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TOP HAT - MARK SANDRICH

A partir do momento em que se coloca alguém como Daniel Day Lewis num musical ( Nine ) ou Renee Zellweger ( Chicago ), está provado : falta talento musical no mundo. ( Os dois são bons atores, mas sabem cantar ? Sabem dançar ? Têm carisma de entertainer ? )
Top Hat é um dos top 5 de Astaire. Por que ? Vamos explicar.....
Música. Quem a faz é Irving Berlin e se voce não sabe quem é Berlin...bem, sinto por voce. Berlin é um dos cinco grandes inventores da musica popular americana. Um cara que foi e é regravado sem parar ( por Billie, Sinatra, Ella, Chet, Sarah, Harry, Norah, Anita.... ). Impossível alguém não conhecer pelo menos meia dúzia de músicas dele. Pois bem, aqui estão as melhores. Cheek to Cheek, Lovely Day, Top Hat... e cantadas por Astaire que foi quem as popularizou primeiro. E o que são essas canções ? Classe baby, classe. Elas são melodias sobre a alegria do amor e também sobre como sofrer a dor de amar sem perder a consciencia da beleza de se estar in love. Mais que isso ? Aula de elegancia, harmonia e infinito.
Dança. Fred Astaire trabalhou com Hermes Pan no filme, e Ginger Rogers dança com ele. Fred é etéreo, nada nele é sexy. Ginger é pimenta, tudo nela é sexo. Eis a perfeição. Fred leva a dança ao cúmulo do sublime, Ginger o traz de volta a terra. Ela era uma atriz esfusiante ( e linda ) e ele era... um anjo ? O segredo de se entender o musical está lá explícito : na dança eles conseguem nos mostrar tudo aquilo que sentem. A forma como ela vai cedendo e se dá em Cheek to Cheek é dos momentos que justificam o cinema.
Cenário. Van Nest Polglase e Carrol Clarck. Coisa de gênio. Tudo é completamente de fantasia. Hotéis pintados de branco e creme, vidro e tapetes ( brancos ). Se o paraíso tem algum design é este : os quartos dos hotéis dos filmes de Astaire/Rogers. A Veneza que aqui aparece não tenta ser Veneza. É a Veneza da RKO, de Van e Carrol, é a cidade de Fred e Ginger. O céu.
Roteiro. Desencontro amoroso. Ele conquista garota, perde a moça, a reconquista. É só isso. Mas os diálogos são espertos, leves, "champagnosos". Pipocam como bolhas de bebida ( nunca como tiros ). E são ditos por Everett Horton, Erik Blore e Eric Rhodes, atores coadjuvantes de talento cômico, elegantes e excêntricos, amáveis.
Direção. Mark Sandrich segue a frase de Astaire: ou dança a câmera ou danço eu. E então a câmera abre o foco e não corta. Ele dança sem edição. Nada mais anti-MTV, o cara tem de dançar de verdade, nada de cortar. Eu contei, acontecem takes de um minuto sem um corte, sem um movimento de câmera, nada. O que se move é o corpo.
Produção. Pandro Berman. Top da RKO. Sets do tamanho de aeroportos. Plumas, pratas, limusines e todo o talento que o dinheiro podia comprar.
O que dá tudo isso ? Duas horas de diversão absoluta, de contato com mundo superior, de refinamento espiritual, de aprimoramento do gosto. É pouco ? Onde se encontra esse talento hoje ? Não em Penelope Cruz ou Richard Gere. ( Volto a dizer, seus talentos são outros ).
Foi a décima vez em que assisti este filme. Mal posso esperar pela próxima !