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O CÍRCULO VERMELHO - EDGARD WALLACE

Depois de Sherlock Holmes e antes de Agatha Christie, houve Wallace. Inglês, como são os outros dois, começou a publicar na virada do século e morreu ainda jovem, na década de 1930. Ao contrário de Conan Doyle, seus romances policiais não possuem aquele clima vitoriano, pausado, cinzento, racional, que tanto atrai nas histórias típicas de Holmes. Mas também não se parece com Christie, pois Wallace nunca criou um detetive central, cada um de seus livros, e são dezenas, tem personagens novos. É o livro policial britânico, milhas e milhas distante do estilo americano que seria criado quase que ao mesmo tempo em que Wallace iria para Hollywood, fazer o roteiro de King Kong. Ele vendeu muito. Chegou a ser durante décadas, um dos autores mais lidos do mundo. Para voces terem uma ideia, na minha velha edição da Enciclopédia Britânica, edição de 1971, não há verbete algum sobre Conan Doyle ou Agatha Christie. Não há nada sobre Chandler ou Hammett e nem Patricia Highsmith. Mas há um verbete sobre Edgard Wallace: autor de romances policiais ditos best seller. São autores de sorte. Publicaram exatamente durante o curto período em que ler era a atividade central de um lar de classe média. Jornal, revista e livro, lia-se tudo. Não havia nenhuma concorrência, o rádio chegaria apenas nos anos 30, ia-se ao cinema, mas dentro da casa, apenas livros. No mundo mais desenvolvido, o analfabetismo estava quase erradicado, então tudo se uniu para que, entre 1870-1930, ler fosse a diversão mais importante ( não escrevo única porque havia o jogo, a canção dentro de casa, as reuniões entre amigos, e o simples e civilizado ato de conversar ). Devo ainda dizer que vi, o Brasil é atrasado, o reinado do rádio, a TV aqui só se tornaria rainha no meio dos anos 70, e lembro bem de jornais e revistas com tiragens aos milhões. Edgard Wallace, em bancas e supermercados, sempre no prelo, entre Christie, Doyle, Huxley, Orwell, Nelson Rodrigues, Jacqueline Susann, Simone de Beauvoir, Harold Robbins, Cassandra Rios, Erico Veríssimo e Jorge Amado. Lido hoje ele se mostra bastante inferiro a Christie e Doyle. Mas li divertidamente. Valeu.

