Mostrando postagens com marcador julie andrews. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador julie andrews. Mostrar todas as postagens

OSCAR 2015

   Sem emoção. Ou melhor, muita emoção só com A Noviça Rebelde. Sinal dos tempos. Um filme de 1965 trouxe o único sinal de vida à noite. Birdman mereceu? Sim. É um grande filme. Impossível um cara que goste seriamente de cinema ou de teatro não se encantar pelo filme. Iñarritu disse ser uma comédia. Eu ri muito durante a exibição. As pessoas não entendem mais o humor negro?
   Felicity Jones é linda. Estou in love por ela. Tipo da menina delicada de 1964. E Travolta com seu colar de metal. Qualé?????
   Pena de Wes e de Linklater. Fazer o que....
  Lady Gaga foi ótima. E Julie uma lady. Palmas para a mulher que foi Mary Poppins, A Noviça e de quebra ainda nos deu Victor/Victória e o delicioso Modern Millie. ( E Elisa Doolitle no teatro ). Chorei.
  E é só. Nada de Oscar honorário, nada de Irving Thalberg. Morreram todos? Ninguém mais para homenagear?
  Ano que vem tem mais.

BLAKE EDWARDS/ JULIE ANDREWS/ WYLER/ CUKOR/ CLIVE OWEN/ BINOCHE/ AUDREY/ WC FIELDS

   FRONTERA com Ed Harris e Eva Longoria
Fujam! Um lixo sobre imigrantes ilegais.
   POR FALAR DE AMOR de Fred Schepisi com Clive Owen e Juliette Binoche
O nome nada tem a ver com o filme. Ainda inédito aqui, fala de um professor de inglês com a corda no pescoço. Bebendo muito, corre o risco de perder o emprego. Uma nova professora de artes chega, amarga e com doença degenerativa. Os dois se odeiam e depois se amam. Parece uma tolice? Juro que não é! Tem bons diálogos, nunca desce a apelação, nada melado. Owen está excelente, faz um professor cínico, antipático e maníaco por palavras. Esse o centro do filme: a palavra ou a imagem, o que vale mais? Juliette, uma atriz por quem não morro de amores, está muito radiante.Nota 6.
   OS 39 DEGRAUS de Alfred Hitchcock com Robert Donat, Madeleine Carroll e Peggy Ashcroft
Talvez seja o melhor filme inglês de Hitch. O roteiro é totalmente inverossímil, mas who cares? Hitch era sempre assumidamente inverossímil. O que ele queria era poder criar grandes cenas e este filme tem várias. A cena inicial, no show de variedades, com seu sabor expressionista. Depois as cenas na casa do casal que dá abrigo ao fugitivo. Cenas no trem, na estrada, no hotel e por aí vai. O tema é caro a Hitch, um homem foge acusado falsamente de crime. Ação sem parar, humor, e muito, muito clima. A fotografia de Bernard Knowles é brilhante. Observe logo no começo a luz sendo acesa no quarto, o canto da tela iluminado e todo o resto escuro...Ótimo! Hitch faz aqui uma das mais perfeitas diversões. Nota DEZ!
   O MORRO DOS VENTOS UIVANTES de William Wyler com Laurence Olivier, Merle Oberon, David Niven, Flora Robson e Donald Crisp
Wyler foi o melhor diretor do cinema americano? Nada de surpreendente nessa pergunta! Ele tem 4 Oscars e dominou a arte de filmar comédias, westerns, dramas, peças filmadas e policiais. O livro de Bronte já foi filmado até por Bunuel e se aqui ele nunca atinge a magia do texto inglês, é de longe a melhor versão para a tela. E devo dizer, os primeiros 40 minutos são dignos do mais alto cinema. Heathcliff é adotado, se enamora da meia irmã, é banido e se vinga. O filme é tristíssimo. Olivier, jovem e belo, faz um Heathcliff vulnerável, sofrido. A cena na janela, em que ele acha ter visto o fantasma de Cathy, é soberba. Faça o teste do olho, veja como os olhos de Olivier mudam com o desenvolver da fala. Merle Oberon enfraquece o filme. Ela é bela e exótica, mas não tem a força selvagem de Cathy. A fotografia é soberba. Um belo filme do mesmo ano de ...E O Vento Levou. Nota DEZ.
