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THE BUDDY HOLLY STORY E ELVIS NÃO MORREU

A falta de ideias, fenômeno típico de nosso tempo, fez com que haja no cinema uma inflação de biografias. A maioria segue o padrão: começo animado, sucesso, problemas, doença ou vício, redenção. Esse esquema faz um mal terrível para os biografados. Toda vida acaba por parecer possuir o mesmo valor, tanto faz ser um cientista ou um escritor, o que importa é sua neurose familiar ou seu sofrimento hospitalar. Pior, premia-se não uma grande interpretação, mas a melhor imitação. E creia, imitar não é atuar. ---------------- Em 1980 não era moda filmar uma biografia de alguém, muito menos de astros do rock. Duas foram feitas e as duas fracassaram nas bilheterias. Na época, biografia de Elvis ou de Buddy Holly cheirava a filme vulgar, esquemático, filme para a TV. E ninguém dava valor a nada que fosse da TV. --------------- John Carpenter fez uma longa produção sobre Elvis. Fã, ele evitou mostrar a morte do mito. O filme vai até 1969, ano em que ele voltou aos palcos após 10 anos afastado. Enquanto ele se prepara para esse show, cenas de sua vida são exibidas. Kurt Russell faz Elvis. E faz muito bem. Nunca parece engraçado. Nunca sentimos vontade de rir. E conseguir fazer Elvis, hoje, sem parecer uma palhaçada é um grande mérito. O menino Elvis era pobre, muito pobre e amava a mãe com fixação. Começa a cantar na escola, grava um disco barato para a mãe, é descoberto pela gravadora Sun, estoura. Rico, famoso, perde a mãe para o câncer. Conhece Priscilla, se casa. O coronel Tom Parker dirige sua carreira. Elvis odeia seus filmes. Odeia muitos dos discos. E jamais pode sair à rua. ------------- Muito bom no começo, depois o filme se arrasta. ------------- Muito melhor é o filme sobre Buddy Holly, que deu a Gary Busey uma indicação para o Oscar de melhor ator ( perdeu para Jon Voight em Going Home ). Gary Busey é um ator que voce já viu muito e não lembra de onde. Aqui ele faz Buddy à perfeição. Como é o filme? Buddy Holly tinha uma banda no Texas. Tocou em baile de escola e foi gravado por uma rádio local. Caiu nas graças de um DJ maluco do norte dos EUA. Sem dramas, Holly nem pobre era, ele vai para New York e lá consegue algo inédito até então: liberdade para produzir a si mesmo. Ele poderá gravar só aquilo que quiser e como quiser. Sem orquestra, sem produtor, sem arranjador, é apenas Buddy e os Crickets, baixo, bateria e guitarra, um trio. ---------------- Estoura. É o primeiro branco a tocar no Harlem, no Apollo. Shows de TV, casas, carros, muito trabalho. E a morte, em 1959, numa queda de avião. O tal " DIA EM QUE O ROCK MORREU ". Apenas 24 anos de idade. --------------- O filme é frenético como era Holly e felizmente tem muita música. --------------- Se voce não conhece Buddy Holly voce não conhece rock. Ele criou o esqueleto que faria a glória dos Beatles. Não por acaso OS BESOUROS em homenagem aos GRILOS. Holly criou o POP Rock com o formato que ainda hoje é usado por toda banda indie. De Weezer à Buzzcocks, de Elvis Costello à REM, de Violent Femmes à Talking Heads, todos devem algo aquilo que Buddy inventou: a canção rock, com sua guitarra pulsante, a bateria bem marcada, a harmonia vocal de fundo, o refrão pegajoso. Os óculos e a gravata, o timbre da guitarra, a voz, tudo se tornou uma marca indelével do rock. Músicas como Peggy Sue, Maybe Baby, Well Allright, Oh Boy, Not Fade way...são ícones, fontes do nascimento do pop. Buddy Holly era um gênio e faria, tenho a certeza, aquilo que Brian Wilson fez: levar o pop a niveis sinfônicos. Não deu tempo. O filme o dignifica. Sem drama e sem apelar. Afinal, Buddy Holly foi um cara feliz.

