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PETER JACKSON/ A BELA ADORMECIDA/ ISABELLE HUPPERT/ WC FIELDS/ JOHNNY DEPP

   INFERNO NO FAROESTE de Roel Reiné com Mickey Rourke, Danny Trejo e Anthony Michael Hall
Talvez seja o pior filme deste século. Uma gororoba que mistura western, inferno, muitos palavrões e aquela coisa de macho que só Peckimpah e Tarantino conseguem fazer. Rourke joga sua carreira no lixo pela segunda vez. Faz o papel do Demo. O filme tem acordes de guitarra mexicana, milhôes de cortes por minuto e mulheres bonitas com cara de 2013 em pleno século XIX. ZEEEEEEROOOOOOO!
  UMA AMOR TÃO FRÁGIL de Claude Goretta com Isabelle Huppert
Uma menina tímida vai passar férias na Normandia com uma amiga. Lá ela conhece um estudante. Namoram. Mas tudo dá errado. Isabelle Huppert, muito jovem, aparentando ter 15 anos, está em casa, faz aquele tipo triste e isolado que se tornaria sua especialidade. Gordinha, ela tem cenas de nú simples e naturais. Foi aqui que ela se revelou. O filme é bonitinho e pode dar tédio. O suiço Goretta desapareceu nos anos 80. Nota 5.
   MADRE JOANA DOS ANJOS de Jerzy Kawalerowicz
É considerado um clássico do cinema polonês. Na época medieval, um jovem padre vai exorcizar um grupo de freiras que foram possuídas por Satã. Ele deve se mudar para o convento e as salvar. O diretor usa a técnica de Dreyer, crê no que mostra, as imagens se tornam quase documentais, belas de tão austeras. Voce não tem escolha, ou fica bocejando ou embarca fundo naquele mundo de horror. Nota 6.
   THE LONE RANGER de Gore Verbinski com Johnny Depp, Armie Hammer e Tom Wilkinson
Gore Verbinski fez O Ratinho Encrenqueiro. E apesar de seus sucessos com O Pirata do Caribe e que tais, O Ratinho é seu melhor filme. Porque Gore nasceu para fazer cartoon e isso fica provado aqui. Massacrado pelos críticos, injustamente, este é um bom filme se for visto como um cartoon. E cartoon, quando bom, é uma maravilha. Este não é um bom cartoon, é um cartoon ok. Mas nunca é chato. Diverte e até faz rir. Porque fracassou? Por ser um western. E também por ter um herói fraco. Indeciso. Cheio de boas piadas, luminoso e simpático, pode ver numa tarde de verão que vale a pena. Críticos? Estão cada vez mais rancorosos e distantes do público. Precisam voltar a ver Hawks e Sturges. Nota 6.
   A FROTA DE PRATA de Vernon Sewell e Gordon Wellesley com Ralph Richardson
Feito durante s segunda-guerra e produzido por Michael Powell, tem o grande Richardson como dono de um estaleiro holandês que fabrica submarinos para os nazistas. Na verdade ele os sabota. Eletrizante, cheio de suspense, o filme é simples, patriótico no ponto exato. Pouco conhecido, devemos so dvd o seu resgate. Eis o bom lado da tecnologia, sem o dvd como alguém descobriria esta pequena jóia? Para quem não sabe, Ralph Richardson foi o primeiro ator inglês a receber o título de Sir. Era um tempo em que esse título valia ainda muita coisa. Hoje até cozinheiros viram Sir. Nota 7.
   IT'S A GIFT de Norman Z. McLeod com W.C.Fields
O grande Fields! O humorista que a América adorava odiar... O gorducho ranzinza que odeia crianças, mulheres e cães...Aqui ele recebe uma herança e compra uma plantação de laranjas. O filme, anárquico, mostra seu cotidiano infernal e depois a ida à Califórnia. As cenas na estrada e uma outra onde ele tenta dormir na varanda são geniais. Junto a Buster Keaton e aos Irmãos Marx, Fields reina. Nota 7.
   FÉRIAS FRUSTRADAS de Harold Ramis com Chevy Chase, Beverly D'Angelo e John Candy
Acho que todos já viram...aquele filme da família babaca que viaja de carro para um parque de diversões e tudo dá errado. Feito em 1983, tem piadas que hoje seriam censuradas ( a do cachorro e a da velha que morre ). Não é mais tão engraçado, mas tem seus momentos. Principalmente a inesquecível corrida aos brinquedos ao som de Chariots of Fire. Nota 5.
   O SENHOR DOS ANÉIS de Peter Jackson
É um grande filme, uma grande diversão e uma maravilha para se olhar. O elenco tem pontos muito altos ( Viggo Mortensen, Ian McKellen, Andy Serkis ) e alguns falhos ( Orlando Bloom ). Mas no geral ele merece todo seu sucesso. Tocou em algo muito querido e necessário do público, a necessidade de heroísmo. Peter Jackson conseguiu orquestrar a história complexa e jamais deixa nada solto ou sem direção precisa. É um trabalho digno de David Lean ( mas não de Kurosawa, que fazia épicos mais crispados ). Jackson consegue fazer um épico possível para o público de hoje, tem a beleza e a calma de Lean com a ação e a produção fantasiosa de agora. Ele jamais corre demais e nunca apela. Nada de câmera rodopiante, cortes demais ou vísceras sanguinolentas. Jackson narra o livro e vence sempre. O principal é: mergulhamos naquele universo. Quando a saga termina queremos mais. Nota DEZ.
   A BELA ADORMECIDA  de Walt Disney
Nos extras ouvimos comentários de John Lasseter. É o longa que modificou a Disney. E até hoje é exemplo de animação e de cenários. Cada fotograma é uma pintura medieval. Há muito para se olhar, cores deslumbrantes e detalhes que nunca terminam. Levou 6 anos para ficar pronto e toda criança que o viu em tela grande nunca esqueceu. Talvez seja o último dos grandes desenhos da Disney pré-O Rei Leão. Um absurdo em detalhismo e cuidado. Nota DEZ.

