A DOCE VIDA EM PARIS um livro de DAVID LEBOVITZ

   Fecho o ano sempre com coisas de boa energia, ensinamentos de prazer, de bom viver. Assim, costumo assistir musicais, ouvir músicas que me deixam em êxtase e ler livros sobre viagens, bebidas, comida. Apenas o prazer é permitido.
   Neste divertido livro, um americano viaja à Paris com o objetivo de aprender mais sobre culinária. Chocolates é seu alvo principal. David mostra Paris sob os olhos de quem não é rico. Ele anda pelas ruas, mora num apartamento pequeno e precisa de trabalho. Assim, os lados bons e ruins da cidade são descritos. De pior, o egocentrismo do parisiense típico. O modo como eles furam filas, esbarram nas ruas, urinam nas esquinas, têm banheiros feios e pequenos, dirigem de modo suicida, amam a burocracia, riem pouco, fazem o pior café do mundo, e pouco se importam com dietas, câncer de pele e os males do fumo.
  Mas há todo o lado bom, que acaba por fazer com que ele more definitivamente por lá. O apuro em se vestir, a beleza física de simples vendedores de peixe, as feiras de rua, as padarias, o serviço de saúde público ( o melhor do mundo ), o prazer de andar pelas ruas, o chocolate, o capricho, a sabedoria na arte de viver bem.
  David exibe os detalhes de sutilezas que diferenciam a América, e cada vez mais nós, brasileiros, com eles nos parecemos; e franceses, com quem nós aqui, cada vez menos nos parecemos. Da administração do tempo ( tudo lá acontece no tempo lento dos latinos ), ao modo de se cumprimentar ( tudo deve começar sempre com um bonjour monsieur, de uma ida à loja à uma consulta ao banco ).
  É um gostoso livro para dias em que a gente está em movimento e requer leitura simples e leve.

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O QUE É A TENDENCIA STEAMPUNK

   A molecada não é burra. Criou essa moda Steampunk. O que seria isso: misturar duas coisas aparentemente opostas: a aparência vitoriana com o modernismo decadente do século XXI. Então temos carros movidos a vapor. Pistolas mecânicas de madrepérola que emitem raio laser. Ruas da mais moderna cidade com carruagens e esteiras futuristas. Um mundo tão irreal quanto o mais bizarro sonho. E por isso, um mundo que revela a verdade mais secreta:
Queremos a tecnologia de hoje. E queremos viver em outro tempo. De preferência o passado. É a mais nova roupa do romantismo.
   O visual é fascinante! Tudo remete ao sonho. Um simples fusca se torna um tipo de mecanismo de relógio mágico. Sherlock Holmes se une a Blade Runner. Dr. Who com Matrix. Meninas japonesas vestidas de personagem de Henry James com maquiagem punk. Ligas nas pernas com tatuagens.
  Muitos livros e muitos filmes são feitos nesse novo estilo. Há muito de Art Nouveau. Com tecnologia vintage. Relógio de bolso e charuto. Telas e teclados. Muito ferro e muito cristal.
  Daí as barbas. Os babados. O sobretudo. O chapéu.
  Desconheço se existe música nesse movimento. Deve haver. E deve ser sexy e decadente. Muito século XXI e ao mesmo tempo muito "virada de século decadente".
  É claro que tudo isso será esquecido bem depressa. É moda. Mas, puxa!, que belo modismo!

O FIM DO PALCO. A VIDA DE GLENN GOULD.

