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GARGANTUA - RABELAIS E A ALMA SECRETA DA FRANÇA

Não me lembro, talvez tenha sido Harold Bloom, que falou: a alma da França se divide em dois campos: Rabelais e Racine. Racine é a raiz racional, cartesiana, jansenista. Já Rabelais é o outro lado.... Escrito no começo do século XVI, em plenos massacres protestantes na França ( o que? Seu péssimo professor de história passou seis meses fazendo lacração e não te contou nada sobre esse assunto? Tema vital para a história de todo ocidente? Que pena... ). Weeellll..... Rabelais era um ex católico e por isso viveu sempre dependendo da proteção de amigos poderosos. Mas vamos falar do livro, livro que de certo modo inaugura o romance francês. E que modo de inaugurar!!!!!! Gargantua é um gigante filho de nobres. Ele come. Ele bebe. Ele defeca. E o livro é isso, uma homenagem às funções corporais. Para voce ter uma ideia, há um capítulo em que ele descreve todas as coisas que Gargantua já usou para limpar o cu. Ovelhas, videiras, veludos e gatos estão na lista. Seu favorito é o ganso. 386 bois no café da manhã, 18 barris de vinho, ele advoga a ideia de que viver é beber e comer. Bloom estava errado, a França não se divide em dois campos, todos são Racine e Rabelais. Por detrás de todo francês existe uma pessoa que vive para comer, beber e defecar. Mais que isso, uma pessoa que transforma isso em arte e em ritual. De Serge Gainsbourg a Artaud, de Vian à Sade, a França é uma festa de foie gras e de fascínio por peidos e borbulhas de champagne. O livro é divertido e ás vezes muito engraçado. O que Rabelais quer é anarquizar a vida francesa, desnudar a corte, zombar da voracidade de reis e príncipes. A França é assim, ela zomba da autoridade e ao mesmo tempo é esnobe e elitista. Vende revoluções e Cartier. Rabelais sabia disso e fez isso. C'est bon.

SAINDO DE LONDRES

Minha amiga sai de Londres e uma cena revela o que significa um lugar que, apesar de tudo, ainda mantém algo do estilo. ------------ Na estação de trens há um piano de cauda, um Steinway. Em meio a multidão, um rapaz senta-se ao piano e executa um Liszt perfeito. ( Eu sei pois ela me mandou o video ). Uma menina surge e pede para tocar com o rapaz, SEM ENSAIO. Os dois tocam Brahms, um duo de violino-piano. Esplêndido, eu ouvi e o nível é alto. Não pedem dinheiro. Mas dezenas de pessoas param e aplaudem. Minha amiga se arrepia. ----------------- No dia anterior, um domingo, ela foi a um dos muitos museus de Londres. Entre aviões da RAF, locomotivas de 1830 e trajes espaciais, ela viu um enorme grupo de meninos anotando e pesquisando dados de tudo lá exposto. Eles não passeavam pelo museu, eles estudavam o que viam, em pleno domingo. --------------- Não há segredo em país desenvolvido: é trabalho, muito trabalho, muito estudo e um profundo respeito por sua história e o lugar de onde voce veio. Ela chama Londres de lugar mágico, um lugar digno daquilo que imaginamos que ela seja. --------------------- Hoje ela cruzou o canal e comeu peito de pato grelhado em Paris. E já percebeu que a França é outro mundo completamente diferente da Inglaterra. A casa onde ela se hospeda é muito mais clara, bem decorada, cheia de livros, garrafas, quadros, e principalmente espelhos. Ela percebeu: ingleses não gostam de se ver. Franceses estão sempre se olhando. -------------- Um casal de idosos sexy come ao seu lado no restaurante. Barulho. Franceses falam alto. Os idosos, elegantes, mal humorados, pedem o mesmo que ela, o pato, Le Canard. Ela está amando cada minuto da vida.

PARIS! PARIS! - IRWIN SHAW

Shaw foi muito famoso. Best seller durante os anos 50, 60, 70, roteirista de cinema, jornalista, autor de teatro, foi sendo esquecido nos anos 80 e hoje não é lembrado. Esse o destino dos Best Seller, vendem enquanto vivos, e assim que morrem se tornam encalhe de sebos. No caso de Shaw é uma pena, ele é da estirpe de Maugham, tem bom gosto e trata seu leitor como um adulto alfabetizado. --------------- Como aconteceu com milhares de soldados americanos, ao fim da guerra ele ficou em Paris e acabou por morar na cidade por 25 anos. Este livro conta suas lembranças da cidade em 5 artigos de revista. Ele consegue fazer com que até política pareça divertida. Não engraçada, ele não é humorista, ele é um entreteur. --------------- Cidades nascem, atingem apogeu, desaparecem, renascem, e algumas até morrem. Paris, quem tem alguma cultura sabe, foi brilhante várias vezes. A última delas entre 1950-1968. É o tempo de Shaw. Não ficarei aqui dizendo detalhes do porque, o livro conta isso, procure-o. Apenas irei resumir nestas linhas: Intelectuais e moda. Paris era fútil e era profunda, era linda e era suja, era um kaos e ao mesmo tempo chique. Latina-sensual e fria- rigorosa. Tinha o cheiro de comida e fuligem, era cinzenta e azul. E seus moradores, uma confusão de russos, portugueses, argelinos, espanhois e americanos. Muitos jovens, multidões de crianças nas ruas e todos sempre a discutir. Junto à tudo isso, o dom natural de se saber como usar uma écharpe, que vinho escolher e o modo certo de cruzar as pernas. Aristocrática e anarquista. Nenhuma cidade no mundo conseguia, de modo tão cartesiano, unir esses dois extremos: o luxo de certas ruas de Londres ou New York com a anarquia das revoluções do século XIX. ----------------- Isso morreu em 1968. A Paris que visitei já não era essa. Em 1976, 1982, tinha ainda alguma marca desse passado. Hoje ela tenta ser o que foi sendo aquilo que já é: impessoal. -------------- Shaw foi embora da cidade em 1972. Nunca mais morou lá. A cidade, como ele diz, estava irreconhecível. Sim, cidades são coisas vivas, e como tudo que é vivo devem mudar. O problema é quando mudam para pior. Paris, assim como Londres faz agora, optou por se entregar, abriu mão do rigor e assim perdeu sua alma. Roma ou Amsterdã souberam e estão sabendo conciliar seu estilo de sempre com o tempo que, logicamente, tem as transformado, Paris não. Ela se deixou levar.

