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MONICELLI/ KAZAN/ BILLY WILDER/ MARILYN/ GASSMAN/ SWEET SWEETBACK...

   GREMLINS de Joe Dante
No auge de seu poder juvenil Spielberg produziu para seu amigo Dante este estranho filme divertido. Acho que todo mundo já viu um dia. O roteiro é de Chris Columbus e é preciso dizer que Chris tem um estilo. A gente sente que é coisa dele. Os atores são impagáveis: ruins, perdidos, sem expressão. Mas tudo se compensa pela graça dos bichos, são simples, mal feitos até, e geniais. Pena os atores tão inaptos e um começo que demora a engrenar. Nota 5
   A GRANDE GUERRA de Mario Monicelli com Vittorio Gassman, Alberto Sordi e Folco Lulli
Ninguém fazia comédias como os italianos dos anos 50/60. Eram engraçadas, mas também eram tristes, poéticas. O segredo era esse dom para fazer humor sem perder nunca o pé da realidade. E ter à disposição a melhor safra de atores do mundo. Vejam Gassman. O rosto de nobre-pé rapado que ele tem. A vaidade misturada a mais desamparada miséria. A voz ( Gassman foi ator shakespeariano, dos melhores ), clara e alta, dando entonações de tolice e de pretensão a esse personagem patético. A história? Dois soldados na primeira guerra. A incompetência do exército italiano, a crueldade da violência fria e matemática, o espírito humanista tentado respirar nas trincheiras. Eles são covardes, são sonhadores, se envolvem com prostitutas e com contrabando, e ficam felizes ao poder comer. O filme, imenso, é um tipo de afresco sobre a luta, é cheio de graça, de leveza, de beleza suja. Monicelli havia acabado de fazer uma obra-prima ( OS ETERNOS DESCONHECIDOS )  e na sequencia nos dá mais um filme histórico. Maravilhosa diversão e arte de primeira categoria. Nota 9.
   A CANÇÃO DE BERNADETTE de Henry King com Jennifer Jones
Jennifer ganhou o Oscar com este filme. Filme que é praticamente sua estréia. Fala das aparições de Nossa Senhora para a muito simples ( burrinha até ) Bernadette Soubirous, em Lourdes, no século XIX. O filme tenta ser comedido e consegue. Exibe o clima hiper-racional da época e jamais deixa de insinuar que tudo pode ter sido uma alucinação. Mas para quem tem fé será filme de profunda emoção. Para os descrentes, é um belo conto sobre o que poderia ter sido. Atenção: nada é mostrado como lenda cor-de-rosa. Defeito grave: é longo demais! Nota 6.
   BABY DOLL de Elia Kazan com Carroll Baker, Karl Malden e Eli Wallach
Tennessee Willians escreveu esta história sobre uma mulher-criança que apesar de casada não tem relações sexuais com o marido. Isso ocorre porque o marido empobreceu e ela se sente lesada. O casamento, já em seu primeiro ano, ainda não teve sua lua de mel. O cenário é a vastidão do "sul". Negros desocupados comentam e riem do marido ridiculo. O casarão cai aos pedaços. E surge um "latino", rico, que seduz a menina. As cenas de sedução são das coisas mais eróticas já filmadas. Sem trocar um beijo, sem nenhuma nudez, há uma hiper volatização do desejo. Eli Wallach, como o sedutor, está excelente. Um cafageste ambicioso, mentiroso, vaidoso. Malden faz o marido, tolo, bronco, impotente em seu desejo, ansioso. Baker poderia ter sido uma estrela. Não foi. Linda, faz aqui o que a Lolita de Kubrick não fez, excita. Mas é um dos filmes mais fracos de Kazan. O texto de Tennessee é limitado. Perdemos o interesse no terço final. Daria um bom filme de hora e meia. Apesar dos atores, a nota não pode ser mais que 6.
   O PECADO MORA AO LADO de Billy Wilder com Tom Ewell e Marilyn Monroe
É estranho ver MM. Ela foi tão imitada e caricaturada que vê-la é como ver um cartoon, ela não parece real. É o primeiro personagem virtual da história. Billy, dos grandes diretores de Hollywood é o que menos me agrada. Há algo de muito grosseito nele que me incomoda. O filme, sempre interessante, raramente engraçado, fala de marido que sózinho em casa no verão, passa a se imaginar em caso com a vizinha. É aqui que há a famosa cena da saia de MM se erguendo na rua. O cinema tem 3 cenas emblemáticas, essa, Gene Kelly cantando na chuva e Ingrid Bergman pedindo para tocar As Times Goes By. É um filme de cores fortes, envelhecido, mas que ainda pega pela sua agilidade e pelas boas falas. Nota 6
   O ÚLTIMO DUELO de Budd Boetticher com Audie Murphy
Se hoje existe o terror de rotina e o filme de tiros, antes esse lugar era ocupado pelo western classe B. Quando o western decaiu, seu posto de filme POP, foi ocupado pela ficcção científica. Mas com o encarecimento da sci-fi, hoje esse posto POP é do horror em série e do policial tipo Statham. Este filme, sobre ladrão bonzinho que não consegue se regenerar é ok. O problema é que Audie não me convence. Budd é adorado por alguns críticos. Não é meu caso. Nota 4.
