não faz estripulias, não exagera. Fosse feito por Jack Nicholson, Junior Bonner iria quebrar coisas e rir feito doido, fosse feito por De Niro ele bateria em todos ou partiria em desespero; se Al Pacino iria demonstrar mais inteligência e mais pretensão, mas como Steve ele é cool. Ele fala com o corpo, com o gestual, o modo de andar e de estar na tela. ---------------- Cincinatti Kid é anterior, de 1965, e foi dirigido por Norman Jewison. É uma grande produção com Ann Margret, Edward G. Robinson, Karl Malden. Trilha sonora, exagerada como sempre, de John Willians. O filme começa com um enterro negro em New Orleans. Kid é um campeão de poker. E irá enfrentar o maior de todos, o veterano Eddie G. Robinson. Ann Margret é uma megera que é casada com o bobalhão Karl Malden. O filme é muito, muito bom, e o jogo final é uma aula de edição ( do futuro diretor Hal Ashby ). Steve quer vencer. E se foca apenas nisso. Tudo nele é a espera do jogo, do grande encontro. Há nele uma violência contida que não irá explodir nunca. Ele transa com sua namorada, Tuesday Weld, e com Ann Margret, mas mesmo aí sua mente está no jogo. O estilo de McQueen é diferente do outro filme, Junior Bonner. Aqui ele é mais perigoso, menos melancólico, é angustiado, ambicioso, quase vil. O filme é mais que ele mas é dele. Esse o caráter da grande estrela, tudo se torna dela e só dela. Por maior que o filme seja ele tem um só dono, e não é o produtor ou o diretor, é a estrela. --------------- Steve McQueen não é maior que Clint Eastwood porque não teve saúde para o ser. Mas em 1972 ou 1965 ele era muito maior que Clint. Sua morte deixou um espaço sem dono nas telas. Dúzias de atores tentaram ocupar esse lugar. Não chegaram nem perto.

MALLE/ BARDOT/ WOODY ALLEN/ DEMI MOORE/ PECKINPAH/ ANTONIONI/ LUMET

DAQUI A CEM ANOS de William Cameron Menzies com Ralph Richardson
Menzies é o grande nome da história do design em filmes. Mas como diretor ele faz belos cenários. O roteiro, baseado em HG Wells, fala de sociedade surgida pós-guerra, sociedade de militares. O filme não funciona. Sem ritmo, atores mal dirigidos. Nota 2.
VIVA MARIA!!!! de Louis Malle com Brigitte Bardot e Jeanne Moreau
Tenho sérios problemas com Moreau. Talvez seja a única atriz que eu deteste. Abomino seu rosto, sua voz, o jeito como os diretores se apaixonam por ela ( porque??? ). Méritos a Godard que nunca a amou!!! Malle faz aqui seu pior filme. Bardot está desperdiçada em papel sem graça. O filme é sobre duas francesas de cabaret que participam de revolução em ditadura sulamericana de araque. Tolo, com humor bobinho e sem qualquer criatividade. Nota 1.
A ÚLTIMA NOITE DE BORIS GRUSHENKO de Woody Allen com ele e Diane Keaton
O último filme da primeira fase de Woody. Uma homenagem a todos os clichés dos romances russos e a Bergman também. Exuberante é a palavra. Se existem cenas que não funcionam, em outras ele consegue provocar gargalhadas. A música de Prokofiev, maravilhosa, é usada com sensibilidade e Keaton é comediante perfeita: uma mistura de tolice e seriedade, pretensão e avacalhação, hilária! Os primeiros vinte minutos são das melhores coisas que ele já fez, mas o final, homenagem belíssima ao Sétimo Selo é emocionante. O filme fala de suicidio, morte, Deus e Dostoievski, sempre com leveza e humor. Saudades....Nota 8.
