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JACK JOHNSON - MILES DAVIS

Uma faixa de cada lado do vinil. A primeira agitada, a segunda introspectiva. Quando a coisa começa o que ouvimos é John McLaughlin tocar com uma fúria como nunca visto. Ele é o destaque dos primeiros minutos e de certo modo do disco todo. Miles adorava John e o deixava livre. Após este disco, feito em 1970, John partiria para o caminho solo e a Mahavishnu Orchestra. Jeff Beck considerava-o o melhor guitar do planeta. Talvez Jeff esteja certo. ------------ Michael Henderson tem uma missão ardua aqui, manter o ritmo do baixo incessante. Um looping que dura vinte minutos. O batera é Billy Cobhan, talvez o melhor batera de jazz pós 1970. Funk, tudo é funk, mas a guitarra é semi punk e então vem Miles. -------------- Ele entra com raiva, com punch, com ferocidade. Poucas vezes ele tocou tão bem. Seu piston emite acordes longos, arpejos sem fim, o fôlego no limite. É um timbre metálico, quase desagradável. Miles está inteiro neste disco. ---------------- Iggy Pop disse numa entrevista que sua vida foi marcada por este disco. Quando ele gravou Funhouse e depois Raw Power era este o disco que ele ouvia. Se voce não percebeu o que liga o som jazz funk daqui com o pré punk de Iggy eu explico. Substitua o piston pela voz de Iggy e voce vai começar a entender. -------------- Jack Johnson era um boxeador do começo do século XX e este disco é a trilha sonora de um doc sobre o boxeur. -------------- O lado dois é languido, relaxado e muito amargo. Quase uma sinfonia íntima à decadência. Miles Davis atinge uma maestria que nenhum outro jazz man atingiu. Eu disse em outro post que Agharta era o melhor disco do século XX. Ele é. Jack Johnson é um digno contendor. GENIAL.

Eric ̲D̲o̲l̲p̲h̲y̲ – O̲u̲t̲ T̲o̲ L̲u̲n̲c̲h̲! (̲1̲9̲6̲4̲)̲

OUT TO LUNCH - ERIC DOLPHY

Lançado em 1964, estamos aqui na terra do free jazz. Deus, eu adoro Eric Dolphy! Demorou muito para eu o conhecer, descobri só agora em 2023, mas caramba, ele era genial. Seu sopro, seja no sax alto, no clarinete baixo ou na flauta, é sempre feroz. Ele ataca o som, arremete nossos ouvidos e assim nos libera os sentidos. Acompanhado pelo trompete de Freddie Hubbard, a batera de Tony Willians, o vibrafone de Bobby Hutcherson e o baixo de Richard Davis, o som aqui produzido é como um tsunami sonoro. --------------- Tony Willians tocava nessa época com Hancock e Miles, Bobby enfrenta de frante o sopro de Eric, sem medo e Hubbard Vai fundo na coisa free. Quanto a Richard, ele faz acordes cheios no baixo, é uma das melhores gravações desse instrumento. Mas é Dolphy, no tempo em que ainda tocava com Mingus e logo viria a morrer, sua vida foi uma brisa, é Dolphy quem assombra. De Hat and Beard, tema feito em honra de Monk, até Straight up down, não há um só minuto menos que sublime. O disco, um dos grandes discos de uma época de gigantes, mantém sua tensão sem jamais esmorecer. O jazz de Dolphy é difícil porque ele exige tudo do executante e do ouvinte, ele vai direto aos nervos, é um jazz que parte da excitação física e almeja a espiritualidade pura. ---------------- Quem já viu Eric tocas sabe disso: ele era um xamã. Seu esforço, sempre no limite, como Coltrane, busca a superação da matéria e o encontro com a alma via som, via música. Para isso ele quebra tudo: ritmo, harmonia e melodia. O ritmo muda sem parar, a harmonia se desfaz e se cria, a melodia se mistura a tantos fragmentos melódicos que ela faz com que nos percamos. É uma beleza fluida. Voce precisa ser ativo, ir atrás e participar enquanto escuta. Há muito o que ouvir aqui. Procure.