Vejo na TV O Legado de Glenn Gould, um fantástico documentário sobre o gênio canadense. Se você não sabe quem ele é...
Glenn nasceu em 1932 e explodiu nos anos 50 como o jovem revolucionário que tocava Bach como ninguém jamais tocara antes. Sua filosofia era: Não faz sentido tocar como todos tocam. A música ao ser executada deve ser recriada, revivida, renovada. Mas isso, claro, dentro da partitura. Deve-se ler a obra e reler a obra. Glenn Gould trouxe à música aquilo que a literatura crítica usava desde os anos 20, A Leitura Criativa. O leitor como co-autor da obra. No caso, o músico como co-autor da obra musical.
Seu sucesso em salas de concerto foi avassalador. As pessoas iam para ver aquele jovem pianista "pirar". Gould logo sentiu que aquilo não fazia sentido. E daí nasceu seu segundo ato criativo ( que na época causou raiva em outros pianistas ): Glenn Gould defendia que a gravação em estúdio tinha MUITO mais valor que a apresentação ao vivo. Por dois motivos:
No estúdio o artista tinha controle sobre a obra. E ao mesmo tempo podia interagir com engenheiro de som e produtor. Podia incorporar o acaso, o acidental. Podia criar enquanto interpretava.
E, segundo, no estúdio o TEMPO era vencido. A gravação se eternizava, ela vencia o efêmero, ela podia respirar em novas audições.
Críticos começaram a atacar Gould. Ele mexia em dois pontos sagrados: A primazia do show ao vivo, e o respeito à interpretação consagrada. O Bach de Gould era o Bach de Gould, ou melhor, o Gould de Bach, pois seus fãs diziam que Gould ressuscitava Bach e o fazia escrever para Gould. ( Bach era o Deus de Gould. )
Antes de qualquer artista POP, Glenn Gould percebeu que o estúdio libertava o músico, lhe dava asas, era um brinquedo. As Variações Goldberg se tornaram um hit de vendas nos anos 50, mas algo não ia bem com Glenn, e este bravo documentário mostra o que.
Incrível a massa gigantesca de fotos, entrevistas, documentários e depoimentos que existem de Glenn Gould. Ele foi um superstar por toda a vida. Mas sua alma era a mais retraída possível. Ele conta que odeia a plateia, não cada um deles, mas o todo. A plateia existe como massa que presencia a intimidade do artista. Ela é invasiva. Ela quer sangue, suor, dor. E Glenn queria tão somente TOCAR. Quando ele toca o que vemos é uma profunda relação entre ele e o piano. O público fica excluído disso, não existe. E é essa indiferença que fascina o público desprezado. Ele tem a vã esperança de poder penetrar dentro do mundo de Glenn Gould. Impossível !
Glenn conta que não acredita na morte. Que isso lhe foi sempre natural, não foi algo que ele procurou. Filosofias do Aqui e Agora lhe eram repugnantes. A vida não ocorre aqui e muito menos agora. A vida é em outro ponto. Sua atitude diante da vida, hiper individualista, alheia, distante, revela sua crença. Crença que ele conta ser impossível de descrever.
Lembro que em 1982 eu comprava todos os números da Rolling Stone. Foi a leitura dessa revista, com um dicionário ao lado, que me deu a facilidade em ler o inglês. Numa última página inteira eu li a data: Glenn Gould, 1932-1982. Ele morria cercado de mistério. Afastado dos shows, solitário, se ia aos 50 anos. Cedo.
Para ele não fazia sentido tocar duas vezes a mesma obra do mesmo jeito. Se até mesmo no POP temos dificuldade em aceitar novas interpretações no palco, imagine no meio erudito... ( Esqueça o jazz. Gould não tem ligações jazzísticas. Suas releituras são dentro da partitura, como eu já disse ).
Esse documentário é brilhante! passou no canal Curta! Procure ver.

Glenn Gould-J.S. Bach-The Art of Fugue (HD)



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ILHAS, VEREDAS E BURITIS - ELIANE LAGE, UMA VIDA INCRÍVEL !

   A família Lage começa a se tornar importante no século XIX. Fazem barcos, têm minas de carvão, são absurdamente ricos. O bisavô de Eliane compra algumas ilhas na baía da Guanabara. E vive numa delas, a de Santa Cruz. Traz pássaros de todo o país e cria-os soltos em sua ilha. Um paraíso com vista para a Serra do Mar. Na ilha apenas uma casa, o palacete do dono. Os filhos desse homem estudam na Europa, têm sangue francês, enriquecem.
  Eliane nasce nos anos de 1920. O pai é um playboy. Jorge Lage não trabalha, tem ideias. E todas dão errado. Como tantas famílias ricas brasileiras, eles começam a perder dinheiro e poder. Eliane é filha desse homem com uma inglesa rica, Margie. E a menina, tímida, ama a ilha do bisavô. Interna na suíça, que odeia, sente a felicidade nas férias brasileiras, na ilha, como uma indiazinha, no sol, a cavalo, solta. A mãe volta à Europa, o pai tem festas e namoros, a menina cresce só. Internato no Rio. O que lhe salva é a natureza.
  Essa a infância de Eliane. Depois os Lage constroem o Parque Lage, se tornam reis do glamour e perdem as ilhas e o Parque quando Getúlio Vargas confisca tudo, após a morte do avô que não deixou testamento. Continuam ricos, mas nunca mais serão donos do glamour. Passam a pensar em dinheiro ( o rico verdadeiro não pensa nisso ).
  Eliane nunca ligou. Ela cresce com raiva de rituais, de etiqueta, de poses e gostos. E com uma elegância natural sublime. Sua vida é terra, é chão. Mora em Paris, em Londres. Depois na fazenda de Yolanda Penteado. Vira atriz de cinema da Vera Cruz. Vira estrela, mas nunca gostou de cinema, fez filmes por amor ao marido, Tom Payne, um inglês cineasta. O casal tem filhos e mora no Guarujá. No Tombo, selvagem ainda em 1955. Três casas em toda a praia. Vivem no interior de SP, num sítio e depois de 15 anos se separam.
  Eliane larga o cinema e encontra a vida que sempre quis. O interior de Goiás, uma fazenda. Cria gado. No meio do nada. Perde dinheiro. Mora em Ouro Preto. Mora em Olinda. Mora num sítio em SP de novo. E lá, na casa rosa, escreve este livro de memórias. 1998.
  Eliane fez o trajeto que tinha de fazer: da ilha ao mundo, do mundo aos bichos. Forte, bela, única, ela poderia ter sido uma revoltada, uma ressentida, uma dondoca da sociedade. Escolheu ser ela mesma. Bacana este livro de 2002 que releio agora.