O PRIMEIRO ANO DO RESTO DE NOSSAS VIDAS de Joel Schumacher com Demi Moore, Emilio Estevez, Judd Nelson, Ally Sheedy, Rob Lowe, Kevin McCarthy, Andie MacDowell
Muito estranho ver esse filme hoje...foi o filme da moda de 1986. O "Crepúsculo" de então. Os atores eram ídolos teen, os mais bonitinhos ( fora Tom Cruise e Kim Basinger ). O estranho é que como tudo na década de 80, ele está velho demais!!!! Aqueles jovens tãaaao yuppies, tão arrumadinhos, tão tolos com suas carreiras e sua fé no american way of life....A década de 80 negou furiosamente o ideário hippie e deu no que deu: Reagan e Thatcher. Se voce quer saber o que é um filme yuppie eis sua chance. Demi Moore era absurdamente bonita... Mas jovens de paletó em aptos de vidro e neon....Socorro!!!!! Nota 3
TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA de Sam Peckinpah com Warren Oates
Já em estado de alcoolismo avançado, Peckinpah fez este, hoje cult, drama mexicano. É sobre milionário fazendeiro que oferece um milhão para quem trouxer a cabeça de Alfredo, que engravidou sua filha. Warren, em atuação de gênio, é um pianista americano de puteiro, que parte atrás da grana, consegue a cabeça, mas pira no fim e sai matando todo mundo. O filme tem a violência real de Peckinpah, mas não tem sua energia. É um filme anestesiado, alcoólico, flácido, que se perde em algumas cenas dispensáveis. Um fracasso em 1975, foi redescoberto nos anos 90 e hoje tem a cara do cinema atual. Filme muito feio, sujo, com cenas de sexo estúpidas e desagradavelmente tosco. Ato de coragem, mas longe da genialidade do louco Sam Peckinpah. Nota 6.
BLOW UP de Michelangelo Antonioni com David Hemmings, Vanessa Redgrave, Sarah Miles e Jane Birkin
Um fotógrafo famoso e rico deveria significar poder e potência. Mulheres a seus pés deveriam significar alegria e excitação. Mas na Londres de 1966, o fotógrafo sente que esses significados se embaralharam. Fama e poder significa tédio e impotência e sexo quer dizer fuga. Em 2011 os signos estão pós-embaralhados, estão vazios. Um corpo baleado no chão ou um carro cheio de crianças cantando nada querem dizer. O filme é uma obra-prima. Jamais acaba seu assunto. Nota DEZ!!!!!!!!!
ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCE ESTÁ MORTO de Sidney Lumet com Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney e Marisa Tomei
Lumet aos 80 anos dando um banho de juventude na molecada. Este filme é o que se pode ter de tragédia grega em nossos dias. O tema é aquele de sempre em Lumet: as cidades como produtoras de sofrimento e frustração terminal. Homens tentando fugir desse inferno. Um Dia De Cão e Rede de Intrigas são bem melhores, mas este é um filme que se feito na época certa teria uma acolhida muito mais calorosa. Deve ter sido um prazer para os atores encontrar papéis tão bons! Nota 7.

PECKIMPAH/ WILLIAM WYLER/ GREGORY PECK/ YOSHIDA/ JAMES COBURN

MAJOR DUNDEE de Sam Peckimpah com Charlton Heston e James Coburn
O grande Peckimpah teve problemas sérios com os produtores ao fazer este filme. A gente percebe que ele não está a vontade, que falta alguma coisa. Mesmo assim é um western diferente, crispado. Trata de comandante do norte ( estamos em 1865 ) que obriga prisioneiros do sul a acompanhá-lo em perseguição de vingança contra apaches. Adentram o México e por aí vai. Richard Harris não compromete como um confederado e Heston, justiça seja feita, sempre foi bom ator. Coburn é um guia meio indio meio drunk, eu adoraria que ele tivesse feito mais filmes, eu adoraria que ele fosse Wolverine ou Nick Fury. Nota 6.
DA TERRA NASCEM OS HOMENS de William Wyler com Gregory Peck, Jean Simmons, Charlton Heston e Burl Ives
Um fato: nenhum diretor é melhor que Wyler. Alguns são mais "artistas", mas ninguém dirige melhor que ele. Nunca vi um filme ruim feito por esse alemão emigrado ( e já vi 16 ) e é ele o recordista, para sempre, de indicações os Oscar ( em vitórias só perde para John Ford ). Na era de Hitchcock, Hawks, Huston, Welles, Anthony Mann, Billy Wilder e George Cukor, Wyler era o verdadeiro rei. Aqui temos um soberbo western. Peck, com autoridade, faz um homem da cidade. Culto e da paz. Indo ao sul para se casar com filha de barão do gado, ele acaba se envolvendo nas lutas e trapaças do seu futuro sogro. O filme é um testemunho contra a violencia e a favor da inteligencia. Peck deve satisfações só a si-mesmo, é virtuoso, modesto. Heston é seu oposto, é só impulso e raiva. Este é o tipo de filme que mais sinto falta, cinema que é diversão popular e também arte refinada, respeita seu público. Sem afetação nenhuma. A trilha sonora é histórica, uma das melhores da história do cinema em qualquer época ou nação. Gregory Peck nasceu para encarnar o herói que os americanos gostariam de ter como lider. O filme é excelente. Nota 9.
