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HARD TIMES, LUTADOR DE RUA, A DIFICULDADE DE SE TORNAR UM HOMEM ( CADA VEZ MAIOR )

É sempre doloroso e difícil se tornar um homem. Como é se tornar uma mulher ou um homossexual. É dificil crescer. Eu demorei 55 anos para saber o que significa ser um homem. Hoje me sinto um. E como tudo aquilo que importa, não há discurso verbal que possa explicar isso. ( Wittgeinstein não errou ). Assisti ontem um filme que me fez pensar sobre isso. Lutador de Rua, feito em 1975 por um dos discípulos de Clint Eastwood, Walter Hill. ----------------- A primeira cena já é exemplar do que estou falando aqui. Estamos em 1935 e um trem chega numa cidade pequena. Ele vem beeeeem devagar, quase parando. Um homem desce do trem em movimento, tranquilo. Ele é pobre, mas tenta se vestir de modo descente: paletó, boné, sapatos. Uma valise a mão. Anda, nada cool, apenas é um cara que anda e o filme começa. Por todo o filme ele não modificará seu modo de agir e de ser. Não conta coisa alguma sobre seu passado, não se vangloria, não é violento ( mas vive de lutas de rua ), não é romântico ( mas sua vida é ), não precisa de ninguém ( mas faz atos de amizade ). Imediatamente percebo que em 1975 ainda havia filme desse tipo, com homens. O ator é Charles Bronson, e mesmo não sendo bom ator, ele tem o corpo para esse tipo de personagem. Que corpo? Ele é feio. Tem traços grossos. Parece pesado. Cheio de cicatrizes. Não há ator assim em 2022. ----------------- Seu equivalente hoje seriam Vin Diesel ou Jason Statham. Mas observe. Vin Diesel é malhado. Seu corpo não é real. Seu rosto é de adolescente envelhecido e inchado. E seus filmes, me divirto vendo Velozes e Furiozos, são apenas video games. Aprender a ser homem vendo Vin Diesel é aprender a ser fake. Jason Statham é muito, muito melhor. Gosto muito dele. Mas nos seus melhores filmes ele é tão cool, feito para parecer tão admirável, que ele se torna um MODELO e nunca um SER HUMANO. Inatingível. -------------- Mas ainda se fazem filmes mais realistas com atores feios. E desses é melhor nem falar. Eles, todos, não são modelos de homem, são antes modelos de fracassos no processo de crescimento. Mostram a crise, a impossibilidade, o eterno retornar ao começo. São filmes que SABOTAM o tornar-se homem. Quando não criticam abertamente esse desejo biológico. ( Nosso corpo biológico tende ao amadurecimento. É um fato animal e até vegetal. ) ---------------- Provável voce nunca ter ouvido falar de Robert Ryan. Ele é o maior ator não estrela da história. Fez papeis de boxeador, bandido, cowboy, bêbado. tudo entre 1940-1973. Ryan foi o homem mais real do cinema. Mas havia também Bogart. John Wayne, Mitchum, Widmark, Gary Cooper, James Stewart, Peck, todos modelos de masculinidade. Lee Marvin. Clint Eastwood, Nicholson, Sam Shepard, às vezes Al Pacino. A partir dos anos 70 isso foi acabando. Surgiu o novo homem, aquele exemplificado por Dustin Hoffman, Woddy Allen e Richard Dreyfuss. Sensível, inseguro, em crise sem fim. Fizeram ótimos filmes, mas enterraram o cinema como modelo de masculinidade. Pior, fizeram com que esse modelo se tornasse uma piada. Rambo e Schwaza se fizeram na vida com piadas. A virilidade como brincar de ser macho. Nada menos viril que brincar. Mesmo que seja brincar de ser homem. Neste filme, Lutador de Rua, há também James Coburn, e Coburn é um homem até debaixo do oceano. Ele tem a voz e a presença que todo homem queria ter. ------------------- Coburn é um malandro de rua que organiza lutas clandestinas, Bronson luta bem e os dois se associam. Problemas acontecem, os dois rompem e ao final, como em 90% dos filmes desse tipo, Bronson vai embora. Detalhe: dá seus ganhos para Coburn, ele quer apenas o necessário para ir à próxima cidade. --------------- Nômade, solitário, duro, coração de ouro que nunca é exibido, correto nos modos mas sem afetar, trabalhador duro. Esse o modelo. E lembro de um fato: esses atores são de uma geração que viveu dificuldades materiais. Isso molda caráter. Endurece. Cria cicatrizes que voce supera e se fortalece ou afunda em auto piedade. Não houve escolhas para eles. Tiveram de seguir adiante sem pensar muito. -------------------- Os filme de Walter Hill são sempre sobre luta. Uma pessoa tentando vencer. Nunca foi um grande diretor e com o tempo se tornou um mal diretor. Mas entre os anos 70-80 fez vários bons filmes. Este é muito bom.

NO ANIVERSÁRIO DE CLINT EASTWOOD UM PRESENTE PARA O MUNDO

O mundo precisa de menos Ursinhos Puff e mais Clint Eastwood. O PODER sabe que Puffs são facilmente dominados. Clints não. Então todo incentivo do mainstream hoje é para que haja cada vez mais Puffs no planeta. Felizes com um pote de mel e aterrorizados por tudo aquilo que possa os magoar. Pois Clints são chatos. Carregam uma Magnum é fazem perguntas. Não seguem as regras. São indivíduos. Meu texto é só isso.

JUNIOR BONNER - CINCINATTI KID, DOIS FILMES COM O REI DO COOL.

