seneca, o único filósofo que realmente importa

Na filosofia ( como em qualquer arte ) o que importa está em seu inicio. O que vem depois é diluição. Assim, os pré-socráticos levantaram as únicas questões que importam ( o que sou, do que a vida é feita, o que é a realidade ) e Seneca traz tudo o que interessa em termos de sabedoria e ética. Ler seus escritos é poder jogar toneladas de filósofos no lixo ( incluindo Freud e Nietzsche ) e entender de onde vem muito das religiões práticas dos últimos séculos.
Seneca é básico, qualquer um que se considerar minimamente instruído precisa e deve ler seus escritos.
É isso.

paul newman era um grande cara!

Só hoje escrevo algo sobre Paul.
Para quem o viu em GOLPE DE MESTRE, não preciso dizer que ele era um mestre em interpretar o gaiato, o malandro, o cara esperto.
Para os que adoraram seus vários filmes sérios ( hombre, gata em teto de zinco quente, hud, a cor do dinheiro e ...) sabem que era um ator acima da média.
Mas é na vida pessoal que ele se destaca. Um ator sem escândalos, estável, consciente politicamente, e que ainda era piloto de corridas!
Para quem começou hoje a se ligar em cinema, eu posso dizer que ele tinha a aparência de Brad Pitt com o talento de Tom Hanks e o charme de George Clooney. E um senso de humor que nehum deles tem.
Em 1980, quando o seu maior rival nas telas e nas pistas, Steve McQueen, estava morrendo de cancer, solitário num quarto de hospital ( Steve se queimara com os chefões dos estúdios e tivera a carreira destruída ), bem, sem qualquer propaganda, discreto como sempre, foi Paul Newman quem o visitou. O único do meio a fazer isso.
Um grande cara.

depois da vida, la jetèe, pic nic...