The Beatles - Please Please Me



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1963

   Deve ser chato ser inglês e ter de olhar pra trás. Isso porque o país vive apenas de um longo passado. Seja 1600, 1810, 1900 ou 1963. Veja 1963...havia uma combustão de novidades que explodiam no ar. Nesse ano Tom Jones venceu os principais Oscars e Peter Sellers confirmava seu estrelato como Clouseau. James Bond começava a virar mito. Julie Christie e Peter O'Toole eram os atores mais quentes ( mas havia ainda Vanessa Redgrave, Terence Stamp, Tom Courtney e toda a velha guarda ). A Carnaby Street ditava moda. E cantavam os Beatles. Doctor Who na TV. O Santo também. David Bailey tirava fotos. George Best e Bobby Moore começavam a jogar e em 1966 a nação ganharia sua copa ( ao som de Kinks ). E depois...nunca mais...
   Havia Jim Clark, Graham Hill e Jackie Stewart. E nas letras os novatos Anthony Burgess, Iris Murdoch, William Golding e Philip Larkin. Eliot, Waughn e Greene ainda estavam vivos.
   E pela primeira vez, coordenando tudo isso, uma ideia londrina: a propaganda como arte. Nos escritórios moderninhos jovens publicitários pensavam em fazer arte na propaganda e arte na TV. ISSO mudou o mundo. E tudo explodindo em 1963.
   Ouço o primeiro disco dos Beatles e lembro de tudo isso ( engraçado recordar o que não vivi, nasci depois ). A banda foi adotada pela onda meio sem querer. Os Stones ou o Who tinham muito mais a ver com a coisa. Eram mais citadinos, mais snobs e bem mais perigosos. Mas os caras de Liverpool se impuseram porque eles eram muito, muito bons. O disco ainda espanta. Sim, é primo europeu de Everly Brothers e principalmente de Buddy Holly. Lennon imita o gênio do Texas descaradamente. Mas eles vão além. As vozes unidas de Paul e de John arrepiam. Nasceram para se harmonizar. E é impressionante como todas as coordenadas do POP futuro estão lá. Os arranjos enxutos, o refrão grudento, o solo breve no meio da canção, e a sensação de que naqueles dois minutos há mais que aquilo que realmente há. A faixa Please Please Me, se escutada com renovada atenção, se você tentar ouvir com ouvidos "virgens", tem uma exuberância, um tal grau de alegria e de confiança jovem que te faz sorrir imediatamente. Ela já dá a pista do talento milagroso que lá borbulha. PS I love You é outro petardo, e George cantando Do You Want to Know a Secret nos deixa comovidos...
   Deve ser chato pacas ser britânico e saber que nunca mais haverá um John. Assim como não mais um George. Mas...talvez seja ótimo saber que os outros países nunca tiveram e jamais terão Beatles.  

A FÍSICA DA ALMA - AMIT GOSWAMI....FOI UM LONGO CAMINHO.

