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FLIC STORY - JACQUES DERAY, UM GRANDE FILME POLICIAL

Para quem não sabe, Flic é gíria francesa para policial, seria "tira". Jacques Deray foi o melhor discípulo de Melville, o diretor que melhor desenvolveu um tipo de filme policial genuinamente francês. Neste filme de 1975, Deray nos conta uma história real, acontecida nos anos 50 em Paris. Um assassino foge da prisão e um policial de elite tenta o capturar. Ao contrário dos filmes americanos o destaque aqui é para o perfil, a personalidade de policial e de assassino. Existem muitas cenas de tiros, de mortes violentas, ação, mas o coração do filme está na exibição da alma dos dois protagonistas. Jean-Louis Trintignant faz o killer. E, sem dúvida, é um dos mais perfeitos monstros já criados por qualquer ator. Olhos frios, rosto sem expressão alguma, ele mata como quem acende um cigarro. É indiferente, é banal, é cruel. Cada gesto desse ator extraordinário é violência fria. Alain Delon faz o policial. Delon também brilha, mas seu papel é mais ingrato por ser menos "sensacional". O policial odeia ser violento, tenta obter informações por meios sutis, é paciente, espera, deixa o tempo correr. Delon conduz o filme, nos entretém, nos faz torcer por ele. Não consigo lembrar de uma só cena nesse filme que pareça supérflua. Todas as tomadas são perfeitas, exatas, tensas, acertam seu alvo. É o tipo de filme que deveria ser exibido e estudado em escolas de cinema. Como acontece nos filmes de Melville, os personagens vivem por seu trabalho, sua missão, mesmo que esse trabalho seja roubar e matar. Todos executam cada ato, cada fala com precisão absoluta, o que nos faz pensar em samurais. Melville gostava de dizer que seus filmes eram faroestes feitos na Paris moderna. Eu diria que são filmes de samurai feitos na França. Falo de Melville porque isso se aplica a Deray, um perfeito esteta do policial. E caso voce não saiba, o grande tema de nosso tempo é a violência, o crime, a escolha entre ser bom ou ser mau. Eu amei este filme e sei que voce irá amar também. Veja.

A Scene from LE SAMOURAÏ

O SAMURAI, UM FILME DE MELVILLE COM ALAIN DELON. UM TRATADO SOBRE O COOL.

Aviso que O SAMURAI não é um filme típico de Melville. E aviso também que Jean Pierre Melville é talvez meu diretor favorito do cinema francês. O SAMURAI, feito em 1967, é o filme mais elogiado feito por Melville, mas não é meu favorito. BOB LE FLAMBEUR é imbatível. Revejo O SAMURAI. O que sinto, o que vejo? ------------------ Alain Delon é Jeff Costello, um assassino de aluguel. Na primeira cena ele está deitado, vestido, em seu quarto. Uma cama, um armário, um passarinho na gaiola. O quarto é pequeno, sujo, e ao mesmo tempo é estremamente arrumado. Tudo em seu lugar preciso, cada coisa completamente à postos. Delon pouco fala no filme, seu rosto não muda de expressão. Ele não sorri, não demonstra medo ou raiva. Mas Delon não é um Eastwood. Clint é impassível e seu rosto é sempre indecifrável. Delon é impassível mas deciframos ou pensamos decifrar sua alma. Neste filme achamos que estamos vendo dor ou raiva em seu rosto, talvez solidão? Alain Delon sempre foi muito melhor ator do que se pensa. Por ser uma super estrela tende- se a o perceber como "uma personalidade". Ele é mais que isso. Tinha a capacidade de transmitir dor sem fazer esforço algum, de ser mau sem abrir a boca, parecia explodir em silêncio. ------------------- Costello mata um homem, é pego como suspeito, a polícia o pressiona, ele foge, é traído. E no meio de toda essa ação o que vemos é Alain Delon colocar seu chapéu, vestir o terno preto, deitar sobre a cama, andar pelas ruas, roubar um carro. ------------------- Melville se deixa parar sobre atos que parecem à toa: um curativo feito no braço, o vestir-se, a porta sendo trancada. São dezenas de cenas que parecem gratuitas, sem porque. Cenas longas, sem música, METICULOSAS. Noto então o sentido do filme: ele é sobre método, sobre precisão, sobre um homem que faz tudo corretamente, cada gesto é econômico, exato, perfeito. Eis o foco: ele é um samurai, e quando ele coloca um esparadrapo no braço ou alisa a aba do chapéu, é como um samurai golpeando seu inimigo. Cada movimento é perfeito, leve, sem nada fora do lugar, gestos de arte pura. ---------------- E se Delon-Costello é assim, Melville também é. O filme é um ataque de espada, aço que corta o ar. E como vemos nos filmes de samurai do Japão, para haver o golpe é preciso horas de preparação. Quando uma arma dispara ela se move de A para B sem nada que a distraia. O braço e a arma se tornam um objeto único. -------------- Costello foge da policia no metrô, nas estações, nas ruas. A ação acontece em silêncio, em economia, em suspensão. Matemáticamente. O filme é cartesiano, e por isso é 100% francês. Nenhum outro país poderia fazer um filme como este, tão seco, tão preciso, tão cool. Concentrado.----------------- Sim. Não há filme mais cool que este. Costello é gelado, alheio e atento, um tigre. A SOLIDÃO DO SAMURAI SÓ PODE SER COMPARADA À SOLIDÃO DO TIGRE NA SELVA. Melville abre o filme com essa citação. Diz ser do livro Bushido, dos samurais. Mas é mentira. Essa citação não é japonesa. Foi inventada pelo diretor. -------------- Em que pesem Bogart e Mitchum, Alain Delon é o ator mais cool do cinema. E Melville o mais cool dos diretores. Não há ator que seja tão cool em papeis tão antipáticos. E não há diretor que seja tão cool em filmes tão pouco afetados. A impressão que tive é que diretor e ator fizeram o filme em tal estado de concentração que nada poderia entrar na obra sem estar em foco absoluto. Tudo nele é importante e nesse mundo há quase nada. Eis a palavra que procuro e agora encontro: ZEN. --------------- O ZEN se encontra quando conseguimos fazer um ato simples com absoluta precisão e suprema perfeição. Para isso é preciso que olhar um passarinho ou dar um nó de gravata seja tudo o que existe para quem o faz no momento eterno em que o faz. O SAMURAI é isso: Costello é zen: ajeitar o chapéu com tamanha concentração é atingir o zen. --------------- Melville sabia tudo. Seu filme é nú. Seu filme é simples. Seu filme é perfeitamente conciso. Seu filme é zen.