   TIROS NA BROADWAY de Woody Allen com John Cusak, Dianne Wiest, Jennifer Tilly, Chazz Palmintieri, Jack Warden
Um autor de teatro dos anos 20 aceita ajuda de mafioso para produzir sua nova peça. A namorada do gangster passa a fazer parte do elenco e o guarda-costas reescreve o texto, para melhor. Woody de 1994, momento dificil em sua carreira. Cusak é o pior Woody Allen de todos que já o fizeram. Ele exita, se apaga, é como um nada em cena. O filme perde por não termos por quem torcer. Kenneth Branagh foi o melhor ( em Celebridades ). Mas o resto do elenco é excelente ( ele sabe dirigir atores como ninguém ), destaque para Jim Broadbent, que faz um ator inglês que engorda muito. O filme flui bem até sua metade, mas de repente começa a enjoar e seu final é muito ruim. Mesmo assim ele vale pelos belos cenários e pela classe que todo filme de Woody tem. Nota 5.
   SWEET SWEETBACK BAAAADAAASSSS SONG de Melvin Van Peebles com Comunidade Negra
Vamos lá.... Ele subverte tudo e faz um filme que vai contra o que se chama "bom gosto" ou "bom cinema". Cores berrantes, cenas de sexo explícito que nada têm de erótico, perseguições policiais sem climax, escatologia... tudo filmado de improviso, com cenários reais e atores amadores. Sexo com adolescentes, gente no banheiro, shows pornô, música black. Essa é uma visão do filme. Filme mítico que encanta ainda hoje os Tarantinos e que tais. Mas.... ele é irritantemente sem sentido, sem história, gratuito, feio, sujo, nojento e odiável. Qual o porque de se ver alguém no vaso sanitário defecando? Pra que tanta nudez grotesca? Efeitos de cor, qual o sentido? Se Shaft ou Superfly são ainda divertidos em sua tolice cafona e sua vivacidade black, este é um filme antes de tudo ruim, muito ruim. Nota ZERO

KUROSAWA/ CLINT/ DE PALMA/ ELIA KAZAN/ BRANDO/ LOACH/ OLIVIER/ MANKIEWICZ

O ÚLTIMO VÔO de Karim Dridi com Marion Cotillard e Guillaume Canet
Chato... é sobre mulher que procura marido perdido em deserto africano. Soldado da legião estrangeira vai a ajudar. Ela pilota avião. Podia ser uma boa aventura. Mas não há interesse, ritmo, suspense, nada. E a personagem de Marion é rasa como de resto são todos os diálogos. Um pé no saco. O filme é de 2010 e acho que não passou aqui. Nota ZERO.
SUGATA SANCHIRO de Akira Kurosawa
Eis o primeiro filme do mestre. Feito em 1943, antes da bomba, vemos o Japão ainda de tamancos e kimono, de muita gente e paredes de papel. O roteiro fala de mestre de Judô ( uma nova arte ) que desafia os mestres de Jiu Jitsu ( a arte tradicional ). Curto e simples, é um belo filme. Nota 6.
O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS de Don Siegel com Clint Eastwood
Um soldado Yankee ferido, se abriga em escola feminina no sul rebelde. Ele seduz cada uma das alunas, mas o ciúmes das meninas e a vaidade do soldado faz com que tudo caia em violência e horror. O filme tem um belo clima gótico e realmente sentimos que ele caiu numa cilada, que será castrado. Mas ao mesmo tempo falta mais ousadia a Siegel. Nota 5.
HI, MOM de Brian de Palma com Robert de Niro e Gerrit Graham
Auge da contracultura. De Niro é um cara que filma as janelas vizinhas para fazer um filme pornô. Mas depois o filme explode em faíscas: ele participa de uma peça: Seja Negro Baby! A peça é aquele tipo de espetáculo cruel em voga naqueles tempos irregrados. O público é atacado, humilhado, e agradece por isso. É o segundo filme de Brian de Palma. Mal feito, tonto, sem rumo, solto, tolo. E mesmo assim, fascinante. Um adendo: o que se pode hoje em Londres? E em Madrid? E na Grécia? Grana. Emprego. O que se pedia em 1970? Um mundo novo. Liberdade absoluta, paz e socialismo. Algo recuou. Nota 5.