Elvis Presley - See See Rider (Aloha From Hawaii, Live in Honolulu, 1973)

Elvis Presley - Fever (Aloha From Hawaii, Live in Honolulu, 1973)

AO VIVO NO HAVAÍ EM 1973....ELVIS PRESLEY

Elvis fez um show no Havaí em 1973. Esse show virou filme e depois disco. Chegou ao número 1 das paradas, em ano que tinha Dark Side of The Moon e Led Zeppelin. Ouço o CD com o show. --------------- Primeiro fato: a banda. James Burton, Ronnie Tutt...a bateria de Tutt é maravilhosa. Ela é alegre, festeira. Não é por acaso que Tutt era sempre ovacionado no meio do show. E Burton tem uma guitarra que esbanja corte. É uma navalha. Então eu percebo que Elvis tinha os grande ao seu redor. Mas e ele? ------------------------- O show começa e a voz não tem energia. Elvis não parece cansado e nem doente. Está sem interesse. Ele canta blasé. Desafina várias vezes. I Can't Stop Lovin You se torna uma paródia. Johnny B. Good não tem punch e a letra é quase resmungada. Mas há Fever.... -------------- Em Fever Elvis se acende. Sua voz se torna sensual e eu entendo aquilo que Elvis sempre teve: Sexo. Com o tempo ele perdeu o tesão, e em 1973 esse elan já se fora a muito. Mas em Fever ele relembra aquilo que ele era. O público é dominado, a voz é viril, há milhares de insinuações, ele é O Rei. ------------------- Elvis tinha 38 anos na época. 38. E em 1973 ter 38 equivalia, no mundo do rock, a ter 80 hoje. Para minha geração, Elvis era tão antigo como Sinatra ou Liberace. 38. Mas isso talvez se devesse ao fato, e notamos isso no disco, de que Elvis era uma coisa dupla e muito esquisita. Ele inventara o rock como fenômeno de vendas, mas ainda tinha como parâmetro de sucesso, como auge da fama, o show estilo Las Vegas. Vindo antes dos Beatles, Elvis parecia tão velho, e ele tinha apenas 6 anos mais que John Lennon, porque seus valores eram os mesmos de Dean Martin ou de Marilyn Monroe. Hollywood, Vegas, calçada da fama, shows exclusivos, diamante no dedo. --------------- Mas ele era bom, era muito bom e seu gênio foi ter se soltado, durante 3 ou 4 anos, entre 1956-1960, e gravado aquilo que a América tinha mas ignorava: a canção simples dos caipiras. A união do sul e do norte. Do branco e do negro. A voz de quem não era chique. ---------------------- Meu pai era 9 anos mais velho que Elvis e quando, em 1974, comprei meu primeiro disco, meu pai ficou surpreso. Lembro do que ele me disse: Esse tipo de música é coisa de caipiras. Voce não entende que só caipiras ouvem isso? ------------- O disco era Diamond Dogs, de Bowie e Bowie não era um caipira. Elvis sim. ( Não fique bravo. De JJ Cale aos Allman Brothers, eu amo rock feito por caipiras ). ---------------------- Elvis, como Jerry Lee Lewis ou Chuck Berry, era um caipira que ficou famoso. E como só Elvis mesmo, ficou rico. ------------- O disco é um retrato perfeito do que o rock seria se os Beatles jamais tivessem existido.