OSCAR WILDE....LEE MARVIN...BERLIOZ...HITCHCOCK...FRY

   À QUEIMA ROUPA de John Boorman com Lee Marvin e Angie Dickinson.
Este filme, um original, começa bastante confuso. Isso porque Boorman mistura passado e presente, embaralha. Mas após 10 minutos as coisas começam a clarear. As pessoas falam que o filme tem influências da Nouvelle Vague, mas não, ele é puro Melville. Marvin, mais durão que nunca, é um bandido que foi traído. Procura vingança. Visual arrojado, trilha sonora invulgar, anguloso e estranhamente sexy. Tarantino ama esse filme. E faz tempo que Quentin não faz um filme tão bom quanto este. Obrigatório.
   SINFONIA FANTÁSTICA de Christian-Jaque com Barrault, Berry, St.Cyr e Blier.
Biografia de Berlioz. O filme é chavão, cliché, mas a gente ainda o assiste com prazer. Berlioz sofre pacas e fica famoso já velho. Mesmo assim, não é feliz. Barrault foi o maior ator do teatro francês. O Olivier de lá. Jaque foi o diretor mais odiado pela Nouvelle Vague. Ele era correto. Profissional.
   RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM de Joseph Strick
A adaptação do romance de Joyce até que funciona. Li o livro uns 20 anos atrás e detestei. O filme mostra toda a ira do jovem contra sua educação religiosa. Os padres são ruins pacas! Há um belo clima irlandês no filme e apesar de sua pobreza é um filme ok.
   OS 39 DEGRAUS de Hitchcock com Robert Donat e Madeleine Carroll.
Ao conhecer uma menina que é fã de Hitch, resolvo assistir mais uma vez este filme da fase inglesa do mestre. Devo já ter visto cinco vezes, e continua sendo um prazer. Trata do tema central de Hitch: culpa. Fuga. Injustiça. Clássico.
   OSCAR WILDE de Brian Gilbert com Stephen Fry e Jude Law.
Fry é Wilde. Nunca em um bio vi um ator tão adequado a um papel. Mas o filme, longe de ser ruim, não está à sua altura. Law é também perfeito como Bosie, o tolo amante mimado de Wilde. O clima de época é maravilhoso.
  TARKOVSKI
  O SACRIFÍCIO. No aniversário de um patriarca acontece a notícia do holocausto nuclear. É o mais assustador filme do russo. O cenário desaba em dor e em cenas quase incompreensíveis. Ele passa muito perto neste filme do absoluto fracasso, mas o filme acaba sendo salvo por algumas cenas inesquecíveis.
  NOSTALGIA. Este não. Ele passa do ponto, e aqui, em seu último filme, Tarkovski erra. O filme é chato, chato se recompensa. Não há como suportar cenas tão longas e tão sem por que. Falta a poesia que tudo redimia.
 

JEAN-PIERRE MELVILLE ERA UM GÊNIO VIRIL* BELMONDO* DELON* DE PALMA* CARLYLE* CASSEL*

   DOCE VENENO de Jean-François Richet com Vincent Cassel, François Cluzet e Lola LeLann
Dois amigos levam as filhas para férias na Córsega. Daí pra frente não conto. Começa como comédia leve de depois vira drama. Começa muito bom e depois fica mais ou menos. Duas coisas legais: a beleza absurda de Lola LeLann e o não moralismo de um tema que no cinema americano acabaria em morte e vingança. Vale ver. Nota 6.
   A LENDA DE BARNEY THOMSON de Robert Carlyle com Robert Carlyle, Emma Thompson e Ray Winstone.
Um humor muito negro. Muito mesmo. Estamos na Escócia. Tem um barbeiro que não consegue ter vida, é um chato. Há uma série de crimes. E uma mãe hiper suja e perua. Mistura tudo isso e dá neste filme. Meio Tarantino ( antes dele se achar artista ), o filme é sanguinolento, colorido, esquisito e divertido. Surpreendente. Nota 7.
   EXÉRCITO DO PAI de Oliver Parker com Bill Nighy, Catherina Zeta-Jones, Toby Jones, Michael Gambon e Tom Courtney.
Em 1944, numa cidade costeira, um bando de velhos ingleses guarda o país contra um ataque alemão. Um antiquado filminho muito inglês com humor inofensivo e bobo. Não, não é um bom filme. Uma pena, os atores são ótimos. Nota 3.
   PICASSO E O ROUBO DA MONA LISA de Fernando Colomo
Filme ítalo espanhol que ao unir um monte de nomes da arte ( Picasso, Matisse, Appolinaire, Gertrude Stein etc ) pensa fazer algum tipo de coisa esperta e interessante. Não! O filme é uma besteirada. Um filme que fala de arte moderna e é totalmente previsível não pode ser grande coisa.
   TRÁGICA OBSESSÃO de Brian de Palma com Cliff Robertson e Genevieve Bujold.
Nos extras deste dvd um crítico francês diz que este filme de 1976, homenagem de De Palma à Vertigo, é melhor que o filme genial de Hitchcock. Melhor por levar mais a fundo aquilo que Hitch apenas aponta...Arre!!!! Este é um xaroposo e empetecado filme viagem hiper elaborado metido a grande arte. Um porre de uma chatice exemplar.
   O CÍRCULO VERMELHO de Jean-Pierre Melville com Alain Delon e Bourvil.
Uma obra-prima de 1970. Eis o grande tema de Melville: a honra entre ladrões. A amizade entre homens. Tudo aqui é perfeição. Vemos Delon, como um ladrão solitário. Ele ajuda um outro ladrão em fuga da policia. Tudo neste filme une extrema aridez, completa virilidade, com rigor e poesia não aparente. Imensa influência sobre os filmes de Hong Kong. Cada take é uma aula de cinema. Nota MIL.
   TÉCNICA DE UM DELATOR de Jean-Pierre Melville com Belmondo.
Uma complicada trama sobre um dedo duro, um assassinato, policiais e mulheres fatais. Belmondo dá um show como um alcagueta que anda pelo mundo do crime com nervos de aço. Tarantino sabe este filme de cor e não à toa este filme tem passagens que ecoam no episódio de Butch e Fabienne em Pulp Fiction. Muito jazz e muito ritmo e um suspense que explode em seu final sublime. Nota MIL.
   DOIS HOMENS EM MANHATTAN de Melville
Este é ruim. São dois jornalistas tentando encontrar em NY um diplomata sumido. Cenas noturnas de NY em 1959 não salvam este filme de roteiro fraco.