DEPOIS DA VIDA de hirokazu kore-eda
lutei bravamente com este chatíssimo filme japonês. Algo sobre lembranças e vida após a morte. Longos planos que jamais terminam, câmera tremida ou não. Confesso que não entendo se é para ser levado a sério, se é uma homenagem ao cinema, não entendí nada ! Levei 3 dias para o assistir inteiro e não valeu a pena. 2.
OS DUELISTAS de ridley scott. com harvey keitel e keith carradine.
em termos de fotografia, raros filmes são mais bonitos. é a estréia de scott como diretor e talvez seja seu filme mais simples. trata da obsessão de um soldado em limpar sua honra. tudo filmado ao estilo "inglês" de longas tomadas de neblinas, chuvas, campos verdes e amanhecer radioso. 7.
UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM de carl reiner com steve martin e lily tomlin.
se a comédia não fosse o gênero de cinema ( e de teatro também ) mais subestimado, o maravilhoso steve martin teria já seus dois oscars e lily os teria ganhado também ( assim como william powell, cary grant, rosalind russel, jim carrey, gene wilder, carole lombard e tantos outros ). neste delicioso filme, steve abriga a alma de lily. passa não só a abrigar duas almas rivais, como se apaixona por seu lado mulher. façamos justiça a esse ator: quanto prazer ele nos deu! nota 7.
ASAS de william wellman com gary cooper e clara bow.
eis aqui o primeiro ganhador do oscar de melhor filme! as cenas aéreas são muito bonitas. 6.
ANNA CHRISTIE de rouben mamoulian com greta garbo
peça de eugene o'neil. e parece teatro. arrastado, chato, inconvincente. 3.
BLOOM de sean walsh com stephen rea.
creia, este filme é a adaptação para cinema de ulysses de james joyce!!!!! e erra em tudo. ulysses transforma nossa vida banal em epopéia. descreve a vida medíocre de um comum irlandês num mito universal. mostra o eterno no cotidiano, o mágico no real. o filme faz o inverso: mostra o casal do filme como pequenos seres, homenzinhos com seus probleminhas pequeninos. mesmo assim seus monólogos são tão fortes, seus atores tão competentes e tudo é levado com tanta paixão que o filme nos pega. nada a ver com joyce, mas funciona. nota 7.
DAQUI A CEM ANOS de william cameron menzies
este filme criou blade runner. todo filme que mostra o futuro como um lugar de destruição e sujeira, bebeu nesta fonte. é um dos mais desagradáveis filmes que assisti. 6.
FÉ DEMAIS NÃO CHEIRA BEM de richard pearce com steve martin, debra winger, liam neeson e philip seymour hoffman.
chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaatoooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!! zero!
GET CARTER de mike hodges com michael caine.
se voce quer saber onde nasceu o filme inglês de sub-mundo, tipo "dois canos" ou "snatch", nasceu aqui, com carter. stallone o refilmou e quebrou a cara. este filme é sórdido!!!!! duro, cruel, espertíssimo e tem uma trilha sonora idêntica a dos filmes do soderbergh. e michael...sublime! foi o cara que mostrou ao mundo que nem todo britânico parecia saído de uma peça de noel coward. assiste correndo. 8.
O CÉU MANDOU ALGUÉM de john ford com john wayne.
desertos, cavalos, o sol se pondo...eis meu paraíso. quando wayne entra em cena eu penso : viva! um ford médio, tranquilo, calmo. dá pena quando termina... nota 8.
MR.SKEFFINGTON de vincent sherman com bette davis e claude rain.
novelona braba. o tipo de filme feito pra mulher dos anos 40 e que é molde para qualquer best-seller banal de hoje. bette está fantástica, mas quando ela não esteve? 4.
DAVID COPPERFIELD de george cukor com wc.fields e um enorme etc incluindo a lindíssima maureen o'sullivan.
transpor o clássico de dickens não é fácil. o livro tem milhares de personagens e centenas de fatos acontecendo todo o tempo. porém... surpresa...o filme se sai maravilhosamente bem! uma delícia de diversão boba, cheia de ação, romance, bons diálogos, atores carismáticos, bela fotografia e um cenário sublime. 8.
PIC NIC de joshua logan com william holden, kim novak, rosalind russell, arthur o'connel e susan strasberg.
um caroneiro-vagabundo chega a pequena cidade e com sua virilidade exuberante desestabiliza todas as relações estabelecidas. peça de imenso sucesso de william inge nesta linda versão ( fotografia do genial james wong-howe ) o elenco dá um show ( menos holden que é muito velho para o papel ). belo filme que tem em ruy castro um fã radical. 7.
O DIABO VESTE PRADA de david frankel com meryl streep e anne hathaway.
como anne é uma atriz muito querida pelos críticos americanos, resolvi finalmente ver este filme. bem...não se trata exatamente de cinema, é um video-clip. a música está sempre em mais evidência que os diálogos, a câmera não pára de girar e correr, os atores não têm nenhum tempo de desenvolver qualquer profundidade em suas atuações e toda cena é feita para agradar e parecer fofinha. quando ela abre mão de miranda pelo namorado insosso- só podemos pensar: vai plantar batatas!- o filme é tolo. nota 3. ( frankel dirigiu agora Marley e eu- dá pra adivinhar os executivo-aqueles caras que são contadores, jamais produtores- pensando: hey! este cara dirigiu um best seller! vamos chamar ele! )
KUNG FU PANDA
que belos cenários! e que saco de desenho irritante! o que faz de uma animação algo memorável é a simpatia de seu personagem central. esse panda é um gordinho-mala! 1.
O DELATOR de john ford com victor mclaglen
este foi o filme que deu o primeiro dos 4 oscars que ford tem. ( record que pensaram que spielberg iria quebrar ). um filme cruel sobre a revolução irlandesa. um show de mclaglen que levou o oscar de ator. escuro, dark até, bastante poético e forte. 7.
INDISCRETA de stanley donen com ingrid bergman e cary grant
olhar para cary e ingrid é sempre um prazer. mas o filme é só isso. os dois namorando numa londres mágica e em apartamentos belíssimos. 4.