O FILME MAIS CHATO DA HISTÓRIA: O ANO PASSADO EM MARIENBAD, ALAIN RESNAIS

Consigo imaginar facilmente gente como Cacá Diegues ou Glauber, se sentindo muito superior ao bradar: Este filme é genial! Abaixo os filisteus! ------------ O filme mais chato do mundo era Lincoln do Spielberg ou aquele do PT Anderson sobre petróleo. São muitos. Mas Marienbad inaugura o filme chato que quer ser chato e tem prazer em ser chato. Filme igreja: ele capta fiéis. E eles amam a purgação que o filme lhes dá. ------------ Atenção! Eu falei "Filme Chato" e não filme ruim. Resnais não fez aqui um filme ruim, ele fez um filme que amola, enche o saco, chateia. Mas que não pode ser chamado de ruim, pois tem imagens lindíssimas ( de Sacha Vierney ) e exala uma elegância chique que nos faz admirar. ------------ Me lembro de uma propaganda de perfume, nos anos 90, quando ainda se podia ser chique, em que se copiava este filme. Era lindo e era engraçado. Qual perfume? Chanel? Gautier? Não lembro... --------------- Eu li um romance de Alain Robbe-Grillet, o autor deste roteiro, nos anos 70. Se chamava PROJETO PARA UMA REVOLUÇÃO EM NEW YORK. Nos anos 70 ainda se editavam livros do tal Nouveau Roman, e Robbe-Grillet era o mais famoso deles ( mas quem ganhou o Nobel foi Butor ). Grillet tinha por objetivo fazer um romance inumano, onde não houvesse gente e sim apenas objetos. Um romance sobre cadeiras, paredes, mesas. Sem ação. Sem enredo. O filme é quase isso, mas Resnais tinha outra aspiração. --------------- Façamos uma experiência: peço que voce recorde agora um amor de seu passado. Lembre do rosto da pessoa. Da voz. E daquilo que ele ou ela fazia. Observe agora: ela está presa dentro de voce. Morta. E é isso que Resnais exibe no filme: aquele palácio é a memória do homem e a mulher foi seu amor. Presa e preso dentro dessa memória, tudo ali se torna uma repetição ao infinito. Não pode haver ação, pois uma lembrança está encerrada, e portanto tudo nela já morreu, terminou. Nossa memória seria um túmulo. --------------- Não se pode chamar de ruim um filme que nos faz pensar isso. Mas nada impede de o chamar de chato. Afinal, ler Kant é bem chato e mesmo assim ele é genial. ----------------- Há quem diga que este é um filme de vampiros, que todos são mortos-vivos, e portanto se trata de um filme de terror. Não nego isso. Como disse, tudo que mora em nossa memória está morto. Os personagens posam, não interpretam, porque não podem mudar-viver-evoluir, estão presos para sempre numa postura fria e sem futuro. Não era isso que o roteirista queria, ele planejara que pessoas e coisas fossem o mesmo, iguais, centrais em condições idênticas, mas Resnais foi além e mostrou que a memória faz de tudo um objeto. ---------------- No mais o Nouveau Roman fracassou porque se voce faz um livro onde não há pessoas, onde tudo são coisas, ora...o leitor fará do homem que escreveu o texto persoangem e heroi do romance. --------------- 1961, ano deste filme, foi momento de onanismo de quem se considerava um aristocrata da mente. Havia em pleno apogeu Bunuel, Antonioni, Godard, Kubrick, Bergman, Cassavetes, Truffaut, e no seu começo Pasolini e Tarkovski. Entre esses nomes que citei tem muito filme bom e Bergman é um de meus ídolos, mas no geral, em 1961, Hitchcock, Huston, Hawks, Wise, e o cinema popular em geral, faziam coisas bem mais interessantes. E mesmo na França, Melville e Malle eram mais instigantes que Godard e Truffaut. --------------- Sim, ele é chato como são Stalker ou 2001. Na verdade é mais chato que esses dois. Mas não dá pra dizer que ele é ruim.

AUX ARMES ET CETERA - SERGE GAINSBOURG, LE REGGAE

Tive minha fase de ouvir reggae. Em 1983, muito sol, muito Peter Tosh. Mystical Man, Mama Africa, são os albuns que mais ouvi do cantor da Jamaica. Sempre gostei mais de Peter que de Bob Marley. Tosh me parecia mais bad boy. Marley era muito "john lennon" pro meu gosto. E a banda de Tosh era melhor. Tinha Sly Dunbar na bateria e Robbie Shakespeare no baixo. Pra voce entender, eles são tão bons que Bob Dylan os chamou para gravar em 1984. --------------- Em 1979 o mega irriquieto Serge Gainsbourg resolveu fazer um disco de reggae. E chamou a banda inteira de Peter Tosh para isso. Nos vocais de fundo botou as cantoras do Bob Marley, Rita Marley inclusive. Ouço agora esse disco pela primeira vez. É talvez o melhor disco do gênero que ouvi na vida ( pode me xingar, tou nem aí ). Serge fez aquilo que Tosh nunca fez: liberou a banda. Não há um só disco de Tosh que tenha bateria de Sly em tanta evidência. Ela está lá no alto, solando à vontade, o mesmo acontecendo com o baixo de Robbie. É quase um disco de dub music. Ecos, repetições, sons esquisitos, paradas, acelerações, retomadas, é o tipo de reggae que o Black Uhuru fazia então. Serge se antenou com o que havia de realmente novo em 1979 e faz com que as tentativas de Stones ou Stevie Wonder com o gênero pareçam tímidas. O francês teve a inteligência de ser apenas uma voz, ótima, em meio ao bando de jamaicanos. Democrático ao extremo. Que grande, grande disco! ----------------- Posto duas faixas mas poderia postar as doze. Sucesso em seu país, o fato dele não ter sido nem mesmo lançado nos EUA ou por aqui atesta a ignorância preconceituosa contra a música pop da França. É um disco tão bom que não faz feio ao lado dos grandes discos desse grande ano de 1979. Ouça.

AS GRANDES PAIXÕES - GUY DE MAUPASSANT

No cinema francês clássico, aquele de Ophuls, Renoir, Autant-Lara, nada era mais filmado que histórias de Maupassant. O mais belo representante é o inesquecível A Ronda do austríaco Ophuls. Tenho em mãos esta bela edição de 2010, pela Record, de vários contos de Maupassant, e eles, deliciosos, rodam sempre sobre aquilo que é mais francês: sexo. A França, do final do século XIX, tinha uma liberalidade no assunto, sexo, que é espantosa. Lésbicas, putas, cornos, relações de uma noite, decepções, triunfos, tudo relatado na prosa elegante e clara do autor. Ah....a abençoada claridade francesa! O amor pela língua que eles possuem, como nenhum outro país no mundo. Caso voce não saiba, não há idioma que mudou menos nos últimos 300 anos que o francês, e mesmo os textos medievais são mais legíveis que aqueles escritos no velho inglês ou em antigo italiano. Desde o romantismo há nos autores da França um comprometimento pelo texto claro, sem palavras inuteis, tudo bem explicado, objetivo. Isso nos causa espanto, pois logo lembramoa da poesia difícíl dos impressionistas e da prosa trabalhosa de Proust. Mas veja bem, comparado à Joyce ou Faulkner, Proust é lógico e racional. Claro como o sol. ---------------- Os primeiros contos deste volume são mais voltados ao aspecto social da vida. É o segundo grande tema da França, a política. Mas mesmo neles, é o desejo sexual que move a vida, a ação. Os famosos BOLA DE SEBO e A MANSÃO TELLIER se encontram aí. Depois temos histórias, todas brilhantes, sobre trens e flertes, hoteis e sexo, homens e moças mal comportadas. Um leitor, jovem de hoje, talvez tenha impulsos de censor ao ler estes contos. É um mundo que ele não aceita. Esse impulso apenas conspira contra nosso mundo, hipócrita, atual e dá vantagem à França de 1890. Para aqueles como eu, que amam a individualidade, direito de cada um, é uma joia este livro. -------------- Maupassant morreu louco por contágio de sífilis. Morte longa, dolorosa, sem trégua. Isso faz com que cada encontro sexual, aqui descrito, tenha um componente, para nós, de amargo sabor. Para minha geração, aquela que começou sua vida sexual sob a AIDS, é uma lembrança melancólica. Como se nas valsas e polcas deste livro ecoasse uma nota de morbidez. -------------- Ler Maupassant é um belo prazer.