Steve McQueen teria, se vivo, a mesma idade de Clint Eastwood. Mas ele morreu em 1980, aos 50 anos. Câncer. É triste imaginar quantos filmes ele teria feito em todos esses anos. Talvez até mesmo houvesse algo com Clint. Rambo foi feito para ele. E com Steve teria sido bem diferente. No cinema de ação dos anos 80-90 ele teria de dado muito bem. E daria aos filmes seu estilo extra ultra cool. Não se preocupe leitor, vou explicar como é esse cool em McQueen. ----------- Vejmos JUNIOR BONNER. Feito por Sam Peckinpah em 1972, não é um filme violento. É Peckinpah em modo leve. McQueen é um cowboy dos anos de 1970. Ele vive na estrada. É famoso em rodeios. Volta à sua cidade. Lá reencontra sua mãe, o pai, o irmão. O pai, Robert Preston, é um paquerador, beberrão, campeão de rodeios aposentado. O irmão, Joe Don Baker, se tornou um comerciante ambicioso. E a mãe, Ida Lupino, é carinhosa e ainda ama o pai de McQueen. Há uma briga de bar, bebida, rodeios, e um touro que McQueen deve domar. Nada no filme é sensacional. Ele é lento. Plácido. Sem nada de incrível ou fora do comum. São pessoas normais em vidas normais em um cenário diferente. O filme não emociona, mas após vê-lo sentimos vontade de continuar dentro dele. E isso se deve a Steve McQueen. Gostamos de o ver na tela. Ele é, de certo modo, um fracasso. Mas o tempo todo ele não sente dor alguma. Há melancolia em Junior Bonner ( o nome do personagem é esse ), há saudade e até solidão; mas Steve lida com esses sentimentos com calma, discressão, sem grandes discursos ou cenas de drama. Ele testemunha os erros da família, ele vence o touro, mas não explode, não faz estripulias, não exagera. Fosse feito por Jack Nicholson, Junior Bonner iria quebrar coisas e rir feito doido, fosse feito por De Niro ele bateria em todos ou partiria em desespero; se Al Pacino iria demonstrar mais inteligência e mais pretensão, mas como Steve ele é cool. Ele fala com o corpo, com o gestual, o modo de andar e de estar na tela. ---------------- Cincinatti Kid é anterior, de 1965, e foi dirigido por Norman Jewison. É uma grande produção com Ann Margret, Edward G. Robinson, Karl Malden. Trilha sonora, exagerada como sempre, de John Willians. O filme começa com um enterro negro em New Orleans. Kid é um campeão de poker. E irá enfrentar o maior de todos, o veterano Eddie G. Robinson. Ann Margret é uma megera que é casada com o bobalhão Karl Malden. O filme é muito, muito bom, e o jogo final é uma aula de edição ( do futuro diretor Hal Ashby ). Steve quer vencer. E se foca apenas nisso. Tudo nele é a espera do jogo, do grande encontro. Há nele uma violência contida que não irá explodir nunca. Ele transa com sua namorada, Tuesday Weld, e com Ann Margret, mas mesmo aí sua mente está no jogo. O estilo de McQueen é diferente do outro filme, Junior Bonner. Aqui ele é mais perigoso, menos melancólico, é angustiado, ambicioso, quase vil. O filme é mais que ele mas é dele. Esse o caráter da grande estrela, tudo se torna dela e só dela. Por maior que o filme seja ele tem um só dono, e não é o produtor ou o diretor, é a estrela. --------------- Steve McQueen não é maior que Clint Eastwood porque não teve saúde para o ser. Mas em 1972 ou 1965 ele era muito maior que Clint. Sua morte deixou um espaço sem dono nas telas. Dúzias de atores tentaram ocupar esse lugar. Não chegaram nem perto.

The Good, the Bad & the Ugly Finale

THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY

Por volta de 1972, meu primo cantava o tema de Ennio Morricone enquanto brincava de cowboy. O assobio, e o vocal. Como pode um cara criar uma coisa tão esquisita? "aaaaaa....fiu fiu fiu....aaaaaaa....fiu fiu fiu..." Um moleque no Caxingui de 1972 cantava isso no meio do mato. E eu, com 9 anos, conhecia a canção. Canção? ------------- Nós perdemos a noção conforme o tempo passa. Mas podemos tentar imaginar. Como deve ter sido emocionante, em 1967, entrar numa sala escura, digamos na avendida São Luis, imensa sala, e ser invadido sensorialmente pela primeira audição do tema de Ennio Morricone. E também pelos letreiros do começo do filme. Desenhos de cowboys e sangue que se esparrama. E então o sol inclemente. Alguém já percebeu que o tema do filme é o sol? -------------- Primeiro um fato: Eu não sou fã deste filme. Nem de Sergio Leone. Acho seus filmes longos demais, me cansam. Uma edição faria bem a eles. Eu eliminaria do roteiro toda a história da prisão no acampamento militar. Uns 15 minutos que não fariam falta. Por outro lado eu reconheço sua genialidade. Ver este filme hoje é ver um filme que não envelheceu um só dia. Por isso, apesar de não ser um dos melhores westerns já feitos, é o mais amado pelo público em geral. Ele é contemporâneo. Pois no fundo, no âmago, não é um western. É um filme policial, um filme de samurai, uma comédia, mas não um western. -------------- Já comprei brigas em grupos de amantes de faroeste por isso. Para 90% deles, é este o melhor filme da história. E eu ouso o criticar. Não gosto da paisagem. É óbvio ser a Espanha. Os EUA não têm aquelas plantas, aquelas montanhas, e até a luz é outra. A comida tem batatas!!!! Cowboy não come batatas e muito menos usa prato de barro. As casas são de tijolo e há ainda uma cena entre monges católicos, além do que todos os coadjuvantes nos lembram que o filme é italiano. Se movem como gente de contos de Boccacio e não como americanos. As caras, imensas, são latinas. E na longa cena no deserto a gente percebe que esse deserto tem vegetação. Mas por outro lado.... ------------ Há uma sequência no filme que chega a causar espanto. Cada frame, ou take, é uma foto icônica. Todas viraram monumentos. Lá está o close em Clint. Os olhos. O charuto. A capa de lã. A cara suja de Elli Wallach. O sol. A cara ruim de Lee Van Cleef. Clnt com a capa puxada para trás. O chapéu. Cada segundo é um meme, um poster, uma foto de antologia do cinema. Não há como negar: é um dos filmes mais importantes da história. E nos últimos 60 anos, é o mais central. Mais que Bonnie e Clyde. Mais que 2001. Mais que Mash. Talvez apenas O Chefão de Coppolla tenha tanta centralidade. Nele vemos todo o cinema do futuro. ( Não por acaso é a Bíblia de Tarantino. Tudo o que ele fez está aqui. ) -------------- Leone, dizem, não queria Elli Wallach no filme. Pra quem não sabe, em 1967 ele era o mais famoso dos três. Grande ator de teatro. Grande no cinema. Ele tem uma das melhores atuações cômicas já vistas. Tuco é um palhaço. Tudo que faz dá errado. Sem ele o filme não teria vida. Lee Van Cleef é o ponto fraco do filme. E temos Clint Eastwood, o mito. O imortal. -------------- O filme é feito para amarmos Clint Eastwood. E a questão é: outro ator saberia tomar partido desse papel? Eis o grande mérito de Clint: ele recebe esse presente e sabe o usar. É uma personagem para dar ao ator condição de mito. Clint o toma para si. Sem ele, com um ator sem seu carisma, o filme seria outro. Seria vulgar. Seria vazio. Apenas Steve McQueen teria o dom para tal papel. Mas Steve em 1967 já era uma grande estrela. O que vemos aqui é a construção de uma grande estrela. E nisso o filme é exemplar. ---------------- Toshiro Mifune é o molde de Leone. Seus épicos são o esqueleto dos de Leone. O mesmo tamanho. O mesmo tipo de personagem. A força da música. Clint é um samurai. Por isso a capa. Por isso ele se move como se fosse usar uma espada. Leone intui, genialmente, que o filme de samurai do ocidente é o western. Ele acerta. Clint acerta. O futuro o prova. -------------------- É um grande filme icônico.