BOB, LE FLAMBEUR/ NOÉ/ MONICELLI/ SAMURAI/ UCHIDA/ AGATHA CHRISTIE/ BURT REYNOLDS

   NOÉ de Darren Aronofsky com Russell Crowe
O mundo do velho testamento encontra a Marvel. Os anjos caídos são personagens Marvel. Mas o Deus de Noé é o Deus vingativo da Bíblia Judaica. Aronofsky continua interessado em teimosia. Todos os seus filmes tem alguém que cai vítima de uma obsessão. Noé é teimoso em sua missão. E o filme se vulgariza com problemas familiares típicos de filmecos dos anos 2000. Um teen quer transar, a mãe defende a prole etc. O final é um belo achado. Ao sentir compaixão pelos netos, Noé adentra o universo da Bíblia de Jesus, o mundo onde o Amor é Deus. Noé dá o salto de Jeová à Jesus. Bonito. Russell é o Charlton Heston que se tem. Sem a nobreza de Heston e sem sua voz bíblica, Russell está mais para bárbaro que para herói antigo. O filme é ok. Aronofsky ao menos se livrou daquela papagaiada pseudo-profunda de Cisnes pretos e bailarinas infantis. Nota 6. Ah sim, o filme tem uma trilha sonora muuuuuito nada a ver.
   UM RALLY MUITO LOUCO de Hal Needham com Burt Reynolds, Shirley MacLaine, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jackie Chan, Telly Savalas...
Um elenco impressionante num dos piores roteiros já escritos. Um bando de corredores participa de uma corrida de L.A. até NY. Triste ver gente como Dean e Sammy em papéis que chegam a ser humilhantes. E Shirley está ainda mais mal aproveitada, um papel errado e bobo. Recentemente deram um Oscar honorário para Hal Needham. Nunca deram um para Anthony Mann ou para Preston Sturges. Isso diz muito sobre o Oscar. Este filme foi um fracasso e não lançou o jovem Jackie Chan na América. Ele iria esperar mais dez anos para estourar em Hollywood. Este filme é tão bobo que ele faz um tipo de otário japonês ( !!!!!! ) e quase não luta. Se salva alguma coisa? Telly Savalas, que tem um papel ok.
   SHERLOCK DE SAIAS de George Pollock com Margareth Rutherford, Robert Morley e Flora Robson
Miss Marple é uma velha dona de casa que desvenda crimes por hobby. Personagem criada por Agatha Christie, ela talvez seja mais interessante que Poirot, o outro ícone criado pela dama inglesa. Aqui ela desvenda a morte de um herdeiro. O filme é delicioso para quem gosta de coisas very british. Há cavalgadas de tarde, lareiras campestres, noites com vento, muito chá e tolos excêntricos. Tudo o que eu gosto. Um filme popular de uma série longa com uma atriz muito amada. Bom passatempo. Nota 7.
   BOB, LE FLAMBEUR de Jean Pierre Melville
Bob é um veterano. Ex-bandido, agora amigo de um delegado. Bob frequenta prostitutas mas não as leva pra cama. Bob ajuda amigos otários e odeia malandros cheios de si. Bob se veste como Bogart e vive em meio a cigarros, bebidas e muito jazz. Bob está por um fio e ele é mais noir que um filme noir. Bob é francês apesar de tudo, e tem a marca de Camus. Bob é uma obra-prima. Melville amava a América. Amava carros amaericanos, jazz e filme de Huston. Ele criou Bob, filme com atores que foram eles mesmo bandidos. É um filme malandro, inspirador, muito viril. É atemporal. Uma aula de comportamento sob pressão. Aula de estilo. Bob é o cara! Melville é o cara! Este filme é do cara. Nota Um Milhão.
   MEUS CAROS AMIGOS de Mario Monicelli com Ugo Tognazzi, Philipe Noiret, Gastone Mosquin.
O que é a amizade masculina? Sim caras mulheres que não nos conhecem, a amizade é isto aqui. Um bando de homens de meia-idade fazendo aquilo que homens adoram fazer: sendo adolescentes. Eles são bobos, alegres, emotivos, sarcásticos e têm uma fidelidade férrea aos amigos. O filme é uma coleção de travessuras. E, como é do grande Monicelli, mostra o outro lado dos amigos, seu lado coração. É um filme lindo, vibrante, inesquecível. Revejo-o sempre e sempre, e saio revigorado. Um fato: após rever este Monicelli e Bob Le Flambeur, eis que volta meu amor ao cinema! Viva! Nota Um Milhão!
   TREZE ASSASSINOS de Elichi Kudo
Saiu um box com seis filmes de samurai. Este é estéticamente admirável. Impressiona a forma como o cinema japonês sabe enquadrar. A arquitetura, o minimalismo dos ambientes. O filme é meio chato, pausado e um pouco artístico demais. Mas ao final tem uma longa cena de batalha que é digna de Kurosawa. Takashi Miike refilmou esta obra que é um clássico dos anos 60. Ah sim, fala de um grupo de 13 samurais que tenta destronar um lorde corrupto. Apesar da extrema lentidão inicial, vale muito a pena. Nota 7.
  A LANÇA ENSANGUENTADA de Tomu Uchida
Uma pequena obra-prima. Um filme de estrada. Um lorde viaja até Edo com dois servos. No caminho eles encontram um orfão, uma mulher, um velho e outros tipos. Uma mistura de humor, poesia e drama. Com ação. Tem uma cena maravilhosa: 3 senhores tomando chá numa estrada. Mistura magistral de absurdo, realismo, comédia, crítica social. O final é bastante trágico. Não conhecia esse diretor. Por este filme ele merece toda homenagem! Tão bom ter uma surpresa como esta! Nota DEZ.
  

  
  