LES MISERÁBLES/ CLINT/ DE MILLE/ ELVIS/ TIM BURTON/ STAR WARS

   OS MISERÁVEIS de Tom Hooper com Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway e Amanda Seyfried
Li o livro de Victor Hugo aos 15 anos e lembro de ter ficado muito impressionado com seu realismo. Das versões do cinema não vi nenhuma, e agora tive o prazer de assistir esta versão da peça da Broadway. Primeiro toque para aqueles muitos que não têm intimidade com musicais: este filme nada tem a ver com o musical clássico de Hollywood. Aqui ninguém dança, não há aquele alegre sabor jazzístico de Kelly, Astaire e etc. Os Miseráveis está muito mais próximo da ópera que do sapateado. No musical típico há diálogos, as canções entram para expor aquilo que se passa dentro dos perosnagens. As músicas são as emoções que se explicitam. Aqui tudo é cantado. O filme não tem um só diálogo, como na ópera, os atores falam cantando. É estranho até para mim que amo musicais, imagino um tradicional expectador de Arkansas o que sentirá vendo este filme ( nada, ele não o verá ). Porém, passado o choque do começo, tudo deslancha. Tom Hooper, o ótimo diretor de Malditos United e do oscarizado Discurso do Rei, entrega um filme repleto de emoção.
Antes de mais nada quero falar sobre e homenagear Hugh Jackman. Nas quase 3 horas de filme, em nenhum momento, ele deixa de passar a dor terrível que acomete Jean Valjean. Jean roubou para comer e vai pagar por isso para sempre. Ele foge da lei, tenta  ser um outro, e nessa fuga ele vive só, sempre só. Jackman consegue passar essa dor com olhares, modos de andar e com sua voz. Hugh Jackman canta muito bem e as canções, todas, são ótimas ( algumas excelentes ). Eis um ator completo! Hugh sabe fazer aventuras, comédia, drama, e musical. Completo. Juro que não quero ser "diferente", mas não gostei de Anne Hathaway. Ela exagera e passa do ponto. Sua personagem mais que sofre, ela hiper-atua. Anne é da escola Heath Ledger, atuação como sintoma. Já Amanda Seyfried dá um show. Exata, complexa, rica em conflitos. Russell Crowe destoa. Não canta mal, mas não atua, apenas posa. 
Gostei muito do filme, cheguei a chorar ao final, mas ele tem algumas falhas, falhas que se devem mais ao cinema feito hoje que a Hooper. Closes demais, cores pobres, câmera tremida, excesso de cortes. O visual do filme, que "parece" ser exuberante, quase se perde nessa confusão de estilos televisivos. Quando a pressa se abranda, temos cenas belíssimas como aquela do começo no cais, ou a cena das barricadas.
O tema é rico, o filme fala do momento crucial em que o povo toma definitivamente o poder. O poder não financeiro, mas o poder de fazer com que a história saia dos palácios e dos gabinetes e passe a ser contada nas ruas. A terrível miséria da França de 1830 é mostrada sem disfarces e todas as revoltas são perdidas. O povo perde, mas a história dá sua guinada. É nos esfarrapados que vive o futuro. O futuro é de Jean Valjean. O futuro seria de Victor Hugo, o primeiro intelectual-artista "de esquerda". Quem deixar de ver o filme irá imaginar que ele trata de amor, que engano! Os Miseráveis é sobre a miséria e a injustiça. O filme nunca foge disso.
Em que pese o belo PI e o divertido DJANGO, nada vi de melhor entre os indicados ao Oscar. Nota 8.
   CURVAS DA VIDA de Robert Lorenz com Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake e John Goodman
Um velho que está ficando cego. Ele é olheiro de beisebol. A filha, advogada de sucesso, tenta uma reaproximação. É dificil pois o velho é duro como...Walt Kowalski ! Um filme simpático, familiar e completamente banal. Nada nele surpreende, tudo o que acontece é esperado. Clint está cansado e Amy é uma atriz muito interessante. Não é um filme ruim, nem bom, é antes opaco. Nota 5.