   DAVID COPPERFIELD de George Cukor com Freddie Bartholomew, W.C.Fields, Lionel Barrymore, Edna May Oliver, Roland Young
Tão bom voltar a ver meus filmes dos anos 30!!!!! Aqui temos Cukor, um dos mais consagrados dos diretores clássicos e a adaptação, luminosa, do clássico de Dickens. Esqueça a pavorosa atriz que faz a mãe de David Copperfield e relaxe, o filme é uma deliciosa e encantadora viagem. David sofre pacas, mas logo encontra quem o ajude. WC Fields dá um show! Sua voz enrolada e pomposa e seu tipo falso nobre picareta casam perfeitamente com o filme. Mas quem rouba o show é Edna May Oliver, aterradora e encantadora como a tia de David. Uma grande produção de David Selznick. Nota 9.
   OS 3 MOSQUETEIROS de George Sidney com Gene Kelly, Lana Turner, June Allyson
Gene Kelly fazendo Dartagnan! Só em Hollywood! Esta versão, leve e colorida, alegre e boba, de Dumas, é um grande hit de seu tempo. E ainda diverte! Sidney foi um grande diretor de musicais, e apesar de ninguém cantar, o filme é levado no clima de um grande musical. Jogue fora seu senso de realidade e deixe-se apreciar tanta tolice bem feita. Vale muito a pena! Nota 7.
   DESTINO TOKYO de Delmer Daves com Cary Grant e John Garfield
O patriotismo deste filme envelheceu mal. Acompanhamos a missão de um submarino rumo ao Japão. Cary é o capitão, Garfield um marujo meio tonto e mulherengo. Filmes da segunda guerra costumam envelhecer mal. Não é excessão. Delmer foi um bom diretor de filmes noir e de westerns. Aqui ele se perde. Cary Grant está elegante como sempre, mas pouco tem a fazer. Nota 4.
   BREAKFAST AT TIFFANY`S ( BONEQUINHA DE LUXO ) de Blake Edwards com Audrey Hepburn, George Peppard, Patricia Neal e Martin Balsam
Nunca gostei muito deste filme. Acho-o superestimado. OK, Audrey esbanja chic, mas em qual filme ela não o faz? Então o reassisto pela segunda vez e nada espero dele, e talvez por causa disso o acho agora bacaninha. Incrível como toda coisa chic se mantém! Tudo em Audrey é chic, os óculos, as roupas, o gato, o modo desleixado de se portar, a loucurinha bobinha e até o jeitinho de falar. E acontece uma coisa engraçada, começo a achar que a personagem Holly é um travesti ! Pois é incrível como os travestís pegaram TUDO desta personagem!!!! O filme se torna então um tipo de farsa chic, um catálogo da Bazaar clássica, uma Vogue vintage, um luxo! Truman Capote escreveu e a trilha de Henry Mancini é tudo de bom! Um cocktail, um bibelô, uma mesinha de laca. Um mundo perdido que a gente insiste em amar. Nota 7.
   THE SOUND OF MUSIC ( A NOVIÇA REBELDE ) de Robert Wise com Julie Andrews, Christopher Plummer e Eleanor Parker
Após Mary Poppins eis que Julie surge como a noviça que vai cuidar de crianças na Suiça e as ensina a ser crianças. E o mundo se rende a ela. Este é o filme que tirou ...E O Vento Levou do alto das paradas. Um fenômeno! NUNCA eu vira o filme. Tinha preguiça e confesso, apesar de amar musicais achava que ele fosse bobo. Bobo? Ele é uma aula de otimismo, de beleza e de ritmo. As músicas, de Richard Rodgers são obras-primas, a direção, do mestre Wise, um cara que fez clássicos de boxe, sci-fi, comédia e drama, e Julie, uma figura esfuziante, enfeitiçante, com malícia inocente e uma liberdade fantasiosa irresistível. O mundo em 1965 se apaixonou por ela. Ainda percebemos porque. É um grande, grande filme! São 3 horas de completo prazer! Viva! Nota DEZ!