O BARATEAMENTO FRANCÊS

Ouvindo Jean Michel Jarre eu percebo como a França nada cria, copia e barateia. Jean Michel, filho do multi oscarizado Maurice Jarre, usa, desde 1976, bases do Kraftwerk e acrescenta à elas o pior POP francês. Pegue Oxygene por exemplo. No início ouvimos uma percussão que é xerox dos alemães. Mas com maior velocidade. Então, onde Ralf e Florian colocariam o inesperado, Jarre coloca o óbvio: uma assoviante melodiazinha francesa. Eis o POP nojento da França! Isso logo me fez lembrar que o existencialismo, dinamarquês e alemão, virou moda em Paris. Que o romantismo, criação anglo alemã, na França se fez produto exportável à todos os teens do planeta. Assim como o iluminismo, pensamento de fãs da cultura inglesa. O cinema veio dos EUA e virou arte na Alemanha, a pintura ocidental nasce na Italia e o impressionismo tem sua primeira ideia na Holanda e na Inglaterra ( Jodkind e Turner ). Cubismo? Espanhol. Arte moderna? Russa e Suiça. Realismo? Gogol e Dickens, Dostoievski. Revolução? Inglaterra 1666, EUA, 1776. Música: tudo pego de mestres italianos e depois alemães e eslavos. Onde a criação original francesa? A França pode até melhorar, como fez com queijos e vinhos, mas não cria. É uma nação que copia, repete, e finge ser invenção sua. Talvez isso venha dos Francos, povo que imitava os romanos, os gauleses, que imitavam os germanos, ou os nobres fidalgos de Luis XV, imitadores dos gentis homens de Itália e Espanha. -------------------- Tudo isso me veio ao escutar algo tão horrivelmente francês como Jean Michel.

O CAIS DAS SOMBRAS, UMA OBRA PRIMA DE MARCEL CARNÉ

Primeiro os créditos iniciais: Schufftan e Alekan são os diretores de fotografia. Alekan inclusive foi homenageado por Wenders em seu filme sobre os anjos em Berlin. Schufftan formou uma legião de diretores de fotografia e nos EUA criou escola. Mais: o cenógrafo é Alexandre Trauner, talvez o maior mestre da cenografia para filmes. Jacques Prévert no roteiro e eis o filme. --------------- Primeira cena e voce já entra no clima: noite, uma estrada cheia de neblina. Um caminhão freia porque há um homem no meio do caminho. Carona. É Gabin em mais um papel mítico. Usa uniforme de soldado, está fugindo, veio da Indochina, colônia francesa. Um cão na estrada, Gabin faz o caminhão desviar, quase briga entre ele e o condutor, fazem as pazes, um Gitanes então. Gabin desce em Le Havre, o cão o segue. Uma cabana grande, bar e hotel, um barraco à beira mar, neblina. O dono do lugar o ajuda, lhe dá comida. Uma mulher, Michele Morgan aos 16 anos fazendo a femme fatale. Boina, capa de chuva transparente, lindissima. A cena em que ela se volta, close, de antologia. Eis o filme noir. Os dois se apaixonam, mas há Michel Simon, seu "padrinho", há um rico metido à gangster, há a fome. Não há vilão mais asqueroso que Michel Simon! Seu rosto, feio como o crime, queixada, olho de cobiça, voz de mentiroso, todo filme com Simon, e são muitos, é uma aula em como ser nojento, como ser repulsivo, mesmo quando ele é o heroi!!!! Pois bem...Gabin herda as roupas e os documentos de um morto da praia, conhece um capitão, irá fugir para a Venezuela ( em 1938 se emigrava muito para lá ). Mas há o amor, antes o amor. Uma noite de amor. E uma ida ao parque, brincar. Os dois descobrem que a vida não é tão ruim, talvez a sorte tenha mudado. Mas ele mata Simon, com um tijolo e tem de partir, sem ela. Na rua, tiros, Gabin morre, foi o playboy que se faz de gangster...Um beijo enquanto ele morre na rua. Ela ficará só. O cão foge do navio, corre pelas ruas, é o fim. ------------------- Conciso, direto, sem nenhuma fala ou cena que sobre, é um filme perfeito. Há obras primas que não são perfeitas, posso citar dezenas, e há filmes perfeitos que não são obras primas. Pois um perfeito para ser obra prima tem de ter um universo inteiro dentro de si. A obra prima, em qualquer das artes, inventa um mundo onde ele reside, ela é centro desse mundo e se torna a onipresença desse kosmos. Ao ver uma obra prima em filme, entramos no mundo daquele filme, um mundo que só existe lá e que TEM DE existir para sempre. Já o filme perfeito, apenas perfeito, não tem uma cena a mais, não mostra falha, jamais hesita, é inexorável. Este filme é as duas coisas, um mundo de neblina e de azar, e de beleza triste, e também uma absoluta concisão perfeita, por isso irretocável. E há Gabin, mais uma vez...desta vez doce, quase bom, sensível e perdido, um desertor, um sozinho. Carné não tem medo algum, ele nos dilacera. O filme é um prazer amargo, um dos meus favoritos, obrigatório.

A MULHER DO PADEIRO, FILME DE MARCEL PAGNOL E O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO, DE SACHA GUITRY. UM TEMPO IRRECUPERÁVEL.

