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LES MISERÁBLES/ CLINT/ DE MILLE/ ELVIS/ TIM BURTON/ STAR WARS

   OS MISERÁVEIS de Tom Hooper com Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway e Amanda Seyfried
Li o livro de Victor Hugo aos 15 anos e lembro de ter ficado muito impressionado com seu realismo. Das versões do cinema não vi nenhuma, e agora tive o prazer de assistir esta versão da peça da Broadway. Primeiro toque para aqueles muitos que não têm intimidade com musicais: este filme nada tem a ver com o musical clássico de Hollywood. Aqui ninguém dança, não há aquele alegre sabor jazzístico de Kelly, Astaire e etc. Os Miseráveis está muito mais próximo da ópera que do sapateado. No musical típico há diálogos, as canções entram para expor aquilo que se passa dentro dos perosnagens. As músicas são as emoções que se explicitam. Aqui tudo é cantado. O filme não tem um só diálogo, como na ópera, os atores falam cantando. É estranho até para mim que amo musicais, imagino um tradicional expectador de Arkansas o que sentirá vendo este filme ( nada, ele não o verá ). Porém, passado o choque do começo, tudo deslancha. Tom Hooper, o ótimo diretor de Malditos United e do oscarizado Discurso do Rei, entrega um filme repleto de emoção.
Antes de mais nada quero falar sobre e homenagear Hugh Jackman. Nas quase 3 horas de filme, em nenhum momento, ele deixa de passar a dor terrível que acomete Jean Valjean. Jean roubou para comer e vai pagar por isso para sempre. Ele foge da lei, tenta  ser um outro, e nessa fuga ele vive só, sempre só. Jackman consegue passar essa dor com olhares, modos de andar e com sua voz. Hugh Jackman canta muito bem e as canções, todas, são ótimas ( algumas excelentes ). Eis um ator completo! Hugh sabe fazer aventuras, comédia, drama, e musical. Completo. Juro que não quero ser "diferente", mas não gostei de Anne Hathaway. Ela exagera e passa do ponto. Sua personagem mais que sofre, ela hiper-atua. Anne é da escola Heath Ledger, atuação como sintoma. Já Amanda Seyfried dá um show. Exata, complexa, rica em conflitos. Russell Crowe destoa. Não canta mal, mas não atua, apenas posa. 
Gostei muito do filme, cheguei a chorar ao final, mas ele tem algumas falhas, falhas que se devem mais ao cinema feito hoje que a Hooper. Closes demais, cores pobres, câmera tremida, excesso de cortes. O visual do filme, que "parece" ser exuberante, quase se perde nessa confusão de estilos televisivos. Quando a pressa se abranda, temos cenas belíssimas como aquela do começo no cais, ou a cena das barricadas.
O tema é rico, o filme fala do momento crucial em que o povo toma definitivamente o poder. O poder não financeiro, mas o poder de fazer com que a história saia dos palácios e dos gabinetes e passe a ser contada nas ruas. A terrível miséria da França de 1830 é mostrada sem disfarces e todas as revoltas são perdidas. O povo perde, mas a história dá sua guinada. É nos esfarrapados que vive o futuro. O futuro é de Jean Valjean. O futuro seria de Victor Hugo, o primeiro intelectual-artista "de esquerda". Quem deixar de ver o filme irá imaginar que ele trata de amor, que engano! Os Miseráveis é sobre a miséria e a injustiça. O filme nunca foge disso.
Em que pese o belo PI e o divertido DJANGO, nada vi de melhor entre os indicados ao Oscar. Nota 8.
   CURVAS DA VIDA de Robert Lorenz com Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake e John Goodman
Um velho que está ficando cego. Ele é olheiro de beisebol. A filha, advogada de sucesso, tenta uma reaproximação. É dificil pois o velho é duro como...Walt Kowalski ! Um filme simpático, familiar e completamente banal. Nada nele surpreende, tudo o que acontece é esperado. Clint está cansado e Amy é uma atriz muito interessante. Não é um filme ruim, nem bom, é antes opaco. Nota 5.
   COISAS DA COSA NOSTRA de Steno com Carlo Giuffré, Pamela Tiffin, Jean-Claude Brialy e Vittório de Sica
Entre 1955 e 1975 a Itália chegou a ameaçar seriamente o poderio do cinema dos USA. Os italianos faziam filmes de arte melhores que os americanos e além disso tinham uma grande produção industrial de comédias, aventuras, terror e até westerns. Em 1962 e 63 quase fizeram tantos filmes/ano como Hollywood. Esta comédia representa a produção banal da época, o tipo de filme vulgar, que era dirigido ao povão, aos cinemas de subúrbio. Eram filmes como este que financiavam os Bertolucci e os Taviani. Fala da máfia Siciliana em estilo chanchada. Nota 3.