CARNÉ/ RAMPART/ MARY POPPINS/ A VOLTA AO MUNDO/ KING/ DERCY

   OS VISITANTES DA NOITE de Marcel Carné com Alain Cuny, Arletty, Jules Berry, Fernand Ledoux e Marie Déa
Carné dirigiu aquele que é considerado o maior filme já feito na França, O BOULEVARD DO CRIME. Este foi feito imediatamente antes. Rei do movimento do "realismo poético", uma onda de filmes pessimistas e simbólicos, tem roteiro do grande poeta Jacques Prévert. Fala de dois enviados pelo diabo, que na idade média, seduzem dois jovens apenas pelo prazer de seduzir. Mas o enviado masculino se apaixona, o que faz com que o diabo em pessoa apareça para o castigar. Não é uma obra-prima, mas é marcante. Abre possibilidades ao veículo, o da poesia. O elenco é estupendo. Nota 8.
   MARY POPPINS de Robert Stevenson com Julie Andrews e Dick Van Dyke.
Fenômeno da Disney, em termos absolutos é até agora o maior sucesso do estúdio. Otimista, irreal, infantil no bom sentido. Mary é uma babá que chega voando e ensina a compreensão. O filme nada tem de carola, mas é "antigo". Nada tem em comum com o mundo de 2012 ( aparentemente ). A trilha sonora dos irmãos Sherman é uma obra-prima. Se voce ama musicais vai adorar. Se não aprecia o gênero, fuja. Existem musicais que podem converter os não-apreciadores, este não é o caso. Nota 8.
   A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS de Michael Anderson com David Niven, Cantinflas e Shirley Mac Laine
Sucesso de bilheteria, é considerado dos mais fracos vencedores de Oscar de melhor filme ( mas perdeu a melhor direção ). Os críticos o detestam por ter derrotado grandes filmes em 1956. Mas se esquecermos disso é um agradável filme à Sessão da Tarde. Com 4 horas de duração, ele mostra a viagem de Fogg e seu criado Passepartout, bem lentamente. Eles voam de balão e apreciamos a paisagem, andam de trem e vemos a América, navegam e sentimos o mar. Relaxe e aprecie a viagem, mas não espere emoção ou adrenalina, é um tipo de calmante. Obra do produtor Mike Todd, o filme feito em regime de empréstimos e calotes, acabou sendo seu único título. Ele morreu logo depois. São multidões de figurantes, cenários imensos e locações pelo globo inteiro. Feito hoje seria bem mais fácil. Nota 6.
   CISNE NEGRO de Henry King com Tyrone Power e Maureen O'Hara
Não se trata da comédia de Aronofski em que Natalie Portman faz uma bailarina gótica perdida em universo fake. Aqui é um convencional filme de pirata com todos os ingredientes do gênero. Eu sou vidrado em barcos á vela e espadas com caveiras, então me satisfaz. King foi um dos diretores operário da época. Filmava muito, nunca errava, mas também jamais arriscava. Era bem melhor em westerns. Nota 6.
   ABSOLUTAMENTE CERTO!  de Anselmo Duarte com Dercy Gonçalves
Um Brasil pobre, bem terceiro-mundo. Esse país existiu? Gente conversa nas ruas em cadeiras, amigos assistem Tv juntos, na sala, e as janelas têm sempre alguém a olhar a vida passar. O filme, ruim, vale só por isso, retrato antropológico de um mundo ido. Um passeio de Porsche pelo Anhangabaú vale o filme. E Dercy era ótima! Nota 1
   RAMPART de Moverman com Woody Harrelson e Ned Beatty
É sobre um policial. Ele vive em casa num meio feminino, filhas e esposas ( ex e atual ). No trabalho ele é duro, frio, violento. O trabalho de Woody é ótimo, se parece com o Clint ator, cheio de raiva contida. Mas é um filme pequeno. Típico pastiche do cinema dos anos 70 mas feito com o vazio tristonho do século XXI. Imagens pobres, closes fechados, câmera trêmula...antes de o ver eu já sabia a forma que teria. Vamos a um adendo. Há quem me fale que não consegue entender do que eu gosto. Como posso gostar de musical e western? De filmes trágicos e de comédias? Bem... o que me guia é o prazer. Só o prazer. E tenho  prazer em ver algo que me surpreenda, ou que seja estéticamente bonito, ou que me faça rir e chorar. Não me importa se fala de dançarinos ou de detetives, de cowboys ou de crianças. Se seja feito em 1980 ou 1921. Quero ter prazer. Nada de tédio, de sacrifício, de obrigação em me educar ou atualizar. Quero o gosto de ver a inteligência na tela. Certo????  Este filme de prazeroso só tem a atuação de Woody. Nota 5.
   EL CONDOR de John Guillermin com Lee Van Cleef e Jim Brown
Faroeste italiano feito nos EUA. No começo dos anos 70 o western tava tão por baixo que os americanso começaram a imitar a imitação italiana. Resultado: violência barata e heróis porcalhões. Jim foi um astro do futebol americano. Interpreta como um receiver. É um lixo, mas pelo menos o filme assume isso. Torna-se simpático. Nota 3.
  

Mary Poppins - Supercalifragilisticexpialidocious The English Way



leia e escreva já!