JOHN WAYNE- KENNETH BRANAGH- HELEN MIRREN- RUSSELL CROWE

   CHISUM de Andrew V. McLaglen com John Wayne e Ben Johnson
Voce fica um tempo sem ver um filme de Wayne e se assusta quando revê sua presença. Ele surge com autoridade, força, carisma, com o tamanho de um gigante, o que ele é. John Wayne nunca foi um ator, como Gary Cooper ou James Stewart, ele foi um tipo de aparição, ícone, interpretando sem nenhum esforço, fazendo com que os heróis se adaptem a seu tamanho. Aqui o vemos, já em fim de carreira, num roteiro digno, interessante. Ele é o dono de vasto território no Novo Mexico, que se vê desafiado por um competidor desonesto. McLaglen nunca foi bom diretor, mas teve a sorte de ser filho de Victor McLaglen, e por isso, crescer no clã de John Ford. Dirigiu toneladas de filmes, e este talvez seja seu melhor. Tem ação, tem humor, tem drama. Atenção: seus primeiros minutos são fracos, mas ele cresce cada vez mais. Merle Haggard canta a música título.
  ADEUS, CHRISTOPHER ROBIN de Simon Curtis com Margot Robin e Domhall Gleeson.
A vida, muito triste, do criador do ursinho Puff. O filme, passado entre 1919-1945, mostra o autor como um neurótico de guerra, distante do filho, e o usando como modelo de Robin, o menino de 100 Acres, o mundo de Pooh e Tigrão. Não é um grande filme, mas tem algo de revelador aqui: o nascimento de um certo platonismo que rege nosso mundo. Veja e entenda o que digo. PS: os atores são um tipo de anti-John Wayne, uma presença nula.
  ASSASSINATO NO EXPRESSO ORIENTE de Kenneth Branagh com Penelope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Johnny Depp, Judi Dench...
O que dizer de um filme em que o melhor desempenho é de Johnny Depp? Em 1974 Sidney Lumet fez um luxuoso filme sobre este mesmo livro de Agatha Christie. Tinha Sean Connery, Ingrid Bergman e até Lauren Bacall. Branagh, um pavão sempre, usa um bigode que destrói o filme. A gente fica olhando para seus dois quilos de pelos e se esquece do filme. O filme de 74 já era uma decepção, este é ainda pior. Não tem o menor traço de suspense, de mistério, de nada.
  A ODISSÉIA de Jerome Sálle
Este filme conseguiu um milagre!!!! Fazer da vida de Jacques Cousteau um tédio! Que mais posso dizer? Claro que a fotografia é linda, mas qual o filme que na era digital não tem boa fotografia?
  A LUTA PELA ESPERANÇA de Ron Howard com Russell Crowe e Renée Zellweger.
Acredite, houve um tempo em que Crowe era um ator. Este história interessante, sobre um boxeador que dá a volta por cima, tem tudo o que um filme precisa: drama, bons atores e cenas emocionantes. Claro que voce já viu tudo isso antes, mas so what? São duas horas de competência total.
 O COZINHEIRO, O LADRÃO, A MULHER E O AMANTE de Peter Greenway com Helen Mirren, Michael Gambom e Alan Howard.
É a última chance que dou a Greenway. Queridinho da crítica nos anos 80, hoje está merecidamente esquecido. Seu estilo é teatral, barroco, exagerado, cheio de sexo, nudez, raiva dos ricos, mensagens toscas, pretensão exagerada, breguice chique. Não vou falar da história boba desta coisa. Helen Mirren está desperdiçada.
  A MANSÃO MACABRA de Dan Curtis com Karen Black e Oliver Reed.
Uma família se hospeda numa mansão e a esposa começa a ficar doida. Funciona sim. O filme é sem sentido, tosco e previsível, mas a gente assiste, nem que seja para odiar Karen Black e xingar Oliver Reed por ser tão bundão.