   ...foi um longo caminho para que eu chegasse até aqui. E como nada sei, ainda tenho uma estrada, maior ainda, pela frente.
   Não, essas palavras não são de Goswami, são de mim mesmo. Desde cedo tenho me intoxicado de informações. Lembro que aos 9 anos comecei a ler romances, aos 10, livros de ciência e aos 15 as enciclopédias. Encontrei vários gurus e cheio de medo, sempre fugi de qualquer tipo de conhecimento religioso. Se um autor revelasse o menor viés místico eu prontamente o evitava. Ria deles. Me sentia seguro no mais completo materialismo. Queria ter certezas, e acreditava que o universo era somente um tipo de explosão sem sentido e sem fim. A vida, um acidente químico. Toda emoção seria apenas um arranjo de fluidos cerebrais. O acaso guiaria tudo.
  Mas eu nunca perdi a curiosidade. E continuei a andar. Abrindo portas. E certas coisas começaram a surgir.
  Primeiro percebi que o tempo é ilusório. Ele não conta fora de nós. É artificial. Depois notei que o número é sempre arbitrário. Nós contamos coisas para tentar dar ordem ao que não tem. ( Aparentemente não tem uma ordem numeral ). O que pode ser contado, medido e pesado nos dá uma tênue segurança. E então cheguei a conclusão de que nossa razão existe SEMPRE como redutora. Ela pega o inexplicável e ao ignorar sua incompreensibilidade reduz tudo ao nível racional. Ou seja, conta, enumera e classifica. Mas essa conta nunca fecha. As perguntas mais importantes continuam sem resposta.
  Passei a me abrir ao absurdo. E a perceber as linhas de pensamento abstratas. A vida, súbito, se aclareou. O universo aumentou. E ao mesmo tempo, meus limites, humanos, foram vistos e aceitos. Só sabemos aquilo que cabe em nós. Só vemos aquilo que nossa carne consegue ver. Como hardwares, temos um limite mecânico, mas a POTENCIALIDADE é infinita.
  Amit Goswami é físico, leciona em Universidade americana. E usa a física quântica para explicar a reencarnação. É claro que li este livro com dois pés atrás! Seria autoajuda....seria new age....mas não. Ele tenta ser sério todo o tempo. Conta e reconta fatos da física e os liga, logicamente, a possibilidades de vida e de morte. Fala-se bastante da morte e por isso me identifiquei muito com ele. ( A morte sempre foi o assunto central da minha vida ).
  O Livro Tibetano dos Mortos é explicado e ao final percebemos que este autor nos ensina a morrer. Morrer visto como chance de sabedoria, de coda luminosa, de transcendência. Morrer como o grande ato da vida. É como se toda nossa vida fosse isso, preparação para morrer.
  Ele cita bastante Platão, Whitman, Schopenhauer e uma montanha de autores indianos que não conheço.
  Não vou explicar sua teoria quântica, ela é cansativa e complicada. Eu não sei se a entendi corretamente. Mas o que devo falar é que a ciência tem se aproximado MUITO de certas teses espirituais e cada vez mais ouvir um físico falar fica parecido com algum poeta exotérico a criar.
  Goswami diz que Jung falava que no futuro a psicologia seria um ramo da física.
   A mais bela mensagem do livro é aquela que diz que todo saber passa pela intuição e que intuição é criatividade. Viver é criar e criar é viver a alma. Evoluímos quando criamos, intuímos, inventamos. Porque essa é a negação do automatismo e automatismo é vida mecânica, puramente material.
   Não é um grande livro, mas é uma grande mensagem.

Marvin Gaye - Heard It Through The Grapevine (Live at Montreux)



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Marvin Gaye Let s Get It On /マーヴィン・ゲイ



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Love Twins : Diana Ross & Marvin Gaye



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LET'S GET IT ON! - MARVIN GAYE, SEXO E ALMA. ( E AINDA DIANA E MARVIN, 1973 )

   What's Going On, disco de 1971, desde que foi lançado tornou-se um tipo de Santo Graal do Pop. Lá estava o LP que unia 3 universos: Pop, arte e mensagem política. Até hoje ele é apontado por muitos o melhor disco de todos os tempos. Não sei se é. Prefiro, mesmo dentro da black music o There's a Riot de Sly Stone. Mas, claro, o disco de Marvin dói de tão profundo e faz dançar, de tão sublime.
   Em 1972 ele veio com Let's Get it On, e embora seja um sucesso de paradas e de crítica, a impressão na época foi de uma certa decepção... Ora! Qualquer um decepciona após uma obra-prima! Mas verdade que devo dizer, eu ouço mais este disco que o anterior.
   Let's Get It On troca a política pelo sexo, tira o foco da confusão e dá em troca a mensagem espiritual. Sim, Marvin, que foi morto pelo próprio pai em 1984, sempre buscou a luz, e essa luz, para ele, seria a comunhão da carne e da alma, Deus e amor, sexo e bondade. O disco é sexy até a medula. Cercado pelos melhores músicos do mundo ( gente com James Jamerson, Wilton Fiedler, Hal Davis ), Marvin cria um lençol sonoro que sacode, desliza, geme e goza. Preste atenção no baixo de James ( o favorito de Paul Mac ), siga os pratos da bateria, a pulsação das guitarras...Tudo remete a sedução, dor e prazer, êxtase. Isso deixou a crítica perdida em 72: um disco individualista em tempos de "vamos todos juntos". Marvin prega a iluminação individual, cada um achando sua luz, e essa luz pode vir de Deus ou do sexo, melhor ainda, de ambos.
   Falar da voz de Gaye é sempre falar em superlativos. Dizem que ele fazia gozar com um sussurro. Acredito nisso. Ele e Otis têm as melhores vozes do Pop.
   Em 1973 Marvin realiza o grande sonho da Motown, se une a Diana Ross e lança com ela um novo LP, Diana e Marvin. Quase tão bom quanto Let's Get It On, esse foi completamente esnobado pelos críticos que viram nessa união uma concessão ao puro apelo marqueteiro. Que tolice!!!! O disco é lindo!!!! Ouça a faixa que postei, Love Twins, e tire sua conclusão.
   O verão vem aí...Marvin Gaye é o sacerdote desse clima.

