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LEONARDO DA VINCI - WALTER ISAACSON

   Isaacson é autor de uma muito vendida bio de S. Jobs. Ele diz, logo no início, que tudo o que guardamos na net será perdido em no máximo 50 anos, mas que o que Da Vinci escreveu, milhares e milhares de páginas não publicadas, permanecem conosco 500 anos depois de sua morte. Leonardo escrevia muito, cadernos enormes onde vemos desenhos de cadáveres ao lado de fórmulas para evitar enchentes, flores ao lado de esquemas solares, rascunhos de pinturas com modelos de armas. Leonardo amava o mundo e sua curiosidade não tinha um limite. Se ele via o azul do céu, ele queria saber porque ele é azul, se via uma bolha de sabão, queria entender porque ela é redonda. Nesse desejo de saber, ele antecipou muito, publicou nada e deixou algumas pinturas geniais.
  Leonardo nunca organizou nada para publicar. O seu prazer era descobrir, saber, entender e planejar. Os cadernos, um deles é hoje de Bill Gates, são uma mistura caótica de tinta e giz. E são lindos de se ver. Canhoto, ele escrevia de trás pra frente, era mais fácil e evitava que a mão sujasse a escrita. Gay, andava pelos palácios com roupas rosa, roxas e escarlate. Não foi um artista sofrido, foi feliz. Respeitado pelos nobres italianos e pelo rei da França, era vegetariano, amigo de Maquiavel, vaidoso e inquieto.
  O livro se foca em analisar suas obras. Não só as pinturas, mas a engenharia, a medicina, a arquitetura, a astronomia, a química. Ele não acreditava em magia e nem em astrologia, e o livro derruba mitos populares sobre o gênio. Inclusive sobre a palavra gênio. Da Vinci foi um gênio, e o gênio é alguém que une arte com ciência, matemática com teatro. E que nunca desiste de tentar aprender, saber, descobrir. O gênio cria e imagina e aprende. Faz e no fazer existe todo seu prazer. Leonardo escrevia e criava para si mesmo. Sua vida é a vida de um aluno genial.
  O tempo de Leonardo, a Itália de 1450-1519, é tempo de luta, de guerra, de traição, mas é também o tempo de arquitetura, ciência e filosofia. Da Vinci foi o centro-vórtice desse mundo. Mais que Michelangelo, seu rival e oposto em tudo, é ele quem conjuga tudo o que seu tempo teve de melhor. E nada do pior.
  Vivia cercado por discípulos, amigos, amantes, odiava a solidão, amava falar, trocar informações, não tinha vergonha de perguntar. A vida é pouco dramática e por isso a opção pela biografia das obras. É um belo livro.