Houve um tempo, 2002, 2010... em que podíamos assistir toda a história do cinema em casa. Os DVDs estavam lançando sem parar filmes que eram impossíveis de se assistir até então. Mais fantástico, podíamos ser "donos" de um filme. A obra era nossa, tínhamos parte dela. Colecionamos. Hoje, além da absurda moda de se dublar tudo, os serviços digitais nos apresentam um cardápio miserável. Somente o óbvio. É como se toda a literatura mundial fosse reduzida a Tolstoi, Dostoievski e Shakespeare. E mesmo assim, apenas com quatro ou cinco obras de cada um. A hsitória do cinema, que renascera no começo deste século, foi encerrada por volta de 2015. Quem comprou, comprou. Quem viu, viu. Não verá nunca mais. ----------------- Houve um tempo em que a Provence não era um playground de turistas que querem sentir o gosto da "França real". A região era pobre, os parisienses a odiavam, e a língua lá falada era um francês com um sotaque quase incompreensível. A França oficial, chique, ficava entre Paris e Lyon, Bordeaux e Biarritz. Todo o sul era terra esquecida. Pedregosa, cheia de ventos terríveis: O Mistral, lugar de gente atrasada e tosca. Estes dois filmes mostram essa Provence antiga. Peter Mayle em seus deliciosos livros tenta nos fazer crer que ela ainda existe. Não existe não. Ela morreu junto com cigarros fedorentos e o Pernod com água da fonte. Marcel Pagnol e Jean Giono são dois dos escritores centrais da Provence. Pagnol, além de fazer livros e peças, dirigia filmes. São obras que hoje parecerão pré históricas. Ele pouco se importa com edição, ritmo, suspense, são histórias contadas ao ritmo de uma conversa preguiçosa em um bar de Marselha. Pauline Kael dizia que em A MULHER DO PADEIRO, o ator Raimu, um mito para os franceses, tinha talvez a maior atuação masculina da hsitória do cinema. Em qualquer língua. Gordo, meio bronco, sujo, ele faz o papel de um novo padeiro, que chega à uma vila. Seus pães são maravilhosos e as pessoas logo ficam encantadas. Mas, sua jovem esposa foge com um pastor de cabras e o padeiro para de fazer pães. A vila se organiza e traz a mulher de volta. É só isso. Mas que filme vasto!!!!!! O foco de Pagnol, que além de dirigir o escreveu com Jean Giono, é o povo. O filme é um desfile de tipos inesquecíveis e, creiam, muito reais! Minha origem é parecida com a do filme e aquela gente existia até mais ou menos 1950. Temos o "marquês", o homem rico do lugar, velho elegante de fala culta, que vive com 3 "sobrinhas". O padre, um chato jovem e vaidoso que discute com o professor, um janota ateu. Há ainda o baixinho fofoqueiro, o gordão bêbado e briguento, a velha virgem, o pescador que só fala se o deixam falar à vontade ( meu pai era assim, só se animava a falar se pudesse falar meia hora sem interrupção ). Mais que "tipos", essas pessoas, todas reais, críveis, são fosseis de um tempo que a quem tem menos de 30 anos parecerá incompreensível. Mas falemos de Raimu...o filme é inteiro dele e focado nele. O sofrimento, patético, de seus "cornos" são de uma maestria sem paralelo. Ele "sola", é como um piano cercado por orquestra, tem falas laonguíssimas, sem cortes, varia do "ela foi apenas visitar a mãe", até o " eu quero morrer", jamais parecendo caricato. O padeiro é ingênuo, ridículo, e quando perdoa sua esposa, que retorna capturada pela vila, não há como não sentirmos piedade por uma pessoa tão desprotegida. Percebemos que eles, o padeiro e sua esposa, jamais fizeram sexo, apesar de casados, e o filme, ele é bastante picante, tem falas de duplo sentido o tempo todo, mostra que a esposa, sensual, teve dias de intenso sexo com o pastor ( um tipo espanhol: rude e apaixonado ). Pois o padeiro a aceita como se nada tivesse ocorrido e assim a vida continua. Para quem, quase todos nós, já foi abandonado, é um dos momentos mais pungentes do cinema. É um filme que nos acompanha. Pra sempre. ----------------------- Já o ROMANCE DO TRAPACEIRO é dirigido, escrito e estrelado por Sacha Guitry. Quem? Sacha Guitry foi, até mais ou menos 1960, um dos franceses mais famosos do mundo. Homem multi midia, ele estava presente em todo canto da vida da nação. Sempre fino, elegante, malicioso, ele era chamado de a versão francesa pop de Noel Coward. Bobagem! Sacha era ele mesmo! O começo deste filme, os primeiros dez minutos, é das coisas mais deliciosas já filmadas. Mas atenção! Assim como Pagnol, Guitry faz um tipo de filme que é só dele. A hsitória não tem diálogos, a história da vida do narrador é toda narrada pelo homem de 54 anos, Guitry, que a escreve. Voce passará hora e meia ouvindo a voz de Sacha Guitry narrando a ação que acontece na tela. E que ação!!!! Há desde um quase atentado político à romance cínico, roubos e Monte Carlo, Paris e a Provence. O filme é sofisticado, chique, leve, muito bem humorado, exatamente a cara de Guitry. Mas não é para todos! Se voce estiver embrutecido por nossos costumes apressados e objetivos ao extremos, não suportará as firulas e a vaidade deste malandro boa gente. Mais que cinema, aqui temos literatura com ação. Escrevendo isto ainda ouço a voz de Guitry e isso é bastante agradável. Eu daria um braço para escrever e falar daquele modo. -------------------- Estes dois filmes, feitos no fim dos anos de 1930, são marcas de um tempo passado e irrecuperável. Assistir aos dois é como visitar um outro planeta. Um planeta que adoraríamos visitar. ( Talvez voce não...uma pena ).

TERRA DOS HOMENS- ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY

Ler este autor em 2023, é um ato muito, muito fora de moda. Exupéry fala em seus livros, adultos, daquilo que hoje é mais odiado: a coragem. Assim como a agressividade, a coragem é vista como caracterísitica da masculinidade tóxica, e como tal, precisa ser eliminada de nossos genes. Sinto extrema preguiça em discutir tamanha besteira, óbvio que essa perseguição é parte de um surto psicótico mundial. Deixo aos bons psicólogos que analisem isso. Com coragem. TERRA DOS HOMENS conta histórias de coisas que Exupéry viu em seu trabalho, e o trabalho desse autor francês exigia...coragem, muita coragem. -------------- Seu trabalho era o de piloto de avião. Ele fazia a entrega de correspondência no norte da Africa, cruzando o Saara, e depois entre Argentina e Chile, ultrapassando os Andes. Isso em 1935, 36, 37...sem radar, sem mapas confiáveis, sem contato com a terra em 90% do tempo. Simplesmente não se tinha garantia alguma de chegar ao destino. Aviões pequenos, de lata, com motores que falhavam, que desligavam sem motivo, eles sobreviviam a pousos forçados, quedas inacreditáveis, dias e dias perdidos no deserto ou na montanha. Exupéry, que morreria em 1944, numa queda no mar, com menos de 40 anos de idade, trabalhando para os aliados na Guerra, tem como maldição a autoria de O Pequeno Príncipe. Voce fala seu nome de já se pensa em autor doce e infantil. Mas não! Eu li todos os seus livros nos anos de 2010 e sei o que falo: É um muito bom escritor. O estilo é filosófico ao modo francês, ele emite sentenças sobre sentenças dando luz a fatos da vida real. Não sei se consigo me fazer entender, mas mesmo em tradução, aqui é Rubem Braga, é fácil perceber o estilo de um escritor francês. É rebuscado mesmo quando simples, é verborrágico mesmo quando curto, é filosófico mesmo quando realista. Franceses amam a prórpia língua e percebo isso no modo como redigem. É uma escrita cheia de afirmações. Enquanto um inglês conta e um alemão descreve, um francês cria frases. ---------------- Exupéry crê no homem. Tudo que ele escreve traduz a fé, inabalável, na nobreza do ser humano. E isso é também bastante fora de moda em 2023. Hoje é o ser humano visto como um tipo de fungo que estraga a vida. Para Exupéry somos a luz que ilumina o cosmos. Este livro, feito de areia, céu, raios e herois, é uma lição de vida no sentido que demonstra a beleza do estoicismo. A vida, para ele, é o pouco que dá muito. Estrelas, pão e café, o sol, o corpo que luta. Cheio de momentos quase mágicos: a casa na Argentina, o ex escravo solto em Marrakesh, o piloto francês que mapeou a estrada aérea nos Andes, é um livro curto e rico, simples e majestoso.