White Hunter Black Heart (1990) Official Trailer - Clint Eastwood, Jeff ...

CORAÇÃO DE CAÇADOR WHITE HUNTER BLACK HEART

Revi ontem. Tem uma coisa que não notei antes: Clint dá um show de atuação. Conhecendo John Huston como conheço, Clint Eastwood pega alguns trejeitos do velho diretor americano e une ao seu modo menos expansivo de ser. O que temos não é uma imitação. É uma reinterpretação de um grande diretor. Hoje confunde-se atuar com imitar. Imitação é macaquear, conseguir copiar maneirismos. Atuar é compreender a personagem e interpretar o que ela é ATRAVÉS DE SUA INTELIGENCIA. Se John Huston tivesse o corpo de Clint, a voz de Clint e estivesse em um filme de 1990, como ele seria? Na cena em que o mico bagunça um jantar formal, vemos por um momento John Huston em corpo e alma. ============== Parte da inteligência de Clint se deve ao fato de que ele não fez um filme ao modo John Huston. Há filmes de Clint que revelam alguma influência de Huston. Penso principalmente em Bronco Billy, um dos filmes mais tristes que já vi, filme que lembra Fat City, o filme mais melancólico de Huston. Mas aqui, em White Hunter, Clint vai no ritmo de Howard Hawks. O que o interessa é a relação de amizade entre o diretor e seu amigo escritor, o kid. Tanto trilha sonora como fotografia lembram, mais que lembram, Hatari!, filme icônico de Hawks. ====================== Clint será cada vez mais mito. Em mundo cada vez mais povoado por homens feitos de soja, Clint Eastwood será cada vez mais uma das últimas lembranças de virilidade calma, de hombridade elegante e de retidão moral. -------------------- Foi este filme que obrigou a crítica a começar a rever seus conceitos sobre o cara. É um grande filme.

The Gauntlet - Theatrical Trailer

CLINT EASTWOOD, ROTA SUICIDA

Fui ao cinema, em dezembro de 1977, ver este filme por absoluta falta de opção. Eu odiava Clint Eastwood sem jamais ter visto um filme seu. Ele era fascista. Defendia a execução de negros pobres. Batia em mulheres. E pior, era um idiota incapaz de falar duas frases coerentes. Well...claro que Clint não era nada disso, mas leitor fanático de críticos de cinema, eu acreditava naquilo que eles diziam. Clint Eastwood era um agente do mal. Seus filmes eram perigosos. Ele nos transformava em assassinos. ----------------------- Voce pode achar que exagero, mas peço que pesquise. Vá às críticas de Pauline Kael nos anos 70. Ela não ataca apenas os filmes, ela ataca o homem Clint Eastwood. O fato dele ser, durante toda a década de 70, o ator mais amado dos USA só piorava tudo. Ele era o líder fascista. Fim. ---------------- Acredite, THE GOOD THE BAD AND THE UGLY era esnobado por todo cara culto. Hoje é o filme mais amado dos anos 60, fico surpreso com sua popularidade, mas nos anos 70 era um filme lixo. Bonnie e Clyde era o grande filme de 1967. The GOOD nem era lembrado. --------------- Em 1977 eu havia assistido ANNIE HALL. Woody Allen era O CARA. O mundo dá voltas né? Hoje nos USA fingem não lembrar o quanto Woody foi amado pelas classes cultas. Warren Beaty sumiu também. Mas Clint...ele fará 91 anos na segunda feira dia 31. E o cara, o fascista, insiste em filmar. Vem mais um por aí. ------------------------- Rota Suicida é um filme muito, muito ruim. Não é porque adoro Clint que vou elogiar o filme. Ele não faz sentido algum e nem violento é. Um tira transporta uma testemunha por dois estados. E tem de lidar com centenas de atiradores, mafia e polícia, que tentam o impedir. O roteiro tem mais furos que os carros baleados. Clint havia acabado de filmar o maravilhoso JOSEY WALES quando fez esta bomba. Por que ele assumia tantos erros? -------------------- Porque ele sempre foi da escola HOWARD HAWKS. Filmar é diversão. Clint Eastwood ama filmar e no processo nada há de sofrido ou sagrado nisso. Ele quis filmar a relação de um tira e de uma prostituta, filmou, não deu certo, parte pra próxima. --------------- O filme, claro, fez sucesso, e isso sempre lhe deu liberdade para filmar. Mesmo com toda a crítica esbravejando. ------------------- Kael chegava a dizer que em todo filme Clint apanhava porque havia nele um "secreto e culposo instinto gay", e que as mulheres eram em seus filmes "nada mais que seres feitos para apanhar"... podem rir....é patético. Nada como o tempo para colocar a verdade em relevo. -------------------------- Clint Eastwood, tradicionalista e conservador até o osso da canela, se guiou sempre pelos velhos mestres. Filmava uma produção por ano, e se não havia nenhum roteiro bom a vista, filmava mesmo assim, algo de algum amigo iniciante. Nada de artístico nele, Clint fazia filmes. Cada filme era uma etapa numa obra que deveria ser vista no todo, no conjunto. Exatamente como Hawks, ele não tem UM graaaande filme, ele possui uma galeria de ótimos filmes e de alguns filmes que serão eternos. E de muitos que não se justificam se vistos como fim em si mesmo. Rota Suicida me deixou com dor na bunda em 1977 e me entedia hoje. -------------------- Fascista? Como diz o ditado: Nada é mais fascista que um dedo duro anti fascista. Que Eastwood chegue aos 100.