O VELHO QUE LIA ROMANCES DE AMOR de Rolf de Heer com Richard Dreyfuss e Hugo Weaving
Que bom ator que é Dreyfuss!!! Aqui ele faz um latino americano e realmente, sem nenhuma caricatura, ele se torna um latino americano do Amazonas! Richard Dreyfuss foi uma estrela nos anos 70 ( Tubarão, Contatos Imediatos ), mas ele foi sempre tão cool que jamais ligou muito para sua fama. Ainda é grande, muito grande.... Este bom filme ( e que não passou aqui ), fala de onça que mata pessoas na Amazônia. Dreyfuss é um homem velho que sempre viveu isolado, amigo dos índios e que lê livros banais de amor. Ele e alguns amigos ( e Hugo nunca esteve tão bem ) vão à caça. O filme é lento, respeitoso, nada new age. Uma bela surpresa! Nota 6.
UM BONDE CHAMADO DESEJO de Elia Kazan com Vivien Leigh, Marlon Brando, Karl Malden e Kim Hunter
Eis o gênio em ação. Brando cria o ator de hoje no fim dos anos 40. Sua atuação é tão violenta e sensual que causa espanto. Mas Vivien também está genial como a delicada Blanche Dubois, a falida dama que vai morar com a irmã em New Orleans e afunda na sordidez. Veja o modo como Brando repete o tal "código napoleonico", observe a riquesa dos cenários, os olhares patéticos de Leigh. Os diálogos de Tennessee Willians são poesia de primeira. E temos Kazan, o homem que entendia o significado da tal "crise familiar". É um filme para ser visto e estudado. Nota 9.
CINCO DEDOS de Joseph L. Mankiewicz com James Mason e Danielle Darrieux
Durante a segunda-guerra, mordomo da embaixada inglesa vende segredos militares aos nazistas. Tudo ocorre na neutra Ankara. E o filme sabe usar o clima turco. Mas tem mais: sabe criar suspense, sabe tirar proveito do rosto de James Mason ( e poucos atores sabem fazer canalhas tão bem ). Há uma frase que nos toca. O espião diz que vende segredos apenas pelo dinheiro. Seu sonho é fugir para o Rio. Diz ter visto uma vez, de um navio, um homem de smoking branco, fumando um cigarro em varanda sobre o mar, no Rio. Para ele, aquele era o homem mais feliz do mundo. Ele quer ser como ele. Não consegue. Ou quase. Mas o filme faz o que promete, é diversão de primeira classe. Nota 8.
MEU NOME É JOE de Ken Loach com Peter Mullan
Este fez sucesso em Cannes e deu prêmio de ator a Peter. Passa-se em Glasgow. Ele é um frequentador dos AA. Treina time de futebol e vive do seguro desemprego. Enamora-se de médica e tenta ajudar amigo envolvido com drogas. Loach é um homem a moda antiga. Ele se preocupa com o mundo real. Seus filmes falam do que acontece de verdade, ele não divaga. Uma informação: nos anos 60 havia uma corrente de criticos que odiavam Bergman. Diziam que seus filmes só podiam interessar a burgueses bem de vida com problemas existenciais recorrentes do tédio de se ter a barriga cheia. Que a vida real não era aquela. O tempo mostrou que aquela também era a vida real. Mesmo que de suecos ricos. Mas o que me incomoda hoje é que não se mostra mais a vida de gente pobre e normal. Sempre que se mostra um pobre ele é um traficante, um tarado serial ou uma prostituta. Parece que todo pobre americano é personagem de comédia ou louco perigoso. E todo pobre britânico seria um cara de filme de gangster. Isso não acontece com Ken Loach. Ele ainda crê na humanidade individual de cada personagem. Joe é rico em emoções, é comovente sem ser piegas e enfrenta o mundo da droga sem jamais parecer um personagem de cinema. O filme, verdadeiro e poético ao mesmo tempo, é obrigatório para quem perdeu a crença na força do cinema. Eu tenho a certeza de que é para filmes como este que ele foi criado pelos Lumiere. Um detalhe: o time de futebol joga com as camisas da Alemanha de 74. Assim, rimos aos ver o grosso do time correr com a camisa 5 de Beckembauer e o gordão com Muller às costas. Depois eles roubam uniformes e cometem aquilo que o técnico rival chama de "sacrilégio". Jogam com as sagradas camisas do Brasil de 1970. Pelé e Rivellino são citados. Escoceses pobres respeitam e idolatram a amarela camisa dos "deuses"da bola. Me parece que isso nos ensina algo. Nota 9.
O DIVÓRCIO DE LADY X de Tim Whelan com Laurence Olivier, Merle Oberon e Ralph Richardson
Fog em Londres. Fog tão forte que a cidade pára. Um casal que não se conhece fica em mesmo quarto para passar o fog. Ela se apaixona por ele, ele pensa que ela é casada.... Vemos uma comédia dos anos 30 para obter 3 coisas: alegria, calma e bem estar. Pessoas bonitas e bem vestidas em locais luxuosos esbanjando dinheiro e bons modos, dizendo frases alegres e espertas e sendo todo o tempo adoráveis. Este filme tem tudo isso. E ainda nos dá o prazer de ver Olivier fazendo Cary Grant e Ralph Richardson em seu jeito levemente louco de ser. Ver filmes como este é como tomar champagne gelada em noite de luar a beira-mar. Felizmente eles existem. Nota 7.