   O IMPOSSÍVEL de Bayona com Naomi Watts e Ewan MacGregor
Lixo. Naomi concorre ao Oscar por este papel.. Well....ela sofre pacas! Mas o prêmio se vier deveria ir para a maquiagem, são boas bandagens. Talvez seja o filme mais aborrecido do ano. Masoquistas vão adorar. Nota 1
   CORNERED de Edward Dmytryck com Dick Powell e Walter Slezack
Uma complicada trama sobre soldado americano que caça francês que lutou ao lado dos nazis. O filme é bom, mas decepciona. Dmytryck e Powell podiam bem mais. Nota 5.
   SANSÃO E DALILA de Cecil B. de Mille com Victor Mature e Hedy Lamarr
De Mille nunca errou por superestimar o público. Ele fazia um cinema carnaval, seus épicos eram desfiles opulentos. Se numa cena houvesse a necessidade de elefantes, De Mille punha logo uma dúzia... e mais tigres e leões. Misturava sexo com a Bíblia e tudo ficava com cara de show da Broadway. Foi o rei da Paramount e num tempo em que ninguém estava nem aí pra diretores, ele foi um superstar. Já vi quase todos seus filmes e gostei de todos, menos deste. Ele erra. Porque? Porque tanto Sansão como Dalila são dois malas. Groucho Marx comentou este filme na época:" Jamais veria um filme em que o peito do ator é maior que da atriz". Nota 2
   O BACANA DO VOLANTE de Norman Taurog com Elvis Presley, Nancy Sinatra e Bill Bixby
Quando eu era criança, lá por 1974, a Globo passava tudo de Elvis na Sessão da Tarde. E eu odiava. Em 74 nada era mais velho que Elvis. Fico surpreso ao perceber hoje que este filme, por exemplo, tinha apenas seis anos em 1974. O mundo mudara demais entre 68 e 74 e esses jovens de cabelo curto, alegrinhos correndo atrás de garotas groovy pareciam então a coisa mais careta do universo. Revisto hoje o filme me deu um choque...ele é pior do que eu lembrava. Quer dizer, ainda pior, quase um pesadelo!!! O tempo é mesmo relativo...um filme de William Powell feito em 1935 parece mais vivo que um Elvis de 1968...Bem, hoje Matrix já cheira a mofo... Nota ZERO
   FRANKENWEENIE de Tim Burton
E Burton pode ganhar afinal seu Oscar!! Com esta animação dark que fala de menino que traz seu cachorro de volta a vida. Burton homenageia os Gremlins e ainda Frankenstein, Drácula, e uma multidão de pequenos filmes trash. Há algo de muito triste neste desenho. É um retrato acabado de uma alma inadaptada, tão inadaptada que recusa a morte e o tempo. Tim Burton é um poeta. O desenho é muito bom. Nota 7.
   O IMPÉRIO CONTRA-ATACA de Irvin Kershner
Lançado em 1980, um big big big hit. Aventura pura. Um ícone para minha geração é um filme incriticável. Lucas misturou Flash Gordon com Kurosawa e New Age. Mais Han Solo, que é 100% um cowboy. De toda a saga este é o melhor. Kershner foi um bom diretor dos anos 60. Dirige melhor que Lucas. Sabe dar voz aos atores. E que beleza rever R2, Yoda e Chewey!!!

CLOONEY/ SEAN CONNERY/ MARLOWE/ ANG LEE/ ALDRICH

   SETE PSICOPATAS E UM SHIH TZU de Martin McDonagh com Colin Farrell, Sam Rockwell, Abbie Cornish, Woody Harrelson, Christopher Walken e Tom Waits
Um elenco interessante em mais uma imitação de Tarantino. Diálogos sem sentido, violência de HQ, musiquinhas cool e uns personagens esquisitos. Tempere essa receita com humor e cores fortes. Certo? Não, tudo errado. Neste filmeco sobre um escritor sem inspiração e seu amigo tonto ( que vive de sequestros a cães ), tudo dá errado. O humor é medíocre e pior, os personagens são frouxos. Insuportável de tão vazio. Nota Zero.
   UM HOMEM MISTERIOSO de Anton Corbijn com George Clooney
Clooney é um assassino de aluguel que se refugia na Itália. Anton foi um famoso diretor de clips. Isso se percebe logo, ele é incapaz de encenar um diálogo. O filme é uma série de imagens frias, mal montadas e sem porque. Clooney posa e o filme é um nada absoluto. Nota Zero.