INOCÊNCIA E CULPA. CORAÇÕES LOUCOS, FILME CORAGEM DE BERTRAND BLIER

   Aviso que muitas pessoas irão abominar este filme. Por estarmos em 2012, muitos estarão desacostumados a ver um filme que é absolutamente anti-politicamente correto. Vê-lo é como ler Pondé. Na verdade bem melhor que lê-lo. Feito em 1974, esta obra, amada por Pauline Kael, é uma comédia. Mas uma comédia como não existe mais. Uma comédia ofensiva. Principalmente às mulheres. Vamos ao roteiro.
  São dois amigos. Pobres, sujos e obcecados por sexo. Estamos com eles no mundo da liberdade pura, e por serem assim, mesmo que voce goste do filme, não gostará deles. Pessoas mais "sensíveis" os acharão bobos. Pior, maus. Durante uma hora eu adorei o filme e os detestei. Mas Blier consegue algo mágico: súbito passamos a compreendê-los e a os aceitar. Então o filme revela sua grandeza, é uma obra-prima.
  Os dois vivem soltos e portanto se viram. Roubam, aplicam golpes e tentam transar com toda mulher que encontram. O estupro é sempre uma possibilidade. Mas o filme nunca é violento, ele é mais que isso, é revolucionário. E nunca politico. Eles são malandros mas não são simpáticos. Nada possuem de "charmoso", são toscos, reais, exagerados, burros e bastante egoístas.
  Filho de meu tempo ( 2012 ), passei o filme tentado a colocar neles um rótulo. Psicopatas? Se fosse feito agora, eles seriam um caso psiquiátrico, e com esse diagnóstico tudo estaria explicado e domesticado. Mas não aqui. Eles não são doentes. Volto a dizer, são livres, e pensam que ser livre é ser um tipo de troglodita. Assumem isso. E existem nesse estado de anarquia. Se querem um carro, o pegam; se desejam sexo, seguem uma mulher até pegá-la.
  Bertrand Blier é um dos mais interessantes diretores franceses. Seus filmes são sempre provocativos. Aqui temos quatro atores, na época desconhecidos, e que se tornaram símbolos sexuais em 1974. Gerard Depardieu, magro e bonito, é o mais forte dos dois amigos. Chega a sodomizar o companheiro e se suaviza ao se apaixonar por mulher mais velha. Uma atuação histórica. Suas cenas de sexo nos fazem rir, riso com raiva pois sabemos que o que ele faz é nojento. Seu amigo é feito por Patrick Dewaere e vale aqui uma apresentação. Com este filme Patrick virou mania na França. Fenômeno era seu rótulo. Mas logo se viciou em heroína e morreu muito jovem. Ele faz o amigo mais azarado, ainda mais burro que Depardieu. É apaixonante. E asqueroso!
   Há uma mocinha que não consegue gozar, então ela transa com qualquer um. Papel feito por Miou-Miou, uma atriz que se fez estrela também aqui. Se voce só conhece cenas de sexo feitas no cinema atual, repare nestas. Nada há de falso aqui. Nenhuma luz especial, nada de música sexy ou clima de neurose. É simples ato animal, despudorado, natural, tolo, desglamurizado, banal. As cenas de sexo são todas deliciosas, engraçadas e violentas, infantis.
   Após vê-los praticar vários crimes, fiquei com medo que viesse o castigo, ou pior, uma explicação racional de seus atos. Mas não. O filme não tem o menor traço de moralismo. Eles não são punidos, não são heróis e não vêem a luz. Apenas se viram na estrada. A fala final de Depardieu é perfeita. Dewaere pergunta: Então ficaremos assim pra sempre? De lá pra cá, sem parar? E Depardieu responde simplesmente: -PORQUE NÃO?
   Não se fazem mais filmes assim. Blier fala da liberdade e filma livremente. E leva seus atores com ele.
   Repito: é uma obra-prima e é um dos mais saudáveis filmes já feitos.
   PS: Há uma adolescente que perde a virgindade com eles depois de ajudá-los a roubar o próprio pai. É Isabelle Huppert. Maravilhosamente desafiante. Sua carreira também começava aqui.