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BOB, LE FLAMBEUR/ NOÉ/ MONICELLI/ SAMURAI/ UCHIDA/ AGATHA CHRISTIE/ BURT REYNOLDS

   NOÉ de Darren Aronofsky com Russell Crowe
O mundo do velho testamento encontra a Marvel. Os anjos caídos são personagens Marvel. Mas o Deus de Noé é o Deus vingativo da Bíblia Judaica. Aronofsky continua interessado em teimosia. Todos os seus filmes tem alguém que cai vítima de uma obsessão. Noé é teimoso em sua missão. E o filme se vulgariza com problemas familiares típicos de filmecos dos anos 2000. Um teen quer transar, a mãe defende a prole etc. O final é um belo achado. Ao sentir compaixão pelos netos, Noé adentra o universo da Bíblia de Jesus, o mundo onde o Amor é Deus. Noé dá o salto de Jeová à Jesus. Bonito. Russell é o Charlton Heston que se tem. Sem a nobreza de Heston e sem sua voz bíblica, Russell está mais para bárbaro que para herói antigo. O filme é ok. Aronofsky ao menos se livrou daquela papagaiada pseudo-profunda de Cisnes pretos e bailarinas infantis. Nota 6. Ah sim, o filme tem uma trilha sonora muuuuuito nada a ver.
   UM RALLY MUITO LOUCO de Hal Needham com Burt Reynolds, Shirley MacLaine, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jackie Chan, Telly Savalas...
Um elenco impressionante num dos piores roteiros já escritos. Um bando de corredores participa de uma corrida de L.A. até NY. Triste ver gente como Dean e Sammy em papéis que chegam a ser humilhantes. E Shirley está ainda mais mal aproveitada, um papel errado e bobo. Recentemente deram um Oscar honorário para Hal Needham. Nunca deram um para Anthony Mann ou para Preston Sturges. Isso diz muito sobre o Oscar. Este filme foi um fracasso e não lançou o jovem Jackie Chan na América. Ele iria esperar mais dez anos para estourar em Hollywood. Este filme é tão bobo que ele faz um tipo de otário japonês ( !!!!!! ) e quase não luta. Se salva alguma coisa? Telly Savalas, que tem um papel ok.
   SHERLOCK DE SAIAS de George Pollock com Margareth Rutherford, Robert Morley e Flora Robson
Miss Marple é uma velha dona de casa que desvenda crimes por hobby. Personagem criada por Agatha Christie, ela talvez seja mais interessante que Poirot, o outro ícone criado pela dama inglesa. Aqui ela desvenda a morte de um herdeiro. O filme é delicioso para quem gosta de coisas very british. Há cavalgadas de tarde, lareiras campestres, noites com vento, muito chá e tolos excêntricos. Tudo o que eu gosto. Um filme popular de uma série longa com uma atriz muito amada. Bom passatempo. Nota 7.
   BOB, LE FLAMBEUR de Jean Pierre Melville
Bob é um veterano. Ex-bandido, agora amigo de um delegado. Bob frequenta prostitutas mas não as leva pra cama. Bob ajuda amigos otários e odeia malandros cheios de si. Bob se veste como Bogart e vive em meio a cigarros, bebidas e muito jazz. Bob está por um fio e ele é mais noir que um filme noir. Bob é francês apesar de tudo, e tem a marca de Camus. Bob é uma obra-prima. Melville amava a América. Amava carros amaericanos, jazz e filme de Huston. Ele criou Bob, filme com atores que foram eles mesmo bandidos. É um filme malandro, inspirador, muito viril. É atemporal. Uma aula de comportamento sob pressão. Aula de estilo. Bob é o cara! Melville é o cara! Este filme é do cara. Nota Um Milhão.
   MEUS CAROS AMIGOS de Mario Monicelli com Ugo Tognazzi, Philipe Noiret, Gastone Mosquin.
O que é a amizade masculina? Sim caras mulheres que não nos conhecem, a amizade é isto aqui. Um bando de homens de meia-idade fazendo aquilo que homens adoram fazer: sendo adolescentes. Eles são bobos, alegres, emotivos, sarcásticos e têm uma fidelidade férrea aos amigos. O filme é uma coleção de travessuras. E, como é do grande Monicelli, mostra o outro lado dos amigos, seu lado coração. É um filme lindo, vibrante, inesquecível. Revejo-o sempre e sempre, e saio revigorado. Um fato: após rever este Monicelli e Bob Le Flambeur, eis que volta meu amor ao cinema! Viva! Nota Um Milhão!
   TREZE ASSASSINOS de Elichi Kudo
Saiu um box com seis filmes de samurai. Este é estéticamente admirável. Impressiona a forma como o cinema japonês sabe enquadrar. A arquitetura, o minimalismo dos ambientes. O filme é meio chato, pausado e um pouco artístico demais. Mas ao final tem uma longa cena de batalha que é digna de Kurosawa. Takashi Miike refilmou esta obra que é um clássico dos anos 60. Ah sim, fala de um grupo de 13 samurais que tenta destronar um lorde corrupto. Apesar da extrema lentidão inicial, vale muito a pena. Nota 7.
  A LANÇA ENSANGUENTADA de Tomu Uchida
Uma pequena obra-prima. Um filme de estrada. Um lorde viaja até Edo com dois servos. No caminho eles encontram um orfão, uma mulher, um velho e outros tipos. Uma mistura de humor, poesia e drama. Com ação. Tem uma cena maravilhosa: 3 senhores tomando chá numa estrada. Mistura magistral de absurdo, realismo, comédia, crítica social. O final é bastante trágico. Não conhecia esse diretor. Por este filme ele merece toda homenagem! Tão bom ter uma surpresa como esta! Nota DEZ.
  

