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SEAN CONNERY/ TOM CRUISE/ BURT LANCASTER/ STEVE MARTIN/ STENO/ O MORRO DOS VENTOS UIVANTES

   OS DIAMANTES SÃO ETERNOS de Guy Hamilton com Sean Connery e Jill St.John
Pagaram uma grana preta para fazer Connery voltar ao personagem. George Lazenby tinha dado errado e com medo de perder a série convenceram Sean. Mas pluft! o filme não dá certo. O roteiro é confuso, a ação sem suspense e até as bond girls são fracas. Sean está contrariado e dois anos depois teríamos a estréia de Roger Moore e um novo Bond. Em tempo, todos falam do novo Bond de Craig...Ora! Todo Bond quando troca de rosto é um novo Bond. O 007 de Roger nada tem a ver com o de Connery. O antigo era tenso, nervoso, quase mal-humorado, o de Moore será suave, fanfarrão e pouco sério. Quanto a este, é de longe o pior da série original. Nota 3.
   ROCK OF AGES de Adam Shankman com Tom Cruise, Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones e Paul Giamatti
O que falar de um filme muito bobo que nos faz rir? E que usa uma trilha sonora que voce nunca escutaria em casa, mas que funciona no filme? Tem Cruise fazendo Axl Rose, Baldwin ( excelente ) de peruca e com cena gay e mais Giamatti como um produtor do mal. OK. admito, é divertido. Nota 5.
   ABRAHAM LINCOLN CAÇADOR DE VAMPIROS de Timur Bekmanbetov
No mundo do mercado/propaganda o que importa é: isso funciona? Não existe nesse mundo a palavra verdade. Se a mentira for agradável ou se ela vender, dane-se a tal verdade. Desse modo, pode-se inventar que Lincoln foi um caçador de vampiros. Se essa nova versão cair no gosto do público ela se tornará uma "nova verdade". O filme é de uma idiotia atroz. Nota Zero.
   AMOR À QUEIMA ROUPA de Tony Scott com Christian Slater, Patricia Arquette, Gary Oldman, Dennis Hopper, Christopher Walken, Brad Pitt, Samuel L. Jackson
Todo o mundo de Tarantino está aqui, neste seu roteiro brilhante: filmes de kung-fu, westerns, conversas espertas, citações pop, bandidos de HQ, rock, musas perigosas e sofridas. Scott, diretor que tem estilo radicalmente oposto ao de Quentin ( Scott é tipico dos anos 80, pseudo-sofisticado, brilhoso e vazio, Quentin é anos 70, exagerado, colorido, vivo, viril ), não conseguiu estragar de todo o roteiro. Mas bem que ele tenta.  Adoraria ver Tarantino o refilmar em 2020. Uma festa para olhos, ouvidos e imaginação. Foi este o filme que em 1994 me fez voltar ao cinema. Nota 9.
   ZONA PROIBIDA de William Dieterle com Burt Lancaster, Peter Lorre, Paul Henreid
Um belo filme noir. Se passa na Africa do Sul. Lancaster é um homem perseguido por policial. Motivo: ele teria tentado entrar em zona de minas de diamantes. O filme, tenso, é esse combate entre um vilão policial sádico, feito com maestria por Henreid, e o herói sonhador e teimoso, feito por um Lancaster magnético como sempre. O filme, rápido, forte, bem narrado, é delicioso. Dieterle foi um desses alemães que ao fugir do nazismo ajudaram a dar caráter ao cinema americano. Muito do que conhecemos como cinema tipico da Hollywood clássica é feito por alemães, austríacos e húngaros. Nota 8.
   RATOS E HOMENS de Lewis Milestone com Burgess Meredith e Lon Chaney Jr.
É o texto de Steinbeck em versão famosa. Temos dois miseráveis. Um deles é deficiente mental, um gigante de coração de criança. O outro toma conta dele. Eles andam pelos empobrecidos EUA da depressão. Arrumam trabalho numa fazenda, onde têm de lidar com tipos estranhos. O filme, tipico da esquerda americana dos anos 30, é muito, muito original. Não parece ser de 1939 e nem de tempo nenhum. Ele é cruel, tristíssimo, amargo ao extremo. Tem trilha sonora de Aaron Copland. Milestone, que dirigiu o melhor dos filmes de guerra ( Nada de Novo no Front ), era um diretor muito corajoso! O filme não tem a menor concessão. Sua falha é ser teatral demais. Temos a impressão de estar vendo uma peça. Nota 6.