KIAROSTAMI/ BINOCHE/ DEPARDIEU/ BECKER/ GROUCHO/ SCORSESE/ CLAIR/ DASSIN/ ROSSELINI

CÓPIA FIEL de Abbas Kiarostami com Juliette Binoche e Willian Shimell
Eric Rhomer ( de quem gosto ) fez filmes em que as pessoas falam e "nada acontece". Mas Rhomer tem um segredo: seus personagens são gostáveis. Torcemos por eles. Um americano ( quem? Linklater? ) fez um filme em que um casal conversa. É uma versão teen de Rhomer. Aqui temos Kiarostami fazendo uma versão adulta de Linklater ( se não for Linklater, sorry... ). Binoche continua bonitona. Shimell é ok. Mas o filme é um pé no saco! Motivo: os dois são detestáveis! O crítico de arte é de uma frieza nojenta e Juliette faz a típica divorciada amarga. São reais? Sim, são. O jogo de ocultamento/revelação é bem sacado? Sim, é. Mas e daí? Tudo se perde ( inclusive uma atuação perfeita de Binoche ) numa antipatia, uma chatura insuportável. Quando o personagem feminino desaba ao fim do filme, tudo de pior num relacionamento e num certo tipo de cinema cabeça vem a tona. É duro! Mas vale uma notinha pela atuação de Juliette. Nota 3.
DUCK SOUP de Leo McCarey com Margaret Dumont e os Irmãos Marx
Após o porre de sentido, de relevância e de seriedade vazia de Kiarostami, nada como a falta de senso de Groucho, Chico e Harpo para nos salvar. Este é o filme "politico" dos Marx. Freedonia que é governada por Groucho e entra em guerra "porque o campo de batalha já foi alugado". Amar os Marx é saber que viver é não fazer sentido. Nada neles faz sentido, nada. Seus filmes são carnavais sem enredo e comissão de frente. Duca! Nota DEZ!!!!!!!!!!!!
QUEM BATE A MINHA PORTA? de Martin Scorsese com Harvey Keitel
É o primeiro filme de Martin. Começou a ser filmado em 1965, e foi encerrado só em 68. Todo o seu estilo já está aqui: câmera em movimento, retrato de jovens perdidos, música pop. Impressiona o fato de que é um filme ainda moderno, lembra o estilo de Tarantino, Ritchie e vasto etc. Como todo novato Scorsese erra ao dar mais valor às imagens que ao roteiro, o filme às vezes se perde em sua história. Mas é uma refrescante visão de um imenso talento em seu nascimento. Nota 6.
O CÍRCULO VERMELHO de Jean-Pierre Melville com Alain Delon, Bourvil e Gian Maria Volonté
Por falar em Tarantino... Mais um dos filmes vigorosos de Melville. Mundo de ladrões, policiais e cabarets baratos. É um filme frio, duro, com uma contida violencia sempre latente. Delon é perfeito nesse papel de bandido sem alma. Melville foi um gigante, seus filmes jamais envelhecem. Virilidade em dose cavalar. Nota 7.
A BELEZA DO DIABO de René Clair com Gerard Philipe e Michel Simon
Finalmente vejo um filme em que o talento de Philipe me é exibido! Para quem não sabe é ele o grande mito do teatro e cinema francês. Morreu jovem... Aqui ele faz Mefistófeles, numa adaptação, em ritmo de farsa, do mito de Fausto. Simon é outro ator de gênio e é um prazer vê-lo em seus pulinhos de diabo bem-humorado. Clair, um dos cinco gigantes da França, tem o amor sincero pela poesia onírica do cinema. Sabia filmar sonhos e delirios. É uma obra invulgar, solta, febril e irreverente. Mas às vezes ela se perde em sua ambição. Clair era maior quando mais simples. De qualquer modo, é maravilhoso que filmes como este sejam lançados em dvd. Nota 6.
MINHAS TARDES COM MARGUERITTE de Jean Becker com Gerard Depardieu e Gisele Casadesus
Gerard Depardieu quando quer é um grande ator! A prova está aqui, neste filme que passou em nossas salas em Abril e que quase ninguém viu. Porque filmes tão bons quanto este são tão pouco vistos? Porque são adultos? Ou porque não são sensacionais? Não apelativos? É um filme discreto, elegante, simples, solar e muito feliz. Tudo o que hoje não dá ibope. Depardieu é um "burro", um homem de inteligência limitada, um bronco. Ele conhece uma velhinha que ama ler e os dois se tornam amigos. Nesse processo ele não se torna mais inteligente, mas adquire confiança em si. Tudo no filme funciona. Os amigos do bar, a namorada jovem, e principalmente a relação de Depardieu com a mãe não-maternal, mostrada em flash-back. O modo como Depardieu fala e se move, suas mãos imensas e suas hesitações são trabalho de gênio. Eu não gostava muito dele, mas este filme mudou meu conceito. É também um dos raros filmes de agora que consegue mostrar a verdadeira França e o verdadeiro francês. Espero que os americanos não o refilmem. Fariam do personagem central um viciado ou um caso psico, e da velhinha uma louquinha tarada. Fariam desta pequena jóia um filme "sensacional". Jean Becker é filho de um dos meus diretores favoritos, Jacques Becker. Os filmes que ele tem feito ultimamente são todos assim: maravilhosos. Veja!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Nota 9.
O RETORNO A CÂMARA 36 DE SHAO LIN de Lau Kar Leung com Gordon Liu e Johnny Wang
Produção do mitico estúdio Shaw Bros. Liu, espetacular, faz comédia como um mentiroso que se torna mestre de Kung Fu e salva trabalhadores de patrão cruel. Kill Bill é dedicado a Liu, um mito chinês. Lutas fantásticas num filme que dignifica o cinema pop. Os chineses viam o cinema como circo, como festa. É isso que temos aqui, uma festa. Nota 7.
ALEMANHA ANO ZERO de Roberto Rosselini
Em 1947, em ato de coragem, Rosselini foi a Berlin, filmar a vida na cidade vencida. O filme sempre irá impressionar: Berlin é um imenso lixão, onde pessoas esfomeadas vendem o que possuem. Temos aqui um ex-nazista, moças prostitutas, ex-professor pedófilo, velho agonizante. E principalmente um menino perdido, retrato da Alemanha de então, que rouba, foge, tenta se comunicar e acaba por matar seu pai. É um dos filmes mais tristes já feitos. O cinema de Rosselini continua a ser influência num certo tipo de cinema de hoje ( os iranianos, os palestinos, os africanos ), é cinema da pobreza, da crueza, e da ausência de emoção. Rosselini tenta ficar a distância, observa e não se envolve. O que salta aos olhos hoje é o absurdo de destruição que se fez em Berlin, creia, a cidade ficou completamente destruída. Nota 7.
PROFANAÇÃO de Jules Dassin com Melina Mercouri e Anthony Perkins
Primeiro: Dassin é um super diretor! Seja em policiais ou em dramas, seja em comédias ou em noir. Aqui ele pega a história de Fedra e a coloca na Grécia moderna, no mundo dos milionários armadores ( Onassis? ). Melina é a esposa de rico armador que se apaixona por seu enteado. Perkins, o jovem e frágil ator de Psicose, faz o enteado. A trilha é de Mikis Theodorakis, maravilhosamente trágica. Dassin vai fundo na tragédia grega, sem medo e sem pudor. O que vemos é a destruição de todos pela força da paixão cega. Mas a habilidade de Dassin é tanta que o filme nunca perde ritmo, suas imagens e sua edição dando suspense ( e nervosa beleza ) ao todo. Melina nasceu para esses papéis: seu rosto é máscara de tragédia. Anthony Perkins traz o desamparo de menino mal amado. O filme é poderoso. Nota 8.

