3 MOMENTOS DA MÚSICA E DA MENTE.

   Esta postagem é feita apenas de suposições. Li algumas coisas sobre música, conheço a história da ciência e da filosofia, mas não sei tocar instrumento algum. Pior, não leio música...
   Me parece que podemos brincar e usar os 3 vídeos que postei abaixo para entender as mudanças de mentalidade que aconteceram no mundo ocidental nos últimos 250 anos. Meu professor de psicologia diz que o homem de 1800 nada tem a ver com o homem de 2017. Penso que ele usa esse pensamento para poder dizer que a religião é obsoleta. O que tenho certeza é que a mente racional muda, o costume muda, mas nossas necessidades vitais e nossos medos são os mesmos. Seja em 2020 seja em 200 AC.
  Começo por Haydn, mas antes devo dizer que o século luminoso começa com Bach. Ele escreveu para a igreja luterana, para Deus, e se via como um simples funcionário. Mas Bach cria a afinação que conhecemos, inventa a arte da fuga e a harmonia moderna. Ele vivia como um homem do século XVII, mas sua arte, pura invenção, pura fórmula, é do século XVIII. E Haydn é, com Mozart e Haendel, o gênio do século.
  Se eu tivesse que explicar a mente do século XVIII diria que é a inteligência racional à procura da beleza. E belo era aquilo que iluminava. Ou seja, é um tempo que ama a clareza. Podemos colocar aí o amor pelo espelho, o ouro, as fontes, os lagos, o sol e as cores claras. Mas devemos destacar acima de tudo a ARTE DA CONVERSA. Dizer com clareza aquilo que se pensa e expor com brilho o que se sente. É o tempo do nascimento do romance, é o tempo da luz. A música de Haydn é toda esse mundo. Ela é clara, leve, limpa, correta. Se desenvolve racionalmente, sem exagero na emoção, em busca da beleza. E a beleza se chama perfeição. A união da inspiração com a técnica.
  Em fins do século, com Goethe, Napoleão e Beethoven, se anuncia a mudança. A beleza será sublime e o sublime significa o exagero. A emoção deve ser exagerada, amplificada, esticada e ampliada. A música se torna grande, oceânica, vasta. É tempo que ama a sombra, o inverno, a lua, o oceano e o veludo negro. A beleza se confunde com a expressão do coração. O compositor escreve para si mesmo. Seu desejo é mostrar sua alma ao mundo.
  Coloco Schonberg como o homem do século XX. A beleza ainda existe, mas ela vem dentro da angústia. O belo agoniza no âmago da alma e a alma está dilacerada. A busca não é mais pelo belo, é pela verdade. A Verdade se torna o fetiche. O artista busca expressar a verdade total. E por não poder compreender a vida, expressa a incompreensão. A música se torna a busca de uma verdade final. Tudo é tentado porque essa verdade pode estar inclusive no ruído, ou no silêncio absoluto. É um tempo que pensa ser corajoso, verdadeiro, profundo. Mas talvez seja apenas assustado. Desamparado.