SÉRIES DE TV: MASH E SEINFELD, AS DUAS MAIS ICÔNICAS

   Mash. Lembro de quando eu tinha uns 12 anos. Ela era exibida na TV Bandeirantes. Sábado, dez da noite. Nunca fez sucesso aqui. Eu nunca assisti. Comprei um box agora. Comento.
   Para quem não sabe, MASH tem o recorde de audiência da TV americana ( se não considerarmos os jogos do futebol americano ). O último episódio, em 1983, bateu esse recorde. Ela começou em 1972 e logo estourou. Baseada no filme de Robert Altman, temos os mesmos personagens no mesmo ambiente. Um centro médico na guerra da Coréia. No lugar de Donald Sutherland entra Alan Alda, e no posto de Elliot Gould vem Wayne Rogers. Funciona. O humor continua amargo, niilista, atirando pra todo lado. Penso que esse humor seria impossível hoje. Não porque não se faça crítica, mas hoje a destruição tem um alvo. Aqui não há alvo. Se atira. E se destrói. Me surpreendo notando que a série de TV tem mais ligação com os Irmãos Marx. Hawkeye fala como Groucho. Passam o tempo bebendo, transando e afrontando a ordem militar. São hippies médicos. Às vezes a coisa fica bem triste. Uma série que caiu como uma luva nos anos 70.
   Assim como Seinfeld é a cara dos anos 90. Nada faz o menor sentido. Ou faz sentido demais....Há uma lógica dentro dessa loucura e a sacada de Jerry Seinfeld e de Larry David é levar o roteiro até seu fim lógico. Se uma bola é arremessada, vamos acompanha-la até ela parar. O modo como se arquiteta tudo é uma aula de escrita: cada história corre paralela a outra e ao fim todas trombam numa coda musical. Jerry não atua, observa e comenta; Kramer é genial, um clown assustador; Elaine é a amiga doida que todo mundo precisa e Jason Alexander faz o mais infame e ridículo dos amigos. A mistura funciona. São tão pouco charmosos que ficamos intrigados. Não fosse tão inspirada seria um desastre.
  Nas famosas listas de melhores da TV eu já vi Seinfeld ganhar como a melhor de todos os tempos. Já vi MASH vencer. E na última que vi Seinfeld era a segunda melhor e MASH a terceira. ( Venceu BREAKING BAD...deve cair com o tempo...).
  Em termos de humor, são os ícones.

FRANK OZ- MERYL STREEP- HUGH JACKMAN- KIRK DOUGLAS- AL PACINO- PAN

   PAN de Joe Wright com Hugh Jackman, Amanda Seyfried, Rooney Mara...
Para que serve mais um Peter Pan: para nos deixar entediados. Joe Wright comete um enorme fiasco de bilheteria e uma chatice sem fim. O roteiro fala da segunda-guerra. Num orfanato onde vive Peter Pan, piratas raptam crianças...e por aí vai. Parece um desfile de escola de samba, nada faz muito sentido mas é colorido e se sacode sem parar. Difícil imaginar que alguém um dia tenha achado que isso pudesse funcionar! Joe corre o risco de jogar fora sua boa carreira. Jackman está over!
   RICKI AND THE FLASH, DE VOLTA PARA CASA de Jonathan Demme com Meryl Streep, Kevin Kline e Rick Springfield.
Ricki é uma cantora sessentona. Um dia, nos anos 80, ela lançou um LP de algum sucesso. Hoje ela vive tocando em botecos. A banda, velhos roqueiros como ela, toca bem, mas eles jamais sairão daquele bar. Para sobreviver ela é caixa de supermercado. Então descobrimos que ela tem um ex-marido, careta e rico, e 3 filhos que a odeiam. Ela os abandonou. Quando a filha entra em crise Ricki vai visitar sua ex-família. Ok. Não estamos mais nos anos 70, então não vamos esperar que esse niilismo dure muito tempo. Logo tudo começa a se acertar. Não é um filme de rock. É mais um pequeno filme sobre família. O roteiro é óbvio ( de Diablo Cody ) e Meryl está fora de lugar. Ela nunca convence como pobre. Na banda vemos Bernie Worrell e Steve Rosas. Os dois tocaram com George Clinton, Talking Heads e Los Lobos. Springfield foi um tipo de Springsteen australiano. Foi estrela sexy lá por 1981. Demme foi o mais poderoso diretor de Hollywood...nos tempos do Silêncio dos Inocentes...
   AUTOR EM FAMÍLIA  de Arthur Hiller com Al Pacino, Dyan Cannon e Tuesday Weld.
O filme começa e já sabemos: foi feito entre 1978-1982. O grande tema dessa época logo é revelado: gente tentando se encontrar. Um pai divorciado que cuida de um monte de jovens e ainda escreve peças. Tema em moda na época: o novo homem, o homem mãe. Mas o filme é bobo. E Pacino não ajuda. Nenhum grande ator é pior quando está ruim que Pacino. Em seus dias ruins ele é muito ruim! O namoro entre ele e Cannon é repugnante de tão artificial.
   MORTE NO FUNERAL de Frank Oz com Rupert Graves, Matthew MacFadyen, Ewen Bremmer
Oz, um ótimo diretor americano de humor, vai à Inglaterra e faz com equipe toda inglesa um filme de humor muito negro. Todo passado durante um enterro, tem anão gay, assassinato, vaidade, ciúmes e muito mal gosto. Longe de ser um bom filme, mas também não é ruim. Digamos que é o tipo de erro interessante...
   CACTUS JACK, O VILÃO de Hal Needham com Kirk Douglas, Ann Margret e Schwarzennegger.
O jovem Arnold é o fortão-burro que nesta comédia western faz com que o vilão feito por Kirk se dê sempre mal. É um dos mais vergonhosos filmes já feitos! Não tem graça e dá pena de ver Kirk e Ann em coisa tão desajeitada. Inacreditável de tão bobo!