UM TEXTO MAU ( NÃO LEIA SE VOCE NÃO QUER FICAR CHATEADO )

Ela tatuou 8 símbolos satânicos no corpo. Dentre eles, um pentagrama no peito e uma cabeça de bode na coxa. Hoje muita gente faz isso, há um modismo bobo sobre bruxaria, Wicca, Satã etc. Mas ela odeia Wicca. Tem uma coleção de livros satanicos, inclusive alguns que ensinam sacrifícos animais. Não, ela não mata bichos. E não faz voodoo. Mas quando a vi envolvida nisso, temi pela sua sorte. O mal atrai o mal, não é? Pois veja: ela morava em um barraco e mal ganhava o bastante para comer. Então houve um convite para trabalho, depois mais um, e hoje ela ganha 10 mil reais por mês, fazendo aquilo que ama fazer. Tenha calma quem me lê, voce já vai entender onde quero chegar. ------------------ Sou de um país onde um homem que passou passivamente esperando a ajuda de Deus, perdeu, e um outro, partidário óbvio da matéria pura, venceu. Vamos falar da Idade Média agora. -------------------- Na França surge no sul um movimento herético: o catarismo. Sua filosofia é terrível, mas estranhamente faz sentido: Tudo o que Deus faz é Divino e portanto IMORTAL. Tudo que seja falível, mortal, limitado é obra de Satã. Isso explica o porque da existência da morte, do mal, da doença, da dor. Obras de Deus são nossa ALMA imortal, o amor. Deus criou a vida imortal e Satã nos ilude com a matéria falível. O perigo desse pensamento é que ele pode, e levou, ao desprezo pela vida material. O ódio ao corpo, à natureza, à matéria, tudo sendo visto como obra da maldade. O papa logo combateu esse grupo e os destruiu sem piedade. Todos foram mortos, inclusive vários nobres que adotaram essa fé. ------------- O outro lado dessa crença diz que o Homem deve adotar dois comportamentos: a retidão e a bondade nos assuntos de Deus, a malícia e a maldade nos assuntos da matéria. Volto então ao tema exposto: dinheiro é assunto do mal pois é material, temporal e falível. Minha amiga passa a vencer a partir do momento em que usa essa força. Claro, mera coincidência....ou não? Pois se dinheiro é um dos temas mais materiais e portanto satanico, política é a rainha do mal. Confiar no bem e esperar a justiça NUNCA significaram vitória. Mesmo cristãos como Thatcher, Reagan ou Churchill tinham um lado, secreto, de bastidores, terrivelmente duro, cruel, maldoso. Jamais venceriam se fossem bons e pacientes. A bondade havia, para a família, os amigos, o povo, que eles amavam, mas para os adversários, para o jogo de poder, havia a maldade. Reagan, unido a Thatcher e ao papa João Paulo, venceu o império soviético. Se ajoelhando e rezando? Não seja ingênuo. A vida material não é do reino do bem. Mesmo o papa tinha um lado bastante duro. E sabia usar o mal para obter um ganho, no caso dele, o Bem do catolicismo. Grandes personalidades viviam e vivem nessa dualidade: usar o mal para ganhar um bem. Mas a maioria deles usa o mal apenas para vencer egoísticamente. Usam o mal para aumentar o mal. Dinheiro, sexo e vaidade. ----------------- Eu creio nisso? Não sei. Mas confesso que neste momento, em que o mal vence mais uma vez, não há como não ser tentado por esse pensamento. Minha amiga está comendo em restaurantes de 300 reais o prato. O filho do chefe do tráfico chega na escola com motorista. Os outros alunos se sentem humilhados. Goethe sabia disso. Fausto é a história desse pacto. Para vencer neste mundo, o das aparências, é preciso saber lidar com o MAL. ------------------- Olhe para a Europa e veja um bando de fofos líderes iludidos. E observe um único que sabe usar a força da maldade. ( Talvez dois, pois a Ucrania nada tem de bom, é um país tomado por tráfico de sexo, drogas e lavagem de dinheiro ). A diferença é que Putin, maldoso e sempre esperto, realmente ama a Russia. Ele usa sua malícia para o bem de seu amor real, a nação. Já o outro é apenas mal. Usa essa força para proveito próprio. Não exita em sacrificar seu povo numa guerra sem chance de vitótia. Mas ele se dá bem. O dinheiro americano jorra sem parar para seu bolso. -------------- Dentro desta filosofia, Trump perdeu a eleição por não ser mal o bastante. Topou com algo pior que ele: o partido Democrata. Quanto a Bolsonaro, seu comportamento foi tolo como o de um coroinha de igreja. Achou que por intervenção divina a verdade surgiria e a justiça seria feita. Foi patético. Os adversários, firmes com os dois pés no chão, estão rindo. Satanicamente. ----------------------------- Haverá um preço cobrado por Satã? Essa a grande questão. Talvez a solidão, um câncer ao fim da vida, um sentimento de vazio? Ou o Inferno na eternidade. O problema é que as coisas de Deus nos são imperceptíveis por serem invisíveis à nossos sentidos, enquanto as coisa do mal estão diante de nossos olhos, todo o tempo. Percebeu o perigo dessa heresia?

HOLANDA E FRANÇA: carbono e comida.