   CIDADE NEGRA de William Dieterle com Charlton Heston e Lizabeth Scott
Seria um grande filme se a atriz central não fosse tão ruim. Ela estraga com sua canastrice a estréia de Heston na Paramount. O filme, noir, fala de um otário que ao ser surrupiado no poker por grupo de malandros, se mata. O irmão doido desse suicida surge e começa a matar os malandros. Heston é um dos que deram o golpe no trouxa. O filme tem bom suspense e consegue o ponto certo. É crível. Pena a péssima Scott. Heston, muito jovem, está bem. Consegue ser frio e cinico. Mais um acerto de Dieterle. 6.
   CLIENTE MORTO NÃO PAGA de Carl Reiner com Steve Martin e Rachel Ward
Mesmo não sendo uma grande comédia ( é pouco engraçada ), eu sempre a revejo. Como todo cinéfilo, adoro o filme por ter conseguido unir pedaços de velhos filmes noir com a história moderna. A produção construiu cenários como o dos filmes originais e insere cenas desses filmes na trama de Steve Martin. Temos Cary Grant num trem contracenando com Martin ( a cena é de Suspeita, de Hitchcock ), e além dele há Ava Gardner, Burt Lancaster, Alan Ladd, Veronica Lake, Vincent Price, James Cagney, Bette Davis, Ray Milland, e claro, Humphrey Bogart, que domina o filme inteiro. É engraçado ver Bogey como empregado de Steve Martin e levando bronca dele! Deveriam fazer isso hoje em dia. Com os recursos técnicos que temos os resultados seriam fabulosos!!! Mas talvez jamais será feito, o público, grande, que reconheceria os velhos ícones não frequenta cinemas. Os atores modernos teriam de contracenar com, no máximo, Nicholson e Hoffman, dái para trás seria o analfabetismo em cinema. Adoro Steve Martin, Rachel Ward foi a mais bonita atriz do começo dos anos 80, mas o roteiro é bem fraco. Nota 5.
   O MORRO DOS VENTOS UIVANTES 2012 de Andrea Arnold
Espero que seja/tenha sido um fracasso. Tivemos muitas versões da obra-prima de Emily Bronte. Todas erraram. A mais famosa é a de William Wyler, com Olivier, mas essa é também falha. Fria demais, muito sóbria. sem paixão e loucura. Há uma de Bunuel que é sem sentido. Aquela com Juliette Binoche é doce e bobinha e agora temos mais esta. ( Falo só das que já vi ). Uma versão analfabeta. Escrevi recentemente que o cinema do futuro será mudo e barulhento. Pois este é um filme mudo. Ninguém fala e quando fala nada é dito. A diretora tenta ser poética. Ela pensa que poesia é filmar no escuro  em big close. A câmera nunca deixa de tremer, Heathcliff agora é negro e Cathy é feia. Um pavor. Nota ZERO.
   MINHA AVÓ POLICIAL de Steno com Tina Pica e Ugo Tognazzi
A Itália, no auge de sua produção, chegou a lançar por ano quase tantos filmes quanto os EUA. Eram filmes de horror, épicos, westerns, filmes politicos, de arte, documentários. E muitas comédias. Steno começou dirigindo em dupla com o grande Mario Monicelii. Depois se separaram e logo deu pra notar que Monicelli era o gênio dos dois. Os filme de Steno são simples e envelheceram mal. Aqui temos uma avó mal-humorada que ao ter uma jóia roubada atrapalha o casamento do neto e a vida da policia. O filme não é ruim, os atores são ótimos, é apenas banal. Nota 3.

PETER SELLERS/ COELHOS/ ANA MARIA BAHIANA/ ASTAIRE/ MILESTONE/ JOHN GARFIELD

   ROMANCE INACABADO de Stuart Heisler com Bing Crosby e Fred Astaire
Astaire, em seu tempo de vacas magras, serve de escada para o sempre bonachão Crosby. O filme tem um score com um monte de canções de Irving Berlin, ou seja, apesar de ser produção de rotina, tem momentos de alto nível. Fred Astaire canta Puttin' on The Ritz...precisa de mais o que? São alguns minutos de técnica, alegria, classe e leveza. Como é bom poder ver esse gênio na tela! Nota 7.