OS MANUSCRITOS DE ZARAGOZA de Wojciech Has
Martin Scorsese e Coppolla bancaram a restauração deste clássico do cinema polonês. Houve um breve momento, entre 1960/1968 em que o cinema do leste europeu, gozando de relativa liberdade, foi o mais instigante e corajoso do mundo. Tchecos, húngaros, poloneses e iugoslavos fizeram filmes livres, sem regras definidas, otimistas e maravilhosamente criativos. Este é um tipo de obra-prima underground. Com mais de três horas, dividido em três blocos, ele fala de cavaleiro que se perde entre o mundo real e mágico, terrivel e sedutor, na Espanha de 1804. A primeira parte é uma obra-prima do horror. Cenários que parecem ter saido de um sonho ruim e cenas que se fixam e se desvanecem em delirio de inconsciencia. Feitiçaria e livros. Tudo com sensualidade ( o cinema do leste era o mais sensual da época ). Na segunda parte o filme cai um pouco e se faz uma quase comédia. E na parte final temos a volta da confusão onirica e de sua obssessiva beleza. Quando ele se encerra, queremos repetir a dose. Muito do cinema que se tenta fazer hoje já está aqui. Inspirador e um exercicio de liberdade em cinema. Nota 9.
MARKETA LAZAROVA de Frantisek Vlácil
É anunciado como o maior filme tcheco da história. Desconfio. Ou talvez seja o maior em tamanho ( quatro horas ). É sim, o filme mais violento que já assisti. Sua violencia é menor que a de qualquer policial de hoje, mas por parecer verdadeira, dolorosa, sem glamour, ela choca muito. O filme parece um documentário sobre a violencia na idade média feito em plena época. É como se alguém tivesse nos levado para dentro de um pesadelo de sangue e dor constante. Hoje eu sei que a idade média não foi assim. Esta é a visão século XX do que seria a idade média. Tudo errado. A era de Carlos Magno e de Henrique III foi época de religião, de sentimentos soltos, de exageros, mas não de bárbaros carniceiros como aqui se mostra. O filme é terrivelmente desagradável. Nota 2.
EROS + MASSACRE de Yoshishe Yoshida
A vida de um anarquista e libertino japonês contada em 4 horas e em várias épocas distintas. O filme, feito em 1970, espelha a época em que foi feito. O Japão de então vivia um tempo de convulsão social, terrorismo, violência de opiniões e de atos. O filme tem todos os tiques estilosos desse tempo: câmera na mão, atuações distanciadas, frases de revolução, anti-espetáculo, brechtianismos. E cenas de sexo bastante fortes. Quase incompreensível, ele sobrevive como momento único de juventude e anarquismo plenos. Adolescência. Sua fé é: Viva a revolução, é proibido proibir e sexo livre. Nota 5.

CLINT/ STALLONE/ MICHAEL DOUGLAS/ PECKINPAH/ RODRIGUEZ/ ASHBY

PRIMAVERA de Robert Z. Leonard com Jeannete MacDonald, Nelson Eddy e John Barrymore
Se voce quer fantasia, nada se compara aos filmes americanos dos anos 30. E nada chega perto em açucar da MGM. Em magnífico cenário e em produção imensa, aqui se conta a história de cantora que abre mão do amor pelo sucesso. O filme se parece com miniatura de porcelana. Mas é a melhor porcelana! Barrymore, já inchado pelo alcool, dá seu pequeno show. A Jeannete dos tempos da Paramount era melhor. Lá ela podia ser maliciosa. Na MGM ela é toda fofura. Nota 6.
DIRTY HARRY NA LISTA NEGRA de Buddy Van Horn com Clint Eastwood, Liam Neeson, Patricia Clarkson e Jim Carrey
Último filme de Harry. O roteiro é muito ruim. Fala de assassino serial. Jim Carrey em começo de carreira faz astro do rock junk. Canta Wellcome to the Jungle de Axl, e é hilário! Slash faz figuração em enterro. Neeson, muito jovem, é diretor de filmes de horror. E em meio a tudo isso, Clint engole o filme com seu carisma. O único grande Harry é o primeiro, de 1971. Nota 4.
OS MERCENÁRIOS de Sylvester Stallone com Sly, Mickey Rourke, Jason Statham, Dolph Ludgren, Jet Li.
Um filme esquizóide. Vamos lá: a ação é terrível. Tem aquele vício tolo dos filmes de ação feitos hoje: nada é mostrado. A edição é tão frenética que é impossível ver quem mata quem, ver um soco, um salto. Nada é observado, não há tempo para o suspense, não dá tempo de ter medo. Tudo é apenas ruído e flashs de sangue espirrando. Mas o filme tem um atrativo: Mickey Rourke. Todas as suas cenas são boas ( e são apenas três ). Ele faz um tatuador maluco e não entra na briga. Quando ele interage com Stallone e os outros o filme respira. Há humor, há vida. Mas Sly tem um compromisso com o video-game e 80% do filme é picotes de violência. Os carrões deviam aparecer mais, Jason e Jet Li deviam falar mais, e Rourke tinha de ficar mais em cena. A história....não existe. Eles vão lá no fim do mundo ( o Rio ) matar uns bandidões. O rosto de Stallone dá medo de tão deformado. Bruce Willis tem uma cena: está em ótima forma. Nota 5.