   COISAS DA COSA NOSTRA de Steno com Carlo Giuffré, Pamela Tiffin, Jean-Claude Brialy e Vittório de Sica
Entre 1955 e 1975 a Itália chegou a ameaçar seriamente o poderio do cinema dos USA. Os italianos faziam filmes de arte melhores que os americanos e além disso tinham uma grande produção industrial de comédias, aventuras, terror e até westerns. Em 1962 e 63 quase fizeram tantos filmes/ano como Hollywood. Esta comédia representa a produção banal da época, o tipo de filme vulgar, que era dirigido ao povão, aos cinemas de subúrbio. Eram filmes como este que financiavam os Bertolucci e os Taviani. Fala da máfia Siciliana em estilo chanchada. Nota 3.
   O IMPOSSÍVEL de Bayona com Naomi Watts e Ewan MacGregor
Lixo. Naomi concorre ao Oscar por este papel.. Well....ela sofre pacas! Mas o prêmio se vier deveria ir para a maquiagem, são boas bandagens. Talvez seja o filme mais aborrecido do ano. Masoquistas vão adorar. Nota 1
   CORNERED de Edward Dmytryck com Dick Powell e Walter Slezack
Uma complicada trama sobre soldado americano que caça francês que lutou ao lado dos nazis. O filme é bom, mas decepciona. Dmytryck e Powell podiam bem mais. Nota 5.
   SANSÃO E DALILA de Cecil B. de Mille com Victor Mature e Hedy Lamarr
De Mille nunca errou por superestimar o público. Ele fazia um cinema carnaval, seus épicos eram desfiles opulentos. Se numa cena houvesse a necessidade de elefantes, De Mille punha logo uma dúzia... e mais tigres e leões. Misturava sexo com a Bíblia e tudo ficava com cara de show da Broadway. Foi o rei da Paramount e num tempo em que ninguém estava nem aí pra diretores, ele foi um superstar. Já vi quase todos seus filmes e gostei de todos, menos deste. Ele erra. Porque? Porque tanto Sansão como Dalila são dois malas. Groucho Marx comentou este filme na época:" Jamais veria um filme em que o peito do ator é maior que da atriz". Nota 2
   O BACANA DO VOLANTE de Norman Taurog com Elvis Presley, Nancy Sinatra e Bill Bixby
Quando eu era criança, lá por 1974, a Globo passava tudo de Elvis na Sessão da Tarde. E eu odiava. Em 74 nada era mais velho que Elvis. Fico surpreso ao perceber hoje que este filme, por exemplo, tinha apenas seis anos em 1974. O mundo mudara demais entre 68 e 74 e esses jovens de cabelo curto, alegrinhos correndo atrás de garotas groovy pareciam então a coisa mais careta do universo. Revisto hoje o filme me deu um choque...ele é pior do que eu lembrava. Quer dizer, ainda pior, quase um pesadelo!!! O tempo é mesmo relativo...um filme de William Powell feito em 1935 parece mais vivo que um Elvis de 1968...Bem, hoje Matrix já cheira a mofo... Nota ZERO
   FRANKENWEENIE de Tim Burton
E Burton pode ganhar afinal seu Oscar!! Com esta animação dark que fala de menino que traz seu cachorro de volta a vida. Burton homenageia os Gremlins e ainda Frankenstein, Drácula, e uma multidão de pequenos filmes trash. Há algo de muito triste neste desenho. É um retrato acabado de uma alma inadaptada, tão inadaptada que recusa a morte e o tempo. Tim Burton é um poeta. O desenho é muito bom. Nota 7.
   O IMPÉRIO CONTRA-ATACA de Irvin Kershner
Lançado em 1980, um big big big hit. Aventura pura. Um ícone para minha geração é um filme incriticável. Lucas misturou Flash Gordon com Kurosawa e New Age. Mais Han Solo, que é 100% um cowboy. De toda a saga este é o melhor. Kershner foi um bom diretor dos anos 60. Dirige melhor que Lucas. Sabe dar voz aos atores. E que beleza rever R2, Yoda e Chewey!!!