THE CASE OF THE 3 SIDED DREAM IN AUDIO COLOR - RAHSAAN ROLAND KIRK

Pesquise na net e fique impressionado. Roland Kirk tem entre seus fãs Paul Weller ( The Jam ), Ian Anderson ( Jethro Tull ), Bjork, Zappa, Jimi Hendrix, Tricky e uma infinidade de gente de bandas indie. Este disco que agora ouço foi gravado em 1975. Infelizmente, alguns anos depois, ele sofreria um derrame que acabaria com sua carreira. --------------------- Kirk começou como saxofonista nos anos 50 e atingiu o sucesso na década de 60. Ele tocava até quatro instrumentos de sopro, AO MESMO TEMPO. Excêntrico, sua música, soul jazz, é acessiva e ao mesmo tempo de vanguarda. este disco, que na origem foi um vinil duplo com um lado sem som, tem vinhetas que separam as faixas, e é, de todos os discos com vinhetas, o único em que elas fazem sentido. É um disco brilhante a absolutamente atemporal. -------------- Ouça por exemplo Freaks for the festival. É funk, é jazz e é deliciosa. Todos os grooves te colocam pra dançar. High Heal Sneakers tem uma das melhores e mais simples linhas de baixo que já ouvi e a vinheta chamada Dream é fascinante. Portrait of Beautiful ladies é de uma beleza arrebatadora. Neste Kirk toca flauta. Ian Anderson diz que roubou dele seu modo de tocar flauta. ----------------- Há muito do espírito mais safado do jazz aqui. Kirk não é cerebral, ele é sexual. O cerebralismo matou o jazz. Embora seja às vezes genial, a frieza cerebral destruiu aquilo que mantinha o jazz vivo: o sexo, a sacanagem, a alegria. Kirk mantém tudo isso e é moderno ao mesmo tempo. Um belo disco de um músico, que descubro só agora, fantástico. Ouça meu querido.

The Pianist That Influenced A Generation

Bud Powell- I Want To Be Happy (1961) Paris

Bud Powell - Anthropology (1962)

BUD POWELL

Bud Powell foi o maior pianista do jazz. Thelonious Monk e Duke Ellington foram os mais geniais, mas Bud Powell foi tecnicamente o mais perfeito, Sua velocidade, nunca exibicionista, era impressionante, seu bom gosto, sem mácula, e sua criatividade ao solar, nunca forçada. -------------------------- No meio dos anos 80 foram feitos dois filmes sobre jazz, Bird, de Clint Eastwood e Round About Midnight de Bertrand Tavernier, com o saxofonista Dexter Gordon no papel central. Não gosto do filme de Clint, o francês é melhor. Os pseudo cool da época, aqueles que fingem ouvir jazz, logo disseram que o filme de Tavernier era sobre Charlie Parker. Nunca!!!! É uma bio fictícia que usa 80% da vida de Bud Powell como fonte. Ele viveu uma vida de vício e pirou. Seu fim foi trancado numa cela. ---------------- No mundo do jazz em piano, Dave Brubeck, Horace Silver, John Lewis, Count Basie são meus favoritos. Horace Silver em termos de ritmo é imbatível, John Lewis é absurdamente chique. Mas Bud Powell une um pouco de cada um desses citados e acrescenta a técnica sem limites de Oscar Peterson. Ouço um cd onde ele toca com George Duvivier e Art Taylor, um primor de prazer para os ouvidos e para a alma. Conheça-o. Voce vai agradecer.