ícone

O que faz de um ator um ícone é sua estranheza, não sua excelência.
Qual o maior ícone do cinema? Bogart. Olhe para ele. Feio. Baixo. Careca. Voz de Patolino. Mas... Ele caminhava de um modo que só ele caminhava ( inclinado para frente ), acendia o cigarro e tragava de forma única, tinha o lábio superior paralisado, enfiava as mãos no bolso...
Eram gestos únicos. Podem ser copiados. E quando alguém copia, sabemos: eis Bogey!!!!
Em seu tempo, Henry Fonda, James Stewart, Spencer Tracy eram melhores atores, mas não são mitos, são estrelas; não são esquisitos.
Katharine Hepburn com seu corpo esquálido, seu queixo de pedra, e sua voz que é como cristal desafinado. Tudo nela é freak, desagradável, diferente; e tudo nela é adorável.
Bette Davis com seus olhos enormes, o corpo pequeno e marrento, a voz redonda e muito clara, o andar orgulhoso.
E Marlon? Tudo nele é errado! A voz de pato ( pior que a de Bogey ), ele sussurra, jamais fala; o corpo troncudo-de estivador, a cabeça muito grande, o ar de bissexualismo flagrante. Voce não encontra alguém assim na rua!!!!
Mas voce encontra Jack Lemmon na rua. Gregory Peck ou Kirk Douglas.
John Wayne andava de um modo estranhíssimo! Cambaleando, quase caindo. A voz era sempre autoritária e os olhos quase fechados. Um mito.
Hoje, entre os atores em atividade, potencial para mito há em Johnny Depp, que apesar de imitar Brando, tem certa originalidade e esquisitice só dele.
Jack Nicholson é outro. Ele é todo diferente. Um olhar demoníaco, andar de bêbado, voz fácilmente reconhecível.
O mito se torna mito pelo fato de ser fácilmente reconhecível. Então ele começa a ser imitado por humoristas. Depois nas escolas por jovens atores. E surgem os discípulos. E eis o mito.
De Niro e Pacino não são mitos por serem da escola Brando. Clint não o é por ser da corrente Gary Cooper. Penn e Cage são da linha Pacino ( ou seja, terceira mão ) e por aí vai.
A maioria dos mitos é do cinema antigo pelo fato óbvio de que num meio em que tudo ainda estava por fazer, ser o primeiro a tentar e obter era muito mais natural.
Como acontece hoje na música, ser original após tanta produção se torna muito difícil.
A SOLUÇÃO SERIA DEIXAR O PÚBLICO BEM IGNORANTE! SE VOCE DESCONHECER O PASSADO, TUDO LHE PARECERÁ ORIGINAL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

o lugar do pai

Não é fácil.
Recordo um poema de Seamus Heaney. Ele diz que o pai se foi, e o bastão agora é dele.
É exatamente essa a sensação. O bastão pesa. Dá poder. E dor. Agora eu defendo a família. Agora posso ser como ele. Me pego com seus trejeitos, suas piadas. As repito. Me observo orgulhoso de minha origem. Meu sangue, meu sotaque.
Mas não é simples.
Um iluminado como Ozu passou trinta filmes descrevendo esses laços, essas transições, esses dramas discretos.
Nada é mais importante.