CLINT EASTWOOD/ CLAIR/ PHILIP SEYMOUR HOFFMAN/ JENNIFER ANISTON/ SIN CITY 2/ VIVIEN LEIGH

   THE PAWN BROKER CHRONICLES ( BUSCA ALUCINANTE ) de Wayne Kramer com Matt Dillon, Brendan Fraser, Elijah Wood, Paul Walker e Vincent D`Onofrio
O começo deste filme, com dois caras conversando abobrinha, lembra pela milésima vez ao Pulp Fiction. E todo o filme vai nessa toada: humor negro, guitarras distorcidas, bastante violência. Com uma diferença, absoluta ausência de talento. Uma salada de um cara que se acha Elvis, um bando de mulheres nuas, uns caipiras toscos, carros feios, e muito sangue. Uma tentativa desesperada de ser cool que se torna apenas uma bobeira tola e vazia. Nada faz sentido e nada tem graça. Uma pena ver alguns bons atores neste lixo. Nota Zero.
   SEM DIREITO A RESGATE de Daniel Schechter com Jennifer Aniston, Tim Robbins e Will Forte.
Dificil não sentir pena de Jennifer. Uma boa atriz perdida nesta tolice atroz. Ela é uma mulher rica e infeliz que é sequestrada por um trio de idiotas. Não é uma comédia, tenta ser um drama. O roteiro é tão imbecil que chega a ser ofensivo. O cinema vai acabar. Nota Zero.
   LADY HAMILTON de Alexander Korda com Vivien Leigh e Laurence Olivier
E eis que encontramos um filme do tempo em que o cinema era coisa de adultos. Acompanhamos a saga de Hamilton, uma mulher inglesa que nos tempos de Napoleão foi da fortuna à miséria. O filme não é bom, é apenas interessante. Vivien está tão linda que consegue nos hipnotizar. Ela é o conceito do belo em forma de ser-humano. Olivier, esposo dela nesse tempo, apenas tem de lhe fazer bela companhia. Ele consegue. O jovem Olivier era um galã perfeito. Nota 5.
   CAVALCADE de Frank Lloyd com Diana Wynyard e Clive Brook
Melhor filme no Oscar de 33 está longe de ser um grande filme. Nem mesmo bom ele é. Tem três problemas que o aniquilam. É um tema muito inglês feito em Hollywood. Segundo, o roteiro tira todo o wit da peça de Noel Coward, um imenso sucesso nos teatros de então. E o mais grave, todos os atores interpretam o filme como se ele fosse mudo. Se voce quiser saber o que seja um tipo de performance antiga, velha, veja isto. O tema é a saga de duas familias inglesas, de 1899 até os anos 20. Guerras e mais guerras. Coward já sentia a proximidade de Hitler, o filme é inerte. Nota 3.
   JERSEY BOYS de Clint Eastwood 
O novo filme de Clint, passou aqui?, surpreendentemente conta a história de Frank Valli, um dos mais bregas cantores do auge do rock`n`roll. A gente sabe que Clint não gosta de rock, e assim ele passa pelo período do filme, 1952-1979, como se o rock jamais tivesse existido. Frank Valli era um cantor romântico na linha de Johnny Mathis. Estranho filme, por causa do meio italiano se parece com um filme de Scorsese. Sem brilho. Não é um filme ruim. Não é mesmo! O seu problema é o tema, pouco interessante. Nota 5.
   O ÚLTIMO CONCERTO de Yaron Zilberman com Christopher Walken, Philip Seymour Hoffman, Mark Ivanir, Catherine Keener.
Oh mais um filme de gente doente! Mais um filme frio, seco, distante, que tenta se passar por arte! Mais um filme jeca que acha que arte significa seriedade e sofrimento. Aff...Ok, todos os atores são excelentes e todos eles têm chance de brilhar. Mas...so what? Nota 4.
  SIN CITY 2 de Robert Rodriguez e Frank Miller com Joseph Gordon Levitt, Bruce Willis, Eva Green, Josh Brolin, Mickey Rourke, Jessica Alba.
Parece uma brincadeira de amigos de 11 anos que adoram sangue. E nem os belos seios de Eva Green valem o filme. Ele é um nada sobre coisa alguma. É tão fake que faz Liberace soar como Liszt. Nada entenderam do que seja filme noir. Nada sabem sobre o que seja ser sexy. Desconhecem a escrita de roteiro. Pior, não têm simancol. Nota Zero.
  O VINGADOR INVISÍVEL de René Clair com Walter Huston, Barry Fitzgerald, Roland Young e Louis Hayward
Uma festa! Baseado em Agatha Christie, o filme fala de onze convidados que hospedados numa casa isolada, vão sendo mortos um a um. Quem é o assassino? Clair foge da guerra e em Hollywood se torna um dos mais encantadores dos diretores. Seus filmes voam. São diversão em alto nível de clima e de performances. Para quem quiser lembrar do que seja cinema popular bem feito e inteligente. Nota 9.
 