  
  

O CINEMA ROMÂNTICO DE VIGO, OPHULS, GONDRY, LUHRMAN, WRIGHT....

   Tenho uma preguiça enorme, assistir O Gatsby de Luhrman aumenta essa minha indolência. Detestei Moulin Rouge e achei Romeu e Julieta bacaninha. Mas admiro Luhrman mesmo assim. Como admiro Gondry, apesar de achar que nenhum de seus filmes tenha dado certo. Quero muito ver o novo, porque gosto de Boris Vian, um tipo de Serge Gainsbourg mais velho e menos pop. Luhrman, como Gondry, como Aronofski, é um romântico. Eles criam mundos dentro do cinema. Seus filmes não se preocupam com utilidade, verdade ou realismo, eles criam. E por desejarem criar, erram muito. Falam de sentimentos. Ou pelo menos tentam isso. E não se sentem censurados. Vão até a breguice extrema. E daí?
   O que lhes faz falta são melhores roteiros. Tiveram o azar de nascer num tempo que não lhes dá bom material para trabalhar em cima. Quando topam com bom roteiro, acertam; quando não, fazem apenas pastiche, ou looooongos video-clips. Em comum, todos são fãs do cinema hiper-romântico de Cocteau, Ophuls, Vigo e principalmente de Michael Powell. Todos esses mestres trabalharam com roteiristas de gênio. E todos criaram o apuro visual de Gondry e etc. Cocteau com cenários de sonho, Ophuls com seus movimentos de câmera à valsa vienense, Vigo com a poesia de seu mundo lunar e Powell na criação de universos irreais.
   O jornal The Guardian publica matéria sobre Powell. Diz que no cinema inglês, ele é o único que pode ser comparado a Hitchcock e a David Lean. O cinema de Powell não se interessa pela alma do personagem ( e nisso ele é o oposto de Bergman ), mas sim no mundo que cerca esse personagem. A contemporaniedade desse cinema se revela aí: o cinema de Powell, como o mais moderno cinema que hoje se faz, fala do meio e não do ser, do lugar e não do homem, da ação e nunca do pensamento. É cinema puro, visual, espetacular e muito romântico por ser uma busca pelo ser diferente.
   Um depoimento de Scorsese. Ele diz ter visto THE RED SHOES aos 9 anos. Uma cópia estragada. E diz Martin que esse filme mudou sua vida. THE RED SHOES fez na criança Marty a certeza de querer criar, de querer ser artista. Hoje, em 2013, Scorsese se dedica a restaurar todos os filmes de Powell. Todos.
   Em 1975 era Michael Powell o mais esquecido dos mestres. Na época do hiper-realismo, os filmes de Powell pareciam fake. Foi então que Scorsese foi se encontrar com Powell na Inglaterra e lhe contou sua história de amor a seus filmes. Não só ele. Spielberg, Coppolla, De Palma, Schrader, o diretor inglês ficou abobado ao saber que os jovens diretores dos EUA eram seus fãs. Coppolla lhe deu emprego, consultor de roteiros e Scorsese organizou uma mostra de seus filmes em NY. Quando os anos 80 começam, Michael Powell tem seu nome reabilitado. Para sempre.
   J.G.Ballard também conta que os filmes de Powell despertaram nele a vontade de escrever. E ainda se diz que T.S.Eliot, cujo filme favorito era o TRONO MANCHADO DE SANGUE de Kurosawa, amava os filmes de Michael Powell também. Eles são poesia, claro. Dizem tudo falando pouco. Sugerem. São pura música.
   Agora, 2013, época de cinema em crise, onde em vinte anos mal se produziram vinte filmes eternos e absolutos, os filmes de Powell, revistos e revistos, restaurados e estudados, analisados e copiados, dão, aos diretores que tentam ainda algo de diferente, a esperança de um dia acertar. Joe Wright tentou isso em ANNA KARENINA e foi terrivelmente mal entendido. A suntuosidade da forma em função do sentimento. Só que lhe faltou a coragem de ir mais longe no sentimento, erro que Powell nunca cometeu ( seus filmes são cheios de emoções ). É como se hoje se copiasse a forma e se tivesse medo do sentimento. Why?
   O motivo é claro: Não dá pra ser romântico e ser cool ao mesmo tempo. Cool é assistir os filmes de Vigo ou de Ophuls, cool é ter o visual rico e onírico de seus filmes, mas não seria cool crer, como eles, no amor ou nos sentimentos "quentes". Para salvar a imagem cool, se fica no meio do caminho.
   Interessante saber que O TOURO INDOMÁVEL foi feito com dicas visuais de Powell ( ele morreu em 1990, casado com a editora de Martin ), e que há um filme de Martin que é seu sonho de fazer um filme à Powell ( A ERA DA INOCÊNCIA ).
   Para finalizar, no festival de Cannes de 2009 foi exibido em grande gala, a cópia restaurada de THE RED SHOES. Para a crítica, foi a melhor coisa do festival.
   Novo, belíssimo, emocionante, enigmático. Romântico pois.
  