UMA EPIFANIA, SURGE CLINT EASTWOOD

   TARÂNTULA é um desses filmes dos anos 50 feitos para teens assistirem em drive ins num programa duplo. Lançado em 1955, conta a história de uma aranha que se torna gigante por causa de testes nucleares feitos no deserto. Um monte de gente morre e tudo parece perdido. Mas então, o herói do filme chama a força aérea. Pede para jogarem napalm no bicho. Vemos então o jato vir. Um atorzinho, fazendo uma ponta no filme, diz duas falas. As duas basicamente dizem o seguinte: DEIXA COMIGO.
   Sim, voce logo reconhece aquela voz: é CLINT EASTWOOD aos 25 anos de idade, fazendo sua segunda aparição nas telas, antes de ir pra TV fazer a série Rawhide. É epifânico. Clint joga a bomba, mata o bicho e o filme acaba. Em dez segundos ele antecipa tudo o que faria dele famoso. Mais fantástico, em meio aos atores esquecidos passados do filme, temos a sensação de que aquele olhar e aquela voz de Clint é um tipo de SER DE HOJE TRANSPORTADO PARA 1955. Momento de ultra sofisticada ironia.
  Sim. Penso que talvez ele seja o maior herói-ator dos últimos 60 anos.

CLINT EASTWOOD, O HOMEM QUE TINHA TUDO PARA FRACASSAR

   Clint nasceu em 1930. Ele faz 90 anos hoje, 31 de maio. Ele é da geração anterior à Pacino, De Niro etc. Ele é da geração Paul Newman, Redford e Steve McQueen.
   Não era articulado como Newman. Não era bem relacionado como Redford. Nem tinha a cara de rebelde de McQueen. Era apenas bonito. Muito alto, muito bonito. Como centenas em sua geração. Tinha voz ruim. E não era de teatro, era, pior que tudo, da TV. Se hoje vir da TV ainda atrapalha, nos anos 50 ser ator de série de TV era um anti currículo. Ele era ator em Rawhide. Mais uma das muitas séries de western de então. Durou de 1956 à 1965. Nessa época Clint esteve em alguns filmes de cinema B. Mr Ed, numa ponta. Um filme de sci fi, com uma fala. Seu destino parecia ser a TV. Fazer mais algumas séries de western. E depois, por volta dos 40 anos, sumir.
  Mas houve uma primeira guinada. Em 1964 ele vai fazer um filme na Itália. Com um tal de Leone. Entenda: fazer western na Itália em 1964 seria como hoje ir fazer uma ficção científica na India. Pura decadência. Leone não era Fellini. Não era Antonioni. Era um ninguém. E faroeste na Itália só podia ser uma piada. Vergonha. Porém o filme fez sucesso. Por uma intuição, uma coincidência, ele bateu com o espírito da época. Era amoral. Era violento. E Clint era misterioso, calado, quase irreal.
  Entretanto nos USA continuava um zé ninguém. Foi trabalhar com Don Siegel, que também era um velho zé ruela. Clint já tinha 38 anos. Newman já era Paul Newman, Redford fazia Butch Cassidy e McQueen era o ator mais cool do mundo. Clint Eastwood era apenas o cara do faroeste italiano. Com Siegel fez Coogan. Bom filme. Ótimo na verdade. Mas era uma situação estranha. Ídolo na Itália. Ator de segunda em seu país.
  Então em 1971 veio Dirty Harry. No auge do movimento hippie, Clint e Don Siegel fazem um filme onde o herói é um policial. Que mata sem julgamento. E o vilão é um hippie. Pauline Kael e outros críticos caem matando: Clint é fascista. O filme é nazista. Kael iria perseguir Clint por toda a vida. Dirty Harry tinha tudo pra ser um fracasso. Não foi. Fez de Clint um ídolo nos USA e no mundo. O herói de paletó, cabelo lavado e sem barba, Magnum na mão, se tornava aceito no mundo louco de 1971.
  Mesmo assim todos apostavam: Ele não dura. James Caan é melhor. Apostem em Elliot Gould. Michael Sarrazin. Até mesmo Michael J. Pollard parecia ter um destino melhor. E mais irritante para quem não gostava dele, Clint Eastwood achava que sabia dirigir filmes!!!! Isso Kael não perdoava. Como esse ignorante podia se meter a fazer filmes?
  Parece absurdo tudo isso. Visto hoje é quase inacreditável, mas por volta de 1977 Clint era considerado o pior diretor da América. Um estúpido, inarticulado, que fazia filmes para caipiras dos cafundós do Alabama. Até Burt Reynolds tinha mais respeito. ( Os dois eram os campeões de bilheteria de então ). Um filme como Josey Wales, de 1976, mal foi resenhado. Era chamado de apenas mais um western daquele cara que não sabe dirigir. Clint já tinha 46 anos.
  Nos anos 80 ele se assumiu republicano e até prefeito foi. Eu lia jornal nessa época e não ia com a cara dele. Na verdade o odiava. Todo crítico o chamava de fascista, então não tinha como não o odiar. Quando ele fez Bird, em 1987, alguns críticos começaram a negar tudo o que diziam até então. O cara ouvia Jazz? Dizia ter visto Bird tocar? Mas como? Ele não era racista? Ele sabia ler? Será que vale à pena levar ele à sério?
  Coração de Caçador foi o filme que mudou a vida de Clint Eastwood. Aos 60 anos, a crítica via o óbvio: ele era o grande herdeiro do cinema de John Huston. ( Para mim ele é muito mais Howard Hawks ). Da noite pro dia parecia que haviam esquecido Dirty Harry. Agora era chique gostar de Clint Eastwood. Na relativa paz entre democratas e republicanos nos anos 90, Clint pode finalmente mostrar quem ele sempre fora. Um grande tipo. Um imenso caráter. O Gary Cooper de sua geração.
  O que veio depois voce já sabe. Dois Oscars como melhor diretor. A aceitação de Hollywood ( que desapareceu neste século intolerante ), a tranquilidade de uma carreira vencedora.
  Mas era pra não ter dado certo.