ZURLINI/ ALAIN DELON/ RICHARD BURTON/ KEVIN KLINE/ MALKOVICH/ MELVILLE/ HITCHCOCK/ MILOS FORMAN

O MANTO SAGRADO de Henry Koster com Richard Burton e Jean Simmons
Burton interpreta este soldado romano como se em ressaca. Não reage. O filme, pop épico cristão, é de uma chatice sem fim. Nota 2.
O REENCONTRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, William Hurt, Glenn Close, Jeff Goldblum, Tom Berenger, Meg Tilly
É o segundo e o melhor filme de Kasdan ( roteirista de filmes de Lucas e Spielberg ). Fala de grupo de amigos que não se vê há mais de dez anos. Se reencontram no enterro de um deles, e esse amigo se matou sem que eles saibam o porque. Após o enterro, que nada tem de trágico, eles resolvem passar um fim de semana juntos. O filme é apenas isso, esse fim de semana, certas feridas reprimidas e relações mal resolvidas. Algumas cenas são bastante emocionantes, mas penso se essa emoção não é mérito apenas da trilha sonora ( é fácil emocionar com you can't always keep what you want ). De qualquer modo é um filme muito acima da média ( concorreu a Oscars em 1983, aliás, um belo ano para o prêmio ). Kline faz o alegre e bem sucedido pai de família, aquele que mais traiu os ideais hippies, Hurt é um ex soldado do Vietnã que ficou impotente, Goldblum é um jornalista cínico, mulherengo, Berenger um ator de tv e Meg Tilly a muito jovem ex-namorada do suicida. Ela é a ponte da geração hippie, que se tornou materialista, e a geração doidinha dos anos 80, que tenta reviver os ideais dos ex-inconformistas. Kevin Costner faz o defunto, todas as suas cenas em flash-back foram cortadas. Todo o elenco brilha, são todos atores adoráveis que teriam tido melhor sorte se tivessem vivido na era de De Niro e Pacino. Bons papéis começam a rarear exatamente a partir daqui, 1983. Para quem tem amigos antigos é um filme obrigatório. Nota 7.
KLIMT de Raul Ruiz com John Malkovich e Saffram Burrows
Picaretagem pura. Um lixo metido a grande arte, um pedante exercício de virtuosismo vazio. Aqui está a afetação máxima em cinema. Odiável! Malkovich está tão ruim quanto. Ah... o filme é sobre o pintor austríaco. Quem espera um retrato da brilhante Viena da épóca, fuja. Nota ZERO.
OS PROFISSIONAIS DO CRIME de Jean Pierre Melville com Lino Ventura
Será Melville o melhor diretor da história do cinema francês?....Quem sabe?...Clouzot, Clair, Bresson, Cocteau...Os filmes de Melville são filmes de quem ama Bogart. Mas são ainda mais viris que Bogart. E mais realistas. Bandidos passam a perna uns nos outros e a policia tenta entender o que se passa. Ventura é um ex-detento. E Melville faz tudo com cenas curtas e cortes muito secos. O filme foge do glamour, mas é cheio de jazz. Poucos entenderam tão bem o que é o jazz quanto este francês. Filme para Homens. Cigarros, carros sujos, botecos e armas pequenas. Eu adoro os filme deste cara!!!! Nota 8.
MURDER! de Alfred Hitchcock com Herbert Marshall
É o primeiro filme falado de Hitch. E é cheio de truques de imagem. Mas percebe-se sua origem teatral, algumas cenas são absolutamente estáticas. Longe das obras-primas do mestre, vale para se conhecer Herbert Marshall, um dos mais elegantes atores ingleses do século. Nota 5.
OS AMORES DE UMA LOURA de Milos Forman
Começa com uma menina tcheca cantando rock em tcheco. É 1965. Época de Kundera e Havel. Três anos antes do massacre. É o primeiro filme de Forman. E é dos seus melhores. Jovens tchecos tentam viver e amar e entre eles há uma moça loura. Quem amar? Os jovens são desajeitados e egoístas, os mais velhos são feios e casados. O estilo de Forman se revela aqui: ele ama rostos banais, gente feia, vulgar e estranhamente magnética. Os ambientes são grotescos, pobres, mesquinhos, mas eis o segredo: são nossos ambientes. É maravilhoso ver um filme com gente de verdade, com fedor, espinhas e roupas sujas. Nada de "mundo cão" falsificado, mas o mundo suburbano como ele de fato foi/é. Há uma cena em baile de soldados, em que as três meninas são paqueradas por três gordos de meia-idade, que é perfeita. A cena é muito cômica, ridícula, comovente e cheia de suspense. Milos Forman já surge sabendo tudo. Um toque: entre 1965/1968 o cinema tcheco era o mais amado por criticos e festivais ( e levaram dois Oscars, em 66/67 ), este filme mostra o porque. Com a invasão dos tanques russos tudo isso seria destruído. Nota 7.
A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE de Valerio Zurlini com Alain Delon, Sonia Petrova, Renato Salvatori e Gian Carlo Gianninni
Um poema melancólico. A história de um homem que vive sem raiz, sem ilusão, sem afeto. Tenta ser indiferente a vida. Mas se perde ao conhecer uma mulher. É dos mais perfeitos exemplos de uma alma delicada sendo dilacerada pelo mundo estúpido. Belo, implacávelmente belo, este é aquele tipo de cinema que dignifica a arte e em meio a tanta estupidez nos recorda o porque de tanto amarmos filmes. Zurlini era um poeta. NOTA DEZ!!!!!!!!! ( critica abaixo )
A MULHER DO SÉCULO de Morton da Costa com Rosalind Russell
Este filme serve como uma prova: a prova de que alguma coisa se perdeu na América. Porque? Veja: este filme, sofisticadérrimo, foi um sucesso em 1959. Hoje ele nem seria feito. Baseado em peça da Broadway, fala de garoto que é criado por tia triliardária e excêntrica. Ela o ensina a ser livre. O filme é documento de um certo tipo de snob americano da época, o americano novaiorquino que amava arte hindú, poetas russos doidos e professores franceses de arte grega. Rosalind Russell dá uma aula de humor, de elegância, de prazer em viver. Aliás, o filme é um maravilhoso anti-depressivo. Temos a defesa de mães solteiras, de judeus, da diversidade, das "portas que se abrem". Para a época é uma mensagem ousada. Mais que isso, o filme é uma festa, com seus cenários luxuosos, o diálogo sempre interessante, atores carismáticos e cores vibrantes. Assiste-se com esfuziante prazer. E não se emburrece, enobrece-se. Voce assiste e se sente feliz, que mais querer? Obrigatório!!!!! NOTA DEZ!

