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ANNA KARENINA/ MARNIE/ EUGENE O'NEILL/ BLIER/ KIM KI DUK

   O RISCO DE UMA DECISÃO de Richard Brooks com Gene Hackman, James Coburn e Candice Bergen
No início do século XX, uma corrida entre cavaleiros. O filme tem uma visão sensível, os cavalos são as vítimas. Hackman, excelente, é um cowboy humanizado. Ele ama os bichos. Coburn faz seu tipo de sempre, e isso é uma benção: um putanheiro, cachaceiro, malandro. O filme, do viril Brooks, é delicioso. A ação tem porque e os diálogos são ferinos. Brooks começou como pupilo de John Huston. Seu estilo é hustoniano: direto e sem firulas. Nota 7.
   MARNIE de Alfred Hitchcock com Tippi Hedren, Sean Connery e Diane Baker
O filme mais doentio de Hitch. Fala de uma cleptomaníaca. Connery é o milionário assaltado por ela que tenta a ajudar. É um filme desagradável. Feio. Hitch vai fundo no aspecto neurótico da personagem. Ela suja as imagens, borra a música, desfaz qualquer chance de beleza. O filme resulta como um tipo de pesadelo febril. Longe de seus melhores filmes, mesmo assim é obra invulgar. Há quem o adore. Não eu. Nota 6.
   PIETÁ de Kim Ki Duk
Um filme diferente dos habituais de Duk. Aqui o visual é pobre, feio. Tudo se passa num tipo de labirinto urbano, onde um homem trabalha como torturador. Ele quebra ossos de pessoas que devem dinheiro. Sem sentimentos, sua primeira cena é uma masturbação. Surge em sua vida uma mulher que confessa ser sua mãe. Ele bate nela, a humilha... O tema é religioso, Duk é budista. Todos cumprem carmas aqui. Mas o filme é aborrecido, sem emoção, frio. Nota 2.
   A FILHA DA MINHA MULHER de Bertrand Blier com Patrick Dewaere
Blier sempre ousa. Às vezes acerta, e quando acerta faz um filme soberbo como Corações Loucos. Quando erra faz um filme irritante, como este. Dewaere é casado. A esposa morre e lhe deixa a filha de outro casamento. Ele rouba-a do pai verdadeiro e ela o seduz. Cenas de cama, nudez, tudo liberado. Sem culpas. Hoje seria pedofilia, em 1981 era apenas "bem louco". O filme é árido. Não há emoção, tudo é feito sem sentimentos e sem sentidos. No final ele fica sem sua enteada, mas já de olho numa menina de 9 anos, filha de sua nova esposa-adulta. Dewaere era ídolo do cinema francês. Aqui já mostra as marcas do vicio que o mataria em seguida. Parece um zumbi doente. Como disse, Blier é sublime ou nojento. Nota 3.
   LONGA JORNADA NOITE ADENTRO de Sidney Lumet com Katharine Hepburn, Ralph Richardson, Jason Robards e Dean Stockwell
Eugene O'Neill foi, entre 1930-1960, o rei da intelectualidade americana. Um tipo de ídolo-gurú de quem era sério. Segundo americano a vencer o Nobel, suas peças são poços de angústia, desespero, vazio. Esta famosa peça foi sua herança. Escrita, ela só pode ser encenada após a morte do autor. Isso porque ela é muito autobiográfica. Uma familia está reunida numa casa de praia. O pai é um vaidoso e muito sovina ex-ator. A mãe é viciada em morfina e mergulha na loucura. O filho mais velho é um alcoólatra raivoso. E o mais novo é tuberculoso e volta à casa após ser marinheiro ( esse é Eugene O'Neill em auto-retrato ). A peça exibe as brigas, culpas e o aniquilamento do grupo familiar. É um tipo de texto que marcou a arte americana. Até hoje americanos sérios acham que arte deve ser assim, uma longa jornada noite adentro. O filme é pesado, estático, teatral e interminável. Lumet nada faz para disfarçar sua origem teatral. O que vemos são os atores e seu texto. Kate não está bem. Ela exagera. Ralph dá um show. O pai é tolo, frio, auto-centrado, um pavão egoísta. Jason Robards nos aterra. Tem ira, tem medo, tem inteligência destrutiva. E bebe. Dean está ok. Frágil, titubeante. Tennessee Willians roubaria de Eugene a centralidade do teatro americano. A ênfase deixaria de ser masculina-problemática e passaria a ser feminina-sonhadora. O filme não é bom. Mas vale a pena. 