MEU NOME É COOGAN

   Assista este filme. Feito por Don Siegel em 1968, é, além de um ótimo filme policial, uma crônica sobre um tipo de sociedade que se estabeleceu no mundo desde então.
   Clint Eastwood é um sheriff que vive à vontade no Arizona. Mas ao cometer um erro, transar ´com uma mulher casada no horário de trabalho, é transferido para New York. Vestido como um cowboy chique dos anos de 1960, ele entra em choque e aprende tudo sobre a nova época, o tempo dos então hippies e que hoje seriam nossos jovens antenados de 2020.
  Primeira imensa surpresa: Já está tudo lá. O que vemos agora no enfrentamento Trump X Esquerda, está explícito no mundo da NY de 68. Drogas, sexo gay, feministas, tudo está nas ruas, tudo entra em conflito com o aturdido sheriff. Esperto, ele se aproveita do que aquele mundo pode lhe oferecer, tem uma noite de sexo com uma hippie, mas nunca deixa de ser o que ele é: um homem dos anos 50. O filme mostra que a lei já é relativa, os direitos são imperativos, e todo jovem se acha superior à qualquer ordem simplesmente por ser jovem. Mas vamos falar de cinema...
  O filme tem diálogos, muitos diálogos. E eles nunca são chatos. E jamais tentam ser brilhantes. Os personagens falam porque na vida nós falamos muito. É um filme de ação, mas a ação só aparece quando há um motivo construído para ela acontecer. Nada é gratuito. Don Siegel, grande diretor que só se tornou famoso em seus últimos dez anos de vida ( teve uma carreira de mais de 30 anos de filmes ), dirige sem afetação. Ele narra. Com imagens. E o filme não tem uma só cena que não seja parte da linha narrativa. Quanto à Eastwood...bem...ele acabara de voltar da Italia e começa aqui seu estrelato nos EUA. O resto do mundo já o conhecia. Nos EUA era ainda o canastrão da TV. Ele está perfeito. Impecável é a palavra.
  Aproveitei para rever no dia seguinte DIRTY HARRY. Mesmo diretor, mesmo ator, mesmo tema. Mas agora a cidade é San Francisco e o ano é 1971. Três anos mais tarde, a violência aumenta e o personagem, Harry Callahan é um cowboy que nasceu na cidade, é muito mais amargo. Dirty Harry inaugura tudo que se fez depois em filmes policiais. Em sua época nunca ninguém tinha pensado em botar na tela tudo o que lá se exibe: a figura do tira solitário, a ação como centro do roteiro e não mais o diálogo, um herói antipático, a completa ausência de cenas de alívio cômico, a pistola como peça de fetiche. Tudo criado neste soberbo filme, crônica brilhante sobre o conflito insolúvel entre a moral e a lei, a vingança e a bondade.
  Em ambos os filmes deve se dar valor à trilha sonora de Lalo Schiffrin. Não existem mais trilhas assim. Jazz e funk, sinfonia e Pop, horror e silêncios...gênio.

JOSEY WALES, UM GRANDE, MAJESTOSO, PERFEITO FILME.

   Ele cospe tabaco. Em cachorros, escorpiões, insetos, mortos. E tem os olhos apertados, olhos que nada mais dizem a não ser ódio. Ele lutou na guerra civil pelo lado perdedor. E não quis se render. A guerra acabou, mas ele continua sendo um perdedor. E é caçado. Do Kansas ao Texas.
  Seu nome é Josey Wales e na primeira cena do filme ele ara a terra. Na última ele retorna à terra. Clint Eastwood em 1976, ano do filme, não era levado à sério por crítico nenhum. Era o velho problema que só hoje eu percebo: a crítica era de esquerda e Clint era de direita. Então ele estava fora. Não era mais considerado que Burt Reynolds ou Robert Aldrich. Eram párias perante o povo bem pensante. Estes só tinham olhos para Robert Altman. E Redford. Quando lançado este filme foi visto apenas como mais um western violento para um público bronco. Nada mais. 
  Em 1990 Clint começou a ser levado à sério porque os ares políticos mudaram. Seu filme de então, Coração de Caçador, pagava tributo à John Huston e os críticos chatos começaram a achar o óbvio: havia muito cérebro em Eastwood. Em 1992 veio os Imperdoáveis e o resto voce sabe. Ele virou Mito. O último Mito do cinema ainda vivo.
  Josey Wales dura quase 3 horas, horas que passam em absoluto deslumbramento. Clint dirige com segurança de John Ford e enche o filme de humor misturado à muita raiva e drama. Recheado de personagens fantásticos: a velha, o índio easy going, o garoto, o vendedor de medicina, a índia que sabe fazer tudo, o filme nos hipnotiza a vista. A fotografia de Bruce Surtees é deslumbrante e Jerry Fielding fez uma trilha sonora que nunca invade a ação, ela a conduz. O roteiro, de Philip Kauffman ( diretor de Os Eleitos e de tantos outros filmes ), não se perde jamais. Os acontecimentos não cessam. Há muito de picaresco no filme, Josey é como um desses personagens do século XVI, um Lazarilo em USA.
  Um dos mais perfeitos westerns que já vi, este filme é porta de entrada para quem quiser conhecer o gênero. Talvez seja o mais amado dos filmes de Eastwood. Veja. Aproveite este prazer. Dê este presente a si mesmo.