DASSIN/ SCORSESE/ ARONOFSKI/ DEL TORO/ PETER BROOK/

LÁGRIMAS DO SOL de Antoine Fuqua com Bruce Willis e Monica Bellucci
Um grupo de soldados vai resgatar americanos em país africano. É um filme dos anos 80 com tintas de bom mocismo típicas dos anos 2000. A ação é banal e dá pra notar que Willis está desinteressado. Não é um filme ruim, é menos que isso. Nota 1.
O LABIRINTO DO FAUNO de Guillermo del Toro
Um filme infantil com cenas adultas. Tem um belo visual, mas a visão que ele tem da vida, seja politica seja sentimental, é de uma criança. Mas o filme não é sobre as fantasias de uma criança? Sim e não. Se fosse a visão de uma criança não teríamos certas cenas que traem um desencanto adulto. De qualquer modo, mesmo não sendo tão bom quanto alguns querem crer ( lhe falta densidade, há uma constante sensação de frustração nele ), é um filme interessante. Em alguns poucos momentos sente-se realmente o que é ser criança e viver nesse mundo dúbio, entre ver e intuir, pensar e sentir, criar e se conformar. Nota 6.
OLD BOY de Chanwook Park
Há um público gigantesco hoje que confunde apuro visual e ousadia superficial com arte. Vejam este exemplo: pega-se uma história simples, simplória até, e através de toda a perfumaria e maquiagem de modismos sem razão de ser, confunde-se tudo. Os tolos acreditarão nessa confusão com as "sacadas espertas" e o visual nervoso será chamado de "estilo". Necas! O filme é comum como qualquer porradaria de Charles Bronson ( prefiro Bronson ). Vazio, sem qualquer emoção, vive daquilo que George Lucas dizia:" É fácil criar sensação no cinema: pegue um gatinho e o esmague, eis a sensação-nojo e pena, revolta e asco; nada a ver com emoção". Old Boy é um lixo. Nota ZERO.
A ILHA DO MEDO de Martin Scorsese com Leonardo di Caprio, Ben Kingsley, Michelle Willians e Max Von Sydow
Frustrante. Quando descobrimos a verdade não nos sentimos surpresos, nos sentimos logrados. O roteiro é seu ponto ruim, e mesmo a direção de Scorsese, cheia de clima e de amor a seu tema trash, não consegue salva-lo. Os atores estão bem ( há algum ator hoje mais importante que Leo? E ainda há o bergmaniano Sydow, o cara que fez O Setimo Selo e O Rosto ). Nota 4.
ENCONTRO COM HOMENS NOTÁVEIS de Peter Brook
Filme sobre a juventude de Gurdjieff. Gurdijieff foi um russo que se tornou um tipo de divulgador de crenças orientais alternativas. Brook como diretor de teatro é figura central do século XX, como pensador é um grande homem, mas como cineasta é um ambicioso, um ambicioso que nunca chega lá. O filme está muito abaixo de sua ambição. Nota 4.
CORAÇÕES DESEPERADOS de Jules Dassin com Melina Mercouri, Romy Schneider e Peter Finch
O MacCarthismo fez bem a Dassin ( e a Losey ). Esse americano começou como um excelente diretor de amargos policiais nos anos 40. Ao ser expulso da América renasceu europeu, passando a fazer filmes muito modernos e muito ousados na França, Inglaterra e Grécia. Foi na Grécia que ele conheceu Melina, sua esposa. Este filme, maravilhoso, é uma homenagem a sua musa. Vemos na Espanha um casal em crise viajando com sua filha adolescente, e também com a amante do marido, que vai junto. A esposa ( Melina ) sabe de tudo e se martiriza com a situação. O filme acompanha 24 horas dessa viagem, de Toledo a Madrid. Noite de chuva forte e manhã de sol. Para quem quer saber o que é um filme adulto, eis aqui sua chance. Os três atores se batem com sutileza e se vêem presos numa vida boba, sem desejo e sem coragem. A fotografia é um primor: os telhados da velha Toledo na chuva, a aparição do Espanhol foragido, as ruas com sombras e a cena belíssima do amanhecer no campo nú. Eu havia visto este filme na tv Bandeirantes aos 12 anos de idade e só o revi agora, mais de trinta anos depois. Os telhados à chuva e o rosto de Melina ficaram em mim como minhas primeiras imagens do que seja o tal "filme de arte". O final, ruas vazias ao sol do meio-dia é para não se deixar de ver. Jules Dassin era duca!!!! Nota 9.
FONTE DA VIDA de Darren Aronofski com Hugh Jackman, Rachel Weisz e Ellen Burstyn
As 3 encarnações de casal que se ama. Ou também a sabedoria de uma mulher agonizante que descobre que viver é aceitar a morte. Morte que é transformação. Aronofski sempre tem boas intenções, é um cineasta que se interessa pelo que importa. Mas ao mesmo tempo, como todos nós, ele é filho de seu meio. E americanos têm uma enorme dificuldade em lidar com símbolos. A pragmática e não-simbólica igreja americana os isolou desse universo inconsciente. Quando se metem a tentar penetrar nesse universo não-racional acabam explicando demais, expondo demais, iluminando em excesso. Budismo, Jung e neurociencia são tocadas, mas de uma forma que se aproxima perigosamente da new-age. Mas não deixa de ser um filme louvável. Fico apenas chateado ao pensar no que um Kubrick ou um Tarkovski fariam com esse tema. Nos extras, na entrevista com um dos roteiristas, vejo que há um poster de Kurosawa em sua sala... Aronofski tem essa coisa niponica da morte sempre presente, mas lhe falta um pouco mais de discrição, rigor, menos disneylandia. Nota 6.