   EXPERIMENT IN TERROR de Blake Edwards com Lee Remick e Glenn Ford
Acabou de sair em dvd. A música, climática, classuda, bem conhecida, é de Henry Mancini. O filme tem a fama de ser um dos favoritos de David Lynch. Tem o clima doente de seus filmes. A história fala de um maníaco asmático, que persegue e aterroriza pacata mocinha. Edwards estava aqui em seu apogeu. Acabara de fazer uma das melhores comédias do cinema e iria dominar a década com seu humor ácido. Aqui, nada de humor. É suspense esquisito, pouco hitchcockiano. Nota 6.
   2 COELHOS
Filme trailer. Me peguei esperando que ele finalmente começasse. Não começa. O diretor é daquela escola que pensa assim:"Se os trailers são tão bons, porque não fazer um filme que seja um trailer de hora e meia?" Nos anos 70 reclamavam que os filmes começavam a se parecer com TV, muito close e muito corte, nos anos 80 reclamavam que eles se pareciam com comerciais de TV, imagem fake e personagens rasos, nos 90 era o clip, muito efeito e excesso de cortes, pois veio depois o filme trailer, simples flashs de pedaços de ação com letreiros e apresentação de personagens que nunca termina. O futuro será o filme facebook, perfis de personagens e ações irrelevantes... Nota 1. pela boa produção.
   O PRISIONEIRO DE ZENDA de Richard Quine com Peter Sellers
O ponto baixo desse gênio chamado Sellers. Trata da velha trama da troca de um rei à perigo por um sósia simplório. Sellers dá um show como os dois. Um snob e afrescalhado principe da Europa central e um inglês pobre, pacato e de sotaque cockney. Há um filme de Tv com Geoffrey Rush que mostra quem foi Peter Sellers. Um homem sem personalidade, que só existia em seus papéis. Sellers foi meu primeiro ator-ídolo. Morreu do coração em 1979, com 50 anos apenas. A jovem geração perdeu a chance de conhecer esse ator incomparável. Poderia estar vivo ainda...uma pena. O outro filme que fez nesse mesmo ano ( 1978 ) com Hal Ashby, Being There, é talvez, o mais influente filme a servir de modelo a nosso tempo. André Forastieri disse isso, o cinema fofo e moderno de Wes Anderson, Juno e que tais é 100% Hal Ashby. Mas este tal de Zenda leva Nota 5.
   OS BRAVOS MORREM DE PÉ de Lewis Milestone com Gregory Peck
No inicio de sua carreira, Milestone fez o melhor filme de guerra do cinema ( Nada de Novo no Front ). No final dessa inconstante trajetória ele fez este outro histórico filme de guerra. Aqui, Peck é o comandante de um pelotão que deve tomar posse de uma montanha na Coreia. Eles a tomam, mas a que preço? O filme mostra o absurdo da situação: a batalha é inutil, os superiores mentem aos soldados, a ajuda nunca vem, o terror domina a todos. Nada há de heróico, eles apenas tentam sobreviver. O filme é forte, soberbo, tem cenários inesquecíveis. Peck transmite sua autoridade de homem íntegro. Consegue parecer assustado e sob pressão sem perder a altura. Funciona. O filme é quase uma obra-prima. Nota 8.
   SUGATA SANSHIRO de Akira Kurosawa
É o primeiro filme do mestre. Fala de um jovem que tenta ser um mestre do judô. O tema de Kurosawa já se expõe: vontade sob dor, teimosia que leva a vitória, prêmio que nunca compensa o sofrimento. Mas a vida se justifica nessa luta. Ela, a vida, vence, e nós somos parte dela e nunca seus senhores. A imagem do filme está estragada, muito escura. Se o achar em alguma loja, fuja. Não posso dar nota.
   O EGÍPCIO de Michael Curtiz com Edmund Purdom, Jean Simmons, Victor Mature e Gene Tierney
Fim da carreira de Curtiz. Fim digno em produção "épica" sobre um egípcio que se torna médico e se envolve com mulher fatal. O elenco é problemático. Purdom não vingou, Mature foi o simbolo do canastrão, Gene Tierney, que foi a mais bela das atrizes, já está irreconhecível. Teria logo uma doença nervosa que a isolaria da vida. E Jean Simmons, que faz o papel da mocinha boazinha que ajuda o herói, tinha sua carreira prejudicada por Zanuck, o poderoso produtor, por não ceder a suas cantadas. Jean era inglesa e foi a mais bela das Ofélias no Hamlet de Olivier. Este filme é enorme, pesado, melodramático, sem noção, tolíssimo e apesar disso tudo, deixa-se ver com facilidade. Nota 5.