MANKIEWICZ/ BETTE DAVIS/ AVA/ BOGEY/ REDGRAVE/ ALEC GUINESS

PELE DE ASNO de Jacques Demy com Catherine Deneuve, Jean Marais e Jacques Perrin
Um rei viúvo, que prometeu a esposa se casar apenas com uma mulher que fosse mais bela que a rainha, descobre que a filha é essa pessoa. O conto de Perrault adaptado em 1970 por Demy, tem música de Legrand e fotografia de Cloquet. E mesmo assim é de uma bobice exemplar. Demy foi um deslumbrado. Se apaixonou pela nouvelle vague e depois pelos hippies que conheceu em LA. Une aqui o pior desses dois mundos. Claro, é um prazer ver Marais, o ator de Cocteau, mas é pouco. Nota 2.
ESCRAVOS DO DESEJO de John Cromwell com Bette Davis, Leslie Howard e Frances Dee.
O romance de Maugham fez de Bette uma estrela. Passado em Londres, o filme conta a história do médico, de pé deformado, que se apaixona por uma garçonete, que o usa e joga fora. O filme foi um sucesso e é bom, apesar de Bette. Porque apesar deste papel ter feito dela a estrela da Warner, seu desempenho é fake. Um sotaque cockney exagerado e uma vulgaridade de carnaval. Mas vale pela boa produção. Nota 5.
QUEM É O INFIEL? de Joseph L. Mankiewicz com Jeanne Crain, Linda Darnell, Ann Sothern, Kirk Douglas e Paul Douglas.
O roteiro, do diretor Mankiewicz, ganhou o Oscar de 1949. E é brilhante! Três amigas, casadas, vão passar um fim de semana numa ilha. Longe de telefones, elas recebem de um amigo uma carta. Essa carta diz que nessa hora, o marido de uma delas está fugindo com outra. Essa outra é a estrela da escola, antiga amiga das três. Essa carta faz com que cada uma delas se recorde do seu casamento, de um momento de crise, de alguma injustiça cometida. Qual deles fugiu? Mankiewicz dirige de sua maneira segura, pausada, firme de sempre. O filme, visto pela terceira vez, se mantém como diversão de primeira. Ainda atual, ele une drama, humor e muito suspense. O elenco, como em todos os filmes do diretor, se destaca. É este o primeiro papel de Kirk Douglas. Pode ver. É ótimo. Nota 9.
A MALVADA de Joseph L. Mankiewicz com Bette Davis, Anne Baxter e George Sanders
Um dos mais famosos filmes de Hollywood, conta a história da atriz veterana que é usada por uma fã que inveja seu status. O roteiro, do diretor, tem algumas das melhores falas wit da história. E há Bette, num de seus grandes momentos que não lhe deu um merecido Oscar. Ela consegue transmitir vulnerabilidade e vaidade ao mesmo tempo. Sua voz, rouca, traz sensualidade decadente. É um papel de genialidade. Mas o filme tem mais. Tem George Sanders exalando maldade, tem suspense e uma Anne Baxter quase ao nível de Bette. É um filme maravilhoso, perfeito, histórico e deu um Oscar a Mankiewicz como diretor. E mais um como escritor. Obrigatório para quem queira saber o que significa um bom diálogo. Nota DEZ!
A CONDESSA DESCALÇA de Joseph L. Mankiewicz com Humphrey Bogart, Ava Gardner e Edmond O`Brien
A história, cheia de fel, de um diretor humilhado por um produtor. Também é a história de uma atriz, ninfo, que não dá a mínima para a fama e que se casa com um milionário impotente. O filme deveria ser forte, mas não é. Ele quer ser tão irado que passa do ponto. O drama é exagerado, as cenas na Espanha parecem falsas e até Bogey se perde. Ele não combina com o papel. Talvez seja o pior filme do diretor, apesar de ser uma obra bastante famosa. Nota 4.
O AMERICANO TRANQUILO de Joseph L. Mankiewicz com Michael Redgrave, Audie Murphy e Bruce Cabot
Um filme fascinante que encerra o pequeno festival Mankiewicz que montei para mim mesmo ( eu sei que faltaram muitos outros....fica pra outra ).  O tema é fascinante! No Vietnã de 1954, vemos um repórter inglês, frio e distante, que tenta não se envolver na guerra, se envolver com um americano comum, que surge em Saigon para fazer comércio. Os dois viram conhecidos, disputam a mesma mulher e tudo vira um pesadelo em meio a guerra dos vietcongs contra a França. Well...para quem não sabe, o Vietnã lutou contra a França até os anos 60 e quando venceu teve de lutar contra os EUA por mais dez anos. E venceu. Este filme foi filmado em Saigon, e só isso já faz dele experiência invulgar. Foi nesse ano e nessa guerra que Robert Capa morreu. Redgrave, pai de Vanessa, dá seu show costumeiro. Vemos o inglês perceber o quanto ele foi covarde, mole, inativo. Todo o filme tem jeito de documentário e na rica filmografia do diretor é um dos melhores. Foi um fracasso na época, e nesta era do dvd está sendo redescoberto. A fotografia de Robert Krasker é excelente. Nota DEZ.
A VIDA PRIVADA DE SHERLOCK HOLMES de Billy Wilder com Robert Stephens, Colin Blakeley e Genevieve Page.
Billy num de seus últimos filmes, falha terrivelmente nesta tentativa patética de filmar um caso de Holmes como um tipo de comédia realista. O filme não pega fogo. E o roteiro, algo sobre um submarino, tem um interesse nulo. Nota 1.
VIVA A LIBERDADE de Roberto Andó com Toni Servillo e Valeria Bruni Tedeschi
Lixo. Um infantil e absurdo conto sobre um senador deprimido que é substituído por seu irmão doido. Claro que ele vira um sucesso! O que há de novo aqui? Porque fazer isso de novo? Peter Sellers o fez. Jack Lemmon fez. Eddie Murphy fez. E todos foram melhores. Nota ZERO.
O PRÍNCIPE de ....com Jason Patric, Bruce Willis e John Cusak
Uma menina se envolve com drogas e o pai vai salvar ela. O pai não é Bruce. É Patric. Cenas de ação frouxas e um roteiro com falas de analfabetos. Sem nota.
UM MALUCO GENIAL de Ronald Neame com Alec Guiness
Guiness escreveu o roteiro. É sobre um pintor genial que pobre, vive de aplicar golpes nos amigos. O personagem é feio, sujo, mentiroso, mal humorado e antipático. É um filme estranhíssimo. Nada nele nos seduz. E é um filme importante e bom. Vemos a Londres suja de 1957. Uma cidade ainda em ruínas, escura, pobre, com seus primeiros mods. O ambiente salva o filme. Nota....hmmm....5.
CRIME É CRIME de George Pollock com Margareth Rutherford e Ron Moody
Uma agradável aventura da velhinha Miss Marple, a detetive amadora criada por Agatha Christie. Crimes entre um grupo de teatro, num cidade do interior inglês. Nota 5.