paul auster e 4 filmes

Em seu novo livro ( Paul Auster é um autor que eu simpatizo, quero gostar mas não consigo. Eu o acho brigado com a vida, pouco criativo, quase enfadonho ); mas como eu ia dizendo, no seu livro ele tem uma bela sacada: Grandes filmes dão vida a objetos. E para provar isso ele cita 4 filmes ( que são seus favoritos e dos quais um está entre meus favoritos ).
Ladrões de Bicicleta, A Regra do Jogo, Apu e Contos de Tokyo.
No filme de De Sica, ele descreve magnificamente o início da fita. A esposa carregando dois estafantes baldes de água. O marido pega apenas um. Depois a esposa leva os lençóis da família para o prego. A câmera se afasta e vemos centenas de lençóis no prego. A relação do casal e a situação de Roma no pós-guerra mostradas por objetos mudos.
Na obra de Renoir, os pratos sujos abandonados sobre a mesa, evocando a solidão da amante abandonada.
Em Satijad Ray, a troca de cortinas no quarto do casal e o grampo de cabelo acariciado pelo noivo, como provas de um casal que se ama.
E no poema fílmico de Ozu, todo o filme é uma ode aos objetos, ao silêncio e ao fato de que numa família não existem culpados, sómente vítimas.
Quatro grandes filmes, que como Auster diz, aproximam o cinema da literatura, dos contos de Tolstoi ou da grandeza de Stendhal.

revolucionários de verdade

Em 1981, diz o líder do Run-DMC, ele e seus amigos foram em NY assistir um show do Kraftwerk. O que viram naquela noite mudou sua vida para sempre.
Saíram daquele clube com um novo conceito de som e de show. Não era mais necessário ter uma banda, não era necessário fazer um show com instrumentistas. Tudo era possível e nada era obrigatório.
O século xxi nasceu em Dusseldorf com o Kraftwerk. No show de 81, os 4 integrantes, de pé com sua maquinária, apertavam botões em lugar de tocar instrumentos. Um telão ao fundo mostrava imagens aleatórias e o palco era ocupado por máquinas. Nada de suor, gritos ou reis da guitarra.
Na história do pop pós Elvis, só existiram duas bandas profundamente inovadoras : O Velvet Underground e o Kraftwerk.
O Velvet mostrou que para fazer um som de alto valor não é preciso tocar bem. Trouxe o ruído, o inesperado, o desagradável e o doentio para o pop. E os alemães mostraram que guitarras e percussão eram desnecessárias.
Ambos foram heróicos. Do Velvet veio desde Stooges até White Stripes. Do Kraftwerk veio do Grandmaster Flash até os vários estilos eletrônicos de hoje.
Procure o tal show no Tube : Kraftwerk- pocket calculator; e depois veja o nascimento do mundo atual em 1980, com Grandmaster Flash e os Furious Five com planet rock. Delire!

O tempo e o viver hoje

Quando os primeiros trens rodaram pelos campos ingleses, as pessoas enlouqueciam com seus 20 quilômetros horários. Sentiam que sua percepção de espaço e de tempo se modificava. A vida não poderia ser a mesma de antes, mas seus sentidos eram os de sempre.
Veio o cinema, onde tudo acontece depressa e mesmo o tédio é editado para se parecer com um tipo de " tédio com interesse ". Surgiu a tv e então tínhamos dentro da sala e do quarto a noção do tempo fragmentado, sem silêncio nenhum, sem reflexão ou morosidade. E a possibilidade de fugir de tudo que significasse perigo, estranhamento, chatice.
Mas nossa alma e nosso cérebro não acompanharam essa velocidade. A Terra continua nos dando 24 horas para dormir e viver, continuamos a envelhecer e morrer e a gravidez dura 9 meses. Porém estamos eletrizados numa adrenalina visual, num hipnotismo anti-relaxante, numa euforia deprimida e deprimente. O ritmo da vida ( estações, marés, ventos, crescimento das plantas, cios dos animais ) se divorciou do ritmo que nós pensamos ou procuramos ter. É como se fôssemos cavalos que pensam ser Ferraris e vivem obrigados a ser nem o animal e nunca a máquina.
É impossível imaginar que cem anos atrás era possível conhecer apenas a velocidade de locomoção de um animal. Que uma pessoa pudesse jamais ter visto qualquer imagem do espaço, de um massacre ou de vísceras expostas. Hoje podemos assistir tudo, mas fixamos e vivenciamos quase nada.
A descoberta do sexo era um terrível mistério, hoje ele é banalizado em horas e horas de vídeos pornôs que transformam o ato sexual em ginástica exibicionista e levemente tediosa.
E o tempo, o mais natural fator de existência, passa a ser um inimigo, que não pode ser editado, retardado, deletado, preenchido, como ele é no cinema ou na tv. Perdemos o dom da paciência, não dançamos conforme as estações e tememos sua passagem. Minha rua não existe mais, minha escola foi demolida, meus amigos moram em Paris e minha ex mudou seu rosto com vinte cirurgias e se tornou uma boneca que não me comove mais.
Onde eu fico ? O que recorda e afirma o que sou ? Meus rastros foram todos varridos. Editados. Mudaram de canal e estou fora do ar. É esta a vida possível : a absoluta perplexidade, a total descartabilidade.