Estarão as midias tradicionais dando o devido valor ao que acontece agora na Holanda? Lembro que a guerra na Ucrania começou muito antes da midia noticiar, e já então eu dizia que Putin ia invadir o país vizinho para destruir a lavagem de dinheiro mundial ( e também alguns laboratórios suspeitos made in USA ). Fico imaginando como é a cabeça de um tapado que se "informa" apenas pelas fontes antigas... Deve imaginar que o planeta se resume a Bolsonaro X O Bem. É como conhecer uma nação apenas escutando a descrição de quem odeia e é inimigo dessa tal nação. É pior que parcialidade. É formatar para a estupidez. Weelllll ( como diria o cancelado Francis )....... A Holanda tem um ministério do Carbono ( não é piada ), e esse ministério estipulou que a agricultura holandesa deve ser diminuída. Há um excesso de emissão de carbono e a alface e o trigo são os culpados. De tudo que há lá, que já não é muito, apenas 30% poderá continuar na terra. Há um prazo para desocupar. Se não abandonarem a terra por bem, será na marra. Quinta feira houve uma greve geral. O povo tomou partido pelos verdureiros. Fogo nos portos. Há fotos. Aqui não há notícias. É uma notícia que não pega bem para "o povo do bem". ------------- Há uma geração no poder que não tem o menor contato com o mundo real. E eu sei como funciona a mente deles porque eu quase fui assim uns 15 anos atrás. Para esse povo existem apenas 3 interesses no mundo inteiro: 1. Vencer o aumento das temperaturas globais. 2. Cessar a criação de bichinhos que serão comidos. 3. Promover a igualdade sexual. Todo o resto, emprego, comida, moradias, corrupção, drogas, são irrelevantes. Esse povo realmente crê que o mundo irá acabar e que ELES E SÓ ELES SÃO OS HEROIS DA MARVEL. Pensar em trigo ou maçãs diante do fim do mundo é ser alienado. Em 2010 eu escrevi aqui que o mundo só valeria a pena quando nenhuma galinha fosse morta numa granja. Eu entendo a cabeça desses poderosos. Eles vivem no reino da Disney e dos Vingadores. O mal para eles é quem cria boi e planta soja. Quem não se prepara para o cometa. --------------- Remi é um caminhoneiro francês com quem tenho contato faz um ano. Ele roda a França convocando gente para bloqueios de estradas e greves relâmpagos. Nada disso sai na mídia de lá. Seu protesto é o mesmo da Holanda. Na França o povo do campo está sendo expulso. Viram indigentes nas vilas do interior francês. Macron finge não ver. Está preocupado com a Amazônia. E se esconde de Putin, o último macho alfa da Europa. --------------- É dificl entender que numa crise mundial, a pior desde 1945, europeus restrinjam o cultivo de comida. Te dou uma dica: voce não vai entender se pensar que eles são normais. Mas não. São fanáticos obsessivos. Fome é para eles uma ideia absurda, distante, uma ficção. Real é o aquecimento global e o aumento dos mares. Não é preciso ser um gênio para entender que eles estão se comportando como os reis de 1789. Substitua aquecimento global por obras divinas que voce terá a mesma situação. Se os franceses querem comida e trabalho, ora, que arrumem um emprego em tecnologia ou robótica!!!! O desastre será inevitável. ------------------- Enquanto isso, cá nas republiquetas do narcotráfico, fica cada vez mais explícito que para meu desgosto somos desde os anos 80 uma nação de traficantes e de drogados. Aqueles velhos filmes do Schwazza estavam certos. Bolivia-Venezuela-Colombia já assumiram sua condição de fábrica de pó. Mesmo o Gabeira diz que se o velho mentiroso vencer por aqui, a Amazonia virará zona livre. Os países fronteiriços farão de lá uma nação do vale tudo fazemos qualquer negócio. O Brasil é a bola da vez. Há muito dinheiro preso aqui dentro. Tem muita gente esfregando as mãos.... -------------------- Remi hoje estará em Nice. Haverá um comício com 15 mil caminhoneiros. Na Holanda não há o que comprar nos supermercados. O candidato da direita japonesa foi morto ao vivo. E jamais voce saberá porque. Irão dizer que foi um maluco. Trump quase foi preso e ninguém sabe o porque. Pessoas Disney odeiam profundamente homens alfa. Sentem uma mistura mal digerida de inveja e perigo. São homens que pensam, ainda, em comida, emprego, segurança. Que pouco se importam com cometas, efeito estufa, vida das zebras ou opção sexual por cadeiras de dentista. Querem vencer aqui e agora. Para os Disney boys são esses os vilões.

E A FRANÇA?

Leio uma matéria, boa, onde se diz que 48% dos jovens franceses ( entre 12 e 22 anos ) não dominam sua própria língua. Nada demais se essa pesquisa fosse feita no Brasil ou na California, mas a França, como toda pessoa culta sabe, sempre foi o país que amava sua língua. Basta dizer, aprendi isso estudando linguística, que era a França o país onde a língua dos séculos XVII e XVIII menos mudara. Mais incrível, era a nação onde a fala das ruas mais se parecia com a fala dos escritores eruditos. A língua francesa fora construída, séculos afora, para servir ao pensamento. Enquanto o inglês fora aperfeiçoado como língua dos mares e do comércio, e o italiano como a língua da canção e da sedução, o francês era a fala daqueles que pensavam. Era feita de sutilezas, de duplos sentidos, de pequenas nuances. Tudo isso acabou ou está em vias de acabar. A França é hoje país de patois, de girias, de fala apressada e estúpida, de analfabetos ( claro que falo em comparação com aquilo que foram um dia ). Foucault conseguiu o que queria. Todas as instituições francesas foram derrubadas. O que Foucault, sempre uma besta, não contava é que a língua de Foucault e de seus amigos fosse derrubada com eles. Como nos diz a revoalução francesa, intelectuais amam a revolução e jamais aprendem que são eles os primeiros a irem à guilhotina quando a revolução se afirma. ------------------ Quem lê meus posts sabe que hoje eu desprezo a França. É um país ridículo constituído por gente frouxa. Têm a doença mental que todo europeu tem: vaidade narcísica. Viajam pelo mundo para purgar a culpa de um passado feito de escravidão e roubo. E ao mesmo tempo tudo o que têm é a herança cultural desse tempo que tentam cancelar. Se pensarmos apenas na história europeia dos últimos 50 ou 60 anos, veremos que é uma história insignificante. Tudo o que fizeram em arte, política ou ciência é reflexo dos centros americano-russo-japonês. Agora chinês. Puxa-sacos do dinheiro, refinados sem cultura, revolucionários preguiçosos, isso é a Europa em 2022. Museus e restaurantes, vestidos e restos do explendor, c'est tout. Sem crianças, um continente de velhos e de estrangeiros. E estrangeiros, afinal, alguém tem de limpar o lixo que os europeus não limpam; não querem mais ser europeus. Nem eu quero. ----------------- O que escrevo é texto de ex amante. Pois a França foi amada por mim nos meus 18, 20, 25 anos de idade. Amava a língua. Amava a comida. Amava a sujeira. Amava a história. E seus pintores, cineastas, escritores. A França era como Alain Delon. Linda e perversa. Como Jean Gabin. Um toco de Gitanes e um boteco cheio de fumaça e de putaines. A França era sexy. Mesmo nos anos 50 seus filmes tinham mulheres sem roupa, cenas de cama. A França dos filmes de Truffaut, romântica, meio infantil, idealista, livre e perdida. Dos policiais sórdidos de Melville, Becker, Clouzot. Homens meio sujos, barba por fazer, viris, tóxicos, quietos. Mulheres apaixonadas e loucas. Mentirosas. Eu amava tudo isso, que já era uma fantasia, mas que existia, eu vi. Pintores de blusa listrada, baguete sob o braço, boinas, sofrendo de amor até achar outra. ---------------- Eu descobri a literatura séria com Voltaire aos 15 anos. Até então eu lia por causa do enredo e não por causa do autor. Voltaire foi meu primeiro favorito. Depois veio Stendhal, Proust, Camus. Eu aprendia a língua na Aliança Francesa. A terra das festas na Provence, do queijo e do vinho, do sol e do vento frio, a terra mais viva do planeta. Mas..... Como toda civilização, a França se apoiava nos 3 valores que matèm uma civilização unida: Fé. Educação. História. O amor francês por seus intelectuais, nunca houve país que mais os levasse a sério, foi seu suicídio. Mataram o catolicismo francês. E esse catolicismo era o mais puro do mundo. Mataram a família como núcleo de educação básica. E por fim renegaram a história francesa à meia dúzia de slogans sem sentido. -------------------- Quando a língua morre ela leva a cultura inteira para o lodo. Livros clássicos se tornam leitura de poucos eruditos, e a fala das ruas não consegue mais acessar os meandros da inteligência. Pois a fala é um código mental, uma chave que nos faz adentrar os segredos da vida. Sem ela somos apenas escravos. Roma perdeu sua língua. Atenas foi roubada da sua. ----------------- ATENÇÃO! Não falo do crescimento de um vocabulário, essa absorção que uma língua viva faz de tudo que lhe é útil. Do inglês pegando palavras do espanhol, do francês, do alemão, para assim crescer. Eu falo do fim da sintaxe, de quando a língua vira preguiça, o vocabulário encolhe ao mínimo. Como diz o autor: é o momento em que falamos de amor latindo, expressamos raiva ganindo e tentamos dizer o que sentimos gemendo. Não estamos longe disso. Há canções que a anos não fazem mais que gemer e latir.

