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David Bailey - Clip 3-4



leia e escreva já!

DAVID BAILEY, O CRIADOR DO NOVO GLAMOUR

    Quando falamos em Inglaterra temos de ter sempre em vista seu sistema de classes. Mesmo que hoje isso seja muito mais disfarçado, continua havendo no país a consciência de que voce é o local onde nasceu e os amigos que frequentou. Thatcher pode ser de origem simples, mas sua imagem sempre foi a de uma sólida e educada vitoriana. Obama está longe de ter seu equivalente inglês. Um primeiro ministro indiano ou jamaicano...nem pensar. Falo tudo isso para que voces tenham uma ideia aproximada do que foi David Bailey. Um rapaz nascido no bairro mais pobre de Londres, cercado de amigos simplórios, tornou-se em poucos meses o ditador do novo glamour mundial, o rei da fotografia de moda. Se até hoje as bandinhas inglesas copiam aquele espirito boêmio da swinging London, saibam que seu rei não foi Jagger ou Terence Stamp. Foi David, com suas fotos desglamourizadas e seu estilo de vida surrealista.
   Ele queria ser Picasso, descobriu Bresson e em 63, após apenas 7 meses no mundo fashion, foi contratado pela Vogue e lançou o tipo de style que seria copiado de NY a SP. Que estilo? O estilo animal. Bailey era fanático por aves e são elas que inspiram suas fotos. As modelos deixam de ter poses classudas e artificiais e passam a posar como animais, longas, esticadas, decaídas, e muito sexys. São colocadas na rua, no metrô, em ação "não posada". Com sua origem trabalhadora, Bailey uniu o mundo da alta informação ( Picasso, Bresson, Dali ) com as ruas e os climas reais da vida urbana.
   Ver suas fotos é ver ícones dos últimos 50 anos em suas melhores poses. Andy Warhol, Cassius Clay, Lennon e Paul, Polanski e Sharon Tate, Fellini, Visconti, BB, Godard e uma imensa profusão de fotos dos Stones, que eram seus modelos favoritos. Todas as melhores fotos desses nomes citados têm em David seu melhor autor.
   Tornou-se famoso o modo como Bailey fotografava. Ele seduzia a modelo enquanto clicava. Era uma profusão de "Linda! Fantástica! Gorgeous! Behave! ", tudo temperado pelo seu famoso "Yeah Baby! Yeah!" Se voce pensou nos filmes de Austin Powers acertou, Mike Myers usou Bailey como um de seus modelos ( o outro foi o jovem Michael Caine ).
   David tornou-se um superstar. Antonioni o usou como molde para o personagem fotógrafo de seu Blow Up ( O diretor chegou a convidar Bailey para fazer o papel, David não aceitou por pura preguiça. ) A Londres arrogante e hiper-ativa de 1966 tem dois reis: David Bailey e Mick Jagger. Que aliás andam juntos, Bailey é na época o best friend de Mick. David se casa com a belíssima Catherine Deneuve e Mick, lógico, é o padrinho. São maravilhosas as fotos do casamento. Um casal muito jovem, muito belo e de uma desglamurização absoluta. Mas atente, chic em último grau. Impressiona como o cabelo e as roupas de Bailey são up até hoje. Well... O casamento não durou, Catherine gostava mesmo era de Mastroianni e Bailey da super-model Jean Shrimpton.  Ele começou a ficar de saco cheio do mundinho e passou a dirigir filmes, documentários experimentais. Há um com Andy Warhol que é fantástico. Aliás David sempre foi cinemaníaco, John Ford é seu ídolo.
   Falei do sistema de classes inglês. Observe que a banda mais pop da época eram os Beatles, mas eles tinham uma dificuldade imensa de penetrar no mundo da alta moda e do chic, mundo que era dominado pelos Stones. Não vamos esquecer: John e Paul eram suburbanos de Liverpool, caipiras. Mick era da classe média de Londres, formado e cheio de informação sobre moda e exposições de arte. Esse povo fashion adorava seu ar de desafio, andrógino, meio sujo, sexy. Estilo que tinha muito de David Bailey.
   Hoje Bailey é um senhor irriquieto. Acha Kate Moss a única modelo do mundo com estilo, a única que poderia sobreviver nos swinging sixties. Continua paquerador, e trocou sua fascinação por pa´ssaros, por uma nova mania por caveiras, ossos, flores mortas e cemitérios. Ele sabe que sua morte se aproxima e se prepara pra ela.
   Uma imensa quantidade de caras que fotografam foram e são inspirados por esse irriquieto senhor londrino. Um brinde a David Bailey!