   ANNA KARENINA de Joe Wright com Keira Knightley, Jude Law, Mathew MacFayden
Um grande filme! Dias depois ainda está em nossa alma. Bonito, forte, bem dirigido e muito bem interpretado, é o melhor filme de 2012. Algumas de suas cenas são obras-primas em encenação. Joe sabe tudo de montagem, de fotografia, orquestra uma polifonia de rostos e de vozes que fazem sentido todo o tempo. O filme, arriscado, nunca se perde. Navega pela obra de Tolstoi sem nunca ficar a deriva. Não é perfeito, não poderia ser, Tolstoi não se presta a simplificações. Mas em termos de cinema é um triunfo. Joe Wright ainda não errou. Nota 9.
   UM PARTO DE VIAGEM de Todd Philips com Robert Downey Jr., Zach Galifianakis
Não tem graça. E pior, para quem conhece um pouco de cinema, dá para notar cada um dos plágios. Todd usa dúzias de ideias de outros filmes. Rouba, não cita. Mas, pasmem, o filme não é ruim! Graças a dois atores com carisma, voce consegue assistir toda aquela bobagem e melhor, é um filme curto. É sobre dois caras que são obrigados a cruzar 3 estados americanos juntos. Sim, Steve Martin e John Candy fizeram isso melhor em 1988... Nota 5.

PREMINGER/ KUROSAWA/ KIM KI DUK/ COLIN FIRTH

DRIVER de George Tillman Jr. com Dwayne Johnson, Billy Bob Thorton e Carla Gugino
Inominável. Ação sem emoção nenhuma. Tenho visto muitos filmes atuais e eles têm me tirado toda a paixão que eu sentia pelo cinema. Um filme muito ruim de 1930 ou 1950 é tão vulgar e idiota como um filme ruim de 2010, mas a diferença é que ele é ruim "sem querer", por incapacidade ou por falta de recursos. O filme ruim atual é cínico, esperto, se vangloria de sua burrice, menospreza o público e destrói qualquer idéia de nobreza ou de verdade que voce podia ter sobre o cinema. É um verdadeiro estupro. Infelizmente já assisti a quase todos os grandes filmes do passado, e agora, vendo básicamente os filmes "novos" minha paixão é pisoteada e aviltada....
O DISCURSO DO REI de Tom Hooper com Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham-Carter, Claire Bloom e Derek Jacobi
Tão bom quanto o filme anterior do diretor ( Maldito United ) e com o mesmo defeito: ele não consegue manter o ritmo. O que temos é um filme com uns poucos bons momentos e outros de tédio e vazio. O que jamais cai é a excelência do elenco. Vê-los é um prazer. Alguns críticos ficaram chateadinhos com a vitória deste filme no tal oscar....para mim a irritação deles é bom sinal. Dos concorrentes era o menos ruim. Como Carruagens de Fogo e Kramer x Kramer, este é um filme médio que ninguém recordará como oscarizado no futuro. Nota 6.
ESCÂNDALO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Kurosawa estava com problemas em relação a imprensa na época, quando fez este filme sobre paparazzis que perseguem estrela da música e pintor. O filme é em tom menor, Kurosawa é dos poucos diretores da história que cresce quando sua ambição aumenta. Mifune dá seu show naturalista e a realização é bastante competente, embora não haja nem sinal da genialidade do maior dos diretores. Nota 6.
BOM DIA TRISTEZA de Otto Preminger com Jean Seberg, David Niven e Deborah Kerr
Françoise Sagan escreveu este livro na adolescencia e logo se tornou o guia das jovens rebeldes de seu tempo. Este filme é infelizmente americano, então a acidez do original está totalmente perdida. Mesmo assim é um agradável e muito bonito filme. Vemos em preto e branco o presente da menina e em cores suas lembranças. A história é basicamente a história do ciúmes de uma filha pelo seu pai playboy. Os dois vivem em baladas e restaurantes ( na Provence ) juntos e felizes e ela é até mesmo amiga das namoradas do pai. Mas quando ele resolve se casar tudo desaba. Ela passa a ter namoros casuais e trama a destruição da pretendente. O elenco é bom e Otto sempre é um diretor forte, sabe, mesmo quando erra, o que deseja mostrar. O filme se passa entre os muito ricos dos anos 50, ou seja, é tudo muito chic. Nota 6.