MARY POPPINS ( É POSSÍVEL SE FAZER UM FILME ASSIM HOJE? )

   Julie Andrews trabalhou no vaudeville inglês desde criança. Adulta, criou o personagem de Eliza Doolittle no MY FAIR LADY original. Brilhou depois na Broadway, nesse que foi o maior fenômeno de sua história. Mas quando Jack Warner resolveu filmar MY FAIR LADY resolveu dar o papel de Eliza para Audrey Hepburn. Julie Andrews reagiu como uma lady.
   Ao mesmo tempo, após passar vinte anos tentando convencer a autora P.L.Travers a ceder os direitos, Walt Disney, em pessoa, preparava Mary Poppins. Uma noite na Tv, viram Julie Andrews numa cena de CAMELOT, ao lado de Richard Burton. MARY POPPINS seria o primeiro filme de Julie Andrews. E em sua estréia lhe daria o Globo de Ouro e o Oscar. Vencendo...Audrey Hepburn em MY FAIR LADY...
   O filme conta a história de uma babá que na Londres de 1910 vai cuidar de um casal de crianças. Elas são filhas de um pai que só pensa no trabalho e de uma mãe "politizada". O que Mary Poppins fará com as crianças? Liberará TODA a sua fantasia. E nesse processo o filme pode ser visto de dois modos.
   Como obra-prima do cinema para crianças ( mas não infantil ), ele valoriza a inocência. Mas não é a inocência passiva, é sim a ativa fé na criatividade, no jogo e na fantasia. Ter sido  criança e ter visto este filme no cinema se revela uma experiência para o resto da vida. Mary mostra aquilo que toda criança tem em si-mesma. Ela joga com imagens, com palavras e com as emoções. Mas há no filme uma visão adulta também, e essa se revela muito rebelde.
   Feito em 1964, no inicio da contra-cultura, o filme antecipa em dois anos o que seria dominante na swinging London de 1966. Mary Poppins voa quando quer, tira objetos imensos de sua bolsa, viaja pelas tardes de sol. E se não houver sol, ela faz com que ele surja. Mais que isso, ela ensina a se imaginar a vida, a se criar a própria realidade. Mas é no personagem de Dick Van Dyke que mora a contra-cultura.
   Bert, esse personagem, é pintor, limpador de chaminés, músico e poeta. É um hippie de 1910. Tudo para ele pode ser divertido. E trabalho tem de ser visto como coisa criativa, ou não vale a pena. O filme, pasmem, feito para crianças, prega abertamente a inutilidade do trabalho, a morte que existe na rotina cotidiana. O pai, pobre coitado, só pensa na moral vitoriana, naquilo que é util e racional. Mary Poppins instaura o reino da irracionalidade e do maravilhoso inutil.
   Cena das mais hippies é aquela do velho Uncle Albert, um homem que ri sem conseguir parar e que ao rir sai voando pelo quarto. Quem pensou em maconha acertou.
   A trilha sonora é dos irmãos Sherman. Richard morreu semana passada. É uma trilha genial. As músicas têm todas o sabor do music hall inglês, são como cançõe de pub, para se cantar em grupo e dando piruetas. Tanto Julie como Dick fazem com que nos apaixonemos por elas. Voce vai dormir pensando no que viu e acorda cantarolando.
   Porque não se faz mais um mísero filme como este? Tão feliz, alegre, pra cima, que faz com que seu público se sinta inspirado, confiante, leve?
   Ele foi um fenômeno de bilheteria e penso que hoje seria um sucesso na Broadway mas jamais nas telas. Ele pede gosto de seu público. Bom gosto e ausência de cinismo. Além do que não temos uma Julie Andrews dando sopa por aí. E nem compositores como os Sherman. Muito menos Walt Disney. Musicais são os mais trabalhosos dos filmes. Eles precisam de dezenas de grandes talentos. Ou o fiasco se faz. Um musical precisa de atores que cantem e dancem e que possuam simpatia avassaladora. Precisam de frases curtas e leves. De um diretor que entenda de ritmo e de harmonia. De excelentes cenógrafos. De músicas que grudem e conquistem em um minuto. E de muita fantasia. Mas os musicais precisam acima de tudo de um público que se permita flutuar. Que se solte. Educado para a poesia dos musicais.
   MARY POPPINS tem cinco canções que são obras-primas. Cinco. Uma delas levou o Oscar de canção. Ela é cantada até hoje. Quem lembra da canção que venceu no ano passado?
   Candidatos a melhor filme em 1964:
   DOUTOR FANTÁSTICO de Kubrick; MY FAIR LADY de Cuckor; BECKETT de Peter Glenville; MARY POPPINS de Robert Stevenson e ZORBA O GREGO de Cacoyannis. Eu só não conhecia Mary Poppins. Já conheço. Os cinco mereciam vencer.  E só pra humilhar, os atores daquele ano foram Richard Burton, Peter O'Toole, Peter Sellers, Anthony Quinn e Rex Harrison. Tá bom?
   Uma cena como aquela do telhado em que dezenas de limpadores de chaminés dançam de tarde, ou um final como aquele das pipas vale por cada centavo gasto em sua produção. Que delicia de filme!!!!