AMOR AOS FILMES

   Posso dizer com toda a certeza, que desde meus 20 e poucos anos, nunca tive tão pouco interesse pelo cinema. Mais que em qualquer outra arte, o cinema para mim só existe como paixão enquanto parece ser uma descoberta. Quando eu tinha 14 anos de idade, o cinema era um mundo todo novo. Depois, aos 28, 29 anos, descobri a história mais antiga do cinema. E aos 40, comecei minha coleção de dvds. Com o tempo essa coleção se completou e percebi que 85% dos grandes filmes não eram mais inéditos para mim. Eu planejara ser a hora então de perseguir as novidades, eu passara a ter tempo para o cinema de agora. Mas esse cinema me fez brochar. As manias e os vícios do cinema dos anos 2000 mataram minha paixão e me deram tédio. O cinema morreu. Ele hoje vive como um tipo de passatempo ou uma rememoração daquilo que ele um dia foi. O CINEMA É AGORA AQUILO QUE O TEATRO É DESDE 1900. OU O QUE O JAZZ É DESDE 1960.
  Melhor dizendo, é circo.
  Mas eu vejo filmes ainda. Poucos. Nos últimos meses assisti estes...
  TEMPESTADE, PLANETA EM FÚRIA de Dean Devlin com Gerard Butler, Abbie Cornish.
Mais um fim de mundo. No futuro um satélite nos protege do kaos. Mas ele é sabotado. Butler é o cara que construiu a coisa e vai lá a consertar. Sim, voce já viu esse filme contado de mil formas iguais. Alguém disse que os efeitos especiais já estão em decadência. Eles eram usados para aperfeiçoar um filme. Agora são apenas o mínimo que se espera de qualquer filme. Este é comum. Nem bom nem ruim.
  O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS de Sofia Coppola. com Nicole Kidman, Colin Farrel, Kirsten Dunst, Elle Fanning.
Que filme ruim! Uma refilmagem flácida, tola, capenga, metida a besta, do filme de 1971 de Don Siegel com Clint Eastwood. O original é uma produção esquisita. Um filme de horror, de dor e de medo, em que um soldado confederado é castrado por um bando de mulheres. Clint dá sua primeira interpretação séria, faz um pobre homem ferido que se pavoneia em meio a seu harém, mas que acaba como um objeto quebrado e inútil. Aqui, Sofia, em seu pior filme, pesa a mão no esteticismo árido e o filme não existe. O que era sutil e erótico se torna pesado e falso. Um completo fiasco.
  KINGSMAN, O CÍRCULO DOURADO de Mathew Vaughan com Mark Strong, Colin Firth.
Fraco. O primeiro foi um bom filme, divertido, leve, nada pretensioso. Este é hiper produzido, histérico e se enrola numa história muito forçada. Nada de especial.
  A MALDIÇÃO DA MOSCA de Don Sharp
A mosca da cabeça branca, de 1957, é um pequeno clássico de horror. Foi refilmado por Croenenberg em 1986. Esta é uma continuação do primeiro filme feita em 1965. É ruim. Se perde num romance bobo e não tem uma só pitada de medo. Lixo.
  DESTINATION GOBI de Robert Wise com Richard Widmark
O pior filme de Wise, um diretor que sabia tudo de cinema. A história é fraca, não temos interesse em ver um grupo de soldados na Mongolia.
  BOEING BOEING de John Rich com Tony Curtis e Jerry Lewis.
Feito em 1965, é uma comédia inacreditavelmente machista. Hoje seria impossível de ser feita. Tony é um playboy jornalista que namora 3 aeromoças ao mesmo tempo. Ele mente para a as 3. Jerry vem dos EUA e tenta tirar uma casquinha das meninas. O filme é feito de diálogos maliciosos e de Tony lutando para salvar suas mentiras. Lembro de assistir com meu irmão na TV, por volta de 1976. A gente acreditou que essa seria nossa vida de adultos.
  A PAIXÃO DE UMA VIDA de John Ford com Tyrone Power e Maureen O´Hara.
Ò John Ford ! Este é um dos menos queridos de seus filmes, e mesmo assim ele conseguiu me fazer lembrar da paixão que eu tive um dia por filmes...É a história, simples, singela, ingênua, de um rapaz que passa toda sua vida numa academia que forma oficiais. Juventude, casamento, velhice e morte. Ford canta, não conta, canta sua saga cotidiana e encanta quem ainda crê nesses valores antigos e preciosos. Ele filma fácil. Ele ama seus personagens. Ele é sincero. Amei este filme.
  KIM de Victor Saville com Dean Stockwell e Errol Flynn.
Não, não é nem um terço do que poderia ser. Muito Dean e pouco Errol. Envelheceu mal esta fantasia juvenil passada num oriente de cartoon.
  NUNCA ME DIGA ADEUS de James V. Kern com Errol Flynn e Eleanor Parker.
Começa mal. Muitas cenas com a menina que divide seu ano entre seu pai e sua mãe divorciados. O pai, Errol sendo Errol, é um playboy que adora festas e inventa histórias. A mãe ainda gosta dele, mas está descrente. O filme cresce ao deixar Errol exercer sua suavidade esperta. Ele carrega o filme nas costas.