O ARCO de Kim Ki Duk
Um velho cria uma menina em um barco. Ele traz pescadores para lá e quando algum deles se interessa pela menina é expulso. O velho usa o arco e flexa para adivinhar o futuro e para assustar esses pretendentes. Mas ela se apaixona por jovem e foge com ele. O velho quase morre, ela volta e os dois se casam. Quem assistiu esse filme coreano e pensou ter visto um filme budista sobre o desejo e o sexo nada entendeu. O centro do filme não é o velho e a menina, o centro é o velho e o arco. A menina é uma deusa, ela é a ponte que liga o velho, através do sofrimento, a sua realização plena: o arco. Ele se torna o grande arqueiro e pode então partir, sumir na água. Como ocorre com outro filme do diretor ( Inverno, Verão, Outono.... ) o ritmo é lentíssimo, mas o final compensa tudo: é belíssimo. A estranheza que ele causa é a mesma de quando vemos ou ouvimos algo genuinamente oriental, tomamos a consciencia de que quase nada sabemos ou entendemos. Nota 7.
QUANDO VOCE VIU SEU PAI PELA ÚLTIMA VEZ? de Anand Tucker com Colin Firth e Jim Broadbent
Certas pessoas gostam de falar mal de filmes que nos emocionam por apelar ao melô. Não entendem que emocionar é sempre um mérito, desde que se mantenha um mínimo de bom gosto. Pois bem, eis aqui um filme que apela muito e não consegue causar a menor emoção. Dois bons atores em roteiro sem sal que fala de filho e pai que nunca se deram bem, e agora o pai está com câncer e o filho tem a chance de se reaproximar. Cenas enfadonhas do filho criança com o pai, do filho adolescente com o pai e do agora, o filho adulto tornado poeta e o pai doente. Pai que foi sempre alegre e conquistador. Com tudo isso nas mãos, o filme consegue ser frio, distante, chato, impessoal. Aborrecido enfim. Nota 3.

JACKIE CHAN/ OTTO PREMINGER/ GONDRY/ THOMAS ANDERSON/ PECKIMPAH/ CLINT

CITY HUNTER de Wong Jing com Jackie Chan
Um muito jovem Chan, num filme passado em navio. Ele luta pouco e o filme é Os Trapalhões made in Hong Kong. Tem cenas inacreditáveis! É o tipo de filme que quando resolve ser engraçado não teme a bobice. Eu me diverti. Mas está mais pra circo que pra filme. Nota 5.
SIDE STREET de Anthony Mann com Farley Granger
Noir de primeira. Um carteiro rouba grana de bandidão e se perde sem saber o que fazer depois. Devolve a grana? Gasta? Distribui? A vida do cara vira um inferno! Mann sabe tudo: o filme tem suspense, drama, ação e belas imagens. Pena Farley ser tão limitado ( mas não consegue estragar o filme ). É bom para quem ainda não descobriu o noir. Nota 8.
PASSOS NA NOITE de Otto Preminger com Dana Andrews e Gene Tierney
Cada vez mais me convenço que o paraíso do cinéfilo é o filme noir. Aqui, um policial psico mata um bandido e tenta esconder esse crime. Ao mesmo tempo se apaixona por moça simples. Há um soberbo clima de paranóia e Dana está muito bem. Seu rosto é maldoso e torturado. Preminger foi um muito bom diretor que Hollywood esnobava. Adoravam seus filmes, detestavam o homem. De todo gênero de filme, é o cinema noir o que menos envelhece. E é o mais difícil de ser refeito hoje. Um pequeno clássico. Nota 9.
PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO...de Kim-Ki Duk
Vamos lá. Existem filmes, como os de Aldrich ou Tarantino, que nada nos ensinam, nada têm de nobre. Mas que são cinema de primeira. Puro cinema. Esses são os grandes diretores. Artistas que se apoiam apenas no próprio veículo, nada pegando da literatura, do teatro ou da tv. Gente como Hitchcock, Ford ou De Palma. Mas existem aqueles que não são tão afinados com o puro cinema, que não fazem filmes tão excitantes, mas que enchem a tela de referências, de toques filosóficos, poluem o cinema de literatura ou de filosofia. São esses que fazem os filmes mais chatos do mundo, mas que às vezes nos fazem pensar. Este filme, como cinema puro, é apenas uma bela coleção de fotos. Mas ele faz pensar, faz viajar em idéias. Para o que se faz hoje, tá bom demais. Nota 7.
ADÚLTERA de Claude Autant-Lara com Gerard Philipe e Micheline Presle
Eis o tipo de filme que Godard/Truffaut/Chabrol adoravam esculachar nos Cahiers du Cinema. Dá pra se imaginar suas páginas furiosas sendo escritas, enquanto esta lenga-lenga sonolenta rola na tela. O filme é pesado, morto, escuro, feminino ( no pior sentido ), velho, insuportável. E todo metido a arte, tem a ilusão do bom-gosto, tenta ser belo, superior.......Não é a toa que eles amavam tanto o cinema noir e o western!!!!!! Nada é menos western e noir que esta coisa modorrenta!!!!! Mereceu cada chibatada que os jovens cineastas lhe deram. Nota Zero.