séries de tv

Começo contando que Seinfeld foi eleita mais uma vez a melhor série da história. O que penso disso? Vamos ao que acho.
Toda arte melhora com o tempo. O David de Michelangelo parece melhor a cada século, as cantatas de Bach têm mais magnitude hoje do que em seu momento e Shakespeare é mais analisado a cada década.
Tv é produto e produto tem data de validade. Consumir antes que seu tempo se vá.
Recordo das várias decepções que experimentei ao rever séries que eu tanto amei. Coisas como Ultraman, que hoje parece tão entediante; Monkees que não são engraçados ( mas as músicas são para sempre ) ou Jeannie é um gênio, Kung Fu, As Panteras; todos insuportáveis.
Mas ao rever A Feiticeira encontro um encanto que na época em que a assistia ( ainda criança ), jamais percebí. Descubro o talento superlativo de Peter Falk fazendo Columbo e de Telly Savalas como Kojak. Essa permanencia de algumas poucas séries faz delas algo quase mágico, raro, muito especial.
Considero Seinfeld o mais criativo texto de toda história da tv. Tudo nele parece inesperado, os enredos sempre se dirigem ao desastre total e seus personagens são absolutamente cativantes; mesmo sendo feios, neuróticos e egoístas. Mas não sei se é a melhor série.
Um Amor de Família era mais engraçada, anárquica, cínica. Alguns momentos eram realmente ousados, cruéis, arriscados. Frasier era agradabilissima, bateu recordes de prêmios e possui o melhor último episódio da história da tv. Mary Tyler Moore não envelheceu nada. Seus personagens são apaixonantes e a abertura é linda. Os dois primeiros anos de Will and Grace são hilários, assim como o primeiro ano de That's 70's Show.
Monk é uma boa série, House tem um bom ator e My Name is Earl é muito bom. John Doe merecia ter durado e Carnivale era bacaninha. Mas duvido que 24 horas ou Lost sejam assistidas em 2020.
Alguém aguenta rever Barrados no Baile ou Dinastia ? Mas Waltons é uma delícia e Agente 86 ainda é passável. Perdidos no Espaço faz dormir, mas Starsky e Hutch são ótimos.
Como saber então o que sobreviverá ? Qual a série que não nos deixará com vergonha de ter gostado tanto e jogado noites no lixo diante da tv ? Ninguém pode saber.
Anos Incríveis...eis uma série com algo de mágico...