   VINGANÇA DO DESTINO de Jean Negulesco com John Garfield e Micheline Presle
Garfield é um jockey americano. Ele vende corridas, faz "marmeladas". Foge para a França, mas o destino o persegue na forma de um mafioso que ele traiu. O filme tinha tudo para ser bom. Um ator excelente ( Garfield, foragido de MacCarthy, logo morreria na amargura. Seu tipo feio, sujo, antipático fez dele o primeiro ator a parecer "gente de verdade" ), um tema ousado e uma Paris pós-segunda guerra ainda existencialista. O filme é cheio de jovens barbudos, clubes de jazz e ruas imundas. Fascinante Paris que desapareceria nos anos 60 com seu boom de crescimento. Mas com tudo isso o filme é chato. Cai em excessos de melô na figura do filho de Garfield, um menino enjoado, choroso e bonzinho demais. O filme é frustrante então. Nota 3.
   1972 de Ana Maria Bahiana e José Emilio Rondeau com Dandara Guerra, Rafael Rocha e Tony Tornado
Foi um fracasso de bilheteria esta produção cara que foi a estréia de Ana na direção. Ana foi critica de rock e o filme tem algo de autobiográfico na figura da mocinha que tenta ser repórter de rock em 1972. Há algo de Quase Famosos aqui, mas o filme, que é bom, nunca emociona. O que mais o prejudica são os dois atores centrais. O mocinho do subúrbio é interpretado de modo completamente amador. Já a repórter é um pouco menos ruim, mas Dandara, que é impressionantemente linda, tem problemas de dicção. O melhor é ver Big Boy sendo homenageado e sentir o amor ao rock que há em todo o roteiro. O filme é sobre rock na época em que gostar de rock ainda era coisa de bandido. Nesse ponto ele acerta na mosca. Era coisa de não- bandidos, jovens ingênuos, idealistas, sonhadores e que se uniam na grande irmandade dos cabeludos. O chato é que esse filme podia ser tão mais..... Nota 6.

ALDRICH/ MILESTONE/ DONEN/ AUDREY/ OLIVIER/ OZON/ THOR

   A MORTE NUM BEIJO de Robert Aldrich
Superestimado. Há quem o considere genial, histórico, moderno etc. Pra mim ele é um noir confuso, maneiroso, fake. Os atores parecem não levar a sério a história sobre material suspeito roubado. O detetive é Mickey Spillane, mas tudo parece muito forçado e até mesmo tolo.  Nota 1. ( tem boa foto ).
   ANJOS DA BROADWAY de Ben Hecht com Douglas Fairbanks Jr e Rita Hayworth
É vendido como noir, mas é um drama orignal, cruel, pessimista, dirigido pelo bom escritor e grande roteirista Hecht. A chuva pontua a história sobre um malandro de terceira que tenta dar um golpe em jogo de poker. Um homem tolo e falido e uma prostituta se juntam a ele. O filme é cheio de erros, não tem ritmo, mas é corajoso e original. Parece feito muito depois de seu tempo, tem ar de filme dos anos 70. Nota 5.
   SEM NOVIDADE NO FRONT de Lewis Milestone
Só vi dois filmes que mostram realmente o absurdo da guerra: este e Glória Feita de Sangue, de Kubrick. Existem outros grandes filmes de guerra, mas todos eles têm heróis, ou usam humor, ou enfeitam estéticamente o que é apenas horror. Aqui há o inferno. As cenas de batalha são como documentário, os homens parecem realmente com medo, parece que morrem de verdade. É um clássico que nada perdeu com o tempo. Talvez hoje até pareça melhor. Nota DEZ.
   MÉDICA, BONITA E SOLTEIRA de Richard Quine com Natalie Wood, Tony Curtis, Henry Fonda, Lauren Bacall
Com esse elenco o filme consegue ser vazio. Fala maliciosamente sobre revista masculina que tenta desmoralizar psicóloga que escreve sobre sexo. Curtis é o repórter que tenta a seduzir, Natalie a tal autora. Fonda faz um vizinho casado e Bacall é sua esposa. O humor era "apimentado", hoje parece apenas bobo. Tipo de filme irremediavelmente velho. Nota 3.