REBOBINE POR FAVOR de Michel Gondry com Jack Black
Mas Gondry não era um gênio? Onde? Como desculpar um filme tão "esperto" como este? Seu humor parece piada de fim de festa de casamento, suas sacadas são as sacadas das pegadinhas do Faustão. Um lixo que chega a ser constrangedor. Parece um filme ao qual não fomos convidados a assistir, uma brincadeira entre amigos. BáaaaaH!!!! Nota Zero.
SANGUE NEGRO de Paul Thomas Anderson com Daniel Day-Lewis
Anderson, ex-assistente de Altman, diz ter assistido toda noite a O TESOURO DE SIERRA MADRE enquanto filmava este imenso mural sobre a ambição. Foram mais de sessenta vezes que Bogart e Huston acompanharam as noites de Anderson. Deu certo? Sem dúvida é um filme invulgar. É ambicioso, cinema puro, sem popices, sem falsos toques de "genialidade". Ele é doloroso, é bonito, e tem um ator em atuação inspirada. Mas para cinéfilos ele trai várias influências e isso o esvazia um pouco. A gente percebe de onde foi tirada cada cena. Mas... e daí? pelo menos ele tem o gosto de pegar essas cenas de fontes puras e não de video-games ou da tv. Um comentário: o povo mais animadinho adora os filmes de Fincher, Gondry e Nolan. Assim como os metidos adoram Trier, Lynch e Kar Wai. Prestem atenção em Joe Wright, Alexander Payne, Todd Haynes, Irmãos Coen e James Mangold. Em 2030 é o que ficará. E Paul Thomas Anderson também. Nota 8.
PISTOLEIROS DO ENTARDECER de Sam Peckimpah com Randolph Scott e Joel McCrea
Já ví crítico dizer que é este o melhor filme de Peckimpah. Só para quem não gosta de Sam !!!! Neste que é seu segundo filme, vemos esse estupendo diretor ainda preso, ainda contido em suas doideiras. Mas já dá pra entrever seu humor tétrico, sua violência gráfica, e seu amor pelos velhos perdedores. O que há de melhor é a relação entre os dois velhos cowboys. O filme mostra o fim de sua época. Mas perde tempo demais com jovem casal ! Repare que os coadjuvantes já se parecem com aquele tipo de cowboy sujo e meio louco dos westerns da época hippie. Este filme foi feito cinco anos antes dessa época. A forma como os bandidos morrem já é de nosso tempo, eles caem para trás, o sangue escorre e vemos que a dor existe. O poeta da violência já lutava por nascer. Nota 6.
IMPACTO FULMINANTE de Clint Eastwood com ELE e Sondra Locke
Quarta aventura de Harry Callahan. É aqui que está a famosa frase : GO AHEAD, MAKE MY DAY ! Estranho, após o maravilhoso primeiro Dirty Harry, todos os outros parecem pastiches, falsos, quase gozações. E este, o único dirigido por Clint, tem a cena mais amadora que já vi : um carro estaciona num bosque, um cara desce, e vemos refletido no vidro do carro um rosto sorrindo e uma câmera ao lado!!!!!!!! Sim!!!! O câmera foi refletido pelo vidro e aparece nítido e sorrindo no filme...Como Clint não viu isso? O editor é Joel Cox, de todos os filmes de Clint, a Warner produziu, como passou uma coisa tão amadora???? É inexplicável..... Após essa cena, perdi todo o interesse pelo filme, passei a vê-lo como uma brincadeira, e fim. Clint Eastwood, ídolo meu, é um cara inescrutável. Nota 4.
SUBLIME OBSESSÃO de Douglas Sirk com Rock Hudson e Jane Wyman
Um mês atrás assisti a versão anos 30 desta história. O filme é uma babaquice melosa e insuportável. Escrevi que se Douglas Sirk tivesse conseguido salvar aquela história ridicula na sua refilmagem de 1954, eu o chamaria de gênio. Pois eis um gênio: Douglas Sirk. Este ídolo de Almodovar, Fassbinder e Todd Haynes, com ritmo, economia e objetividade, salva a história melosa, e nos dá um drama envolvente, vivo, exagerado e fascinante. O filme é tudo aquilo que toda novela de tv tenta ser, viciante. Os atores estão perfeitos e a trama, sobre playboy que se apaixona pela ex-esposa de médico por cuja morte ele foi acidentalmente responsável, acaba nos pegando, apesar de todo seu não realismo. É cinema de verdade, sem afetação, uma história sendo contada com ritmo musical, sem falhas, com tudo no lugar certo. Sirk sabe. Nota 9.