MAMMA MIA!/MYRNA LOY/POWELL/PETER WEIR

Freeway de mathew bright
o que leva alguém a fazer tamanho lixo? feito por imbecis e recomendado a retardados.
Pic nic na montanha encantada de peter weir
primeiro filme da digna carreira de weir. e que filme! é de longe seu melhor trabalho e o assistí por recomendação do grande crítico roger ebbert. muita sensualidade ( sem nenhuma nudez ), na história de uma excursão escolar onde 3 alunas desaparecem. a austrália nunca foi filmada de modo mais bonito e mais assustador. o filme tem algo de muito oriental, muito ancestral, muito profundo mas é de uma simplicidade chocante. nota 8.
Ensaio sobre a cegueira de meirelles.
fui raptado e levado ao cinema para assistir esta coisa enfadonha. excelente sonífero de um diretor que se revela um grande chato. cidade de deus foi um acidente ( talvez seus méritos fossem unicamente a fotografia e a edição ). nota zero.
Linha de passe de walter salles.
o cinema de salles é extremamente conservador. ele faz filmes que remetem a de sica e o bunuel do méxico. em seu cinema nada surpreende, todos são bacanas e de coração puro ( mesmo os maus têm pureza ). ele é um disney dos estudantes de sociologia. nota 3.
Longe dela de sarah polley com julie christie.
maravilhoso. polley dirige com maestria este filme de tema tão duro e tratado de maneira sóbria e adulta. podem escrever : assim como previ que keira knightley era a nova meryl streep ( oscars certos no futuro próximo ) e que joe wright é um diretor que construirá uma grande obra; prevejo um futuro brilhante para esta ótima diretora. julie dá show, mas isto é o esperado. nota 7.
Mamma mia!!!! philida lloyd com meryl streep
que delícia! existir um filme como este é um atestado de que as pessoas ainda sabem sorrir. que prazer ver meryl atuar! como ela é maravilhosa, uma atriz que nos deu tanto!!! que bela banda pop o abba foi e que maravilhosa ironia eles serem tão cult enquanto rush, genesis e yes estão totalmente esquecidos. o filme é chacrinha em seus melhores dias. nota 7.
O centro do mundo de wayne wang
gosto muito dos filmes de wang. mas este... insuportávelmente maneiroso. nota 1.
Desejo voce de michael winterbotton com rachel weisz
este diretor tem algum talento, mas para seu mal ele carrega os piores vícios de sua ( minha ) geração: preguiça, pretensão, muita tv e pouco livro. este filme tem os primeiros 30 minutos muito bons, mas ele é tomado pela falta de convicção e naufraga em tédio mortal. nota 4.
Uma leitora particular de michel deville com miou-miou
afetadíssima fita de arte sobre o prazer erótico que há na leitura. nota 2.
Casado com minha noiva de jack conway com jean harlow, spencer tracy, clarck gable e myrna loy.
um jornalista inventa uma história falsa sobre herdeira. temendo o processo, ele faz com que essa falsa notícia se torne verdade. para isso contrata um malandro que deverá seduzir a herdeira. era este tipo de bobagem que roteiristas geniais transformavam em deliciosas comédias nos anos 30. tudo acontece em ritmo de correria, as falas são vomitadas como metralhadoras e os atores fazem aquilo que seus fâs esperam: harlow é bonita e burrinha, spencer é agressivo e frio, powell é fino e levemente alcoolizado e loy é linda e esperta. diversão garantida para quem procura escapismo inteligente. nota 8.
Contos de hoffmann de michael powell.
powell é o diretor que martin scorsese mais admira. e é, ao mesmo tempo, o menos parecido com martin. durante os anos 40/50, powell fez uma série de maravilhosos filmes fantasiosos na inglaterra. filmes caros, luxuosos, metidos a grande arte e que nos anos 60/70 se tornaram símbolo de tudo aquilo que o cinema não deveria ser: gigantesco. Na década de 80, scorsese promoveu uma mostra no moma de seus filmes e nasceu aí a recuperação do nome de michael powell. hoje ele é considerado um dos grandes e o melhor cineasta que a inglaterra já possuiu ( visto que hitchcock é apátrida ). este filme é a transposicção de uma estupenda ópera para a tela. sim! uma ópera. filmado em forma de sonho, com a fotografia maravilhosa que powell sempre apresenta, o filme é um longo poema sobre a dor de amar. nos dá um imenso prazer, uma euforia visual e a sensação de atemporalidade absoluta. lindo, antiquado, datado e arrogantemente metido. soberbo. nota dez.