   UM CAMINHO PARA DOIS de Stanley Donen com Albert Finney e Audrey Hepburn
Com roteiro de Frederic Raphael, este é realmente um filme ambicioso. Mostra a vida de um casal em vários momentos. Todos são intercalados, sem aviso nenhum vamos do inicio ao fim, do meio ao inicio, do meio ao fim de novo. O que une esses episódios é o fato de todos se passarem em estradas da Europa. Ela o conhece como mochileiro na França, e o filme mostra suas outras viagens, no final já ricos e entediados. Há algo de muito doloroso no filme, apesar do toque leve de Donen. Finney está agressivo demais, e Audrey muito passiva, o casal tinha de naufragar. Donen usa técnicas de flash-back à nouvelle vague, não parece o mesmo diretor de Cantando na Chuva. O filme é bastante insatisfatório, mas longe de ser ruim. Nota 5.
   REI LEAR de Michael Elliott com Laurence Olivier, John Hurt, Diana Rigg e Colin Blakely
Como filme ( na verdade é tele-teatro ) é ok. Os cenários são pequenos e a imagem de tv, pobre. Mas o texto de Shakespeare é não só respeitado como bem interpretado. É um filme-peça que nos arrasa. A dor se acumula, os erros se atropelam. A maldade perde, mas o bem nada ganha. Um apocalipse! Olivier dá majestade a seu Lear, ele é tolo, egoísta, cego, mas é também um Rei. Qualquer humano interessado em linguagem, texto e sentido deve assistir. Nota DEZ.
   POTICHE de François Ozon com Catherine Deneuve e Gerard Depardieu
Esposa, em 1977, tem de assumir o controle dos negócios da familia quando o marido é afastado. Depois ele volta. Depardieu é um deputado de esquerda. O filme deveria ser engraçado. Não é. Ozon faz um festival de cenas flácidas, bobas, vazias, até mesmo desagradáveis em sua inabilidade. Roteiro sem porque, seria apenas uma brincadeira? Um modo de Ozon poder usar cenários e roupas de 1977? Nota Zero.
   A COR DA ROMÃ de Sergei Paradjanov
Um dos mais estranhos filmes que já vi. Não há diálogo ou ação. A câmera mostra quadros, cenas, em que os atores posam com os objetos. Letreiros se intercalam com as cenas. Fala sobre a vida de um poeta armênio. Por exemplo, quando se fala da adolescência do poeta, o que vemos é um quadro onde o poeta posa com flores, bules e uma moça. As cenas do mosteiro são perturbadoras, em meio a todo esse hermetismo colorido, Paradjnov consegue algo próximo do hipnotismo. Se voce não dormir, pode ter uma experiência próxima do êxtase. Aliás, um critico inglês diz que ver o filme é como tomar ecstasy. O diretor foi preso na antiga URSS, acusado de homossexualismo, o filme, maldito, era raro. Hoje mora em qualquer locadora. Vale a pena? Vale. PS: porque o cinema russo é tão diferente??? Nota 7.
   THOR de Kenneth Branagh
Dá pra imaginar os executivos da Paramount/Marvel falando: "è sobre Thor, sabe como é, deuses do norte...", "Ah... tipo Shakespeare?"....., "Tive uma ideia! Chama aquele cara que fala de Shakespeare!", 'OK! Chama o Laurence Olivier pra dirigir!"....."Chefe....ele já morreu...." E então meteram Branagh no projeto. Mas retiraram de Thor tudo o que ele tinha de 'mistico". Os gibis antigos, de Lee e Kirby parecem mais adultos que este filme. Nosso tempo, que tem medo de tudo que pareça simbólico, reduziu Thor a um tipo de estudante da UCLA mimado, e Odin a um dono de fábrica confuso. Asgaard se parece com Metrópolis, um tipo de cenário dos Jetsons mais metido a besta. Fizeram de Troia uma guerra sem deuses, agora Thor é um deus sem espirito!!!! Natalie Portman está no filme fazendo suas caras e bocas de sempre, e Anthony Hopkins é Odin. Porque? Shakespeare, chefe!!!!! Nota 1. O martelo é cool.

All Quiet on The Western Front - Butterfly Ending



leia e escreva já!

SEM NOVIDADES NO FRONT- LEWIS MILESTONE ( O MELHOR FILME DE GUERRA JÁ FEITO? )

   Filmes de guerra, mesmo os melhores, e penso em PATTON  e APOCALYPSE NOW, sempre acabam tendo alguma cena em que a guerra é mostrada como algo "heróico". O bom GUERRA AO TERROR acaba, em meio a toda nóia, exibindo algum fascínio por toda aquela adrenalina. Isso não acontece com este filme. Aqui não há um segundo, uma fala, uma imagem que remeta a algum tipo de heroísmo, de glamour ou de transcendencia. A guerra como absurdo sem sentido. Radicalmente pacifista, eis o que este filme é.