A SORTE DO AGORA - MATTHEW QUICK

   Quick foi professor na Filadélfia. Então deixou de lecionar partindo para viagens ao Perú, África e o Grand Canyon. Tornou-se escritor e alcançou o sucesso com O LADO BOM DA VIDA, que foi roteirizado e ganhou Oscar. Este livro, lançado em 2015, tem o mesmo astral do filme vencedor. Fala de gente do bem, mas disfuncional, gente que não consegue se adaptar. É fofo, e representa bem um certo tipo de gente que anda pelo mundo hoje. Gente que na verdade não anda, rasteja.
   Bartholomew é um homem de 39 anos que sempre viveu com a mãe e nunca trabalhou. Sua vida é apenas a casa. É feliz nessa vida, mas tudo muda quando sua mãe morre. Não falo o resto, mas digo que o livro é cheio de ação, melancólico sem ser desesperado, fantasioso e ao mesmo tempo comum. Os personagens são ótimos: uma terapeuta que sofre abuso, um padre alcoólatra, um fanático por gatos que fala palavrões a toda hora, uma menina que viajou com ETs, e Richard Gere, o ator, que surge em aparições para o aconselhar ( recurso usado por Woody Allen em Sonhos de Um Sedutor, no caso era Bogart ).
   Bartholomew é católico, crê em Deus, pensa no Dalai Lama, se aconselha escrevendo cartas para Gere e não sabe como viver sem a mãe. Toda sua vida foi dirigida a cuidar dela e agora ele não tem um só objetivo na vida. Mas tem dois sonhos: ter um amigo e um dia tomar uma cerveja com uma mulher. Sim, o livro ameaça cair no infantilismo mais doce a toda hora. Mas se salva graças a dois recursos: a dor, que é verdadeira, e o humor, amargo, que surge quando a coisa fica fofa demais. O personagem Max é genial, um cara que perdeu sua gata ( felina ) e está em crise por isso. Seu vocabulário se resume a "Que merda Hem!" ou "Bom pra Caralho!".´Creia, é muito hilário!
   Ficamos imaginando que belo filme este livro dará. Ou não. Se o diretor conseguir segurar o mel e não aumentar o fel, se não houver a vergonha de parecer católico, e se não entupirem tudo com musiquinhas doces...E claro, se Richard Gere aceitar fazer Richard Gere...
  Mais que um livro bom de ler, eis um retrato fiel de um momento.