   NUNCA MAIS OUTRA VEZ de Irvin Kershner com Sean Connery, Klaus Maria Brandauer, Kim Basinger e Max Von Sydow
Em 1983 dois filmes de James Bond foram feitos. Um oficial, produzido por Saltzman e Brocolli; e um alternativo feito por outra equipe, mas com o trunfo de ter Sean Connery de volta ao papel, após 12 anos longe. É estranho, porque é um Bond sem o tipo de letreiro habitual e sem a trilha sonora de John Barry. Mas é 100% o velho Bond de sempre. A trama é sobre o roubo de arma nuclear e Connery está excelente no papel: cínico, mulherengo e frio como aço. De bônus há o fato de ele brincar com sua idade. James Fox faz seu patrão e diz que Bond está ultrapassado. O filme tem uma ótima primeira parte ( e uma péssima trilha sonora, de Michel Legrand ), mas perde ritmo no fim. Kershner vinha de dirigir O Império Contra-Ataca e Kim Basinger começava a chamar a atenção. É uma aventura que jamais se leva a sério. Nota 5.
   LOCAL HERO de Bill Forsyth com Peter Riegert e Burt Lancaster
Faz muito tempo que eu queria ver esse filme. Isso porque ele é sempre eleito pelos ingleses um de seus filmes favoritos de todos os tempos. Trata-se de um modesto filme dos anos 80 que fala de um jovem americano que vai à uma vila escocesa. Esse jovem trabalha numa enorme companhia de petróleo e seu objetivo é comprar a vila para construir uma refinaria. O filme tem seus primeiros quinze minutos sem nada de especial, mas de repente ele cresce e nos seduz completamente. A população adora a ideia de vender a vila inteira e o filme transcorre desse jeito: as coisas acontecem imprevisíveis e em ritmo normal. Nada de chocante acontece, nada é grande ou esquisito, entramos na vida banal daquela gente, que não são tristes e nem alegres, e sentimos estar diante de gente real e de vida de verdade. O lugar nem é tão bonito! Lancaster está excelente como o dono da empresa de petróleo, um solitário que é apaixonado por astronomia. O filme, discreto e bonito, é cheio de vida. Nota 8.
   MURDER, MY SWEET de Edward Dmytryck com Dick Powell
Excelente filme noir. Powell faz Marlowe, o mitico detetive de Raymond Chandler, e sua abordagem é completamente diferente daquela de Bogart. Powell faz um Marlowe muito mais pé de chinelo, sem moral, cheio de humor. Dmytryck era um ótimo diretor antes de ser pego pela comissão de McCarthy e demonstra isso aqui. O filme tem estilo, tem ritmo, ótimas cenas e diverte muito. Todo passado no mundinho de botecos, becos e sombras, é boa opção para quem quer conhecer esse maravilhoso gênero de cinema. Másculo, direto, e muito influente. Nota 7.
   COM A MALDADE NA ALMA de Robert Aldrich com Bette Davis, Olivia de Havilland, Joseph Cotten e Agnes Moorehead
Após o sucesso de Baby Jane, Aldrich reconvoca Bette Davis e lhe dá mais uma vez um filme de horror em que ela faz uma velha doida. E coloca outros veteranos a seu lado. Mas se Baby Jane foi inesquecível, este é apenas correto. Não assusta como o filme anterior e Bette não tem um papel tão forte como foi aquele. A gente percebe que alguma coisa aqui foi forçada. De qualquer modo, é um prazer ouvir Bette Davis e temos Agnes Moorehead dando um show como a maltrapilha empregada da casa. Nota 5.
   AS AVENTURAS DE PI de Ang Lee
Visualmente belíssimo, ele passa por alto das implicações contidas no primeiro terço do livro de Martell. Dessa forma, deixamos de conhecer Piscine em profundidade e nem sabemos o porque de sua familia. Mesmo assim Ang Lee produz mais um filme que nos surpreende. Vivemos uma época de cineastas pouco versáteis. Um filme de Wes Anderson ou de Thomas Anderson ou de Tarantino, por melhor que seja, sempre se parece com tudo aquilo que seu diretor sempre fez e faz. Mas não Ang Lee. Ao melhor estilo John Huston ou William Wyler ou Fred Zinnemann, Lee faz filmes em função da história a ser contada. Desse modo, Hulk nada tem que lembre Brokeback Mountain que nada tem a ver com Tempestade de Gelo. É um dos maiores talentos de nosso tempo. O filme é o que poderia ser, nem mais nem menos. Emociona menos que deveria, erra menos do que seria provável. Em mãos menos hábeis teria tudo para ser ridiculo. Nota 7.