ALEGORIA DO AMOR - C.S. LEWIS, UM ESTUDO DA TRADIÇÃO MEDIEVAL.

   Lewis vai contra as ideias de Denis de Rougemont. Para quem não lembra, Denis dizia que o amor cavalheiresco, aquele que inaugurou nosso modo de ver o amor ideal, foi uma espécie de sublimamento do amor cristão. A donzela amada posta como símbolo da donzela original, a Virgem mãe inalcançável de Cristo. Denis de Rougemont é engenhoso e seu livro se tornou um clássico. Mas Lewis vai em outra direção ( e não nos esqueçamos de que Lewis se tornou católico pouco depois de compor este livro ), ele diz que o amor romântico é uma ALEGORIA, uma forma de dar imagem e voz à um impulso erótico que sempre houve. O importante para Lewis é a criação da alegoria e não a invenção do novo tipo de amor. ( Estamos falando do século IX de nossa era ).
  Para expor sua tese, Lewis vai aos autores latinos tardios, autores que testemunharam a morte do paganismo e o nascimento do novo cristianismo. Na morte dos deuses pagãos, eles passaram a alegorizar o amor, a guerra ou a cobiça. Sai vênus de cena, sai marte, e nasce O Amor e a Guerra como personagens dotados de rosto e de voz humanas. A nova Afrodite pode ser Guinevere, Isolda ou a musa futura de Keats. A nova Afrodite pode ser inclusive chamada de Amor. Para Lewis, erudito amante das letras, o que influencia uma nova literatura é a própria literatura anterior. E dessa literatura nova surge um novo conceito e um novo modo de pensar.
  Este é um livro árduo, sua leitura não é simples e não o recomendo para leigos.