 

NASCE O CINEMA MODERNO: POR UM PUNHADO DE DÓLARES, A FANTASIA DE TERCEIRA MÃO QUE SE TORNA A RAIZ DE ONDE NASCE UMA FLORESTA.

   Leone pega Kurosawa e finge que a Espanha é o México. Convida um ator da TV americana pra estrelar a brincadeira. No roteiro, o herói quase não fala, sua atuação é só olhares e movimentos, lentos, do corpo. As cenas de ação se parecem com histórias em quadrinho, violência gráfica, nada real, angulosa e coreográfica. A moral não há, única mensagem possível é: sobreviva e tome uma grana dos trouxas. A trilha sonora é tão importante quanto as imagens, a música fala mais que os diálogos. Vale tudo neste filme: o samurai vira cowboy, mas o cowboy existe em um mundo que só houve nos filmes. Este México é feito de italianos, a paisagem é espanhola e os nomes das personagens são tão falsos como é o ruído amplificado dos tiros. Cada tiro é uma bomba de canhão. Clint vira Toshiro Mifune, é um japonês zen que só existe na cabeça de Leone.
   Tudo está aqui, o cinema POP dos próximos cinquenta e tantos anos nasce aqui, já pronto. O italiano Leone pega Kurosawa e filma cena por cena Yojimbo. Todo mundo irá beber aqui, mas só mais tarde, á partir de 1985, 86...em seu tempo, 1964, é apenas um filme C, ignorado por críticos marxistas e adorado pelo povão sem arcabouço cultural.
  É o melhor filme de Tarantino.

Jeff Bridges and Clint Eastwood's Wild and Crazy Ride



leia e escreva já!

O ÚLTIMO GOLPE - UM FILME DE MICHAEL CIMINO COM CLINT EASTWOOD E JEFF BRIDGES.

   Em 1978 Michael Cimino se tornou o diretor mais importante dos EUA. Graças ao sucesso total de The Deer Hunter. Em 1980 ele era um falido. Obra de Heavens Gate, o filme que é ainda o maior fracasso financeiro da história do cinema. Esse filme faliu a United Artists, a produtora fundada por Chaplin nos anos 20. Thunderbolt and Lightfoot, aqui chamado "O Ultimo Golpe", foi o primeiro filme de Cimino, feito em 1974. Clint produziu e estrelou. É um grande filme.
  O cinema dos anos 70 tem como diferencial o fato de não focar a história. O foco do filme típico da época é na personalidade dos personagens. Filmes como The Godfather, Cabaret ou mesmo Tubarão, são observações sobre pessoas, o que as motiva e o que as amedronta. A ação é toda construída para mostrar mais uma fatia da alma do personagem. Hoje a ação é construída para produzir emoção. A personalidade do personagem é somente aquilo que nós imaginamos que ele seja. Isso pouco importa, o filme é o movimento do corpo e a fala do diálogo. Tudo é explícito e se não for é porque não existe.
  Este filme tem muita ação física. É um daqueles maravilhosos filmes de estrada da época. Jeff, soberbo, é um caipira ingênuo e sem rumo. Clint um ladrão veterano. Os dois se conhecem numa carona e se conhecem enquanto executam golpes. Depois há o retorno do passado de Clint, e o que era uma comèdia vira drama.
  Carros batem, tiros zumbem, estradas passam, garotas peladas, brigas de socos. Mas não é isso que importa. O roteiro, de Cimino, nos dá os detalhes da amizade entre Jeff e Clint. Consegue nos colocar dentro de cada carro que eles roubam, mas mais ainda dentro do coração de cada um deles.
  Mas há mais. Geoffrey Lewis deixa imensa impressão num personagem secundário, tolo, que morre de forma patética. George Kennedy nos assusta com seu vilão sádico, ruim, cruel. E até mesmo o louco dos coelhos, personagem que aparece por 3 ou 4 minutos, causa forte impressão. Nada parece gratuito, tudo tem um porque.
  Aconselho muito a que voce veja este filme. O melhor do cinema de hoje, o pouco que insiste em existir, bebe nesta fonte.