ABEL GANCE/ MELVILLE/ LOSEY/ WARREN BEATTY/ KUROSAWA

NAPOLEÃO de Abel Gance
O mítico filme de Gance, quatro horas de duração, restaurado por Coppolla e com linda trilha musical de Carmine Coppolla, pai de Francis. Não conheço filme silencioso melhor que este. Se o roteiro chega a ser piegas ( Napoleão é visto como um deus ) a forma como Abel conta a história é coisa de gênio consumado. Montagem caleidoscópica, câmera que voa sobre multidões, fusões violentas, tempestades no mar, a famosa batalha na neve, cavalos em carga, cenários imensos. Gance usa tudo o que era possível usar e inventa o que não existia. O filme é de um louco apaixonado por cinema e por Napoleão. Obra-prima. Nota DEZ.
JONES FAIXA PRETA de Robert Clouse com Jim Kelly
Blaxpoitation. Um filme ruim, mas que é uma delicia. Sobre escola de karatê que se defende de máfia. Roupas maravilhosas dos anos 70, trilha sonora black, cabelões afro, carrões. Um tipo de filme "pulgueiro", que alimentava as salas de bairro. Os velhos cines da Santo Amaro, São João, Ipiranga e de Pinheiros, Brás, Moóca e Lapa. É pra rir. Ah sim!!!! Dá pra se imaginar Tarantino vendo e revendo este filme vezes sem fim. Nota 5.
CORRIDA MORTAL de Paul W.S. Anderson com Jason Statham e Ian McShane
Aquela coisa. Se antes o filme pop era solar e cômico, hoje eles são sombrios e pessimistas. Um cara vai para a prisão e passa a correr em provas mortais. Um vale tudo das pistas. O filme é só edição. Quase nada se vê. Rostos, cenários e reações ficam em segundo plano, a velocidade é tudo. È mais um video-game que um filme ( assim como o cinema dos anos 30 era mais teatro, o dos 50 literatura ). É divertido, mas dificilmente voce vai conseguir lembrar de alguma cena no dia seguinte. Barulho e ação que nada significam. Nota 5.
O SAMURAI de Jean-Pierre Melville com Alain Delon
Melville tem estilo. Ele é ultra-cool. E Delon faz um assassino cool perseguido por delegado que o detesta. O filme é quieto, zen, lento. Mas é cheio de toques excêntricos. Não se compara a super obra-prima do cool, BOB LE FLAMBEUR, mas tem sua originalidade clean. Nota 7.
O MENSAGEIRO de Joseph Losey com Julie Christie, Alan Bates, Michael Redgrave, Margaret Leighton e Edward Fox
Com trilha sonora de Michel Legrand ( talvez sua melhor ), fotografia de Gerry Fisher e roteiro de Harold Pinter. Uma crítica ao sistema de classes inglês. Mas também ao modo como os adultos tratam adolescentes, como o amor é usado, uma exposição do egoísmo. O filme é moderno, nada tem desses filmes bonitos sobre a época vitoriana. Losey, sempre um rebelde, filma o passado de um modo arrojado. Sem pompa e sem cerimônia. O filme então nada tem de saudoso, ao contrário, ele abomina o que mostra. Marcante. Nota DEZ.
YOJIMBO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Uma das melhores aventuras já filmadas. É um samurai-western. Mifune tem momento de gênio, cria um mito. O filme, relaxado, foi o grande sucesso de Kurosawa. Sendo influenciado pelo cinema americano, acabou por mudar o próprio cinema de Hollywood. As cenas de ação são maravilhosas. Nota DEZ.
SANJURO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Um tipo de continuação de Yojimbo. Mas aqui a ação é menos elaborada e o filme é na verdade uma bela comédia. Algumas cenas são muito engraçadas. Mifune faz o personagem com carinho e exagerando seu lado "tosco". O capricho visual não é tão grande e este filme acaba tendo um jeitão de brincadeira feita às pressas. Nota 7. ( A cena final é pura genialidade ).
SUBLIME OBSESSÃO de John M.Stahl com Irenne Dunne e Robert Taylor
Inacreditávelmente antiquado. Uma patasquada melô. Não falarei do enredo, é risivel. Nunca é chato, nunca irrita, mas é de uma tolice atroz!!!! Douglas Sirk o refilmou, ainda não assisti o que o alemão talentoso fez com isto. Se conseguiu fazer um bom filme, é gênio. Mas este original é argh!!!!! Nota ZERO
REDS de Warren Beatty com Warren Beatty, Diane Keaton e Jack Nicholson
Houve um tempo, 1981, em que a Paramount ousava fazer um filme de quatro horas, caríssimo, sobre um herói do comunismo. Sim!!! John Reed foi um americano dos anos 10/30 que foi enterrado no Kremlim ( o único ). O filme defende os sindicatos, os vermelhos, a revolução russa, a liberdade de imprensa. Warren, e quem leu o livro de Peter Biskin sabe o quanto Warren é grande, ganhou um Oscar de direção com este filme. Simbolicamente, o prêmio homenageou a Hollywood liberal dando a láurea a seu maior batalhador. 1981 simboliza a renascença do cinema família, REDS é o epitáfio da rebeldia. Sabendo de tudo isso, queremos adorar o filme, mas, que chato, isso não acontece. O filme é aborrecido, longo demais, e Diane Keaton está perdida. Sua Louise Bryant é apenas uma histérica. Em compensação Beatty está comovente como o idealista e meio ingênuo Reed. Jack Nicholson faz um Eugene O'Neill bastante convincente. O melhor é a fotografia de Vittorio Storaro e os depoimentos dos personagens reais, gente que conheceu John Reed. Então vemos durante o filme as intervenções bem-vindas de Henry Miller, Will Durant, Rebecca West e vários outros. É o tipo de filme bem pensado, bem intensionado, corajoso, mas que não funciona. É o tipo de filme que abriu as portas para Spielberg. Nota 6.

RESNAIS/ BETTE DAVIS/ VALLÉE/ TARANTINO/ PEQUENO NICOLAU

DOIS FILMES JÁ COMENTADOS MESES ATRÁS ( MAS QUE SÓ AGORA ESTÃO EM CARTAZ ): A JOVEM RAINHA VITÓRIA e À PROVA DE MORTE de Jean-Marc Vallée e de Tarantino
A jovem rainha é um belíssimo filme. Não se apressa para contar sua história e a conta bem. Emily Blunt está encantadora e o filme é um prazer. Nota 7.
O filme de Quentin é puro rocknroll!!!! Kurt Russell brinca no papel e nós rimos com ele. É uma digna homenagem aos filmes de carrões dos anos 70. E tem uma Rose McGowan show! Nota 7.
SHERLOCK JR. de Buster Keaton
Uma obra-prima. Keaton era um gênio não-literário. Seu dom se revela em seu rosto, seus gestos e sua inventividade inesgotável. Este filme é um delírio de humor e surpreende-nos todo o tempo. Além de tudo ele tinha uma coragem física impressionante. Nota DEZ.
SOLTANDO OS CACHORROS de Brian Robbins com Tim Allen e Robert Downey jr
A história de um pai relapso que se torna cão. É muito engraçado. Allen, ao contrário de certos comediantes galãs, não tem medo de ser completamente ridículo. Ele baba, rasteja e dá a patinha. Convence como cão. Nota 6.
JEZEBEL de William Wyler com Bette Davis e Henry Fonda
Bette é jovem mimada nos EUA pré guerra de secessão. Perde seu noivo por ser fútil e não ter uma idéia de que seus atos tolos têm sempre uma consequencia. Então, em meio a peste amarela que assola a cidade, vem seu amadurecimento ( amargo e tardio ). Mais um grande filme de Wyler e segundo Oscar de Bette. O rosto dela tudo expressa neste papel : infantilidade, ódio, maldade pura e depois uma esperança que se perde. A cena do retorno de Fonda é inesquecível. Belo roteiro ( que ainda fala de racismo e da arrancada do norte progressista contra o sul atrasado ). Um comentário extra: este filme comprova a tese que diz que se o sul tivesse vencido a guerra, os EUA seriam hoje um Brasil. Nota 9.
PROVIDENCE de Alain Resnais com John Gielgud, Ellen Burstyn e Dirk Bogarde
Aaaaaah .... essa crítica esnobe.... este é considerado um dos maiores filmes dos anos 70. Resnais, trabalhando em inglês, nos mostra um rico autor morrendo de câncer. Enquanto ele agoniza, sua imaginação usa seu filho, um frio snob, e sua nora, como personagens de seu derradeiro romance. O filme é tão metido, tão "refinado" ( Yves St.Laurent fez o guarda-roupa ) tão cheio de erudição e de bom-gosto, que se torna o mais frio dos filmes de horror. É um pesadelo de cadáveres sendo dissecados, remédios, solidão e frases literárias. Odiei muito!!!!! Nota ZERO.
BOB, LE FLAMBEUR de Jean-Pierre Melville
Crítica abaixo. Melville filmava quando tinha dinheiro, usou atores amadores, o ator principal era alcoólatra, a atriz foi achada na rua e só tinha 15 anos. E mesmo assim, eis o resultado: uma obra-prima. O mais cool dos filmes, o mais viril dos heróis. Sexy, macho, frio e triste. Roger Ebbert cita em seu livro filmes de Paul Thomas Anderson, Neil Jordan e Soderbergh que o homenageiam. Melville merece muito mais. Bob é o cara! Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O PIRATA ESCARLATE de James Goldstone com Robert Shaw, Peter Boyle, Genevieve Bujold e Beau Bridges
Filme de piratas. Mas é um filme estranho, não se leva a sério sem ser uma comédia. Shaw faz um pirata sujo, estúpido. Genevieve faz uma heroína feminista. Dá pra ver, mas é um filme bastante banal. Nota 4.
O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA de Cecil B. de Mille com Charlton Heston, Betty Hutton, James Stewart, Gloria Grahame, Cornel Wilde
Um imenso sucesso detestado pela crítica. Mostra os bastidores de um muuuuuito rico circo. Heston é o gerente mandão, Betty uma trapezista, Stewart um palhaço e por aí vai. Os diálogos são tão idiotas que chegam a doer. Mas ao mesmo tempo o filme é tão colorido, tão otimista, tão cheio de acontecimentos, que ficamos lá, detestando aquilo tudo e interessados sem saber porque. Nota 6.
TITANIC de Jean Negulesco com Clifton Webb, Barbara Stanwyck e Robert Wagner
Não o mastodonte, mas sim um simples drama que conta sua história com objetividade e competência. Foi grande hit em seu tempo e tem efeitos bastante bons para sua época. Os passageiros desfilam suas histórias e vem o acidente final. Um pop dos 50's. Nota 6.
O PEQUENO NICOLAU de Laurent Tirard
Encantador! Um fato: se italianos fazem das crianças pequenos chorões e se americanos os vestem de adultos idiotas, são os franceses que sabem mostrá-las como elas são. Exemplos desse talento há as dúzias. De Guerra dos Botões à Idade da Inocência e Brinquedo Proibido. Aqui estão crianças que são crianças. O filme nos enternece e nos diverte. È obrigatório em tempos de histeria fútil. Vá e veja agora e já! Nota 7.

