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PEQUENA ANTOLOGIA AMOROSA- JUAN DE LA CRUZ, LA NOCHE ESCURA...

   São duas noites. Na primeira o Eu vai a seu limite em clareza. Sentidos e inteligência usados ao máximo. A hiper-afirmação da vontade. Na segunda noite vem o esquecimento. Abrir mão de tudo. Não mais ser. Largar-se nas mãos do Amor. Morrer então, para assim ser eternamente.
   Juan de La Cruz foi monge. Espanhol do século barroco. Feito Santo por Pio XI. Uma vida de ansiedade em busca da comunhão com o divino. Suas palavras poéticas choram e se humilham. Comemoram e se erguem depois. A destruição absoluta do eu para dar lugar ao nascimento do não-ser, da comunhão com a Divindade. Sentimento que nos é inalcansável. Espírito distante de nós. Juan seria hoje calado e ridicularizado. Medicado.
   Clássico da alma espanhola, da negra noite da Espanha, busca pela negação, afirmação da condição sagrada da vida. A alma de Juan sai da sua casa e plana livre pelo escuro e ansiando pela paz absoluta. Perturbador, para nosso tempo incompreensível, lê-lo jamais é um prazer.
   Mas é estranhamente real. Para aquele que sofreu é um reencontro. Um âmago secreto. Um nó.
   Fonte de poesia. E além...