CHARLES MINGUS E ERIC DOLPHY TOCANDO DUKE ELLINGTON

O jazz tem seus pilares. Louis Armstrong, Duke, Count Basie, Charlie Parker, Thelonious, Miles Davis, Coltrane, Mingus. Esses são aqueles que são chamados de gênios. Ainda se pode incluir Dizzy Gillespie e talvez Ornette Coleman. Meus favoritos são Miles, Thelonious, Lester Young, Jelly Roll Morton, John Lewis. Jazz é um mundo infinito, quando voce acha que conhece tudo que importa voce descobre mais coisas que importam. ----------------- Eric Dolphy eu conheci agora e o video que postei abaixo é um dos pontos mais altos que já vi em música. Qualquer tipo de música. No começo dos anos de 1960, Charles Mingus une um grupo de músicos é toca, na TV, take the A train, de Duke Ellington. Danny Richmond, seu batera habitual, toca de uma maneira extremamente wild e quase rouba o show. Se voce ainda não sabe como um grande batera toca seus couros eis sua chance. O ritmo é frenético e ele improvisa o tempo todo. Mas eu quero falar de Dolphy. ------------------ Quando ele entra, tocando o pouco usado clarinete baixo, instrumento que requer muito fôlego, a coisa vira outra coisa. É pura arte. E é swing. Há um momento do solo dele em que os músicos riem e Mingus vai dar uma volta pelo palco. Tá tudo ali: é cool, é petulante, é quente também. Dolphy morreria meses, poucos, depois dessa gravação e sua obra ficaria na promessa. Mas apenas com esta gravação a gente já sabe: o cara era foda!!!!!!

Left Alone - Eric Dolphy & Booker Little

John Coltrane Quartet with Eric Dolphy - "Impressions"

Charles Mingus Sextet - Feat. Eric Dolphy - Take The A Train ------- MOMENTO SUBLIME DO JAZZ

ERIC DOLPHY

Meu interesse por jazz começou em 1980, quando assisti na TV o Festival de Jazz de SP. Foi assistindo a Mingus Dinasty tocar o Cumbia and Jazz Fusion. Mas eu penso que a semente fora plantada desde minha infância. Os desenhos de Charlie Brown com sua trilha jazz de Vince Guaraldi. Well.... logo comprei meu primeiro disco de jazz, Tallest Trees de Miles Davis. ----------------- Eric Dolphy era um nome que eu ouvia falar desde então, mas nunca o escutara porque os comentários diziam ser ele de vanguarda e a vanguarda do jazz nunca me interessava. Meu interesse era o jazz feito entre 1945-1960, Bop, Cool e Hard Bop. Então, recentemente eu vi um video de Charles Mingus, video onde Eric Dolphy sola seu sopro maluco: que maravilha!!!!!! Passo então a ouvir Dolphy. ---------------- Ele tem influencia erudita, usa cello ocasionalmente e ele próprio sola na flauta, no clarinete mais grave e no sax. Sua música é cheia de mistério, de sexo, de clima noturno, escuro, cheio de sombras e de perigos. Há algo de profundamente solitário em seu som, nada nele lembra Thelonious Monk, mas é a mesma solidão dentro do jazz. Dolphy iria morrer cedo, ainda nos anos de 1960, causas naturais, uma morte evitável. Sua carreira poderia ter sido tão rica quanto a dos maiores, mas não houve tempo e o que ele deixou promete algo que não se fez. De qualquer modo ele fica na história como uma explosão em surdina, um desafio monstruoso, um som dele mesmo. -------------------- Falar verbalmente de música é bastante ridículo porque o verbo não foi feito para isso. Ela é abstrata, quanto melhor mais espiritual. Então veja os videos que postei e sinta o clima desse grande Eric Dolphy.