BOB, LE FLAMBEUR - UM FILME DE MELVILLE, REI DO COOL

O início já marca o tom: em poucos segundos voce já está capturado. O filme é madrugada, é seco-árido, urbano, é de macho!
Vemos Montmartre. Montmartre ainda com cheiro. O bairro cheirava e fedia. Tabaco, anís, urina, frituras, fumaça de carro, perfumes de putas, cachorro molhado, papel. A câmera ,de Henri Decae, viaja pelas esquinas nas primeiras horas da manhã. Parece um quase documentário. Mas então Bob entra em cena.
Bob é um jogador. Ganha a vida no jogo de bares suspeitos. Bob bota ordem entre os pequenos gatunos de araque e entre as damas da madrugada. Cumpriu pena e se fez amigo de policial. Vive só, e se encanta por jovem putaine, uma vagabunda muito jovem que está sempre ok.
Mas atenção!!!! Bob jamais se apaixona! Com ela ele é apenas um protetor. Bob é macho pacas! Ele usa sobretudo, fuma Galoises sem filtro e nunca sorri. Bob quer sobreviver, eis tudo. Bob seria Bogart mais Sartre. Lembramos que Bogart foi criado por Jean Gabin. No fim, tudo é França.
Bob quer um último golpe. Roubar um cassino em Deauville. Conseguirá? Não conto o resto. Basta dizer que o final é surpreendente e perfeito. Bob vencerá?
Todo homem que assistir este filme irá querer ser Bob, Le Flambeur. Hoje estou cheio de maneirismos Bobianos. E este filme é jazz todo o tempo, é sexy toda hora e tem uma fotografia em p/b que é ensaio sobre estilo cool. Talvez seja o mais cool dos filmes já feitos.
Jean-Pierre Melville o dirigiu. É uma obra-prima. Melville não se chamava Melville. Adotou o nome em homenagem ao autor de Moby Dick. Jean-Pierre tinha paixão pelos yankees. Se Gabin criou Bogart, Bogart melhorou Gabin e Bob refinou Bogart. O mundo gira e Montmartre fede.
È um cinema sem tempo. Tarantino e Soderbergh estão neste filme. E mais um monte de coisas boas deste século XXI. Este filme estava cinquenta anos à frente. Melville é o cara.
Bob, le Flambeur. Do cacete!!!!!!