BOB, LE FLAMBEUR/ NOÉ/ MONICELLI/ SAMURAI/ UCHIDA/ AGATHA CHRISTIE/ BURT REYNOLDS

   NOÉ de Darren Aronofsky com Russell Crowe
O mundo do velho testamento encontra a Marvel. Os anjos caídos são personagens Marvel. Mas o Deus de Noé é o Deus vingativo da Bíblia Judaica. Aronofsky continua interessado em teimosia. Todos os seus filmes tem alguém que cai vítima de uma obsessão. Noé é teimoso em sua missão. E o filme se vulgariza com problemas familiares típicos de filmecos dos anos 2000. Um teen quer transar, a mãe defende a prole etc. O final é um belo achado. Ao sentir compaixão pelos netos, Noé adentra o universo da Bíblia de Jesus, o mundo onde o Amor é Deus. Noé dá o salto de Jeová à Jesus. Bonito. Russell é o Charlton Heston que se tem. Sem a nobreza de Heston e sem sua voz bíblica, Russell está mais para bárbaro que para herói antigo. O filme é ok. Aronofsky ao menos se livrou daquela papagaiada pseudo-profunda de Cisnes pretos e bailarinas infantis. Nota 6. Ah sim, o filme tem uma trilha sonora muuuuuito nada a ver.
   UM RALLY MUITO LOUCO de Hal Needham com Burt Reynolds, Shirley MacLaine, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jackie Chan, Telly Savalas...
Um elenco impressionante num dos piores roteiros já escritos. Um bando de corredores participa de uma corrida de L.A. até NY. Triste ver gente como Dean e Sammy em papéis que chegam a ser humilhantes. E Shirley está ainda mais mal aproveitada, um papel errado e bobo. Recentemente deram um Oscar honorário para Hal Needham. Nunca deram um para Anthony Mann ou para Preston Sturges. Isso diz muito sobre o Oscar. Este filme foi um fracasso e não lançou o jovem Jackie Chan na América. Ele iria esperar mais dez anos para estourar em Hollywood. Este filme é tão bobo que ele faz um tipo de otário japonês ( !!!!!! ) e quase não luta. Se salva alguma coisa? Telly Savalas, que tem um papel ok.
   SHERLOCK DE SAIAS de George Pollock com Margareth Rutherford, Robert Morley e Flora Robson
Miss Marple é uma velha dona de casa que desvenda crimes por hobby. Personagem criada por Agatha Christie, ela talvez seja mais interessante que Poirot, o outro ícone criado pela dama inglesa. Aqui ela desvenda a morte de um herdeiro. O filme é delicioso para quem gosta de coisas very british. Há cavalgadas de tarde, lareiras campestres, noites com vento, muito chá e tolos excêntricos. Tudo o que eu gosto. Um filme popular de uma série longa com uma atriz muito amada. Bom passatempo. Nota 7.
   BOB, LE FLAMBEUR de Jean Pierre Melville
Bob é um veterano. Ex-bandido, agora amigo de um delegado. Bob frequenta prostitutas mas não as leva pra cama. Bob ajuda amigos otários e odeia malandros cheios de si. Bob se veste como Bogart e vive em meio a cigarros, bebidas e muito jazz. Bob está por um fio e ele é mais noir que um filme noir. Bob é francês apesar de tudo, e tem a marca de Camus. Bob é uma obra-prima. Melville amava a América. Amava carros amaericanos, jazz e filme de Huston. Ele criou Bob, filme com atores que foram eles mesmo bandidos. É um filme malandro, inspirador, muito viril. É atemporal. Uma aula de comportamento sob pressão. Aula de estilo. Bob é o cara! Melville é o cara! Este filme é do cara. Nota Um Milhão.
   MEUS CAROS AMIGOS de Mario Monicelli com Ugo Tognazzi, Philipe Noiret, Gastone Mosquin.
O que é a amizade masculina? Sim caras mulheres que não nos conhecem, a amizade é isto aqui. Um bando de homens de meia-idade fazendo aquilo que homens adoram fazer: sendo adolescentes. Eles são bobos, alegres, emotivos, sarcásticos e têm uma fidelidade férrea aos amigos. O filme é uma coleção de travessuras. E, como é do grande Monicelli, mostra o outro lado dos amigos, seu lado coração. É um filme lindo, vibrante, inesquecível. Revejo-o sempre e sempre, e saio revigorado. Um fato: após rever este Monicelli e Bob Le Flambeur, eis que volta meu amor ao cinema! Viva! Nota Um Milhão!
   TREZE ASSASSINOS de Elichi Kudo
Saiu um box com seis filmes de samurai. Este é estéticamente admirável. Impressiona a forma como o cinema japonês sabe enquadrar. A arquitetura, o minimalismo dos ambientes. O filme é meio chato, pausado e um pouco artístico demais. Mas ao final tem uma longa cena de batalha que é digna de Kurosawa. Takashi Miike refilmou esta obra que é um clássico dos anos 60. Ah sim, fala de um grupo de 13 samurais que tenta destronar um lorde corrupto. Apesar da extrema lentidão inicial, vale muito a pena. Nota 7.
  A LANÇA ENSANGUENTADA de Tomu Uchida
Uma pequena obra-prima. Um filme de estrada. Um lorde viaja até Edo com dois servos. No caminho eles encontram um orfão, uma mulher, um velho e outros tipos. Uma mistura de humor, poesia e drama. Com ação. Tem uma cena maravilhosa: 3 senhores tomando chá numa estrada. Mistura magistral de absurdo, realismo, comédia, crítica social. O final é bastante trágico. Não conhecia esse diretor. Por este filme ele merece toda homenagem! Tão bom ter uma surpresa como esta! Nota DEZ.
  