BUDDY RICH E A BATERIA NO JAZZ

Se voce for um cara acostumado a só ouvir rock, não precisa mentir, bateristas de jazz não te impressionam em nada. Isso porque a escola de rock de bateristas dá valor aquilo que jazzistas não dão. Explico citando 4 bateristas de rock. ------------------ Jimi Page, esperto ao extremos, construiu todo som do Led Zeppelin ao redor da bateria de John Bonham. Se voce ouve bandas de 1970 e depois ouve o Led irá notar que a grande diferença está na mixagem da bateria. O Led Zeppelin é a primeira banda a dar protagonismo absoluto à bateria. Isso lhe deu modernidade eterna. Todo rock moderno é um rock de percussão. Então temos aqui a primeira característica do rock que não existe no jazz: volume de bateria. Não esqueça, o jazz nasce e cresce como um som acústico, sem amplificação. Bateristas não podiam tocar alto, se o fizessem engoliriam baixo, piano, metais, vocais. Chegavam a colocar cobertores e travesseiros nos tambores para diminuir o som da percussão. Portanto, se voce acha que um bom baterista é aquele que toca alto, esqueça o jazz. -------------------- Keith Moon é outro grande batera do rock, famoso por variar o tempo e se jogar a improvisações que jamais terminam. Keith era fã de Gene Krupa, o primeiro batera do jazz que virou estrela. Realmente os dois se parecem mas Krupa fazia algo que Moon nunca fazia: mantinha o tempo. A lei central do batera de jazz é jamais sair do ritmo. Se é 4 por 4 ele será 4 por 4. Isso porque piano e metais irão solar e se a batera e o baixo não segurarem o ritmo tudo vira bagunça sem sentido. Moon não ligava pra isso, ele deixava o tempo para Entwistle e até mesmo Townshend, por isso a guitarra no The Who sola quase nunca. Pete tinha de segurar aquilo que Moon não segurava. ---------------- Quem ouve apenas rock valoriza essa doideira barulhenta tipo Moon. No jazz isso não existe. Outro batera que cito, e este é fã assumido de Buddy Rich: Neil Peart. Grande batera, ele faz viradas impossíveis, usa todos os duzentos pratos, tambores, caixas de seu kit e parece nunca se perder. Mas, ao contrário de Buddy Rich, Neil Peart não tem swingue e não há melhor maneira de ver isso que assistindo sua homenagem à Buddy Rich. Ele toca igual à Rich, mas é completamente diferente. Ouça. --------------------- Ginger Baker e Mitch Mitchell se achavam bateristas de jazz. E quase eram isso. Mas Mitchell tocava um pouco alto demais e Baker se perdia ás vezes em tempos errados. --------------- Entenda: eu adoro Bonham, Moon, Neil etc, mas eles são do rock, quando os ouço eu quero ataque, fúria, caixa no talo, velocidade. Então pergunto: ao ouvir Buddy Rich, considerado o maior batera que já existiu, o que procuro? Fluidez, ritmo, swingue, beat, tempo exato, sutileza, viradas sem perder o beat. Bateristas de jazz dão duzentas batidas na caixa por minuto e nós mal percebemos isso. Bateristas de jazz movem o pulso e não o braço. Os pratos são usados para manter o tempo e não como ataque. Os pedais são como relógios e não marcação marcial. Principalmente, um bom baterista de jazz ajuda os solistas, dá um rumo à eles, jamais os deixa sós. Buddy Rich fazia tudo isso e solava com hipnótica precisão. Veja.