AMOR AOS FILMES

   Posso dizer com toda a certeza, que desde meus 20 e poucos anos, nunca tive tão pouco interesse pelo cinema. Mais que em qualquer outra arte, o cinema para mim só existe como paixão enquanto parece ser uma descoberta. Quando eu tinha 14 anos de idade, o cinema era um mundo todo novo. Depois, aos 28, 29 anos, descobri a história mais antiga do cinema. E aos 40, comecei minha coleção de dvds. Com o tempo essa coleção se completou e percebi que 85% dos grandes filmes não eram mais inéditos para mim. Eu planejara ser a hora então de perseguir as novidades, eu passara a ter tempo para o cinema de agora. Mas esse cinema me fez brochar. As manias e os vícios do cinema dos anos 2000 mataram minha paixão e me deram tédio. O cinema morreu. Ele hoje vive como um tipo de passatempo ou uma rememoração daquilo que ele um dia foi. O CINEMA É AGORA AQUILO QUE O TEATRO É DESDE 1900. OU O QUE O JAZZ É DESDE 1960.
  Melhor dizendo, é circo.
  Mas eu vejo filmes ainda. Poucos. Nos últimos meses assisti estes...
  TEMPESTADE, PLANETA EM FÚRIA de Dean Devlin com Gerard Butler, Abbie Cornish.
Mais um fim de mundo. No futuro um satélite nos protege do kaos. Mas ele é sabotado. Butler é o cara que construiu a coisa e vai lá a consertar. Sim, voce já viu esse filme contado de mil formas iguais. Alguém disse que os efeitos especiais já estão em decadência. Eles eram usados para aperfeiçoar um filme. Agora são apenas o mínimo que se espera de qualquer filme. Este é comum. Nem bom nem ruim.
  O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS de Sofia Coppola. com Nicole Kidman, Colin Farrel, Kirsten Dunst, Elle Fanning.
Que filme ruim! Uma refilmagem flácida, tola, capenga, metida a besta, do filme de 1971 de Don Siegel com Clint Eastwood. O original é uma produção esquisita. Um filme de horror, de dor e de medo, em que um soldado confederado é castrado por um bando de mulheres. Clint dá sua primeira interpretação séria, faz um pobre homem ferido que se pavoneia em meio a seu harém, mas que acaba como um objeto quebrado e inútil. Aqui, Sofia, em seu pior filme, pesa a mão no esteticismo árido e o filme não existe. O que era sutil e erótico se torna pesado e falso. Um completo fiasco.
  KINGSMAN, O CÍRCULO DOURADO de Mathew Vaughan com Mark Strong, Colin Firth.
Fraco. O primeiro foi um bom filme, divertido, leve, nada pretensioso. Este é hiper produzido, histérico e se enrola numa história muito forçada. Nada de especial.
  A MALDIÇÃO DA MOSCA de Don Sharp
A mosca da cabeça branca, de 1957, é um pequeno clássico de horror. Foi refilmado por Croenenberg em 1986. Esta é uma continuação do primeiro filme feita em 1965. É ruim. Se perde num romance bobo e não tem uma só pitada de medo. Lixo.
  DESTINATION GOBI de Robert Wise com Richard Widmark
O pior filme de Wise, um diretor que sabia tudo de cinema. A história é fraca, não temos interesse em ver um grupo de soldados na Mongolia.
  BOEING BOEING de John Rich com Tony Curtis e Jerry Lewis.
Feito em 1965, é uma comédia inacreditavelmente machista. Hoje seria impossível de ser feita. Tony é um playboy jornalista que namora 3 aeromoças ao mesmo tempo. Ele mente para a as 3. Jerry vem dos EUA e tenta tirar uma casquinha das meninas. O filme é feito de diálogos maliciosos e de Tony lutando para salvar suas mentiras. Lembro de assistir com meu irmão na TV, por volta de 1976. A gente acreditou que essa seria nossa vida de adultos.
  A PAIXÃO DE UMA VIDA de John Ford com Tyrone Power e Maureen O´Hara.
Ò John Ford ! Este é um dos menos queridos de seus filmes, e mesmo assim ele conseguiu me fazer lembrar da paixão que eu tive um dia por filmes...É a história, simples, singela, ingênua, de um rapaz que passa toda sua vida numa academia que forma oficiais. Juventude, casamento, velhice e morte. Ford canta, não conta, canta sua saga cotidiana e encanta quem ainda crê nesses valores antigos e preciosos. Ele filma fácil. Ele ama seus personagens. Ele é sincero. Amei este filme.
  KIM de Victor Saville com Dean Stockwell e Errol Flynn.
Não, não é nem um terço do que poderia ser. Muito Dean e pouco Errol. Envelheceu mal esta fantasia juvenil passada num oriente de cartoon.
  NUNCA ME DIGA ADEUS de James V. Kern com Errol Flynn e Eleanor Parker.
Começa mal. Muitas cenas com a menina que divide seu ano entre seu pai e sua mãe divorciados. O pai, Errol sendo Errol, é um playboy que adora festas e inventa histórias. A mãe ainda gosta dele, mas está descrente. O filme cresce ao deixar Errol exercer sua suavidade esperta. Ele carrega o filme nas costas.
 
OU VAI OU RACHA de Frank Tashlin com Jerry Lewis, Dean Martin e Anita Ekberg.
Ruy Castro diz que para os teens da geração dele, o fim da dupla Lewis e Martin foi tão dura como seria o fim da dupla Lennon e MacCartney para a geração seguinte. Este é o último filme dos dois juntos. É difícil gostar desse Jerry Lewis infantil e tão debilóide. Seu humor é ingênuo, bobo e as tintas gays hoje parecem super bandeirosas. ( Não, Jerry não é gay ). Mas, graças ao talento de Tashlin, este filme é até que ok. Dean é o malandro que trapaceia no jogo e ganha um carro. Jerry é o idiota que ganha o mesmo carro honestamente. Os dois vão pra Hollywood juntos.
ERRADO PRA CACHORRO de Frank Tashlin com Jerry Lewis e Jill St.John.
Aqui está o Jerry solo. Mais adulto, mas ainda bobo. Este filme passava todo mês na Sessão da Tarde entre 1975-1985. Só agora ele sai em dvd. Tashlin foi um dos caras da Warner que fazia os desenhos do Pernalonga. Depois virou diretor de filmes legais como este. Tolo, caipira, infantil, mas ainda bem assistível. Não sei o que dizer sobre Jerry. Seu ego é tão grande que quase o esmaga.
OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO!OS RUSSOS ESTÃO CHEGANDO! de Norman Jewison com Alan Arkin, Eva Marie Saint, Carl Reiner, Brian Keith.
Claro que foi feito nos tempos da guerra fria. Um submarino russo encalha numa ilha nas costas dos EUA. Um grupo de marujos vai a terra para conseguir um novo motor. A população da ilha reage com medo e ataca. É uma comédia e Arkin está ótimo como o líder russo. Em 1966 os russos são tratados como gente boa e os americanos como doidos. Jewison teria uma bela carreira em filmes típicos da esquerda americana. Legal este filme.
THE ROOKIE de Clint Eastwood com Clint e Charlie Sheen.
Há quem diga ser o pior filme de Clint. Talvez seja.
CHARLIE CHAN AT THE OLYMPICS de H. Bruce Humberstone com Warner Oland.
Consigo 3 dvds de Charlie Chan. Foi uma série para cinema dos anos 30. Chan desvenda os crimes com muita calma e bom humor. Um tipo de Holmes bonachão. Este é chocante por ter sido feito em 1936 e falar das Olimpíadas de Berlin. Vemos um oficial das SS ajudar Chan na elucidação do caso!!! Assisti ainda Charlie Chan na Opera e Charlie Chan em Londres. Os dois são melhores que esse em Berlin. O londrino tem um delicioso clima de fog. Boa diversão para noites frias.
O ENIGMA DE OUTRO MUNDO de John Carpenter com Kurt Russell.
É a refilmagem explícita de um clássico de Howard Hawks. E talvez seja melhor que o filme anterior. Numa estação polar, um ET que plasma características de outros seres invade e mata todos que o encontram. É um filme barato, sem pudor, e bem bom. A crítica odiou em 1983. Hoje é um cult esperto.
CIDADE TENEBROSA de Andre de Toth com Sterling Hayden
Puro prazer! Hayden é um cop desalinhado que procura um ladrão barato. O filme é genial. Todo filmado na rua, tem um clima moderno, ágil, leve e crú. Está uma década adiante de seu tempo. Nos extras temos comentários de um crítico e do escritor James Ellroy. Uma maravilha de comentários dignos do filme. Procure assistir, é um prazer inesquecível. No elenco, além do mítico Hayden, temos Timothy Carey, um dos mais loucos atores da história e ainda Charles Bronson e Gene Nelson. Show.
O SÁDICO SELVAGEM de Don Siegel com Elli Wallach.
Um caso de tráfico de drogas em um gostoso filme policial. O clima é urgente e tudo flui magnificamente. Bacana ver Don Siegel filmando as ruas de San Francisco 13 anos antes de Dirty Harry. O cara tinha o dom! Veja!