GALVEIAS - JOSÉ LUIS PEIXOTO.....PORTUGAL E A REALIDADE

   Minha origem é portuguesa. Já devem ter notado isso. Sou filho de pai e mãe e não tenho tio ou primo que não sejam de lá. Estive em Portugal. Conheci o país muito pobre de 1982. E o menos pobre de 1985. Minha mãe vai lá quase todo ano. Diz que tudo mudou. Virou Europa. Não parece mais a ilha cercada de mar e de Espanha por todos os lados. As pessoas são mais bonitas. Têm dinheiro. Consomem.
   Ter sangue luso não é fácil. É uma mistura louca de timidez com arrogância. Luxúria com rigidez. Falta de finésse com ares aristocratas. Muita fofoca. Muita inveja. E preguiça. ( Se você tirar a timidez e a rigidez terá como resultado o brasileiro ). Cresci nesse ambiente lusitano. Ouvindo falar daquela terra de frio, de bruxas, de uvas e de azeitona. Acreditava que gabeta era gaveta e que libro era livro. Nosso feijão era a batata.
   99% do tempo se falava de comida. A saudade era uma saudade da comida. O paladar era a língua do amor. Pouco olho e muita língua. Em casa se falava dos pratos, das frutas, da carne, nunca da paisagem de Portugal. A terra sempre foi, para mim, uma cozinha.
   Então leio esse autor novo de lá, nascido em 1980, e descubro que nada mudou em Portugal. Eles continuam abraçados a esse realismo de pedra, realismo que vem desde Eça e que nunca dá trégua. O autor descreve a vida em 1982, a vida numa vila do Algarve, as pessoas, os cães e o tempo. E tudo é como sempre: sujeira, medo, fofoca, violência e frio. As pessoas exalam solidão e orgulho. O sexo ronda cada pensamento. E tudo é escuro, triste, úmido e distante. Familias que brigam, vizinhos que se matam, vilas que afundam na indiferença. Mais um livro com esse Portugal triste, pedregoso, barrento, fedido.
   Como eu sei que ele não é apenas isso, é muito mais, me vem a sensação que boa parte da literatura lá feita tem o mesmo vicio daquela que aqui se faz, que seja: eles olham livros para escrever sobre a terra e descrevem a terra a partir dos livros. O Portugal aqui mostrado é tão real como é um texto de Graciliano ou de Jorge Amado. É verdade, mas é uma verdade, jamais a verdade.
   Eu não acho que a literatura deva ter alguma obrigação em relação a verdade. A verdade se cria. A realidade se pensa. Mas este tipo de literatura, a velha escola realista, quer ser verdade. Quer exibir a verdade. E fica apenas assim....um arroto.

CAMERON CROWE- WILLIAM POWELL- MYRNA LOY- PAUL RUDD- WILLIAM H. MACY- DISCO MUSIC

DEU A LOUCA NOS ASTROS de David Mamet com William H. Macy, Alec Baldwin, Sarah Jessica Parker, Philip Seymour Hoffman, Julia Stiles e Charles Durning.
Uma equipe de cinema invade uma cidade para fazer um filme. O diretor não sabe o que fazer e só pensa em dinheiro. O ator estrela é pedófilo. O escritor é inseguro. E a cidade se vende baratinho....É um anti-A Noite Americana, de Truffaut. Ao contrário do filme francês, aqui o cinema é apenas um ato de histeria. E no oposto a Oito e Meio, o diretor é somente um burocrata. O filme é tão desencantado que se torna vazio. Os atores dão o máximo, mas sei lá...é um filme bastante frouxo. Nota 3.
FÉRIAS FRUSTRADAS de Goldstein e Daley com Ed Helms e Christina Applegate.
Oh God! Uma semi refilmagem do velho filme de Chevy Chase ( que aparece aqui chocantemente mudado ). Seria ok se tivesse uma cena engraçada...Não tem. Algumas até nos deixam constrangido. A comédia, esse filho bastardo, está num de seus piores momentos neste século sofrido. Christina foi a Bundy-filha na maravilhosa série Um Amor de Família...bons tempos do politicamente incorreto. ZERO.
A CEIA DOS ACUSADOS de W.S.Van Dyke com William Powell, Myrna Loy e Maureen O'Sullivan.
Revi, pela quarta vez, o filme alcoólico baseado no livro de Hammett que criou o moderno casal americano. Os dois, Powell e Loy, inventam sem querer, aqui, o modelo daquilo que todo casal almeja, ou o modo como se vê: alegre, meio infantil, elegante e apaixonado de um modo irônico. É um prazer ver os dois na tela. Eles brilham como luar em oceano. Pena a história, policial, ser tão fraca...Mas há genialidade na construção, intuitiva, desse casal divisor de águas. Uma boa introdução ao cinema dos anos 30.
THANKS GOD! IT'S FRIDAY! de Robert Klane com Donna Summer, Jeff Goldblum, Debra Winger, Terri Nunn, Commodores.
Um lixo adorável. Pura nostalgia neste filme barato de 1978 que foi malhado então e que continua sendo desprezado como aquilo que ele é: lixo. Mas ao mesmo tempo ele é um retrato tão fiel do que era estar vivo e solto e leve em 1978! Goldblum e Debra estreiam aqui e ambos estão muito bem. A trilha sonora é um desbunde e a pobreza da produção favorece o documentarismo involuntário do momento. È um dos piores filmes da história que eu adoro. Questão pessoal: eu estava lá. O mundo era outro nos anos 70, e apesar de sempre desejar voltar a ser tão livre e tolo como foi, nunca mais o será.
BRIDESHEAD, DESEJO E PODER de Julian Jarrold com Mathew Goode, Ben Whishaw, Hayley Atwell, Michael Gambom e Emma Thompson.
Apesar de bonito de se olhar, esta nova adaptação ( de 2008 ) do livro de Evelyn Waugh não se compara a mítica série de 1981. Escrevi em outro post, longamente, sobre as duas versões. Aqui tudo é mais bobo, Sebastian vira uma bicha louca e a mãe uma histérica carola. Meu medo é: será que hoje tudo tem de ser explicitado ou então ninguém mais consegue perceber nada... Mas, se você não teve o prazer de ver a série, irá gostar deste desfile de belos cenários e de emoções reprimidas.
HOMEM FORMIGA de Peyton Reed com Paul Rudd, Michael Douglas
Muito bom. O melhor filme Marvel do ano. Tem humor, ótimos efeitos e um herói muito gostável. E um bom vilão. Não é longo demais e a impressão que tenho é que os melhores filmes de herói são aqueles que se levam menos a sério. Um filme para ser visto numa tarde de férias. Pode confiar. Paul Rudd faz com leveza o "cara do bem" que vive uma vida "não tão legal". É um perdedor. Assista.
A BELA DO PALCO de Richard Eyre com Billy Crudup, Claire Danes, Rupert Everett.
Eyre deve se achar um grande talento. Todos os seus filmes caem sob o peso desse talento pretensioso. Este é tão pedante que nos esmaga. Tudo é "arte". E tudo aqui é chatice sem fim. Os atores estão risíveis, o roteiro é desinteressante, as cenas são longas e vazias. Fuja correndo!
THE CHOCOLATE SOLDIER de Roy Del Ruth com Nelson Eddy, Rise Stevens
Jeannette e Nelson brigaram e então a MGM o uniu a cantora de ópera Rise. E ela se revelou uma atriz amadora. Fica todo o filme com a mesma expressão: um sorriso de não-atriz. Nelson se esforça. O filme, opereta barata, é menos ruim do que eu temia. Bobo. Mas bem feito.
SOB O MESMO CÉU de Cameron Crowe com Bradley Cooper, Emma Stone, Rachel McAdams e Bill Murray
Crowe e mais um de seus filmes "alto astral". É muito bom ter um cara que ainda faz filmes genuinamente alto astral. Crowe crê no bem, na bondade, na alegria. Pena que seus filmes façam tão pouco sentido. A história parece muito mal escrita, tudo rola sem rumo, sem muito porquê. Mas então surge o trunfo: os personagens. São gente legal, gente que gostamos de ver, pessoas que adoraríamos ter por perto. Crowe não sabe criar uma trama, mas sabe imaginar pessoas. Ele é o último dos hippies no cinema, seu estilo é "paz e amor". Tão sincero que terminamos de ver o filme e queremos amar mais. Ele não tem vergonha de apostar no bem. Adorei.