A GUERRA DOS ROSES de Danny de Vito com Michael Douglas e Kathleen Turner
Nos anos 80 existiam 3 símbolos sexuais: Sigourney, Kim e Kathleen. Kathleen era a mais bonita e melhor atriz, mas ficou doente e inchou. Aqui, ainda bela, faz uma esposa que pira ( assim como o marido ) e o filme é a insana briga dos dois. Douglas dá um show. Nasceu para fazer desequilibrados. Mas de Vito é um doente. O filme é sombrio, meio Tim Burtoniano, gótico até. Me incomodou muito. Nota 4.
PAT GARRET E BILLY THE KID de Sam Peckimpah com James Coburn, Kris Kristofferson, Bob Dylan, Chill Wills, Harry Dean Staton e Jason Robards
Um poema. O filme é triste como a trilha de Dylan é. Cowboys que sabem que seu tempo se foi, o filme é uma elegia à morte. E como se morre!!! Se no filme de Stallone morrem trezentas pessoas ( e nada vemos dessas mortes ) aqui morrem trinta e todas elas doem em nós. A bala penetra, o sangue jorra, e principalmente, o rosto sofre. Há dor e há surpresa. E há uma moral: vale a pena morrer e matar, desde que seu nome não seja esquecido. Billy não foi. Sam jamais será. Este muito árido e imperfeito filme ( ele é sujo e lento ) é fascinante. Coburn está soberbo. Pat Garret é a angústia de quem negou seu passado e vive na solidão de se justificar. Peckimpah não é para meninos. Ele filmava com os intestinos. Nota DEZ!!!!!!!!!
MACHETE de Robert Rodriguez com Danny Trejo, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Robert de Niro, Don Johnson, Steven Seagal e Lindsey Loham
Digamos que existiu um garoto no Mexico que cresceu amando os filmes de Peckinpah. E digamos que esse garoto se tornou cineasta. Ele fará filmes Peckinpahnianos. Mas como não viveu a vida de Peckinpah, serão citações de Peckinpah. Deliciosas citações. Machete é Trejo. O cara mata com facão. E todas as mortes que provoca ( e que são bem exibidas, sem a velocidade video game ) são hilárias. O filme é uma comédia de primeira. Mundo onde os caras são carniceiros estilosos e as mulheres são deliciosas ninfo. ( Michelle Rodriguez está, finalmente, uma musa. Sua cena final, de tapa-olho, é nota dez ). É um carnaval de sangue falso, assassinatos bem humorados, corpos curvilineos, falas absurdas. Detalhe: é o mais HQ dos filmes. Batman e Homem-Aranha nada têm do espírito livre e juvenil das melhores HQ, são pretensiosos. Aqui não: tudo é página de quadrinho. Lixo delicioso. Mal posso esperar pela continuação! Nota 9.
ENSINA-ME A VIVER (HAROLD AND MAUD ) de Hal Ashby com Ruth Gordon, Bud Cort e Vivian Pickles
O livro "Sex, drugs e rocknroll...." fala bastante sobre Ashby. Diz que ele foi o inocente talentoso que pagou o pato pelos excessos da geração Coppolla. Este filme exibe a inocencia e o talento. Está em cartaz como peça de teatro, com Gloria Menezes, mas este filme é histórico, um clássico dos filme cult e até hoje um modelo para todo filme independente tipo Juno. Fala de menino rico que adora frequentar funerais e tenta se matar todo dia. Tem mãe perua e fria ( atuação hilária de Vivian "-Harold, francamente! Acho que voce não está tendo um bom dia!", isso é dito com finesse enquanto Harold se enforca ) e um dia conhece uma senhora de 80 anos, meia louca, meia hippie, que lhe ensina a viver. Como estamos em 1971, os dois transam e se drogam e o final é muuuuito triste. Mas é uma comédia amarga, voce vai rir e vai chorar com a cena final. A trilha sonora, linda, é de Cat Stevens, uma estrela folk na época e que hoje é um muçulmano proibido de entrar nos USA. As canções são todas doces e tristes, do tipo "vamos lá voce consegue". É sem dúvida um filme do bem e diferente de tudo ( em 71 foi uma revelação em ano cheio de revelações ). Detalhe: assisti-o a primeira vez em 1986. Na época começava uma terapia. Caiu como uma bomba em minha vida, tudo parecia estar lá! Eu era o garoto calado e preso, eu precisava me libertar e aquelas eram as minhas canções. Visto hoje, eu ainda amo aquele menino e sinto ter a obrigação sagrada de ser fiel a ele. Todos nós somos Harold. Ruth Gordon, roteirista de gênio dos anos 40, faz a senhora maluquinha. É o ponto menos brilhante do filme. Uma Kate Hepburn o transformaria em ouro. Mas nada que atrapalhe a beleza ingênua desta preciosa jóia cult. Na época existiam garotos que viam o filme oito vezes seguidas. O roteiro de Colin Higgins é exemplo de perfeição. Nota DEZ.