MALCOLM MCLAREN - PARIS

No começo dos anos 90, ser chique era escutar coisas como Galliano, Incognito, Brand New Heavies, Swing Out Sister e principalmente Soul II Soul. Chamavam de acid jazz ou de new jazz, mas de jazz tinha nada e de acid pouco se sabe. Eu ouvia muito. Era minha praia. Uma doce mistura de soul music tipo Cutis Mayfield com rap e Barry White. Tudo com um banho de teclados moderninhos e baterias digitais. PARIS de Malcolm McLaren é o disco em que o "famoso por ser famoso" tenta se dar bem no estilo ultra plus chic. Se deu mal. O disco não vendeu e a crítica ignorou. ------- São duas horas de som. CD duplo. Duas absurdas, pretensiosas, longas horas. As letras são primárias. Mas servem pra uma coisa: nos lembrar de como todos nós eramos tolos em 1988 ou no caso, 1994. ------------ Mc Laren narra sobre as músicas. Ele conta, em seu modo mais narcisistico, sua vida em relação a Paris. Desde sua meninice, em que ele já sonhava com a cidade, até os anos 90, em que ele anda pelas ruas e se sente feliz. A tolice nasce desse amor bobo. Paris descrita como a cidade dos filósofos, Beauvoir, Grecco, BB, jazz etc etc etc. Chavões. Clichés. O pior dos anos 80: citar nomes como se fossem um tipo de reza. Exalar erudição de bula. McLaren não esquece nem de exaltar a sua roupa preta. So What? ---------- Ele ama Paris porque ele se vê nela. Nos anos 80 todo cara chique era assim. A gente era pretensioso pacas. E tinha a certeza de ser especial. Só porque, como faz McLaren, conhecermos Cocteau e Satie. ------------ Por outro lado: o som é bom. A música é uma soul music interessante e gostosa. Macia e suave. Mas, QUE COISA, a voz de Malcolm incomoda. Para narrar histórias e sentimentos sobre uma base sonora, o cara precisa ter uma voz sugestiva. Ser um Lou Reed, um Leonard Cohen, um Paolo Conte. A voz deve conter autoridade, história e ser instigante. De preferência timbre grave, rouco, potente. Pois bem, a voz de Malcolm parece a de um pato sem vitaminas. É fraca, é juvenil, é boba. Soa como a voz de uma pessoa burra. Isso é imperdoável. ----------------------------- Malcolm McLaren foi um dos primeiros caras a ser famoso por ser famoso. Ele era um empresário atrapalhado, um dono de loja sem função e depois um músico sem música. DUCK ROCK de 1982 foi um grande disco. Ele teve a esperteza de usar RAP e música africana antes de virarem mainstream. Depois não fez mais nada de valor real. ( Não vou falar do modo como ele fodeu os Sex Pistols....voce já sabe disso não é? ). ------------ Dos vários pecados de PARIS, este disco, a pior é botar numa faixa o nome de MILES DAVIS e ouvirmos um trompete que soa como....Clifford Brown. Miles tocando hot e não cool é como Bowie cantando RAP. Nada a ver. Qual a intenção? O solo é o mais anti Miles possível. Há mais, uma faixa chamada Satie que tem um monte de som. E Catherine Deneuve narrando uma coisa qualquer. A versão de Je Taime, do Serge é medíocre. Aliás, eis um cara com voz interessante: Gainsbourg. ------ Mesmo assim o disco é divertido. Dá pra ouvir comendo morangos. Bebendo Pastis. Carregando uma baguete no sovaco. Moral da história: SEMPRE DESCONFIE DE UM INGLÊS QUE DIZ AMAR A FRANÇA.

MINHA COZINHA EM PARIS - DAVID LEIBOVITZ

   David é um dos mais agradáveis escritores sobre comida de hoje. Este é o terceiro livro dele que leio e é o mais delicioso. Morando a mais de dez anos em Paris, ele nos dá receitas enquanto fala de como é viver e comer na cidade. Com fotos, capa dura, é um livro bacana da Zahar. Lemos e aprendemos sobre entradas, queijos, sobremesas, pratos principais e também sobre os hábitos verdadeiramente parisienses.
  Dei este livro de presente e é uma bela sugestão. Mas, ops, o Natal já se foi! Então o oferte para voce mesmo. Acho que seria merecido.

APRENDIZ DE COZINHEIRO - BOB SPITZ

   Que façam logo o filme. Este é um dos muitos livros escritos tendo em vista uma futura filmagem. Pode dar um bom filme, ótimo até, mas está longe de ser um bom livro.
  Quem me conhece sabe que graças a Peter Mayle, adoro livros sobre a arte de viver. Livros que unem viagens e comida, ou bebidas com construção. Li vários que são aulas de escrita e de bom humor. São livros de luxo, para ter e reler. Dei três de Peter Mayle de presente este Natal, e sei que serão apreciados com o mesmo espírito que nos faz apreciar um bom espumante. Ou queijo.
  Muita gente escreve livros nesse estilo. Vendem bem, são ideais para férias. Passados sempre na Toscana ou na Provence, levam aos americanos e japoneses a exoticidade domesticada do que é latino e antigo. Livros yuppie.
  Este mostra a saga de um escritor que perde a esposa e vai estudar culinária ( gastronomia soa mais in ), na França e na Itália. Bob Spitz escreveu uma bio sobre os Beatles e este livro é autobiográfico. E meio chato. Spitz é verborrágico e ao contrário de Mayle e de Mayes, não tem humor. Pouco observa das pessoas ao seu redor.
 O segredo do bom livro de viagens ou de joie de vivre, é o entorno. Não a paisagem ou a casa em ruínas, são as pessoas. Destacar bons personagens. Spitz nunca faz isso. O livro, além dele, tem apenas sombras.
 

A MORTE DO GOURMET - MURIEL BARBERY...UM LIVRO LINDO.