CLINT EASTWOOD/ CLAIR/ PHILIP SEYMOUR HOFFMAN/ JENNIFER ANISTON/ SIN CITY 2/ VIVIEN LEIGH

   THE PAWN BROKER CHRONICLES ( BUSCA ALUCINANTE ) de Wayne Kramer com Matt Dillon, Brendan Fraser, Elijah Wood, Paul Walker e Vincent D`Onofrio
O começo deste filme, com dois caras conversando abobrinha, lembra pela milésima vez ao Pulp Fiction. E todo o filme vai nessa toada: humor negro, guitarras distorcidas, bastante violência. Com uma diferença, absoluta ausência de talento. Uma salada de um cara que se acha Elvis, um bando de mulheres nuas, uns caipiras toscos, carros feios, e muito sangue. Uma tentativa desesperada de ser cool que se torna apenas uma bobeira tola e vazia. Nada faz sentido e nada tem graça. Uma pena ver alguns bons atores neste lixo. Nota Zero.
   SEM DIREITO A RESGATE de Daniel Schechter com Jennifer Aniston, Tim Robbins e Will Forte.
Dificil não sentir pena de Jennifer. Uma boa atriz perdida nesta tolice atroz. Ela é uma mulher rica e infeliz que é sequestrada por um trio de idiotas. Não é uma comédia, tenta ser um drama. O roteiro é tão imbecil que chega a ser ofensivo. O cinema vai acabar. Nota Zero.
   LADY HAMILTON de Alexander Korda com Vivien Leigh e Laurence Olivier
E eis que encontramos um filme do tempo em que o cinema era coisa de adultos. Acompanhamos a saga de Hamilton, uma mulher inglesa que nos tempos de Napoleão foi da fortuna à miséria. O filme não é bom, é apenas interessante. Vivien está tão linda que consegue nos hipnotizar. Ela é o conceito do belo em forma de ser-humano. Olivier, esposo dela nesse tempo, apenas tem de lhe fazer bela companhia. Ele consegue. O jovem Olivier era um galã perfeito. Nota 5.
   CAVALCADE de Frank Lloyd com Diana Wynyard e Clive Brook
Melhor filme no Oscar de 33 está longe de ser um grande filme. Nem mesmo bom ele é. Tem três problemas que o aniquilam. É um tema muito inglês feito em Hollywood. Segundo, o roteiro tira todo o wit da peça de Noel Coward, um imenso sucesso nos teatros de então. E o mais grave, todos os atores interpretam o filme como se ele fosse mudo. Se voce quiser saber o que seja um tipo de performance antiga, velha, veja isto. O tema é a saga de duas familias inglesas, de 1899 até os anos 20. Guerras e mais guerras. Coward já sentia a proximidade de Hitler, o filme é inerte. Nota 3.
   JERSEY BOYS de Clint Eastwood 
O novo filme de Clint, passou aqui?, surpreendentemente conta a história de Frank Valli, um dos mais bregas cantores do auge do rock`n`roll. A gente sabe que Clint não gosta de rock, e assim ele passa pelo período do filme, 1952-1979, como se o rock jamais tivesse existido. Frank Valli era um cantor romântico na linha de Johnny Mathis. Estranho filme, por causa do meio italiano se parece com um filme de Scorsese. Sem brilho. Não é um filme ruim. Não é mesmo! O seu problema é o tema, pouco interessante. Nota 5.
   O ÚLTIMO CONCERTO de Yaron Zilberman com Christopher Walken, Philip Seymour Hoffman, Mark Ivanir, Catherine Keener.
Oh mais um filme de gente doente! Mais um filme frio, seco, distante, que tenta se passar por arte! Mais um filme jeca que acha que arte significa seriedade e sofrimento. Aff...Ok, todos os atores são excelentes e todos eles têm chance de brilhar. Mas...so what? Nota 4.
  SIN CITY 2 de Robert Rodriguez e Frank Miller com Joseph Gordon Levitt, Bruce Willis, Eva Green, Josh Brolin, Mickey Rourke, Jessica Alba.
Parece uma brincadeira de amigos de 11 anos que adoram sangue. E nem os belos seios de Eva Green valem o filme. Ele é um nada sobre coisa alguma. É tão fake que faz Liberace soar como Liszt. Nada entenderam do que seja filme noir. Nada sabem sobre o que seja ser sexy. Desconhecem a escrita de roteiro. Pior, não têm simancol. Nota Zero.
  O VINGADOR INVISÍVEL de René Clair com Walter Huston, Barry Fitzgerald, Roland Young e Louis Hayward
Uma festa! Baseado em Agatha Christie, o filme fala de onze convidados que hospedados numa casa isolada, vão sendo mortos um a um. Quem é o assassino? Clair foge da guerra e em Hollywood se torna um dos mais encantadores dos diretores. Seus filmes voam. São diversão em alto nível de clima e de performances. Para quem quiser lembrar do que seja cinema popular bem feito e inteligente. Nota 9.