PAT GARRET AND BILLY THE KID - SAM PECKINPAH

A violência aqui, neste desencantado poema, vem sem que a ação a prepare. E então, ao contrário dos filmes de tiros e correrias de hoje; quando uma pessoa é aqui baleada, nosso choque é bem maior. As pessoas morrem com dor, com gemidos, com sofrimento.
Já na sua primeira cena há crueldade real : galos são mortos a tiros. Ao mesmo tempo nos é apresentado Billy : um sujo, hedonista, sexy e insensível herói. Sim, um bandido sádico como Billy é o herói do filme. Porque Peckinpah vê nele um homem livre, e sendo livre, um homem de verdade, completo. A sociedade funcional, o sistema capitalista ainda não capturou Billy, e portanto, ele deve ser sacrificado. O filme conta a história desse sacrifício.
Quem o persegue é Pat Garret, bandido que virou xerife, homem rebelde que agora é servidor da sociedade. Pat e Billy foram amigos, e o filme mostra sem pudor o que há de apaixonado nos dois. Em Pat há tragédia. Tudo em que ele toca se faz sangue. Tudo o que ele vê é dor.
James Coburn faz Pat Garret. Ninguém poderia fazer melhor. Seu rosto, mapa viril de tensão e de força, leva-nos pelas poeirentas planícies daquele fim de mundo. Kris Kristofferson é Billy. Há muito de juvenil e de impulso puro em todo seu gestual. Ele ama a vida, ama as mulheres, os cavalos e as armas, e ele mata sem qualquer receio.
Mas o filme ainda tem Bob Dylan. É dele a trilha sonora e ele atua no papel de um atirador de facas. Dylan não interpreta, está apenas por lá. Nos surpreende a fragilidade do corpo de Bob Dylan. É para este filme que ele compôs Knocking on Heavens Door. Ela toca só uma e breve vez. É na morte do personagem de Chill Wills. Ele leva um tiro na barriga e se esconde para morrer em paz. As mortes neste filme são assim. A cena é comovente. E cruel.
Sam Peckinpah tinha sangue de índio americano. Ele era um desses homens livres e sempre contra as regras de civilidade. Todos os seus filmes tiveram problemas com os produtores, e este foi fiasco de bilheteria e de crítica. Os críticos de 1973 cobravam sensibilidade deste trabalho, cobravam consciência politica, cobravam mais arte. Tivesse sido lançado agora seria melhor entendido e faria imenso sucesso. Levaria Oscar, prêmio ao qual ele jamais foi indicado.
Sam Peckinpah bebeu até morrer. E morreu em 1983, aos 53. Nem 50% do seu potencial foi usado. Neste filme se bebe muito. Sempre tem alguém enchendo um copo. E todas as falhas que percebemos ( é um filme muito imperfeito ) são as mancadas de mente inebriada pelo alcóol e pela ira. Pois Pat não se cansa de dizer no filme : "- São novos tempos...e eu quero estar vivo. Pessoas como nós ou se adaptam ou morrem..."
Billy não se adapta. É morto, em cena belíssima, por Pat Garret. Esse final de filme, silencioso. é dos mais belos e tristes de todo o cinema já feito. Nos deixa com nó na garganta. Dói.
Trata-se de obra magistral de um dos gigantes do cinema de macho ( talvez seu melhor nome ). Sam Peckinpah é poeta da violência e do desencanto. Este filme é como um adeus, uma noite em deserto gelado, o fim de uma raça esquecida.
Sam Peckinpah não é para gente fraca.

JACKIE CHAN/ OTTO PREMINGER/ GONDRY/ THOMAS ANDERSON/ PECKIMPAH/ CLINT

CITY HUNTER de Wong Jing com Jackie Chan
Um muito jovem Chan, num filme passado em navio. Ele luta pouco e o filme é Os Trapalhões made in Hong Kong. Tem cenas inacreditáveis! É o tipo de filme que quando resolve ser engraçado não teme a bobice. Eu me diverti. Mas está mais pra circo que pra filme. Nota 5.