WEEKEND IN L.A. - GEORGE BENSON. LUXO, CALMA E VOLÚPIA

Luxo, Calma e Volúpia é o lema de Henri Matisse e pode ser aplicado a 80% dos nomes do jazz-rock que lançaram discos nos anos 70. ( Jazz-rock é o mais impreciso dos nomes, pois o som de Wheater Report, Grover Washington, Earl Klugh e imenso etc nada tem de rock. Jazz Pop elétrico seria bem mais adequado ). Neste último ano tem sido esse o estilo que mais tenho escutado e só pra voce ter uma ideia, hoje possuo 8 discos de George Benson, sendo que a um ano atrás eu mal o escutava. Talvez White Rabbit seja seu melhor disco, mas eu ouço agora este disco de 1977, Weekend in L.A., disco ao vivo, duplo, que vendeu feito sorvete em sua época. ------------------- Benson era aquilo que se chamava de Jazzista Funk, ou seja, ele fazia música instrumental com balanço negro. Era, desde sempre, um som luxuoso, calmo e sexy. Seu modo de tocar guitarra, sempre dedilhada, é o mesmo de Wes Montgomery, belo, suave, ágil, sempre elegante. Eu não sei o porque, mas quase todo movimento do jazz elétrico dos anos 60-70 tem esse caráter de prazer, de bem viver, de savoir faire. Por que? Talvez porque eles toquem tão bem, com tanto prazer, tanta satisfação que isso transparece no som. Não há dor na música de Benson e também de Pat Metheny, Lee Ritenour ou mesmo do complicado Chick Corea. É portanto a música mais anos 70 da hsitória, pois, mais ainda que na disco music, tudo no jazz pop é feito NUMA BOA. Música que procura a eterna BOA VIBRAÇÃO. E NUMA BOA é a filosofia dos anos 70. ---------------- Por isso ela fica sempre próxima do som de dentista, de sala de espera, porque é música que acalma e que pode ser ignorada. Mas se voce prestar atenção, é absoluto prazer. Todos tocam como mestres, não há dissonância ou barulho, é música linda. Sempre. -------------- Por isso todos eles amavam tanto a música brasileira. Tom Jobim, Eumir Deodato, Luiz Bonfá, toda a turma da bossa nova é irmã daquilo que eles faziam. Muitos brasileiros jamais voltaram para cá. -------------------- Nelson Mota dizia que o RAP havia matado a bela tradição do músico americano negro. O super instrumentista, que mesmo tendo uma vida ruim, transparecia prazer em tudo que tocava. A maestria do grande músico improvisador, swingueiro, teria sido perdida. Penso que não foi. Apenas saiu do mainstream. Uma pena. Toda uma geração desaprendeu a ouvir. Jazz é para ouvir e deixar o som entrar na alma. RAP não, RAP é puro corpo. ------------------- Este disco é de uma beleza de diamante. É aqui que Benson vira cantor e ganha a ira de seus fãs puristas. Eu adoro. Soul Jazz. Ouça Baby.

SKETCHES OF SPAIN - MILES DAVIS

Se jazz é improviso não é jazz aquilo que pede partitura. Gil Evans fez os arranjos e big band mais Miles tocaram. Não é jazz. Sinto muito. É jazz tentando ser música erudita ou jazzificar o erudito. Pretensioso até a medula. Gravado logo após Kind of Blue. Não gostei. Faz dormir. --------------- Jazzistas inventam mil motivos para explicar a crise de público que se abateu sobre eles a partir dos anos 60. Falam ser culpa dos Beatles, da educação, do diabo a quatro...só não falam o óbvio: a culpa foi deles mesmos. Começaram a se levar muito a sério e viraram pedantes metidos a gênios. Jazz era sexy. Era alegria. Era surpresa. Virou teoria. Arte. Um conceito. Morreu. ------------- Miles toca bem aqui. Mas nunca se solta. Faz arte. Chato pra caramba. Demorei décadas pra ouvir porque sabia que não ia gostar. Acertei. Tchau.