PRESENTES DE NATAL: A ARTE DO KITSCH = SEXY COM PIMENTA.

Comecemos dezembro com quatro presentes de mim para todos vocês. Comecemos com o mestre do sexy: Bryan Ferry. Quatro vídeos de quatro discos diferentes. Todos apresentam a tapeçaria sonora na qual ele é mestre. Linhas de som vão se costurando uma na outra e se você fechar os olhos e se deixar conduzir irá se perder nos nós rítmicos que são então construídos. Dezenas de instrumentos urdidos em batidas negras e enfeitadas por sonoridades gélidas. Sim, é artificial. Sim, é pura produção. Mas é delicioso!
Quanto as imagens... Ferry criou e depois marketeou a mistura que ele aprendeu com seu professor de artes plásticas: Richard Hamilton, o mestre POP, nos anos 60, quando aos 18 anos o jovem Bryan estudava na escola de Artes de Birmingham. Essa mistura é o sonho colorido de um jovem aberto ao mundo do NOW. Surrealismo com cabaret barato. Páginas da Vogue unidas a paredes do MOMA. Comercial de cigarro e festas em Montmartre. Filmes de Carné e musicais de Fred Astaire. James Bond brega com o mais fino Cecil Beaton.
E Bryan, cercado de gatas, se equilibra nesse mundo que vai do mais lixo ao mais luxo. Se equilibra inclusive e principalmente nesse modo gay de se hetero. Dúbio sempre.
A dubiedade e a decadência é aquilo que melhor o define. Todos os vídeos parecem muito ricos e muito toscos. Muito chiques e Buzina do Chacrinha. É proposital. Estilo. Gente como George Michael ou Seal tentou ou viu só o chique, e assim se tornou apenas Vogue. Ferry vai além. O brega apimenta e dá relevo ao bonito. Seus vídeos são agora o que eram em 1995: instigantes. Beleza com pimenta e alguma sujeira= eis o cool.
Essa dubiedade se revela no som também. É muito POP, mas nunca o bastante. Falta sempre o refrão grudento. É dançável mas nunca quente. E Bryan canta como um romântico, mas nunca canta forte, apenas murmura. estranheza.
Mamouna é fascinante. Limbo é pervertidamente kitsch. I Got a Spell é tentador. E ainda há apenas a beleza banal e colorida de mais um...Presentes de Natal.
BF é sempre um laço de fita que a gente abre suspirando.

Bryan Ferry - I Put A Spell On You



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Bryan Ferry Limbo



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Bryan Ferry - Mamouna (US Video) [Official]



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