  
  

TREZE À MESA- AGATHA CHRISTIE

    Alguém ainda lê Agatha Christie? Até os anos 80 todo o universo lia. Vendia em banca de jornal, em supermercado, em posto de gasolina. Viciava. As pessoas ficavam loucas tentando descobrir quem tinha matado, quem tinha roubado. Começavam a ler e iam num fôlego só, 200 páginas sem parar. Ufa!
    Agatha Christie era uma velhinha inglesa que escrevia no estilo Conan Doyle. Ou seja, Hercule Poirot, o detetive de seus livros usava a cabeça e nunca os punhos. Mas ele era diferente de Holmes. Era francês. Um gourmet e o principal: Poirot era famoso como detetive, uma estrela mundial. Christie escreveu 87 livros, todos best-seller e a maioria sobre Poirot. Teve ainda sucessos no teatro ( sua peça A Ratoeira ficou décadas em cartaz ) e no cinema. Assassinato no Orient Express virou filme de Lumet e outros livros foram filmados por gente como René Clair e Hitchcock. Poirot perambula pelo mundo dos ricos e belos e pensa, pensa e pensa, até chegar a conclusão do crime. Holmes observa e deduz, Poirot une pistas e faz uma narrativa. 
   Me deu raiva ler esse livro! Porque eu desvendei o crime logo no inicio. Mas então Christie me embaralhou e desacreditei da minha dedução. Para descobrir no final que o culpado era aquele que eu primeiro suspeitara. Uma delicia! É um prazer ler os livros de Christie. Prazer culpado, são literatura pop, livros fáceis para quem começa a ler agora. Bem... eu comecei a ler a quatro décadas, ler Poirot é um refresco, um flash-back gostoso. Belos diálogos, intrincado jogo de pistas falsas, humor negro, clima de ruas de Londres em 1933. Tá feita a diversão.
   Acho que ela nunca voltará a moda. Continuará juntando pó em estantes. Mas vale a pena. Junto com Leblanc, Simenon, ela faz parte daqueles autores de muito sucesso que foram subitamente esquecidos em meio a moda de duendes, cavaleiros e auto-ajuda. Pena.