STANLEY CLARKE

Entre amigos ou nesse grupos de internet sempre surge a pergunta: qual o melhor? Quando se fala em contrabaixo a coisa é sempre igual: Jack Bruce, Chris Squire, John Entwistle, JP Jones, Flea, Geddy Lee, Les Claypool, John Wetton, Tony Levin...não sai muito disso. Mas...se esquecem sempre dos baixistas que não são do rock, gente como Larry Graham, Bootsy Collins, Bernard Edwards, o povo do funk e do jazz elétrico. ---------------- O contrabaixo é um instrumento maravilhoso. Discreto e limitado, ele pode salvar um riff medíocre lhe dando groove. E essa é a grande diferença do baixista rock e do baixista funky. Mesmo solando, o baixo black mantém sempre o groove, o ritmo, a pegada dançante. Ele não se dispersa. ======== Jaco Pastorius é considerado o maior baixista do jazz elétrico e portanto do terço final do século XX. Mas eu acho que Stanley Clarke é melhor. No baixo elétrico, no acústico, no cello, Clarke faz coisas que eram impossíveis no instrumento. Ele faz melodia principal no baixo, multiplica acordes, é rápido e nunca gratuito. E tem ritmo. O instrumento chega ao limite sem nunca perder o tempo certo. Acabo de ouvir um disco ao vivo de 1977 e depois uma coletânea que vai de 1974 até os anos 2000. O cara gravou com todas as feras e não erra nunca. Sabe acompanhar com elegância e sabe solar com arrojo e invenção. Ele é o ponto máximo de sua profissão, de sua arte, de sua vocação. Bravo!

DU BARRY WAS A LADY ( DU BARRY ERA UM PEDAÇO ), O CINEMA COMO DIVERSÃO COMPLETA

Dentro de um club na NY de 1943. Em apenas vinte minutos de filme já temos assistido a piadas, boas, de Zero Mostel, apresentações da banda de Tommy Dorsey, com o fantástico Buddy Rich antecipando Keith Moon em vinte anos. Houve ainda Red Skelton como um funcionário apaixonado pela cantora da boate, Lucille Ball, aqui linda, como a cantora, um número dela perfeito. Gene Kelly já surgiu como um dançarino acrobático também apaixonado por ela. Em vinte minutos ouvimos grandes canções, excelentes números de dança, rimos e ouvimos bons diálogos. Roy Del Ruth, o diretor, mantém um ritmo acelerado, quase de cartoon. Então Red Skelton ganha na loteria e fica milionário, e a cantora que pensa aceitar casar só com quem for rico, poderá ser dele. Ou não? O que digo ainda é que o filme se muda para a corte de Louis XV !!!! Onde Skelton é o rei, Kelly um revolucionário e Lucille se torna Madame du Barry. A coisa não para. Ele lutam, correm, flertam, gritam, cantam, alucinam e voltam a 1943. Poxa...... Por que não fazem mais filmes tão completos? Eles simplesmente pegaram a melhor banda da época, os comediantes entre os melhores, um grande roteirista, juntaram tudo com canções de um gênio, Cole Porter, e então ofereceram isso às massas. E em embrulho para presente, sem nenhuma pretensão, sem tentativas de transcender o gênero, sem nada que não fosse diversão, suprema e colorida diversão. Ver este filme é como ver um desenho do Pernalonga com hora e meia de duração. E esse é um dos maiores elogios que alguém possa fazer. ----------------- O filme saiu em DVD, box de musicais. Nota dez.

Broasted or Fried.....A PRÓPRIA DEFINIÇÃO DO QUE É COOL

WILLIE BOBO

Percussionista de Porto Rico, radicado nos EUA, Willie Bobo fez sucesso nos anos 60 com seu jazz Pop swingado. Voce precisa ouvir! Há momentos em que a orquestra balança de um modo voodoo que te deixa hipnotizado. Festa pura. O filho de Willie faz parte do Cypress Hill e o neto dá aulas de percussão em Julliard School. Hiper sampleado, copiado por Santana ( tudo do Santana em seu início é cópia de Bobo, onde a guitarra faz o papel dos metais ), Willie Bobo é aquele cara cult que só os músicos hoje conhecem. Vou postar apenas uma faixa e só com ela voce vai sentir a emoção genuína de uma descoberta. Alegria absoluta. Um adendo: Bobo em espanhol é festeiro. Celebração da folia, Willie mostra que jazz pode ser, e é, um prazer de viver. Enjoy it.