PATTON/MASTROIANNI/DELIVERANCE/KATE E CARY GRANT/

CRY OF THE CITY de Robert Siodmak com Victor Mature e Richard Conte
Siodmak foi um dos vários alemães que emigraram para os EUA e que criaram o estilo noir do cinema americano. Este é um belo exemplo. Filme muito forte, sobre bandido italiano que usa todos para tentar escapar da lei. Mature está ok, como o policial que cresceu no mesmo bairro e tenta incriminá-lo. Mas é Conte quem impressiona, mais uma vez dando show. O filme tem um clima realista, sujo, feio, que o torna muito absorvente e emocionante. nota 8.
SIROCCO de Curtis Bernhardt com Humphrey Bogart, Lee J. Cobb e Marta Toren
Conhecido como um dos piores filmes de Bogey, ele incomoda por ser seu personagem um fraco. Ele nada consegue e tem um fim nada heróico. Mas tem seus méritos, nesta história onde franceses colonialistas tentam domar revolta na Siria. nota 5.
PATTON de Franklyn J. Schaffner com George C. Scott e Karl Malden
Grande vencedor do Oscar de 1970, este filme representa bem uma das melhores safras do cinema americano ( 66/74 ). Trata-se de uma bio como não se faz mais : completamente verdadeira, mas sem jamais perder o caráter de espetáculo. Caramba ! Porque não se fazem mais filmes como este ??????????? Patton, feito por um Scott endiabrado, é fascista, egocentrico, homossexual enrustido, cruel, vaidoso ao extremo. Mas o admiramos, e depois o odiamos e voltamos a admirar. Na história deste gênio da guerra, que amava ópera e acreditava em reencarnação, assistimos a um filme perfeito em seu gigantismo. Gigantismo que jamais se torna frio, falso, impessoal. Tudo nele é belo e cruel, verdadeiro e mitológico. Foi este filme que deu o primeiro Oscar à Coppolla ( é dele o roteiro ) e deu a Scott um Oscar merecido. Aliás, bem de acordo com o clima político desse tempo, Scott não aceitou o prêmio e nunca foi o buscar. Disse que atores não são esportistas para concorrer entre sí, e que o único modo de se julgar dois atores seria dar a ambos o mesmo papel no mesmo filme em condições iguais. Ele está errado ? Tudo neste filme é superior : a música de Jerry Goldsmith, a fotografia de Fred Koenekamp, e esse absoluto extase que é assistir à Scott como este magnífico e inesquecível general. Apesar da concorrência fortíssima de 1970, o filme mereceu cada prêmio ganho. Trata-se de cinema de primeira, de arte e diversão, de política e emoção. Assistir este filme é compreender o que o cinema popular pode e deve ser. nota Dez.
THE LOVE PARADE de Ernst Lubistch com Maurice Chevalier, Jeannete MacDonald e Lilian Roth
Envelheceu muito este filme do importante Ernst. É um tipo de filme realmente morto, ancião, enterrado. De bom, os cenários luxuosos e Lilian, uma maliciosa atriz de beleza sapeca, que teve a carreira destruída pelo alcoolismo. Seria uma estrela. O que encanta é a malicia do filme, feito antes da criação do código de censura. nota 4.
UN FLIC de Jean-Pierre Melville com Alain Delon, Richard Crenna e Catherine Deneuve
John Woo, Guy Ritchie e Tarantino adoram os filmes de Melville. Neste, que é seu último trabalho, dá pra se notar o porquê. É cinema policial durão, nada simpático, árido, cool, muito cheio de coisas dúbias, onde o bandido é tão ruim quanto o policial e tudo cheira a corrupção e existencialismo crú. Melville adotou este sobrenome como homenagem ao autor de Moby Dick. Amava tudo o que era americano, se vestia como Bogey, ouvia jazz e acima de tudo, assistia os noir de Huston, Wilder, Wise, Preminger e Dassin. Alain Delon, com sua cara de absurda beleza gelada, nasceu para fazer este papel. nota 7.
O BELO ANTONIO de Mauro Bolognini com Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale e Pierre Brasseur
Em toda a história do cinema de qualquer nação, ninguém fez tantos filmes bons em tão pouco tempo quanto Marcello. Entre 55/75, a quantidade de filmes eternos que ele fez é impressionante. Mesmo tendo de concorrer com Gassman, Tognazzi, Manfredi e Sordi. Nesse período o cinema italiano era o melhor do mundo e Marcello seu rei. Este foi um de seus maiores papeis : um homem da Sicilia, lugar de machismo absoluto, que não consegue consumar seu casamento, pois ama demais sua bela esposa, que vê como um anjo. Este poderia ser tema de comédia, mas aqui, graças a sensibilidade de Bolognini, discípulo de Visconti, o que seria riso se torna melancolia. Marcello tem uma interpretação digna de um deus. Seu olhar na cena final é coisa para se guardar para a eternidade. Seu personagem, que tem fama de comedor, se torna a piada da cidade. Claudia brilha, com sua transformação de belo anjo para mulher rancorosa e Brasseur, como o pai orgulhoso e maschio, passa toda a patetice desse garanhão de meia idade. Em destaque a bela cidade de Palermo, cheia de vielas, varandas e varais. Rica de gente. Um filme belo, vivo e muito triste. nota 8.
DELIVERANCE de John Boorman com Jon Voight e Burt Reynolds
A coisa de uma semana assiti um filme de Boorman feito antes deste. Um filme em que Lee Marvin e Mifune duelam numa ilha deserta. Agora me cai em mãos este Deliverance. Outra prova da maestria desse inglês Boorman, cineasta ainda na ativa, poeta da violência e da sobrevivência. Este filme é, em seu gênero, uma pequena obra-prima da crueldade. Poderia ser feito hoje ? Com certeza não. Sua violência é real demais, seu sangue não é glamuroso, seu horror é adulto, nunca infantil. Sua história : quatro amigos partem para a mata. Irão remar num rio que será eliminado, transformado em lago de represa. O que acontece com eles ? O absoluto horror. O filme nos mostra todo o tempo o ridículo de cada um deles. Como nos tornamos seres desajeitados, anti-naturais, desconfortáveis em meio a mata, e em como tentamos crer em nossa " pureza". Eles erram em tudo e todo o tempo, e pagam caro por todo erro. Cada passo que dão é um passo de aliem num planeta que nunca é o deles. A mata os repele, e os caipiras são de um mundo distante, além do que eles podem ver. Nada neste filme é bonito. Ninguém é heróico. Não há poesia: a mata é o que é, mundo fechado, inescrutável. Surpresa : o filme não tem trilha sonora, apenas o som de pássaros, da água, de gemidos e gritos, de conversas tolas. É uma obra-prima feita por um corajoso. Cineasta que se queimou nos anos oitenta com dois filmes muito ruins ( inclusive um deles feito no Amazonas, com Sean Connery e José Wilker ). Mas Boorman é invulgar, original, forte e difícil. Este Deliverance ( grande sucesso na época ) é para se guardar e rever. nota Dez.
SYLVIA SCARLETT de George Cukor com Kate Hepburn, Cary Grant, Edmund Gwenn, Brian Aherne.
Maior prazer que ver Kate na tela ( minha atriz favorita ), só o de ver Grant na tela ( meu ator favorito ). Cukor, que apesar de grande diretor, não é ousado ou muito criativo, faz aqui um filme completamente doido. Sua primeira parte ( 40 minutos ) é deslumbrante ! Pai e filha fogem da França endividados. Na Inglaterra se envolvem com malandro cockney ( Grant fala, pela única vez, com seu sotaque de origem. Uma delícia!!). O que vemos então são os hilários golpes dos 3, e o filme, de 1935, se torna um milagre : um filme dos irmãos Coen, o melhor deles, feito mais de meio século antes. Kate se faz passar por menino e o filme brinca com travestismo, roubo, trapaça, egoísmo, pai infantil, tudo isso com imensa alegria e em cenas curtas e meio improvisadas. Kate, de paletó, cabelo de menino, leve como um Peter Pan, se mostra alegre, se diverte com seu papel, e vemos o mais bonito menino da história do cinema. Cary Grant começa neste filme a chamar a atenção do mundo sobre sua figura. Vemos o nascimento do mais adorável dos comediantes, do mais elegante dos malandros. E vendo este espetáculo pela primeira vez, penso : que fantástico show ! será meu filme favorito!!!! Mas... Kate se apaixona, larga as roupas de menino e se assume mocinha... e o filme, esquizofrenicamente, se torna outro, drama de amor. O personagem de Grant desaparece, e sentimos saudade de sua saudável malandrice. São 40 minutos de romance inconvincente, empolado, sem motivo. Nunca ví tal sucídio de expectativas na tela. Quando o filme acaba, parece que assistimos dois filmes totalmente diferentes : um que nos mostrou a verdadeira Kate, rapazinho bissexual, leve, alegre, linda; e o verdadeiro Cary, ambicioso malandro inglês, palhação, acrobata, charme de gigolô. Mas toda essa maravilha é morta pelo covencionalismo, pelo romance banal. Você se entristece com o filme, cai na razão, esmorece. O filme, em seu tempo, foi imenso fracasso. Hoje é um cult de primeira. É tão estranho que não pode ser julgado. Toda nota seria injusta.
EFEITO DOMINÓ de Roger Donaldson com Jason Statham e Saffron Burrows
O velho Roger continua filmando ( nunca vivemos uma era com tanto diretor velho. No cinema, até os anos 90, diretores eram encostados aos 60 anos. Hoje filmam até morrer. Bergman, Minelli, Ford, Hawks, Wilder, Donen, Capra, Stevens, Renoir, todos pararam aos 60, 62. Hoje, Lumet, Chabrol, Scorsese, Donner, Resnais, Spielberg, Penn, Boorman, De Palma, Eastwood, Woody Allen, filmam e filmarão até o fim. Como filmaram Altman, Pollack e Kubrick. Bom ou mal sinal ? ) Bem... eu gosto de Jason. É um Bruce Willis atual ( eu preferia Bruce. Mas Jason é ok. ) O filme, delícia de filme de assalto, é muito agradável, ágil, divertido. E tem Burrows, uma bela atriz. nota 6.