JACQUES TATI/ JOHN WOO/ ARONOFSKI/ ALDRICH/ IRMÃOS COEN

O MATADOR de John Woo com Chow Yun Fat
Maravilhosas cenas de tiroteios ( coreografadas ) e uma insuportável trilha sonora. No meio dos anos 90 Woo era chamado de "a esperança" do cinema de ação. Depois do horroroso Windtalkers desapareceu. Mas o homem tem um talento imenso para o movimento. Nota 6.
AS FÉRIAS DO SR.HULOT de Jacques Tati
O paraíso. Vemos pessoas que se dirigem à praia. Lá, sem diálogos e com trilha sonora ( de jazz ) observamos o que acontece: banhos de sol, jantares e cafés, discos na vitrola, fogos de artificio, carro que quebra, sono e jogos de xadrez e cartas. Nada de diferente da vida banal. Mas o milagre é esse, mostrando a banalidade Tati se torna único. Um gênio? Com certeza, pois o genial é ver o sublime e o original na banalidade e conseguir transmitir aos outros essa visão única e especial. O filme é o mais "feliz" já feito. Se houvesse um paraíso seria aquela praia. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
CISNE NEGRO de Darren Aronofski com Natalie Portman, Vincent Cassel e Barbara Herschey
Darren andou assistindo Red Shoes de Michael Powell.... e o misturou com Roman Polanski ( aquele de Cul de Sac e de O Inquilino ). Este filme também pode ser visto como The Wrestler, versão feminina. A bailarina é tão terminal quanto o lutador de Rourke. E vemos seu corpo em processo de destruição, como no outro filme. Sangue, agulhas, lâminas, suor e loucura. Paranóia. É um filme de horror, de desgosto e de putrefação. Mas a questão é: isso interessa a alguém? Não sei responder....Quem tiver dúvidas do talento de Darren, basta prestar atenção nos cinco primeiros minutos e nos quinze finais. Darren Aronofski é amante do budismo e dá para se perceber isso. Sua visão da realidade do corpo e da forma é feita de dor e de sacrificio, é como se todo invólucro fosse uma prisão. Espero agora que ele prove ser grande, fugindo desse seu mundo que começa a parecer cliché. Natalie está bem. Barbara está ok. Winona está Winona. Nota 7.
O IMPERADOR DO NORTE de Robert Aldrich com Lee Marvin e Ernest Bognine
Na década de 30, em plena depressão, vagabundos tentam pegar carona em trem. Mas o vigia feroz não permite. O filme é só isso. Mas Aldrich sabe tudo sobre aventura e faz um filme muito correto. Com uma falha grave. A trilha sonora é um absurdo! Parece ser de uma comédia romântica! Isso destrói todo o clima miserável e fatalista do resto. Mas tem Lee Marvin e isso é muuuuuito bom. Nota 5.
BRAVURA INDÔMITA de Joel e Ethan Coen com Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin, Barry Pepper e Hailee Steinfeld