ZAZIE/STAR TREK/JULIA ROBERTS/KILLSHOT

SERESTEIRO DE ACAPULCO de Richard Thorpe com Elvis Presley e Ursula Andress
O mais famoso filme de Elvis. Uma chatice. Nunca tinha notado como Elvis tem caras e bocas idênticas as que fariam a glória de Bowie e Ferry. Glamour. Mas o filme é tão chato! nota 1.
O AMERICANO TRANQUILO de Joseph L. Mankiewicz com Michael Redgrave e Audie Murphy. Eis um grande desastre. Mankiewicz, excelente diretor e roteirista, erra totalmente neste filme baseado num soberbo livro de Graham Greene. Passa-se no Vietnã pré-americano, o Vietnã-francês. Trata de ciúmes, americanismo e europeísmo. No filme se perde tudo: não há politica, não há humor negro. Há uma versão de John Boorman, com Pierce Brosnam e Brendan Fraser que é igualmente ruim. O genial Redgrave está perdido aqui. nota 1.
KILLSHOT de John Madden com Mickey Rorke e Diane Lane.
Miss Lane continua absurdamente bonita. Rourke continua escolhendo mal seus filmes. E agora chega: filmes de FBI, petrodólares, ex-agentes...cansou!!!!! nota zero.
STAR TREK de JJ Abrams com uns caras.
Vamos falar a real ? Vamos parar de bobagem ? Uma diversão como esta não pode ser criticada por alguém que fala sobre cinema. Seu objetivo é o mesmo da TV ou do Hopi Hari : o máximo de emoção com o minimo de risco. Deve ser analisado não em termos de roteiro, atuações ou direção. Deve ser julgado como investimento e retorno. Voce gasta uma grana para ter bom acompanhamento para pipocas e Coca, para ter emoção fácil, saudável e limpa. Voce recebe o que pediu. Como num grande parque, num circo ou na Disney. Analisado como cinema, cinema pop, ele é previsível, idêntico a dúzias de filmes anteriores. Apenas um fato : pra que atores ? Desenhos animados fariam tudo o que eles fazem e melhor. nota... qualquer uma. Não faz a menor diferença. O que conta é que a sala estava cheia.
O EXTERMINADOR DO FUTURO de McG com Bale, Sam e Moon
Tudo que foi dito acima vale para este. Com um agravante : o diretor tenta fazer cinema, não consegue, irrita. Bale se tornou uma caricatura. Diverte pouco. Dou nota : zero.
DUPLICIDADE de Tony Gilroy com Julia Roberts e Clive Owen
Adorei o inicio. Promete muito. Parece que será aquilo que o filme ridiculo de Brad e Jolie deveria ter sido. Tem classe, agilidade e algum bom humor. O diálogo parece ser acima do nível rasteiro de hoje... mas então... o diretor se deslumbra e se perde. Começa a destruir tudo o que "parecia" e vemos o que o filme é : veículo para a volta de Julia, única real estrela de sua geração. Ela não compromete, já Owen começa a saturar : ele tem duas únicas expressões, usa-as com constância de relógio. Uma bela fotografia. nota 4.
BANDEIRANTES DO NORTE de King Vidor com Spencer Tracy
De Bogart à Brando, de Sean Penn à De Niro, todos dizem que Tracy é o maior. Eu não gosto de Tracy. Este filme, do muito importante Vidor, é aborrecido, racista, ultrapassado. nota 1.
ZAZIE NO METRÔ de Louis Malle com Catherine Demongeot e Philippe Noiret
Após tantos filmes ruins, algum alivio vem da França. Deste mítico filme de Louis. Faça-se justiça à Malle, ele foi o melhor cineasta da época da nouvelle vague. Tinha o anarquismo de Goddard com o apuro de Resnais. E uma poesia que remete a Clair e Cocteau. Que filme é este ? Impossível dizer!!!! É uma versão de Alice de Lewis Carrol passada na Paris de 1960? É uma homenagem à Keaton, Chaplin e aos irmãos Marx? É o pai dos melhores video-clips? E dos filmes dos Beatles? É um filme sem sentido nenhum ? É tudo isso junto! É o mundo visto pelos olhos de uma criança feliz. É a única tentativa na história do cinema de se fazer aquilo que seria um filme dirigido por uma criança. Por Zazie. Malle consegue. Viva!!!! nota 8.
VIRTUDE FÁCIL de Stephen Elliot com Jessica Biel e Colin Firth
Eu adorei este filme bobo. Ainda não passou em nossas telas e duvido muito que passe. É uma adaptação de um texto de Noel Coward pelo diretor de Priscilla, rainha do deserto. Jessica não compromete ( não gosto dela, acho-a esquisita, bocuda ) e Colin ( de quem sempre gosto ) está excelente. Trata de uma tradicional familia inglesa, que recebe o retorno de seu filho, casado com uma "moderna" americana. O conflito, em tom de ironia, se dá. A mãe não aceita a moça e ela não aceita a vida na mansão campestre. Coward obteve imenso sucesso com esta peça. Ela era tudo o que ingleses e americanos queriam assistir : cinica, leve e cheia de inteligencia. E hoje? Existe público para um filme onde tudo de melhor que acontece está vinculado àquilo que é dito e não àquilo que é feito ? Onde tudo é refinado, sutil, sub-entendido? Gostaria muito que sim, e é sintomático uma entrevista de Jessica em que ela diz ter sido "um prazer dizer aquele texto tão inteligente. Pena hoje não falarmos assim!" O público entendirá ou se entediará ? Músicas de Coward abrilhantam o filme ( e algumas de Porter também ) e todo o resto do elenco está delicioso ( com excessão do filho, um fraco e bobinho menino ). No fim, o filme vai se acinzentando e se torna um bom drama de final risonho ( mas não feliz ). Adorei. É um prazer, uma raridade e com certeza será um lindo fracasso. nota 8.