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LE PAS DU CHAT NOIR- ANOUAR BRAHEM

   Indo para a USP. Trãnsito parado. Anouar Brahem em cd. Muda tudo. A música tem esse poder. O ritmo artificial do trãnsito parado e dos motores cessa. A música traz a paisagem o ritmo da própria paisagem. Olho o canteiro sujo, as casas velhas e o mato na calçada. Olho as pessoas que caminham, o sol no céu e um sabiá que levanta vôo. A fumaça que o carro da frente expele, a moto que corre. O ritmo é outro.
   A vida tem uma velocidade, o gato que anda tem sua música. A água evapora em tempo todo seu, a planta cresce em dança que não capturamos. Mas agora eu a capturo. A música é esse mundo da planta crescendo.
  Anouar Brahem mistura música árabe com Debussy. Etéreo. Ele é todo sutileza e relaxamento sensual. Seda. A música nasce e não acontece. Ela dá a impressão de não existir. São fiapos de melodia e imensas harmonias. Piano que divaga, acordeon que não nasce e o oud, instrumento de corda que seduz sussurrando.  A música é uma constelação de interrogações. Se Wagner, o rock e as big bands são afirmações triplas, aqui o sinal é o da interrogação. Onde irá a melodia? O que é esta sinuosidade? Porque é assim?
  As sombras das árvores passam sobre meu carro e eu quase saio de mim.
  Quem precisa de drogas?