SIDE STREET de Anthony Mann com Farley Granger
Noir de primeira. Um carteiro rouba grana de bandidão e se perde sem saber o que fazer depois. Devolve a grana? Gasta? Distribui? A vida do cara vira um inferno! Mann sabe tudo: o filme tem suspense, drama, ação e belas imagens. Pena Farley ser tão limitado ( mas não consegue estragar o filme ). É bom para quem ainda não descobriu o noir. Nota 8.
PASSOS NA NOITE de Otto Preminger com Dana Andrews e Gene Tierney
Cada vez mais me convenço que o paraíso do cinéfilo é o filme noir. Aqui, um policial psico mata um bandido e tenta esconder esse crime. Ao mesmo tempo se apaixona por moça simples. Há um soberbo clima de paranóia e Dana está muito bem. Seu rosto é maldoso e torturado. Preminger foi um muito bom diretor que Hollywood esnobava. Adoravam seus filmes, detestavam o homem. De todo gênero de filme, é o cinema noir o que menos envelhece. E é o mais difícil de ser refeito hoje. Um pequeno clássico. Nota 9.
PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO...de Kim-Ki Duk
Vamos lá. Existem filmes, como os de Aldrich ou Tarantino, que nada nos ensinam, nada têm de nobre. Mas que são cinema de primeira. Puro cinema. Esses são os grandes diretores. Artistas que se apoiam apenas no próprio veículo, nada pegando da literatura, do teatro ou da tv. Gente como Hitchcock, Ford ou De Palma. Mas existem aqueles que não são tão afinados com o puro cinema, que não fazem filmes tão excitantes, mas que enchem a tela de referências, de toques filosóficos, poluem o cinema de literatura ou de filosofia. São esses que fazem os filmes mais chatos do mundo, mas que às vezes nos fazem pensar. Este filme, como cinema puro, é apenas uma bela coleção de fotos. Mas ele faz pensar, faz viajar em idéias. Para o que se faz hoje, tá bom demais. Nota 7.
ADÚLTERA de Claude Autant-Lara com Gerard Philipe e Micheline Presle
Eis o tipo de filme que Godard/Truffaut/Chabrol adoravam esculachar nos Cahiers du Cinema. Dá pra se imaginar suas páginas furiosas sendo escritas, enquanto esta lenga-lenga sonolenta rola na tela. O filme é pesado, morto, escuro, feminino ( no pior sentido ), velho, insuportável. E todo metido a arte, tem a ilusão do bom-gosto, tenta ser belo, superior.......Não é a toa que eles amavam tanto o cinema noir e o western!!!!!! Nada é menos western e noir que esta coisa modorrenta!!!!! Mereceu cada chibatada que os jovens cineastas lhe deram. Nota Zero.
REBOBINE POR FAVOR de Michel Gondry com Jack Black
Mas Gondry não era um gênio? Onde? Como desculpar um filme tão "esperto" como este? Seu humor parece piada de fim de festa de casamento, suas sacadas são as sacadas das pegadinhas do Faustão. Um lixo que chega a ser constrangedor. Parece um filme ao qual não fomos convidados a assistir, uma brincadeira entre amigos. BáaaaaH!!!! Nota Zero.
SANGUE NEGRO de Paul Thomas Anderson com Daniel Day-Lewis
Anderson, ex-assistente de Altman, diz ter assistido toda noite a O TESOURO DE SIERRA MADRE enquanto filmava este imenso mural sobre a ambição. Foram mais de sessenta vezes que Bogart e Huston acompanharam as noites de Anderson. Deu certo? Sem dúvida é um filme invulgar. É ambicioso, cinema puro, sem popices, sem falsos toques de "genialidade". Ele é doloroso, é bonito, e tem um ator em atuação inspirada. Mas para cinéfilos ele trai várias influências e isso o esvazia um pouco. A gente percebe de onde foi tirada cada cena. Mas... e daí? pelo menos ele tem o gosto de pegar essas cenas de fontes puras e não de video-games ou da tv. Um comentário: o povo mais animadinho adora os filmes de Fincher, Gondry e Nolan. Assim como os metidos adoram Trier, Lynch e Kar Wai. Prestem atenção em Joe Wright, Alexander Payne, Todd Haynes, Irmãos Coen e James Mangold. Em 2030 é o que ficará. E Paul Thomas Anderson também. Nota 8.