   O que nos agrada em um livro? Originalidade, arte em escrever bem, informações, verdades, fantasias, símbolos, impacto...Um livro pode ter tudo isso e ser chato. Ou muito ruim. Um livro pode não ser nada original, nada informativo, e mesmo assim ser brilhante.
  Gosto de dizer, para livros e para filmes, para música e para a arquitetura, que eles são bons por serem bonitos. Eis um comentário nada cool, bem fora de moda. Dizer que um filme é bonito é visto hoje como dizer que ele NÃO é relevante. A beleza pura se tornou algo como um espírito ou a honra: um valor arcaico.
  Mas, que coisa né, continuamos a nos guiar por ela. A força da beleza independe de moda ou de nossa opinião formal. No âmago das nossas opiniões é por ela que nos guiamos. Voce pode não ligar para a feiúra do Minhocão e falar que sua região é "vitalizadora" ou "instigante", mas no quarto voce prega um poster de Van Gogh e um pano da India. A beleza brota nas fendas de suas frases "ferinas".
  Este livro é lindo. E isso é tudo. Me deu o prazer que só a beleza dá. O prazer calmo e insaciável, um prazer de gozo que não se aquieta mas que ao mesmo tempo acalma. A beleza é o certo, o fim, não o meio. O alvo da arte não é a verdade. É o repouso. A conclusão. É o fim. E esse fim pode ser mais um começo.
  Um crítico de gastronomia morre. E no quarto, em sua agonia, ele tenta achar sentido em sua vida. Para isso, recorda seus grandes momentos diante de um prato ou de um copo. Ao mesmo tempo, o livro dá voz às pessoas que o conheceram. E cada uma o vê de um modo.
  Muriel escreve à francesa. Com requinte e amor à lingua. Sua prosa tem suco. Gosto de falar mal dos escritores franceses, mas a prosa da França é como seu cinema: quando acerta é divina. Pena que erre tanto. Erre tanto por vaidade. Por excesso de amor à sua habilidade.
  Amei este livro. Muriel é uma boa autora. Dá vontade de reler.

A FISIOLOGIA DO GOSTO - BRILLAT-SAVARIN, A BÍBLIA

   Em 1825 Brillat-Savarin, politico, bon vivant, homem de letras, lança este seu único e despretensioso livro. Nele, ele fala de comida, da fome, da gordura, de jantares, de química, de história. Conta memórias centradas no prazer de comer, no afeto a amigos, na evolução de hábitos. Foi meu amigo Fabio Pagotto quem me indicou este livro, uma edição bonita da Companhia, de 1995. Belo livro. É o inicio da moderna gastronomia, no sentido de aqui se iniciar o livro não como simples "livro de receitas", mas como obra sobre o ato de se alimentar.
 O estilo é o do século XVIII. Savarin era leitor de Voltaire e de Bossuet, e mesmo sendo o livro de 1825, seu estilo é aquele dos 1700. É brilhante, leve, muito refinado, bastante malicioso, e extremamente civilizado. Leio a primeira linha e imediatamente sinto a música da época mais civilizada do mundo. É como ouvir Mozart ou Vivaldi, estamos longe da barafunda romântica. Nada de confissões, são linhas de gosto. Muito bom gosto.
 Se comia muito naquele tempo. E se bebia mais. Os jantares têm perú, cabrito, peixes, ostras, saladas, frangos, perdizes, javalis, tudo servido inteiro, às centenas. São refeições de cinco horas, cada um bebendo de 4 à 6 garrafas de vinho, sobremesas de frutas, compotas, bolos, geleias. Café e chocolate, açúcar, licor. O autor fala de como o café surgiu, da chegada do chocolate à Europa, da febre por açúcar, dos novos licores. É um mundo de abundância e de pouco cuidado com a saúde, um mundo de prazer irregrado.
 Uma leitura deliciosa.

REVOLUÇÕES...

   Nenhuma invenção é mais trágica que essa coisa francesa chamada de FERVOR REVOLUCIONÁRIO. Junte um bando de pessoas querendo reformar o mundo, o resultado será sempre injusto e violento.
   Foram os franceses que patentearam essa febre por reformas. Foi a REVOLUÇÃO FRANCESA, a grande farsa, que trouxe ao mundo a moda da revolução. Mas antes esse fervor já existia. Queimar hereges, matar protestantes, massacrar judeus, tudo isso era feito da mesma água.
  Depois da revolução francesa tivemos as COMUNAS DE PARIS, a REVOLUÇÃO RUSSA,  a CHINESA,  o NAZISMO, o FRNAQUISMO e mais um milhão de movimentos grupais revolucionários. Todos trouxeram sangue, atraso, repressão e injustiça. E todos tiveram de criar a terrível imagem do BODE EXPIATÓRIO. Pois NENHUMA revolução cresce no amor. Quando falamos de revolução falamos sempre de ÓDIO.
  Por isso adoro o estilo INGLÊS  de ser. Seus movimentos sociais preservam sempre o BOM SENSO. E não à toa, foram eles que resistiram a Napoleão, Hitler, Stalin e tantos outros. Nunca devemos nos esquecer que é em Londres que Karl Marx se refugia. Assim como Freud. Os judeus. Aliás, nunca se queimou uma bruxa na Inglaterra. Na alma do inglês existe o amor a discrição, a preservação de um costume. Eles nunca aceitam que se derrube uma parede. Preferem pinta-la.
  Pergunte a um indiano sua opinião sobre a colonização inglesa e eu lhe garanto que será menos amarga que a opinião de um africano sobre a colonização francesa, belga ou alemã.
  Por isso eles tinham de sair do EURO.

PIQUENIQUE NA PROVENCE- ELIZABETH BARD...AFINAL, ESSE LUGAR EXISTE MESMO...

   O primeiro contato que tive com essa mítica Provence foi lá por 1992, quando tomei contato com os trovadores do século XII. Ou...espere, foi antes! Nos anos 70 vi um filme do Philipe De Brocca que se passava por lá. Esse filme mostrava uma vila cheia de gente sorridente e sexy, vivendo entre vinho e flores. Depois, já neste século, li os livros de Peter Mayle. TODOS. A Provence de Mayle é um sonho de simpatia. E a vida que ele descreve é bastante privilegiada. Por mais que ele fale de suas aflições com serviços, contas altas e pisos gelados, é uma vida de fartura e de mesas de mármore. Mayle come e bebe. E nada mais que isso.
  Aqui é diferente. Elizabeth é uma americana que se casa com um francês e numa viagem de turismo, já casada, se encanta por uma minúscula casa de vila. Os dois se mudam de Paris para lá e logo ela engravida e tem seu primeiro filho. Além disso, ela é judia e tem depressão. O melhor do livro é isso, Bard compara a vida americana à francesa e a França vence em seguro social, comida e saúde. Além da natureza e do tempo livre. Os EUA vencem na aceitação da religião alheia e em simpatia. Só isso. De todo modo, Bard, que se apaixona pela Provence, tem muito de outsider e mesmo a maternidade lhe é difícil. Ela precisa aprender a ser mãe, a ser francesa e a ser dona de casa.
  É um livro leve, solar, com alguns momentos cinzentos. Elizabeth Bard se mostra muito mais humana que Mayle. Embora Mayle divirta mais. Gostei muito e recomendo este livro lilás.
  Quanto a Provence...recomendo a Bretanha. Vento, seca, muita poeira e muita pedra. Tórrido no verão, gélido no inverno. Caro, bem caro. O "romantismo" que voce espera achar na Provence vive na Bretanha, na Champagne, ao redor de Estrasburgo. A Provence é dura. Encanta ingleses por seu calor. E agora, mais ainda, por ser moda. Mas não é o lugar mais belo da França. Nem o segundo ou terceiro mais belo. Mas...escrever um livro com o nome "COMO VIVER NA PROVENCE" venderia mais que "VIVENDO EM BORDEAUX"...
  É isso.