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GRACE KELLY- ROBERT LACEY, A MAIS BELA

   Como namorou essa menina!!! Grace traçou todos os atores dos 11 filmes que fez. Desinibida, quando queria um homem ( seus favoritos eram bem mais velhos e seguros ), logo se jogava na cama e ia tirando a roupa. Mas seu fascínio, que fazia com que os homens a respeitassem, e mais que isso, ficassem loucos por ela, se devia ao fato de que por mais que ela se desse sem medo, havia algo nela que sempre parecia secreto, frio, não desvendado.
   O pai de Grace Kelly foi herói olímpico americano. Campeão em remo individual, milionário no ramo de construções, morando na Filadélfia, Jack Kelly, católico, foi um exemplo para a América dos anos 20. Belo, rico, musculoso, viril, sempre sorrindo. Ele teve cinco filhos. Um deles também ganhou ouro em olimpíada e as outra foram todas um retrato do pai. Menos Grace Kelly. Ela não se interessava por esportes. Era frágil, sonhadora, quieta e muito tímida. A mãe, alemã luterana, rigida, tinha um irmão, tio George, ganhador de um pulitzer como autor de teatro. Solteirão, alegre, cheio de histórias, é esse ramo que Grace irá puxar. Grace irá estudar teatro, aprimorar a voz ( onde cada consoante é pronunciada ) e começará a carreira na tv, em peças ao vivo. Sempre elegante, quieta, católica devota, ela era vista no meio como alguém que não parecia ser como eles eram. Não parecia boêmia. Grace nunca precisou passar pelos testes, pelos apuros que atores iniciantes passam. Se tornou modelo e logo no primeiro filme, Matar ou Morrer, obteve sucesso. Com Hitchcock ela se torna uma estrela e em 1954 ganha um imerecido Oscar de melhor atriz ( adoro Grace, mas foi uma das maiores injustiças da história ). Em meio a esses bons modos, às idas à igreja e as compras, Grace manteve vários casos. Ela jamais foi desleal com ninguém, nunca manteve duas relações ao mesmo tempo, mas era, segundo relatos, um vulcão absoluto. Ela amava sexo.
   O melhor filme de Grace, claro, é de Hitchcock : Janela Indiscreta. Onde ela está mais bonita, também é de Hitch: Disque M para Matar. Mas onde ela é mais ela-mesma, onde tudo é feito para ela: High Society.
   Em 1956 Grace Kelly larga o cinema no auge de seu sucesso. Tinha só 26 anos. Casa-se com Rainier, o principe de Mônaco. Seu novo papel é ser princesa. Dedica-se a causas sociais e tem 3 filhos, Albert, Caroline e Stephanie. Em 1982, eu lembro do dia, acabara de voltar da França, ela morre em acidente de carro em Mônaco. Num Land Rover que ela dirigia. Tinha 52.
   Grace Kelly, como James Dean, poderia ter passado como estrela pelo cinema dos anos 60. Em 1970 ela teria 40 anos, ou seja, estaria em seu apogeu ( ela nasceu no mesmo ano que Clint ). Poderia ter feito filmes chiques com Blake Edwards e Stanley Doner, ter participado da renovação com Lumet e Pollack. Ter contracenado com Steve McQueen ( outro nascido em 1930 ) e Paul Newman. Mas, se ela tivesse feito tudo isso não seria Grace Kelly. Na verdade o cinema lhe foi um acidente. Ela deu a ela a honra de sua presença, tão breve ( 1952/1956 ) e tão inesquecível.
   O livro não tem muito o que dizer. Na verdade ele é muito interessante enquanto fala da familia de Grace, os Kelly. Quando ela vai para Hollywood o livro cai, isso porque a vida de Grace foi simples, sem grandes dramas. Não há bebida, droga ou doença. Tudo se resume a sexo, roupas e filmes.
   Há uma cena em Janela Indiscreta em que Hitch dá um close em Grace. É logo em sua entrada em cena, a hora em que a vemos no filme. Amigos, eu vos digo, essa é a mais bela imagem de feminilidade que o cinema já mostrou. O rosto dela brilha de tal maneira, há tanta saúde e confiança naqueles olhos, que me sinto completamente subjugado ao rever a cena.
   Grace Kelly foi a imagem idealizada da América. Saúde, retidão e bons modos. Se Audrey foi um anjo, e se Ava era um diabinho, Grace foi a imagem da pura beleza. Ideal, inacessível, incorruptível. Sensacional.

O MAIS PERFEITO DOS FILMES-REAR WINDOW

Raras vezes assistimos a algum filme perfeito. Ocasionalmente o filme pode ser genial, sublime, divertido, mas ele sempre apresenta falhas. Momentos de tédio, tomadas inúteis, frases dispensáveis.
JANELA INDISCRETA não tem um só momento fraco. Desde sua abertura, até seu final perfeito, tudo é feito com precisão, com sabedoria, com maestria.
O som, sem trilha sonora-mas com ruídos e trechos de melodias-que lembra Tati, é perfeito. O cenário, um apartamento e o prédio em frente- é fascinante. As histórias vistas nas janelas e jardins- são tão cativantes que dariam vários outros filmes. Mas este, este filme é absolutamente prazeroso. Torcemos para que não termine.
James Stewart é um fotógrafo solteiro que convalesce com a perna quebrada. Ele é obviamente impotente. Grace Kelly ( sua entrada em cena é A MAIS LINDA IMAGEM FEMININA DO CINEMA ) flerta com ele, o seduz, o conquista. As cenas entre os dois são leves, sofisticadas, cheias de humor e com subtramas de raiva e dor. ( O filme é alegre, mas tem algo de neurótico por trás ). Stewart se agarra em sua solteirice e se envolve com as janelas ( cinemas ? ).
O final, irônico, é de uma riqueza perfeita, e todo o filme prescinde de falas, poderia ser um filme mudo. Stewart agora tem duas pernas engessadas e Grace, linda como o impossível, comanda o apartamento.
Quem mais poderia fazer um filme pop onde as mulheres são víboras, os homens são impotentes e seu único cenário é flagrantemente falso ?
Hitchcock é cinema e o amor à Hitch é a prova final de todo/qualquer cinéfilo.