PISTOLEIROS DO ENTARDECER de Sam Peckimpah com Randolph Scott e Joel McCrea
Já ví crítico dizer que é este o melhor filme de Peckimpah. Só para quem não gosta de Sam !!!! Neste que é seu segundo filme, vemos esse estupendo diretor ainda preso, ainda contido em suas doideiras. Mas já dá pra entrever seu humor tétrico, sua violência gráfica, e seu amor pelos velhos perdedores. O que há de melhor é a relação entre os dois velhos cowboys. O filme mostra o fim de sua época. Mas perde tempo demais com jovem casal ! Repare que os coadjuvantes já se parecem com aquele tipo de cowboy sujo e meio louco dos westerns da época hippie. Este filme foi feito cinco anos antes dessa época. A forma como os bandidos morrem já é de nosso tempo, eles caem para trás, o sangue escorre e vemos que a dor existe. O poeta da violência já lutava por nascer. Nota 6.
IMPACTO FULMINANTE de Clint Eastwood com ELE e Sondra Locke
Quarta aventura de Harry Callahan. É aqui que está a famosa frase : GO AHEAD, MAKE MY DAY ! Estranho, após o maravilhoso primeiro Dirty Harry, todos os outros parecem pastiches, falsos, quase gozações. E este, o único dirigido por Clint, tem a cena mais amadora que já vi : um carro estaciona num bosque, um cara desce, e vemos refletido no vidro do carro um rosto sorrindo e uma câmera ao lado!!!!!!!! Sim!!!! O câmera foi refletido pelo vidro e aparece nítido e sorrindo no filme...Como Clint não viu isso? O editor é Joel Cox, de todos os filmes de Clint, a Warner produziu, como passou uma coisa tão amadora???? É inexplicável..... Após essa cena, perdi todo o interesse pelo filme, passei a vê-lo como uma brincadeira, e fim. Clint Eastwood, ídolo meu, é um cara inescrutável. Nota 4.
SUBLIME OBSESSÃO de Douglas Sirk com Rock Hudson e Jane Wyman
Um mês atrás assisti a versão anos 30 desta história. O filme é uma babaquice melosa e insuportável. Escrevi que se Douglas Sirk tivesse conseguido salvar aquela história ridicula na sua refilmagem de 1954, eu o chamaria de gênio. Pois eis um gênio: Douglas Sirk. Este ídolo de Almodovar, Fassbinder e Todd Haynes, com ritmo, economia e objetividade, salva a história melosa, e nos dá um drama envolvente, vivo, exagerado e fascinante. O filme é tudo aquilo que toda novela de tv tenta ser, viciante. Os atores estão perfeitos e a trama, sobre playboy que se apaixona pela ex-esposa de médico por cuja morte ele foi acidentalmente responsável, acaba nos pegando, apesar de todo seu não realismo. É cinema de verdade, sem afetação, uma história sendo contada com ritmo musical, sem falhas, com tudo no lugar certo. Sirk sabe. Nota 9.

A FITA BRANCA/ PECKIMPAH/ LANG/ A ESTRADA/ CHABROL

SMOKING/NO SMOKING de Alain Resnais
Dois atores fazem todos os papéis neste irregular filme de Resnais. Cansa a artificialidade. Azéma está excelente como sempre, é uma atriz sem limites. Longe de ser tão bom quanto os geniais Medos Privados ou Mariembad. Mas Resnais é sempre invulgar. Nota 6.
KUNG FU FUTEBOL CLUBE ( OU KUNG FUSÃO ) de Stepehen Chow
Tolíssimo, breguíssimo e infantilíssimo. Mas simpáticamente assumido. Não tenta ser mais do que pode ser. Nada de cores tristonhas e de complicações afetadas, é diversão pop e fim. E nisso ele é perfeito. Engraçado, bem dirigido, cheio de ação. Fuja se não tiver senso de humor. Relaxe e divirta-se se o tiver. Foi recorde de público na Ásia. Chow é o cara! Nota 7.
JORNADA AO TERROR de Norman Foster com Joseph Cotten e Dolores del Rio
É o noir que Orson Welles dirigiu por telefone. Ele estava no Rio, fazendo um documentário, e tentou manter o controle deste filme via fone e telex. Apesar de tudo e da assinatura de Foster, o estilo é todo Welles, soturno e fatalista. Bom exemplo de noir. Nota 7.
CLIFFHANGER de Renny Harlin com Sylvester Stallone e John Lithgow
Uma das várias tentativas de Sly de come back. É aquele filme em que ele é um alpinista. A ação é muito boa, toda com dublês e em abismos reais. Dá pra ver com prazer. Nota 6.
CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ de Zucker, Zucker e Abrahams com Leslie Nielsen
Quantas vezes voce já viu???? Trinta? Mas ainda dá pra rir. É um pequeno clássico. Leslie está genial e o roteiro não teme a completa tolice. Me lembra muito a velha revista Mad, mas nos extras os roteiristas citam Os 3 Patetas, Os Irmãos Marx e Jacques Tati como influências. Esta comédia é exatamente aquilo que sempre tentei escrever, puro prazer. Nota 8.
ASSASSINOS DE ELITE de Sam Peckimpah com James Caan e Robert Duvall
É sobre uma empresa particular que defende pessoas em risco de assassinato. Caan, que foi traído por Duvall, busca sua vingança. Mas o filme mostra que nenhuma vingança é possível, os dois são marionetes. Peckimpah, já em sua fase junkie-terminal, faz um filme sujo. Há um ar de falencia em toda cena. Nada tem glamour, nada tem alegria. O visual é seco, cafona, árido. Falta ar ao filme. Longe das obras-primas do genio Sam Peckimpah, mas é um filme de macho e dos melhores. Desagradável, mas que te prende. Tarantino assinaria. Nota 8.
AUSTIN POWERS de Jay Roach com Mike Myers e Elizabeth Hurley
A trilha sonora é um show. Tem de Bacharach à Nancy Sinatra. Myers é tão vaidoso que quase estraga tudo e o roteiro parece escrito por alguém com 11 anos de idade. Mas eu adoro o visual ( baseado em Michael Caine ) e os trejeitos de Powers. Adoro o sotaque britanico e as gírias ( groooovy yeah!!!! ). Este é um dos filmes que tenho vergonha de gostar. Nota 6.
OS CARRASCOS TAMBÉM MORREM de Fritz Lang com Brian Donlevy e Walter Brennan
Roteiro de Bertolt Brecht. Um filme corajoso. Na Praga ocupada, vemos a crueldade nazi e a resistência tcheca. O roteiro tem maravilhosas reviravoltas e falas sobre a liberdade muito agudas. Os atores estão inspirados e sentimos, vendo o filme, toda a opressão da Gestapo. Delações, interrogatórios, medo constante, covardias. O filme não adoça nada. Lang faz aqui mais um grande filme. Todo seu estilo, cruel e seco, esparrama-se pela ação. Cada cena é primor de técnica e de economia. Maravilhoso. Nota Dez.
LE BEAU SERGE de Claude Chabrol com Jean-Claude Brialy, Gerard Blain e Bernadette Lafond
Chabrol, crítico dos cahiers, recebeu uma herança e a torrou neste seu primeiro filme. É então o primeiro filme da Nouvelle Vague. A história é simples: um jovem doente volta a sua cidadezinha para reencontrar sua origem. Lá ele toma contato com Serge, amigo que se tornou alcoólatra. Namora a vagaba do lugar e no fim encontra o que procurava. Chabrol vai fundo: todos são derrotados. O campo é visto como lugar de miséria e de gente estúpida. Tudo é frio, pobre, sujo e todos estão no limite. A moral não existe. Inacreditável ser este um primeiro filme. A direção é sublime e a fotografia de Henri Decae é inventiva. Excelente. Nota 8.
A FITA BRANCA de Michael Haneke
Sómente uma época deprimida para produzir este filme. Nunca, em toda a história do cinema, houve um tempo com tantos filmes deprimentes, flácidos, fatalistas. A moda é ser o mais negativo possível. Este filme, de fotografia belíssima, condena toda a humanidade. Tudo é desapontamento, horror e medo. Adoro filmes tristes, detesto filmes deprimidos. A diferença é imensa. Um diretor que filma a tristeza consegue fazer viver a película. Um diretor deprimido não dá vida a nada. Mas esta é época em que até as comédias têm cenários tristinhos e musiquinhas chorosas. É isto que minha geração deu ao mundo? O prazer de se ver o fim de tudo o que tem valor? Deplorável.
A ESTRADA de John Hillcoat com Viggo Mortensen, Robert Duvall e Charlize Theron
Continuamos a saga. O roteiro é tão falso que chega a ser cômico. Tudo morre menos as pessoas. Então tá... Mas logo penso: talvez seja um filme simbólico! Bem, se for, seus símbolos são primários. O menino é Cristo e a Terra se tornou bíblica. Não dá pra engolir. Isto é mais um exemplo de aventura boba ( é Mad Max para metidos a besta ) que luta para ser intelectual. Coisa de Jeca. Cores cinzas, falas amargas, trilha sonora minimalista, idas e vindas. Quanto chavão!!!!!! Em tempo de deprê ( até os teens são pessimistas ) e de coraçõesinhos tímidos, isto é retrato do fim de feira geral. Nota Um ( pelos bons atores ).