Não é uma HQ. E não é um filme com toques e estilo "muito louco". Não fala "umas verdades da vida" e não posa de "arte pessoal". Apenas um filme que conta uma história. Uma história de vingança. E que tem ótimos diálogos, excelente fotografia e atores dando o máximo. E com toda essa simplicidade, essa falta de afetação, é um sucesso de público e de crítica. Bem... ele atesta a maravilhosa versatilidade dos irmãos Coen. De Fargo a Lebowski, passando pelo melhor filme dos anos 2000 ( Onde Os Fracos Não Têm Vez ) e várias excelentes comédias, eles não se cansam de provar serem os diretores melhor dotados de sua geração. Aqui, finalmente fazendo western ( o nome Ethan Coen foi dado pelo pai em homenagem ao Ethan de John Wayne em Rastros de Ódio. Ethan Hawke também... ), este filme é um remake de True Grit, filme de Henry Hathaway que deu Oscar de ator em 1969 para Wayne ( batendo Dustin Hoffman em Perdidos Na Noite... sim, foi uma injustiça... mas John Wayne merecia um prêmio antes de morrer.... ). Jeff Bridges é sábio, ele faz um Rooster que não tenta se parecer com John Wayne. Continua sendo um velho beberrão e sujo, mas Wayne lhe dava uma autoridade moral que aqui é substituida por um humor mais assumido. Matt Damon mostra que poderia ser um novo cowboy se existissem papéis para cowboys hoje. De bigode e sujo, Damon perde todo seu jeito de bom moço e se torna um belo tipo. Mas o filme é de Hailee. Que atuação mágica! Ela vai da tristeza a alegria, da desconfiança ao afeto com firmeza e competência. Tem tudo para marcar sua geração. Atenção para a cena final de Bridges. Uma cavalgada noturna que é uma nobre e poética homenagem a vários westerns. Finalmente alguém consegue fazer um filme de cowboys "como nos velhos tempos". Nada saudosista, nada revisionista, nada satirico, sem filosofadas. Apenas um competente, sincero, sensível e emocionante faroeste. Quem precisa mais? O cinema está lotado de pretensos Bergmans, pequenos Godards e principalmente novos Antonionis. Aqui temos um bonito Anthony Mann.... Que alivio! Nota 9.

the wrestler, um filme de Darren Aronofsky

Trata-se de um quase documentário. A câmera não desgruda de Mickey Rourke. E ele funciona não só como personagem; é também o cicerone daquele mundo. Mundo de derrotados ( ? ).
O estilo de direção é simples, sem qualquer afetação ( e carente de alguma criatividade ). Mas funciona. É um estilo pobre que exibe a pobreza de vidas tolas, vazias, erradas. Mas que ainda mantém alguma humanidade.
O filme não é com Mickey Rourke. Não é para Mickey Rourke. O filme é Mickey Rourke.
Aquele que foi um grande símbolo sexual ( por quanto tempo ? 2 anos ? 3 ? ), hoje se parece muito com Luciano do Valle !
O filme me fez recordar David Lee Roth...
Marisa Tomei está maravilhosa. Mas Mickey... ele brilha...
A produtora do filme se chama Wild Bunch. No Brasil, o filme Wild Bunch se chamou " Meu Ódio será sua Herança ". Velhos cowboys lutando para não desaparecer.
O filme é simples como Bresson. E não foge do óbvio. Nada nele surpreende. Nada.
Quando tocam " Sweet child o' Mine "... é lindo...e quando ele voa na última cena... entra Bruce com uma nova canção... daquelas que só Bruce sabe e pode fazer.
Ao contrário do muito tolo filme de Roth, Marshall e Fincher; e do muito vazio filme de Boyle; este é um filme de verdade. Nota 8.