   E mesmo assim, provando a falta de poder da arte, ele não pode evitar a segunda guerra. Sim, como voce sabe, este filme fala sobre a primeira guerra mundial, é um filme de 1930, vencedor dos Oscars de filme e direção. Baseado no livro de Erich Maria Remarque, conta a experiência de onze jovens alemães na guerra mais cruel já feita ( a segunda foi mais violenta e satãnica, mas a primeira foi a perda da virgindade humana. Soldados ainda saídos do mundo pré-guerra total, ainda crendo em honra e pátria, sendo jogados na carnificina industrial moderna ).
   O filme começa com uma sala de aula onde o professor instiga os alunos a se alistarem e marcharem rumo a Paris. Os alunos, sonhadores, se alistam com alegria. Para eles a guerra é ainda um jogo, mortal, eles sabem, mas um jogo de cavalheiros, com regras e com limpeza moral. Logo em seu primeiro contato com o quartel todos começam a perder a ilusão. O treinamento é baseado em crueldade e humilhação. Mas nada se compara a guerra em si.
   Milestone, que foi um grande diretor épico, cria cenas de batalha que ainda hoje impressionam por seu realismo. São cenas que se parecem com a vida real, um documentário. Cada explosão, e são muitas, dá a sensação de morte, de terror, de paranóia. Sentimos medo, muito medo. O campo de guerra se revela um inferno de lama, arame farpado, ratos, fome, e desespero. Não há heroísmo, não há honra nenhuma, medo apenas, medo constante. O filme exibe a podridão da vida na trincheira. Os soldados, sem comida, sem equipamento algum, chegavam a ficar semanas em buracos subterrâneos, cercados de explosões, pulgas, carrapatos, ratos e água de fossa. Fedor, coceiras, doença, lama, e muita escuridão. Desabamentos, soldados enlouquecendo, gritos de medo, tremedeiras, mortes e mais mortes. As tropas passam semanas para avançar cem metros e depois recuam duzentos. São encurraladas por chuvas de bombas e estão todo o tempo com frio e com fome. O filme mostra tudo isso, sem medo, com ira, com coragem, sem aliviar. O que pensamos todo o tempo é: Porque eles estão lá?
   Várias cenas se fixam na memória. Soldados correndo e morrendo, os hospitais com seus amputamentos e mortes às dúzias, os soldados com saudades de casa. Mas talvez a mais crua cena seja a da morte do inimigo. A crueldade da batalha com baionetas, a agonia do inimigo que demora horas para morrer, o cara-a-cara da dor. Não se engane, toda nossa arte moderna, toda nossa filosofia pessimista, nasce dessa loucura. A segunda guerra foi a consequencia daquilo que nascia aqui, o nosso tempo.
   Toda guerra sempre foi cruel. Mas havia uma diferença. Existiam regras. Se escolhia um campo de guerra, se esperava o inimigo e se ( creia, é fato ) tentava matar o mínimo possível. O objetivo era capturar as tropas adversárias, cercá-las, vencer o rival, fazê-lo se entregar. Nunca se pensava em aniquilar, esmagar, destruir.
   Com as bombas modernas, o gás quimico, os aviões, os super canhões, pela primeira vez matou-se às centenas. De forma anônima, sem captura e resgate, sem atos de heroísmo, sem regra alguma. A guerra se faz impessoal ( como já era o trabalho e se tornaria a vida ). O filme mostra jovens que ainda pensavam em Napoleão e Julio César perdidos em meio a explosões vindas não se sabe de que lado, aviões assassinos dos céus, distãncia de seus chefes, regras abolidas. Caos absoluto.
   A cena final é uma das mais famosas da história do cinema e após 81 anos ainda emociona e muito. Em meio a lama e aos mortos, um soldado vê uma borboleta tentando voar. Ela se debate presa na sujeira. O soldado estica seu braço para tentar a libertar. Ouve-se um tiro e o braço se torna rígido. A tela fica negra. O filme termina em silêncio....
   Uma certeza se faz: isso é cinema puro, sem literatice, sem teatro, sem enfeite. Imagem que narra, que conta, que diz. Ainda contundente, moderno, forte, eis um muito grande filme. Veja!!!!